sábado, 26 de junho de 2010

Enquanto a inspiração não vem...

Muitas de minhas amigas já devem ter lido este romance que vou começar a postar aqui no blog hoje. Minha intenção era colocar uma nova estória, mas, infelizmente, baixou uma crise criativa horrível e não estou conseguindo dar sequência ao romance que tinha iniciado. Assim, olhando em meus arquivos, achei este texto, que, por acaso, ainda não tinha sido postado aqui. Para quem já leu, gostou e estiver disposto a ler novamente, fique à vontade. Para quem não leu, espero que goste e comente.Ele é um pouco mais "picante" que os meus últimos, mas não deixa de ser interessante (mas eu sou suspeita de falar das minhas crias...rsrsrs). Enquanto estiver postando este, vou tentar recuperar a inspiração...





RESGATE DE AMOR





A voz no rádio chamou a atenção de Sílvia. Mais um chamado para retirar um velho bêbado do centro da cidade.
- Franco! Vamos lá. Não tenho força suficiente para levantar o Jonas do chão, onde ele deve estar agora. Venha me ajudar. Não tem mais nada para fazer mesmo.
- Às suas ordens, doutora! – respondeu alegremente seu amigo paramédico.
Às vezes ela se arrependia de não ter ficado em São Paulo, trabalhando no hospital da universidade. Na época achou que tinha o dever de voltar para sua terra natal, Valverde, no interior de São Paulo, e ajudar seus conterrâneos. Gostava de atender no pequeno consultório próximo ao centro, alugado do antigo clínico que acabara de se aposentar. Tinha um movimento considerável, se levasse em conta a pequena população da cidade. Porém precisava fazer aqueles plantões semanais, no serviço de emergência municipal, para complementar o seu orçamento.
Nestes plantões conheceu Franco, um enfermeiro que trabalhava na secretaria da saúde de Valverde e adorava o serviço de emergência. Segundo ele, era estimulante.
Estimulante quando havia algum acidente rodoviário nas proximidades do município ou uma remoção para um centro maior, como Rio Claro, onde havia um hospital melhor equipado e preparado para os atendimentos de urgência. Fora isto, os chamados mais inusitados eram os desmaios de adolescentes grávidas, que eram cada vez mais raros, pois elas “fugiam” cada vez mais cedo para cidades maiores, ou os ataques histéricos de velhas solteironas, grupo no qual Sílvia acreditava piamente que estaria incluída em muito breve. De qualquer forma, para ela, tudo isso era melhor que ficar em casa comendo, assistindo TV ou fuçando na Internet. Era solteira e não tinha compromissos com ninguém. A cidade não era propriamente animada, a não ser pelos bailes da igreja a cada 15 dias. O conceito de animação nestes bailes, podia-se dizer, era meio duvidoso.
A ambulância partiu, sem a necessidade de manter a sirene ligada, obviamente. Chegou ao centro, diante do bar do Luís, o mais frequentado dos três existentes na cidade, onde se encontrava Jonas caído no chão, dormindo, segundo constatou Franco. O paciente era um senhor de meia idade, conhecido por todos os moradores. Alcoólatra inveterado que, pelo menos três vezes por semana, tomava algumas garrafas de cerveja até ficar inconsciente. No resto dos dias era uma pessoa normal e muito querida por todos. Era um bêbado que não incomodava ninguém. A não ser o serviço de resgate.
- Não é coma alcoólico, ainda. Uma pena. Se fosse poderíamos usar como desculpa para um passeio emocionante até Rio Claro – falou Sílvia, ironizando.
- Minha amiga, você está muito amarga. Está precisando dar uma animada na sua vida, arranjar alguém. Pena que já sou casado, senão me oferecia para ajudar... - disse em meio a uma risada.
- Pois é, Franco. Muito engraçado... – falou sua parceira, sem demonstrar o mesmo bom humor – É que aqui nesta cidade não temos muitas opções de diversão ou de parceiros para sair. A maioria da população é de meia idade para cima. Os da minha faixa etária já estão casados e os poucos jovens caem fora cada vez mais cedo. Só eu tive a brilhante idéia de retornar e ficar. Talvez eu seja um caso para estudo psicanalítico.
- Porque você voltou, então?
- Não sei. Juro que me pergunto diariamente sobre isto.
Depois de colocarem Jonas na maca, e esta dentro da ambulância, saíram rumo a sua casa, onde a resignada esposa o aguardava com um bule de café bem preto e doce.
Voltaram ao seu posto, discutindo se pediriam a tele-entrega da pizzaria ou da comida caseira, pensando que aquele era mais um momento emocionante do seu plantão de 24 horas, que acabaria na manhã seguinte.
Depois do jantar, onde o prato principal acabou por ser a pizza, resolveram jogar cartas para chamar o sono, pois não acreditavam que houvessem mais chamados naquela noite.
Quando já começavam a pestanejar, ainda resistindo em ir para as camas desconfortáveis do pequeno posto no pórtico de Valverde, o rádio fez-se escutar mais uma vez.
Era a voz de um policial rodoviário que buscava ajuda local para o atendimento de uma pessoa que sofrera um acidente automobilístico na rodovia estadual próxima.
