Depois de alguns dias de recesso, estou de volta. Agradeço a todas minhas amigas que colocaram seus comentários tão carinhosos e estimulantes a respeito do "Um Amor do Deserto". Por enquanto ainda estou me inspirando para escrever um novo romance. Assim, enquanto penso na próxima estória, decidi postar aqui o meu romance preferido. É uma pretensa continuação de um romance que já teve inúmeras versões no cinema e tem sido representado no teatro, na forma de musical, por Andrew Lloyd Weber: "O Fantasma da Ópera". Eu amo este romance e me apaixonei ainda mais quando assisti à versão para o cinema do ano de 1994, sob a direção de Joel Schumacher. Sei que esta versão afastou-se um pouco do romance original de Gaston Leroux, onde o fantasma era um homem totalmente deformado, com aspecto assustador, porém com uma voz de anjo. Para quem ainda não assistiu esta versão encantadora de 1994, eu recomendo.Para quem já assistiu, sei que entendem o por quê da minha fascinação por este filme e pela personagem principal.Resolvi escrever esta continuação por achar que o Fantasma (Erik) merecia um final melhor e, também, porque li "O Fantasma de Manhattan", de Frederick Forsythe, e não gostei muito.Vocês dirão: "Pretensiosa ela, não?" Mas reconheço que o Erik de Forsythe é mais fiel ao descrito por Leroux. Por isso Andrew Lloyd Weber está em vias de levar aos palcos esta versão.
Sei que a maioria de vocês já leu a minha continuação e a elas peço desculpas por não apresentar novidades.
Bem, vamos lá ao primeiro capítulo. Beijos!!
Capítulo I
Novamente em fuga. De volta aos esgotos. Mais uma vez, rejeitado. Christine me abandonara definitivamente. Tinha esperanças que ela ficasse comigo, mas seu amor por Raoul era maior. Devia saber que ela não trocaria o belo visconde por um deformado como eu. Ela não merecia o meu amor. Em nosso único beijo pude perceber que ela faria qualquer coisa para salvar seu amante. Eu podia entender agora. O amor nos faz cometer loucuras. Agora, seguiria meu caminho. Começaria do zero, mais uma vez. Esta era a minha vida, minha sina, meu destino. Quando poderia dar sossego a minha alma atormentada? De tudo que aconteceu, levara uma lição... Nunca mais colocaria alguém acima de mim mesmo. Tudo que conseguira ao longo dos anos, perdidos numa só noite, por causa de uma mulher. Uma mulher... Christine...
Ouvi as vozes dos soldados ao longe. Gritos de pavor vindos das ruas, acima de mim. O calor das chamas. Podia senti-lo, queimando toda a beleza daquele teatro magnífico, que por tantos anos fora meu lar. Um lar de sombras, de noite eterna, mas um lar.
De repente, ouvi em forte estrondo e alguns destroços caíram sobre mim. Entre as pedras que desabavam, enfraquecidas em suas ligas, pelo fogo, havia estacas de madeira. Uma delas precipitou-se rapidamente sobre minhas costas, cravando-se em minha carne, provocando uma dor intensa. Devo ter perdido os sentidos naquele momento, pois não me lembro de ter visto mais nada depois disso. Não sei quanto tempo ali fiquei, deitado, naquelas ruelas fétidas, subterrâneas, até recuperar a consciência. Levantei-me e continuei minha fuga. Agora, sentia muita dor. Minha camisa estava colada ao corpo. Não pelo suor ou pela água, mas por sangue, que fora perdido em grande quantidade. Sentia-me fraco. Precisava sair daquele lugar, antes que alguém me encontrasse. Todos deviam estar ansiosos por encontrar este “ser maligno, deformado, homicida sanguinário”. Ninguém sentiria compaixão por mim, nem ouviria minhas explicações. Nada explicaria aquela violência e aquela raiva contida numa só pessoa. Talvez Christine compreendesse. Vi nos olhos dela que sim. Outra pessoa já tinha entendido este meu lado. Não podia esquecê-la. Madame Giry. Annie Giry. Minha salvadora. Talvez... Quem sabe ela não pudesse ajudar-me agora. Seria ela capaz de arriscar-se novamente por mim? Depois de tudo que ocorrera naquela noite?