Imediatamente, a adrenalina dos dois socorristas foi liberada e começou a corrida para o atendimento. Eram 2 horas da manhã.
- Franco, o material de urgência está ok?
- Sim. Eu chequei tudo no início do plantão. Podemos ir agora.
- Vamos lá!
Logo a ambulância partiu, desta vez com a sirene ligada no volume máximo. Seguiram na direção indicada pelo policial e, em poucos minutos, visualizaram o local do acidente. Alguns poucos curiosos já estavam por lá. Foram solicitados a afastar-se para dar passagem ao serviço de emergência. Sílvia viu o Vectra cinza caído no pequeno barranco que havia no acostamento da estrada, com a frente totalmente amassada por uma grande pedra ali localizada. Provavelmente o motorista estava alcoolizado ou muito sonolento para ter saído da pista daquele jeito.
- Boa noite! Nós o deixamos do modo como o encontramos, pois ficamos com medo de alguma lesão da coluna - falou o policial rodoviário ao lado do carro. 
Sílvia aproximou-se e conseguiu ver um homem de cerca de 35 anos, branco, com a barba por fazer, cabelos acinzentados. Sua face estava coberta de sangue, provavelmente originado do ferimento em sua região frontal. Segundo informações, quem o achara tinha feito uma compressão localizada e conseguira deter a hemorragia. Ela passou a verificar seus sinais vitais. Ainda estava vivo. Tentou falar com ele, mas encontrava-se inconsciente. O vidro do pára-brisa estava quebrado devido ao impacto da cabeça, o que não era nada bom. Um traumatismo crânio-encefálico. Necessitava de uma tomografia de urgência. Pelo menos ele estava usando seu cinto de segurança, o que já melhorava bastante a sua situação.
- Franco, vamos tirá-lo daqui para eu poder avaliar se  há fraturas ou alguma outra hemorragia. Com cuidado!
Habilmente, depois de aberta a porta, Franco e mais dois policiais conseguiram tirá-lo de dentro do carro com o mínimo de movimento da coluna vertebral. Foi colocado na maca, com um colar cervical. Era um homem de mais de 1,85m, vestido elegantemente, apesar de estar sujo e com alguns rasgos na roupa. Abriu sua camisa, verificando o tórax e iniciando um exame superficial a procura de fraturas. Tinha uma musculatura firme, provavelmente produto de exercícios regulares. Tudo parecia estar no lugar. Sem sinais de hemorragia interna.
- Franco, vamos colocá-lo na ambulância e levá-lo imediatamente para Rio Claro.
Com a ajuda dos rodoviários, logo estavam a caminho do hospital, a cerca de 50 quilômetros. Sílvia iniciou a instalação do oxigênio e dos eletrodos para monitorização cardíaca. Enquanto avaliava seus reflexos, ele abriu os olhos por alguns instantes. Olhou-a de uma maneira tão intensa, como a pedir ajuda, que a deixou impressionada. Seus olhos eram castanho-claros. Logo voltou a inconsciência. Pegou-se a imaginar que seria um desperdício um homem belo como aquele ficar com alguma sequela neurológica.
Em menos de 20 minutos chegaram ao Hospital Geral de Rio Claro. “Franco está cada vez mais rápido no volante”, pensou.
Estacionaram e imediatamente a equipe do hospital transferiu o passageiro para a maca hospitalar e o conduziram com rapidez para a sala de exames. Durante este trajeto, Sílvia dava as informações necessárias para orientar a nova equipe sobre os procedimentos mais adequados ao caso. Normalmente ela deixaria a pessoa ferida no hospital e voltaria para o seu plantão. Porém, naquela noite, com aquele homem, ela não conseguia arredar o pé dali. Seu celular tocou. Era Franco querendo saber o que estava havendo e porque ela não saía, para poderem voltar para casa.
- Franco, se você não se importa, gostaria de ficar mais um pouco. Pelo menos até definirem o diagnóstico.
- Ficou interessada no bonitão? – disse, segurando o riso.
- Franco! Ele pode estar entre a vida e a morte e você pensando bobagens?
- Bobagens, é? Está bem. Vou estacionar o nosso “carrinho” onde ele não atrapalhe e tirar um cochilo. Se por acaso tivermos um chamado, eu aviso. Fique com o celular a mão.
- Obrigada, Franco. Vou estar atenta.
A movimentação em torno do desconhecido continuava. Já haviam tirado suas roupas e, depois de um exame minucioso, foi encaminhado para a tomografia.
Sílvia observava tudo com uma preocupação que ela própria estava desconhecendo. Realmente ele era um homem muito bonito. Mas não era só isso. Alguma coisa mais atraía a sua curiosidade e a sua preocupação em relação a ele. Os amigos costumavam dizer que ela tinha um sexto sentido bastante apurado. Seria isso?
Enquanto faziam os exames, policiais chegaram à recepção, onde ela aguardava os resultados, e perguntaram sobre a vítima do acidente na estrada.
- Desculpem a indiscrição, mas fui eu quem deu o primeiro atendimento a esta pessoa. Posso ajudá-los?
- Ah! Sim. Talvez... Descobrimos que o carro que ele dirigia é roubado. Ele está vivo?
- Sim. Está fazendo exames... Carro roubado? – Sílvia estava pasma.