Ao encontrar uma saída para o ar livre, cobri-me com minha capa. A máscara que usava ficara perdida no meio dos escombros. Para onde Annie e sua filha poderiam ter ido? Seu lar também fora destruído. Lembrei que, certa vez, ela havia falado na casa de um irmão em Monmartre, próxima a Sacré-Couer Talvez tivesse ido para lá, até encontrar um lugar definitivo. Segui em sua direção. Lembrei do endereço. Não era difícil de achar. Com dificuldade, andei, esgueirando-me pelas ruas de Paris, como facínora perseguido que era. Cerca de quase duas horas depois, estava lá. Havia uma fraca lamparina acesa. Procurei a porta dos fundos. Consegui abri-la com facilidade. Entrei silenciosamente, indo na direção da luz. Num instante, ouvi vozes femininas, sendo que uma estava chorando. Era Meg. Pareciam estar sozinhas. Não queria assustá-las. A dor nas costas estava incomodando muito. Tropecei num pequeno tapete, não visualizado no escuro.
- Quem está aí? – perguntou a voz conhecida.
Ela pegou um pesado candelabro que estava sobre a mesa e levantou-o no ar, pronta para desferir um golpe no intruso oculto nas sombras da sala.
- Sou eu, Annie! Erik! - Minha voz saía fraca. Perdia as forças rapidamente.
- Erik! Meu amigo! O que houve com você?
Ela ainda me considerava seu amigo. Era uma pessoa especial. Tinha muito a aprender com ela. Desperdiçara meu tempo com vingança e um amor tolo, ao invés de prestar atenção a quem tinha algo de valor a ensinar. Talvez fosse tarde demais para isso.
- Annie, me perdoe. A culpa foi toda minha. Fui um estúpido. Deveria ter morrido naqueles subterrâneos. Só agora vejo que você tinha razão.
- Erik! O que aconteceu? Você está sangrando muito.
- Mamãe! Nós não podemos ajudá-lo! Ele está sendo perseguido pela polícia. Se souberem que o ajudamos, seremos presas como cúmplices!
- Cale-se, Meg! Não foi assim que a ensinei! Ajude-me aqui, agora!
Com muito esforço, conseguiram levantar-me do chão e levar-me até um pequeno sofá, onde, após despir-me da capa e de minha camisa, puderam ver um ferimento cortante, amplo, com uma séria hemorragia.
- Meg, traga-me água quente, panos limpos, agulha de bordar e uma linha de algodão. Rápido!
- Melhor deixar que eu morra. Já prejudiquei muita gente.
- Cale-se, você também, Erik. Agora vou dar um jeito neste ferimento. Não quero vê-lo morrer dentro de minha casa, na frente de minha filha. Assim que você estiver recuperado, poderá fugir e tentar refazer a sua vida. Agora, temos de pensar numa maneira de diminuir a dor que você irá sentir quando eu tiver de costurá-lo.
Falando isso, foi à cozinha, onde pegou uma garrafa de conhaque. Fez-me beber vários goles. Em pouco tempo já estava tonto. Não estava acostumado a beber tanto.
Meg voltou com o pedido da mãe. O ferimento foi limpo e logo, ela fazia o seu trabalho de costureira. Durante o procedimento, desmaiei. Não só pela dor, mas por estar fraco demais com a perda de sangue.
Acordei. Estava deitado em uma cama, com lençóis limpos. Meu peito encontrava-se enfaixado com gazes brancas. A dor recomeçara. Não conseguia mexer-me. Ainda estava fraco.
- Bom dia! Como está meu paciente? Sobreviveu ao meu trabalho de açougueiro? Trouxe-lhe um caldo de galinha quentinho, para recuperar suas forças.
- Annie... Como vou poder agradecê-la por tudo que está fazendo por mim?
- Ficando bom logo, para poder ir embora daqui - falou sorridente.
- Erik, falando sério, o seu ferimento foi bem profundo. Você tem que repousar, pois ele pode sangrar de novo. Não tente fugir. Você está seguro aqui.
- E o seu irmão?
- Ele faleceu há cerca de seis meses. Deixou-me esta casa como herança, pois não tinha herdeiros.
- Eu não sabia. Porque não me contou?
- Você estava muito envolvido com os seus planos e com a sua pupila. Não quis incomodá-lo.
- Annie, eu sinto que tudo isto que aconteceu mudou o meu modo de pensar. Parte daquele ódio que eu sentia deu espaço para outros sentimentos. Se eu conseguir sobreviver a tudo isto, vou embora para outro país, tentar recomeçar minha vida, de outra maneira.
- Erik, como é bom ouvir isto! Já é tempo de você deixar o passado de lado. Você é um homem muito inteligente e talentoso. Não pode deixar que um simples defeito físico atrapalhe sua vida. Você sabe que pode contar comigo... Sempre.
- Eu sei, Annie, e sou profundamente grato a você.