- Sim. A queixa foi dada em Ribeirão Preto e confere com a placa do Vectra.
- Estranho. Ele não tem jeito de ladrão de carros.
- Hoje em dia tudo pode, doutora. Chegou a falar com ele?
- Não. Ele estava inconsciente.
- Bem, vamos aguardar notícias – dizendo isso, virou-se para a funcionária da recepção e pediu que avisassem ao posto policial interno quando tivessem mais novidades sobre o paciente. Ele não poderia deixar o hospital sem a polícia ser informada.
Resolvida a saber mais informações a respeito de “Antonio”, como passou a chamá-lo intimamente, Sílvia procurou a sala de tomografia e foi conversar com seu colega, que ainda estava interpretando os resultados, enquanto tiravam o acidentado do tomógrafo.
- Aparentemente ele não tem lesões graves. Apresenta um edema traumático e uma pequena área hemorrágica no lobo temporal medial, que deve ser reabsorvido naturalmente.
- Que bom...
- Ele é seu conhecido ou parente?
- Não! Estou apenas curiosa. Achei que o trauma pudesse ter sido mais violento.
- Ele deve ficar na observação por 24 horas e ser encaminhado para o quarto para aguardar a alta, dependendo do seu quadro clínico – explicou, enquanto a observava atentamente.
- Que bom. Então, vou indo. Ainda estou no meu horário de plantão – despediu-se, evitando falar sobre o que ouvira do policial. Voltaria amanhã para ver como ele estava.
- Você é de onde? – perguntou o radiologista, com olhar interessado na bela colega morena.
- De Valverde.
- Que pena... Podíamos tomar um café quando eu terminasse aqui, se você não tivesse que voltar a sua cidade.
- Seria um prazer, mas infelizmente meu colega está me aguardando para pegar a estrada.
- Quando vier para Rio Claro, me procure. Olhe! Aqui está o meu cartão, com o meu celular. Ligue, por favor.
- Está bem, Dr...Matheus. Foi um prazer conhecê-lo.
- Desculpe. Não perguntei o seu nome...
- Sílvia. O meu nome é Sílvia.
Ela refletia sobre como uma noite, que não parecia muito movimentada, podia tornar-se tão excitante. O Dr. Matheus também não era de se jogar fora, pensava com um sorriso discreto nos lábios. Apesar disso, não conseguia tirar “Antonio” da cabeça.
Acordou Franco, que roncava deitado na maca da ambulância.
- E, então? Como está o seu “paciente”?
- Parece que vai ficar bem. Só fiquei preocupada com o que o policial de plantão me disse. Acham que ele roubou o carro que estava dirigindo.
- Por quê?
- Porque o carro foi roubado em Ribeirão Preto.
- Bem, então ele é um ladrão de carros.
- Você está pré julgando o homem, sem ter provas.
- Que eu saiba, até prova em contrário, alguém que é pego dirigindo um carro roubado deve ser o ladrão. Não?
- Você acha que um cara que veste Zegna e usa sapatos Gucci teria motivos para roubar um carro?
- Eu não conheço nenhum destes nomes, mas diria que ele assaltou uma loja de grife e roubou o carro depois - falou, soltando uma risada.
- Ah, Franco! Você não leva nada a sério! Vamos embora!
- Seu desejo é uma ordem, minha cara doutora.
Quando chegaram ao seu posto, o dia já estava raiando e faltava pouco menos de 1 hora para darem por encerrado o seu plantão. Nenhum outro chamado ocorreu, o que foi uma benção, levando em conta o cansaço, devido às horas sem dormir daquela noite, e o estresse, pelo atendimento inesperado na madrugada.
Na hora certa, os colegas que os substituiriam chegaram e tomaram seu lugar. Foi passado o relatório das ocorrências e despediram-se.
Era uma sexta-feira. Franco e Sílvia só voltariam a encontrar-se em uma semana.
Ela foi até o estacionamento onde pegou o seu carro e dirigiu-se para o seu pequeno apartamento, localizado junto à praça principal. Durante a semana morava ali, mas nos fins de semana gostava de ir para o meio do mato, na cabana que pertencera ao seu pai, distante cerca de 10 quilômetros da cidade. Era um lugar muito aprazível devido ao contato com a natureza. Entrou em casa. A arrumadeira tinha feito o seu serviço, deixando tudo limpo e arrumado, como ela gostava de ver quando voltava do plantão. Normalmente, aproveitaria para dormir um pouco, já que tinha que atender no consultório à tarde. Mas, naquele dia, não conseguiria descansar enquanto não soubesse notícias de “Antonio”.
Pegou o telefone, depois de verificar o número do hospital de Rio Claro, e ligou. Ficou sabendo que ele continuava sob cuidados no setor de emergência, sendo medicado para o edema cerebral, ainda inconsciente, mas estável. Também descobriu que ele não apresentava traços de álcool no sangue. Este fato aguçou a sua curiosidade para saber o que poderia ter provocado aquele acidente. Ou ele adormeceu na direção ou foi abalroado por alguém ou...?
Ficou um pouco mais aliviada, mas não conseguiu deixar de sentir a necessidade de vê-lo. Cada vez que se lembrava daquele homem, sentia um aperto no coração. E este sentimento só aumentava com o passar das horas. Começou a pensar que devia ser o cansaço. Talvez devesse tomar um calmante e tentar dormir um pouco. Com certeza acordaria mais disposta e esqueceria daquela noite e de... “Antonio”.
O despertador tocou às 13 horas. Levantou-se, tomou um banho e, após uma refeição leve, ligou para o consultório, para saber quantas consultas estavam agendadas. Suzana, sua secretária, confirmou apenas três consultas nos primeiros horários, das 14:30 ás 15:30 horas.
- Suzi, por favor, não marque mais ninguém para hoje, certo?
- Sim, Dra. Sílvia. Ninguém será marcado após as 15:30.
- Acho que vou mais cedo para o meu refúgio. Se houver alguma urgência , estarei com meu celular ligado. Está bem?
- Claro!
- Pois bem. Já estou a caminho daí. Tchau!
Desligou, pegou sua bolsa e dirigiu-se para a rua, já determinada. Atenderia seus pacientes, pegaria seu carro e seguiria para Rio Claro. O aperto no coração persistia. Tinha que ver “Antonio” de qualquer maneira.
Seu terceiro paciente era um completo estranho. Nunca o vira na cidade. Durante a anamnese, disse que estava a trabalho em Valverde e que se sentira mal. Talvez alguma coisa que tinha comido na viagem. Era um homem muito estranho. Ao exame, não apresentava nenhuma alteração. Enquanto Sílvia preenchia a receita com um antiemético, ele passou a questioná-la sobre o acidente da noite anterior.
- Soube que a senhora foi quem atendeu o motorista. Ele ficou bem?
- Porque o interesse, Senhor Benetti? O senhor o conhece?
- Não! Apenas por curiosidade... Ele chegou a falar com a senhora?
- Senhor Benetti, aqui está a sua receita. O senhor vai ficar em nossa cidade até quando?
- Pretendia voltar hoje.
- Tome esta medicação e vai se sentir bem melhor para o seu retorno. Qualquer problema consulte com seu clínico, em Campinas. É lá que o senhor mora, não?
- Sim...
- Uma boa viagem de volta – dizendo isso, levantou-se da cadeira, dando a consulta por encerrada. Tinha horror deste tipo de pessoa curiosa que a procurava só para bisbilhotar a vida alheia. Em Valverde isto não era muito raro. O que era estranho era a pessoa em questão não ser morador local.
- Até mais, Dra. Sílvia – disse, lançando um olhar gélido sobre ela.
Não pensou mais sobre o fato e, pouco antes das 16:30h, depois de pegar uma pequena maleta de mão com uma muda de roupa e sua nécessaire, Sílvia entrou na rodovia com sua caminhonete , rumo a Rio Claro.
Foi direto para o hospital. Identificou-se na recepção da Emergência e foi apresentada ao plantonista, Dr. Denis.





Continua....


Um abraço e um beijo a todos!!

domingo, 20 de junho de 2010

Coração Atormentado - Capítulo XIII - Por uma família...






Marcelo mal terminara de almoçar quando o telefone tocou. Logo, Clara veio avisar que o investigador Corrêa precisava lhe falar com urgência.
- Alô? Investigador?
- Sr. Marcelo, preciso que o senhor venha ao hospital com urgência.
- Ao hospital? Algo aconteceu com Cláudia?
- Só poderei lhe dizer pessoalmente.
- Mas hoje, ainda cedo, soube que ela tinha melhorado. Ia visitá-la agora, depois do almoço, antes de ir ao trabalho.
- Então, por favor, venha para cá tão logo possível. – e desligou.
Sentindo-se atônito com o telefonema inesperado, chamou por Clara e pediu-lhe que avisasse Luís para aprontar o carro, pois sairia imediatamente.
- O que houve, Marcelo? – perguntou Diego vendo a agitação do padrasto.
- Não sei. O detetive me ligou e me pediu para ir agora até o hospital – sua voz demonstrava aflição – Depois ligo para dizer o que houve.
MARCELO



- Por sorte conseguimos reanimá-la. Agora respire fundo e conte com calma como era esta enfermeira usando uma máscara cirúrgica – disse Nair, tentando manter a calma, diante da jovem estudante de enfermagem.
- Eu nunca a tinha visto aqui antes. Ela me disse que estava resfriada, por isso usava a máscara. Falou que tinha esquecido seu cartão magnético para entrar pelos fundos da UTI e se eu poderia ajudá-la, caso contrário chegaria atrasada para a troca de plantão. Ela parecia tão amável, que não pensei duas vezes e a deixei entrar. Depois, me distraí vendo os prontuários e ela sumiu. A reunião de troca começou. Poucos minutos depois se ouviu o alarme do monitor cardíaco do box 3. Foi então que a vi novamente, andando apressada na direção contrária a todos. Na hora não pensei que ela tivesse algo a ver com a parada... – sua voz tremia perante os olhares inquiridores de sua superiora e do homem com cara de sono que se dizia investigador da polícia – Ela ainda pareceu sorrir quando cruzou comigo. Parecia tão simpática...