Mais uma noite de sonhos terríveis me aguardava. Sempre a perseguição era o tema principal. Era perseguido por sombras demoníacas, ávidas por meu sangue. Por minha cabeça. Às vezes, Christine surgia do nada. Por vezes queria ajudar. Via suas delicadas mãos tentando alcançar-me ou puxar-me para fora da escuridão. Outras vezes, ela surgia unida às sombras ou a Raoul, vociferando contra mim. A sensação de morte iminente era quase real.
Ao final, acordava banhado em suor e com as têmporas latejantes.
Sei que a maioria de vocês já leu a minha continuação e a elas peço desculpas por não apresentar novidades.
Bem, vamos lá ao primeiro capítulo. Beijos!!
Capítulo I
Novamente em fuga. De volta aos esgotos. Mais uma vez, rejeitado. Christine me abandonara definitivamente. Tinha esperanças que ela ficasse comigo, mas seu amor por Raoul era maior. Devia saber que ela não trocaria o belo visconde por um deformado como eu. Ela não merecia o meu amor. Em nosso único beijo pude perceber que ela faria qualquer coisa para salvar seu amante. Eu podia entender agora. O amor nos faz cometer loucuras. Agora, seguiria meu caminho. Começaria do zero, mais uma vez. Esta era a minha vida, minha sina, meu destino. Quando poderia dar sossego a minha alma atormentada? De tudo que aconteceu, levara uma lição... Nunca mais colocaria alguém acima de mim mesmo. Tudo que conseguira ao longo dos anos, perdidos numa só noite, por causa de uma mulher. Uma mulher... Christine...
Ouvi as vozes dos soldados ao longe. Gritos de pavor vindos das ruas, acima de mim. O calor das chamas. Podia senti-lo, queimando toda a beleza daquele teatro magnífico, que por tantos anos fora meu lar. Um lar de sombras, de noite eterna, mas um lar.
De repente, ouvi em forte estrondo e alguns destroços caíram sobre mim. Entre as pedras que desabavam, enfraquecidas em suas ligas, pelo fogo, havia estacas de madeira. Uma delas precipitou-se rapidamente sobre minhas costas, cravando-se em minha carne, provocando uma dor intensa. Devo ter perdido os sentidos naquele momento, pois não me lembro de ter visto mais nada depois disso. Não sei quanto tempo ali fiquei, deitado, naquelas ruelas fétidas, subterrâneas, até recuperar a consciência. Levantei-me e continuei minha fuga. Agora, sentia muita dor. Minha camisa estava colada ao corpo. Não pelo suor ou pela água, mas por sangue, que fora perdido em grande quantidade. Sentia-me fraco. Precisava sair daquele lugar, antes que alguém me encontrasse. Todos deviam estar ansiosos por encontrar este “ser maligno, deformado, homicida sanguinário”. Ninguém sentiria compaixão por mim, nem ouviria minhas explicações. Nada explicaria aquela violência e aquela raiva contida numa só pessoa. Talvez Christine compreendesse. Vi nos olhos dela que sim. Outra pessoa já tinha entendido este meu lado. Não podia esquecê-la. Madame Giry. Annie Giry. Minha salvadora. Talvez... Quem sabe ela não pudesse ajudar-me agora. Seria ela capaz de arriscar-se novamente por mim? Depois de tudo que ocorrera naquela noite?
Ao encontrar uma saída para o ar livre, cobri-me com minha capa. A máscara que usava ficara perdida no meio dos escombros. Para onde Annie e sua filha poderiam ter ido? Seu lar também fora destruído. Lembrei que, certa vez, ela havia falado na casa de um irmão em Monmartre, próxima a Sacré-Couer Talvez tivesse ido para lá, até encontrar um lugar definitivo. Segui em sua direção. Lembrei do endereço. Não era difícil de achar. Com dificuldade, andei, esgueirando-me pelas ruas de Paris, como facínora perseguido que era. Cerca de quase duas horas depois, estava lá. Havia uma fraca lamparina acesa. Procurei a porta dos fundos. Consegui abri-la com facilidade. Entrei silenciosamente, indo na direção da luz. Num instante, ouvi vozes femininas, sendo que uma estava chorando. Era Meg. Pareciam estar sozinhas. Não queria assustá-las. A dor nas costas estava incomodando muito. Tropecei num pequeno tapete, não visualizado no escuro.
- Quem está aí? – perguntou a voz conhecida.
Ela pegou um pesado candelabro que estava sobre a mesa e levantou-o no ar, pronta para desferir um golpe no intruso oculto nas sombras da sala.
- Sou eu, Annie! Erik! - Minha voz saía fraca. Perdia as forças rapidamente.
- Erik! Meu amigo! O que houve com você?
Ela ainda me considerava seu amigo. Era uma pessoa especial. Tinha muito a aprender com ela. Desperdiçara meu tempo com vingança e um amor tolo, ao invés de prestar atenção a quem tinha algo de valor a ensinar. Talvez fosse tarde demais para isso.