- Ela é uma psicopata, minha cara – falou Romildo Corrêa, fazendo anotações em sua caderneta. – Muito simpática, mas uma assassina, que veio terminar o serviço que deixou pela metade ontem. Ainda bem que, além dos médicos excelentes, sua chefa tem uma equipe muito bem treinada aqui.
- Obrigada, senhor – agradeceu Nair, ainda se recuperando do susto.
- Obrigado à senhora, que teve o bom senso de me chamar antes de qualquer outra providência.
- Fiz apenas o que o senhor tinha me pedido. O que fazemos agora?
- Qualquer pessoa que quiser informações sobre o estado da paciente deverá ser comunicada sobre o seu falecimento. Entenderam? Apenas os pais serão notificados da verdade por mim e a quem mais eu achar que é confiável. As visitas à UTI serão suspensas. Ninguém deverá entrar ou sair desta unidade – falava seriamente para o pequeno grupo de enfermeiras e dois médicos que estavam na UTI no momento do ocorrido.
Todos concordaram através de movimentos de cabeça ou por meio de interjeições afirmativas.
- Que bom. Isto vai ser muito importante para que possamos prender o responsável por mais esta tentativa de assassinato. Gostaria que ninguém saísse daqui por algumas horas. Manteremos um policial em cada porta para “protegê-los” e evitar que “esqueçam” da minha recomendação.
Por sorte, não havia visitantes ou familiares dos outros pacientes na hora do incidente, já que nas trocas de plantão a presença de pessoas que não fossem do serviço era proibida. Provavelmente este era um detalhe que a intrusa também conhecia ao escolher aquele horário para invadir a UTI.
Enquanto isso, mais uma vez o telefone tocava na casa dos Bernazzi. Alguém avisava que a mãe de Clara estava muito mal e que ela deveria ir para casa o mais rápido possível. Após receber a notícia, angustiada, pediu a Diego para sair, no que foi prontamente autorizada. Poderiam contar com Zica, caso precisassem de alguma coisa.
Assim que Clara entrou no ônibus, cuja parada ficava a meia quadra de seu trabalho, a mulher desceu de seu carro. Carregava na bolsa, por questões de “segurança”, a arma que estava no porta-luvas, desde que eliminara o ator desempregado que contratara para fazer o papel de Dr. Maurício Aguiar. Já estava livre do uniforme de enfermeira e da máscara cirúrgica usados para entrar na UTI. Deixara seu disfarce numa das grandes lixeiras do hospital. Sentia-se segura e contente por ter finalmente eliminado Cláudia. Enquanto esperava pela saída de Clara, ligara para a UTI confirmando o falecimento da paciente. Luís estava acompanhando Marcelo na fábrica. Agora, com apenas duas testemunhas para lidar, seria mais fácil armar um cenário de um infeliz acidente. Lembrou do acidente com Ágata e de como fora útil o curso de mecânica feito anos antes, quando adquirira seu primeiro carro. Hoje seria mais fácil.
Quando Zica atendeu a porta, surpreendeu-se com a presença de Glória. Ela tinha saído de lá pouco antes das dez e trinta horas da manhã, pelo que lembrava.
- Boa tarde, D. Glória. O seu Marcelo já saiu. Acho que foi para o escritório.
- Ah, Zica. Eu ando tão distraída. Acho que deixei cair minha carteira por aí. Vocês não a acharam?
- Não, senhora. Só se a Clara guardou. Mas a coitadinha teve de sair correndo ainda há pouco. Uma das suas vizinhas ligou avisando que a mãe dela não estava passando bem.
- Pobre da Clara... Tomara que não seja nada grave... – disse com expressão condoída, e continuou – Onde estão Diego e Ângela?
- Eles estão lá fora, como sempre, conversando depois do almoço. – informou, para logo a seguir baixar o tom de voz e, num cochicho, dizer – Não gosto de fofocar, D. Glória, mas acho que estes dois estão namorando.
- É mesmo? Ora, quem diria... Bem, vou até lá dar um alô. Pode verificar se a minha carteira está pela casa, Zica? – solicitou sorrindo.
- Posso sim, senhora.
Enquanto Zica punha-se a procurar a inexistente carteira de Glória, esta se encaminhou para o jardim, cheia de contentamento, admirando o gramado onde casal se encontrava. Bastava só achar uma área do terreno onde a grama fosse mais fofa para dificultar a movimentação da cadeira de Diego.
- Olá de novo, meus queridos!
Ângela sentiu certo mal-estar ao ouvir aquela saudação. Parecia soar falsa depois da discussão que Glória tivera com ela poucas horas antes.
- O que faz aqui de novo, Glória. Ficou com saudades de mim? – perguntou Diego inocentemente feliz por vê-la.
- Você sabe que adoro a sua companhia, meu querido, – adulou-o, enquanto dava-lhe um beijo na face e empurrava um pouco a cadeira de rodas, a procura de solo mais apropriado para suas intenções – Mas, infelizmente, acho que esqueci minha carteira, com todos os meus documentos, aqui, hoje pela manhã. Por isto tive de voltar. Não consigo achá-la em lugar nenhum. A Zica está procurando.
Continuou a empurrar a cadeira, aparentemente despretensiosa, falando sobre o tempo e sobre amenidades, até que não pode mais movimentá-la. Conseguira seu intento. Então continuou:
- Mas que bela tarde, não? É uma pena que eu não possa ficar aqui com vocês. – queixou-se com ar de tristeza – Bem vou ver se a Zica achou algo. Depois volto para me despedir.
- Ela parece ter melhorado bastante de humor – comentou Ângela meditativa, vendo Glória entrar na casa – Que tal tentar ligar novamente para o consultório do Dr. Medeiros? Trouxe o meu celular.
- Só falta ele ter desparecido também – disse brincando – Estou começando a achar que sou uma pessoa detestável.
- Bobinho... Deve ser o horário. A secretária deve estar no seu horário de almoço. Vamos continuar tentando.
No interior da residência, Glória procurou por Zica. Ao encontrá-la, além de pedir um copo de água, disse que Diego pedira para lhe dizer que estava com desejo de comer a sua famosa torta de baba de moça como sobremesa, ainda naquela noite.
- Mas o que deu nesse menino de me fazer um pedido destes tão em cima da hora?
- Ela é muito complicada de fazer? – perguntou ardilosa, pois tinha total consciência do trabalho que a pobre cozinheira teria pela frente, deixando-a imersa na cozinha por um bom tempo.
- Um pouquinho...
- Mas o Diego merece, não?
- Ah, com certeza. Pode deixar que farei a torta de baba de moça mais gostosa que ele já comeu na vida – completou toda orgulhosa de seu quitute e feliz por poder fazer alguma coisa para alegrar seu jovem patrão.
Com ar de malícia disfarçada, Glória terminou de tomar sua água e saiu da cozinha, deixando Zica totalmente distraída em sua tarefa de fazer o doce requerido por “Diego”. Foi até a porta que dava para os jardins e chamou por Ângela.
No mesmo instante em que via Ângela desaparecer no interior da casa, seguindo o chamado de Glória, Diego ouviu o celular dela tocando em sua mão. Ficou na dúvida se recebia a chamada, mas ao ver o número de Marcelo brilhando no visor do aparelho, atendeu.
- Diego? É você?
- Sim. Fiquei com o aparelho da Ângela, enquanto ela foi atender a Glória.
- O quê? A Glória está ligando para aí?
- Não. Ela está aqui. Parece que esqueceu uma carteira e voltou para buscar.
- Diego! Não posso explicar agora, mas não as deixe sozinhas. Foi a Glória que tentou assassinar a Cláudia. Talvez ela tente fazer alguma coisa contra a Ângela. Onde você está?
- O que está dizendo? Estou no jardim – começou a forçar as rodas da cadeira inutilmente, pois ela estava encalhada no gramado. O desespero foi tomando conta dele. – Você tem certeza do que está falando? Não é possível! Droga! Não consigo mexer esta maldita cadeira. De onde você tirou esta idéia?
- Depois explico. A polícia já está a caminho – terminou por dizer depois de um sinal de Corrêa, que acompanhava a conversa telefônica – Cuidado com ela, Diego. Logo estaremos aí.
Quando desligou o celular, lançou um olhar angustiado na direção da casa, na expectativa de enxergar algum movimento no seu interior.
Enquanto isso, na sala de estar...
- Ângela, minha querida, queria lhe pedir desculpas pelo que falei hoje pela manhã, mas acho que você pode entender o meu ponto de vista. Sabe como eu gosto do Diego. Depois que Ágata morreu, sinto-me um pouco mãe dele. Tudo o que pode afetá-lo negativamente me preocupa e, o que eu puder fazer para evitar o seu sofrimento, eu o farei. Acho que não podemos dar-lhe falsas esperanças.
- Mas não são falsas. Falso era o médico que o tratou por último. – Ângela suspirou e continuou – Olhe, Glória, quero que saiba que eu gosto do Diego tanto quanto você e acredito que suas intenções são as melhores possíveis, mas não podemos fechar os olhos para as evidências.
-Vou lhe contar um segredo, Ângela, que nem mesmo Diego ainda sabe... – disse em tom confidencial. – Eu sou a verdadeira mãe de Diego.

GLÓRIA
Ângela ficou paralisada ao ouvir tal afirmação e ver novamente o estranho brilho no olhar de Glória. Lembrou de já ter visto aquele mesmo olhar quando fizera estágio numa clínica psiquiátrica. Esquizofrênicos, psicopatas e muitos outros costumavam expressar suas idéias tresloucadas da mesma forma que Glória fazia agora. Começou a tremer, diante da possível ameaça representada por aquela mulher até então tão meiga, alegre e carinhosa com todos. Várias teorias passaram por sua cabeça, bem como as orientações de como comportar-se diante de uma pessoa com problemas mentais.
- Isto é verdade, Glória? – indagou com falsa ingenuidade.