- Annie, me perdoe. A culpa foi toda minha. Fui um estúpido. Deveria ter morrido naqueles subterrâneos. Só agora vejo que você tinha razão.
- Erik! O que aconteceu? Você está sangrando muito.
- Mamãe! Nós não podemos ajudá-lo! Ele está sendo perseguido pela polícia. Se souberem que o ajudamos, seremos presas como cúmplices!
- Cale-se, Meg! Não foi assim que a ensinei! Ajude-me aqui, agora!
Com muito esforço, conseguiram levantar-me do chão e levar-me até um pequeno sofá, onde, após despir-me da capa e de minha camisa, puderam ver um ferimento cortante, amplo, com uma séria hemorragia.
- Meg, traga-me água quente, panos limpos, agulha de bordar e uma linha de algodão. Rápido!
- Melhor deixar que eu morra. Já prejudiquei muita gente.
- Cale-se, você também, Erik. Agora vou dar um jeito neste ferimento. Não quero vê-lo morrer dentro de minha casa, na frente de minha filha. Assim que você estiver recuperado, poderá fugir e tentar refazer a sua vida. Agora, temos de pensar numa maneira de diminuir a dor que você irá sentir quando eu tiver de costurá-lo.
Falando isso, foi à cozinha, onde pegou uma garrafa de conhaque. Fez-me beber vários goles. Em pouco tempo já estava tonto. Não estava acostumado a beber tanto.
Meg voltou com o pedido da mãe. O ferimento foi limpo e logo, ela fazia o seu trabalho de costureira. Durante o procedimento, desmaiei. Não só pela dor, mas por estar fraco demais com a perda de sangue.
Acordei. Estava deitado em uma cama, com lençóis limpos. Meu peito encontrava-se enfaixado com gazes brancas. A dor recomeçara. Não conseguia mexer-me. Ainda estava fraco.
- Bom dia! Como está meu paciente? Sobreviveu ao meu trabalho de açougueiro? Trouxe-lhe um caldo de galinha quentinho, para recuperar suas forças.
- Annie... Como vou poder agradecê-la por tudo que está fazendo por mim?
- Ficando bom logo, para poder ir embora daqui - falou sorridente.
- Erik, falando sério, o seu ferimento foi bem profundo. Você tem que repousar, pois ele pode sangrar de novo. Não tente fugir. Você está seguro aqui.
- E o seu irmão?
- Ele faleceu há cerca de seis meses. Deixou-me esta casa como herança, pois não tinha herdeiros.
- Eu não sabia. Porque não me contou?
- Você estava muito envolvido com os seus planos e com a sua pupila. Não quis incomodá-lo.
- Annie, eu sinto que tudo isto que aconteceu mudou o meu modo de pensar. Parte daquele ódio que eu sentia deu espaço para outros sentimentos. Se eu conseguir sobreviver a tudo isto, vou embora para outro país, tentar recomeçar minha vida, de outra maneira.
- Erik, como é bom ouvir isto! Já é tempo de você deixar o passado de lado. Você é um homem muito inteligente e talentoso. Não pode deixar que um simples defeito físico atrapalhe sua vida. Você sabe que pode contar comigo... Sempre.
- Eu sei, Annie, e sou profundamente grato a você.
Mais uma noite de sonhos terríveis me aguardava. Sempre a perseguição era o tema principal. Era perseguido por sombras demoníacas, ávidas por meu sangue. Por minha cabeça. Às vezes, Christine surgia do nada. Por vezes queria ajudar. Via suas delicadas mãos tentando alcançar-me ou puxar-me para fora da escuridão. Outras vezes, ela surgia unida às sombras ou a Raoul, vociferando contra mim. A sensação de morte iminente era quase real.
Ao final, acordava banhado em suor e com as têmporas latejantes.
Amei Rosane!
ResponderExcluirTá saindo igualzinho a continuação que eu gostaria de dá ao filme... Vou lê aos poucos e comentar, ok???
Rose? Tu és a Luh tb? De qualquer jeito, obrigada pelo teu comentário. Por isso escrevi o Erik, pois depois de ver o filme "O Fantasma da Ópera" é impossível a gente não querer uma continuação. Eu li " O Fantasma de Manhatann", do Frederick Forsythe, que é a continuação que será levada para os palcos no próximo ano, se não me engano, mas não gostei. Aí, resolvi fazer uma pesquisa sobre a época e sobre os locais onde o Erik poderia transitar e escrevi este romance. Confesso que ele é o meu xodó, pois me dediquei muito para escrevê-lo Aguardo a tua opinião a respeito. Beijos, querida!
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