- Não... Quase enganei você, não? – disse em um tom horripilantemente sarcástico - Eu bem que gostaria... Sempre quis ter uma família como a de Ágata – continuou, falando mansamente e envolvendo o braço de Ângela com o seu, levando-a na direção da escadaria da casa – Sabe, Ângela, fui criada num orfanato. Quando criança, sofri muito nos lares por onde passei. Apanhei, sofri abusos..., chorei muito. Quando ninguém mais me quis por já ter mais de doze anos, decidi estudar e ser alguém. Aos dezesseis, conheci Ágata, através dos jornais, colunas sociais e revistas. Fiz meu curso de secretariado com as melhores notas da turma. Consegui alguns empregos até que surgiu uma vaga como secretária na indústria Bernazzi. Ágata era recém-casada, mas já começava a trabalhar com o pai. Quando o velho Bernazzi faleceu, ela assumiu a direção. Fui promovida a sua secretária e, aos poucos, nos tornamos grandes amigas. Ela era tudo o que eu sempre quis ser... Logo Diego nasceu. Ele era lindo. Os anos se passaram e eu vivia à sombra daquela família, mas não me importava, pois eu me sentia parte dela. Então o pai de Diego morreu e Ágata, mesmo sofrendo muito, continuou liderando a empresa. Continuou confiando em mim, convidando-me para o seu convívio e dando-me alguns poderes dentro da fábrica. Até que... – continuavam subindo as escadas.
Ângela não tinha coragem de interromper a narrativa de Glória. Estava como que enfeitiçada pela história narrada em suave e monocórdia voz.
- Até que?... – estimulou-a a continuar.
- Até que surgiu Marcelo. Eu já tinha me apaixonado por outros colegas de trabalho antes, mas nenhum era como ele. Tão educado, elegante, simpático. Fazia questão de ir pessoalmente ao nosso escritório para certificar-se que os pedidos estavam sendo entregues de forma correta. Achava que ele ia até lá só para me ver – deu um suspiro – Pensei que a minha vez de ter uma família como a de Ágata chegara. Podíamos casar, adotar uma ou duas crianças, caso eu não conseguisse lhe dar um filho... Mas... – pausou e uma sombra desceu sobre sua face – ... Ele a conheceu e se apaixonou por ela... Quase morri de dor quando soube do início do namoro deles, contado pela própria Ágata. Com o tempo, minha dor aplacou-se e a vi voltar a estruturar a família. Diego voltaria a ter um pai. Eu vivia através do que ela me confidenciava. Então, um dia, me disse que estava pensando em pedir a separação de Marcelo. Ela gostava muito dele, mas não o amava o suficiente para manter-se casada com ele e suportar o seu ciúme crescente. Neste momento, eu a odiei. Roubara o meu amor e agora queria livrar-se dele como quem se livra de um estorvo qualquer. Desfaria “nossa” família por um capricho. Como era possível não amá-lo mais, se ele era perfeito?
- Mas era a sua chance de ficar com ele e começar sua própria família... – argumentou, tentando achar lógica dentro da insanidade de Glória.
- Eu não poderia... Ele continuava enfeitiçado por ela. Enquanto ela existisse, ele não gostaria de mais ninguém.
Acabaram por chegar ao topo da escadaria.
- De repente, ela tornou-se um empecilho a ser removido. Seria simples. Ela desapareceria e eu, junto a Marcelo, poderia aos poucos conquistar o que tanto almejara por anos na minha solidão – falava de forma natural, aumentando os temores de Ângela – Tudo teria sido perfeito. Até a presença de Diego no acidente, que no início me fez sofrer muito, tornou-se algo bom, pois ele ficaria dependente de mim para sempre, casado com aquela “filhinha de papai”, que poderia ser facilmente convencida a fazer o que eu quisesse. Com a experiência que adquirira nos anos ao lado de Ágata, eu acabaria assumindo o seu lugar também na direção da empresa. Mas aí, Cláudia começou a atirar-se em cima de Marcelo, afastando-o de mim mais uma vez. Quando ficou claro que ela conseguira conquistá-lo, mais uma vez tive que agir.
Parou de falar repentinamente e voltou seu olhar vidrado para Ângela – Agora, foi você que começou a se revelar. Vi você se jogando para cima do Marcelo hoje pela manhã.
- Do que você está falando?
- Você sabe muito bem... Do abraço e do beijo que ele lhe deu hoje pela manhã.
- Eu não estava me jogando para cima dele – Ângela parecia ter despertado de uma hipnose, com a mudança repentina do discurso de Glória – Eu apenas tinha lhe contado da melhora de Cláudia e ele demonstrou sua alegria com a notícia abraçando-me...
- E beijando-a?
- Foi um beijo na face, de agradecimento.
- Eu sei o efeito que ele tem sobre as mulheres – continuou como se não ouvisse Ângela – É difícil resistir, não? Mas fora isso, você é muito intrometida, remexendo na história do médico, querendo que Diego ache que pode voltar andar.
- Foi você a parente com quem o Dr. Medeiros falou depois da cirurgia! – lembrou-se subitamente do que o neurologista havia contado noutro dia – Não queria que ele soubesse que poderia voltar a andar. Por quê? Isto poderia acontecer independente da sua vontade – disse, para logo lembrar que a lógica de Glória não era a da maioria das pessoas sensatas.
- Já falamos demais. Está chegada a sua hora, minha querida.
Só então Ângela deu-se conta que estava de costas para a escada e Glória estava bem a sua frente com aquele olhar doentio a encará-la. Um segundo antes de dar um violento empurrão em Ângela e lançá-la no vazio do alto dos degraus, ouviu-se a voz potente de Diego.
- Ângela!!
Depois de uma luta entre mente e corpo, aterrorizado com a possibilidade de perder a mulher que amava, conseguiu vencer o trauma psicológico criado no momento em que soube da morte de sua mãe. Readquirindo o poder de movimentar suas pernas, e graças aos exercícios realizados religiosamente nas últimas semanas, forçou caminho através do espaço que o separava da sala onde estavam as duas mulheres, a tempo de ver o assassinato prestes a acontecer. Ao perceber Ângela em iminente perigo, correu e subiu as escadas o mais rápido possível, a tempo de evitar a tragédia de vê-la rolar em direção a morte. Com o peso dela, segura em seus braços, caiu sentado nos degraus, sob o olhar espantado de Glória.
- Meu filho, você está andando...
- Não sou seu filho! O que pretendia fazer? O que há com você? – gritou, preocupado com Ângela que o olhava aturdida, muda pela surpresa de vê-lo andando novamente. Por um momento, chegou a esquecer que estivera prestes a perder a vida, inundada por um lampejo de alegria.
- Cuidado com ela. Perdeu o juízo completamente... – finalmente murmurou baixinho para que apenas ele a ouvisse.
Parada no último degrau, Glória continuou:
- Tente me entender. Esta mulher não presta. Ela quer nos separar, meu querido.
- Por que, Glória? – perguntou decepcionado – O que pensa que está fazendo? Pensei que era nossa amiga...
- Amiga?... Sou apenas uma amiga para você? – sua voz não demonstrava rancor, apenas uma profunda tristeza. – Sempre o considerei e o tratei como um filho, Diego. Estou tão feliz que você esteja andando... Agora podemos voltar juntos para a fábrica. O Marcelo está nos esperando. Seremos uma família, finalmente...
- O que você está dizendo? Tentou matar a Ângela! – gritou exasperado.
- Ah! Deixe esta mulherzinha aí. Ela não merece a sua atenção. – Falava de forma alucinada, como se fosse muito normal matar alguém e continuar suas atividades rotineiras.
Diego ainda não conseguia acreditar na transformação da mulher que pensava conhecer tão bem e que aprendera a amar como a uma tia muito próxima. Neste exato momento, Marcelo entrou e ficou paralisado diante da cena que encontrou na escadaria da casa. Logo atrás dele surgiu o investigador Corrêa.
- Ah, Marcelo! Que bom que você chegou. Estava agora mesmo falando em você. Nada mais vai nos separar, não é mesmo, meu amor?
- Meu amor? O que está acontecendo aqui? – perguntou atarantado, notando a arma que Glória acabara de tirar de dentro da bolsa.
- Ela enlouqueceu... Tentou matar Ângela – explicou Diego.
- Não fale assim, filho. Vocês não entendem o meu esforço para nos manter unidos?
Sem que eles percebessem, Corrêa saiu sorrateiramente e foi falar com os dois policiais que aguardavam na rua. Mandou-os entrar na casa pelo andar de cima para que pudessem pegar Glória por trás. Só uma janela, no balcão do segundo andar, não era gradeada.

Assim que os dois desapareceram, o detetive entrou novamente. Tinham que manter a secretária falando para distraí-la. Ângela se mantinha nos braços de seu salvador.
- Glória, foi você que mexeu nos freios do nosso carro e provocou o acidente que matou minha mãe? – Diego arriscou perguntar com a voz titubeante.
- Ela queria desunir a família... Não era para você estar naquele carro... – disse hesitante e sem conseguir fitá-lo para ele. – Eu precisava fazer aquilo.
Ângela sentiu as mãos de Diego crisparem-se. Abraçou-se a ele com mais força, impedindo que ele se levantasse e saltasse sobre Glória.
- Glória – disse Corrêa com voz firme e pausada – Não é certo isso que você está fazendo. Matar alguém é crime, e você tem muitas testemunhas aqui. Acho que o mais certo é entregar esta arma e conversar calmamente a respeito do que está acontecendo. Você é uma mulher inteligente. Não faça uma bobagem agora.
- O senhor já está há muito tempo atrás de mim, não, detetive? Sempre chegando perto, mas nunca descobrindo a autoria das mortes na fábrica – disse esboçando um sorriso vitorioso – Esta é a sua chance.
Cada vez mais assombrado com o diálogo que se desenrolava, Marcelo lembrou que Ágata lhe falara sobre algumas mortes, aparentemente acidentais ocorridas na fábrica em anos anteriores. Quando ia pedir um esclarecimento, Corrêa, sem tirar os olhos de Glória, fez um gesto para que ele se calasse.
- Acho que você precisa de um tratamento. Você ainda tem chance de ter a sua família, mas precisa tratar-se.
- Chance de ter uma família? Na minha idade? Por mais que eu queira, isto já não é mais possível. Por anos eles foram a minha família – disse apontando Marcelo e Diego – Mas acho que me enganei. Eu queria ser Ágata. Pensei que ao eliminá-la, eu assumiria seu legado. Mas tudo deu errado. Esta é a verdade. Tudo que fiz, de nada adiantou. Talvez tenha chegado a hora de parar... – pensava alto.
Atrás dela surgiu um dos policiais que acompanhavam Corrêa. Ele aproximava-se muito devagar, sem fazer barulho, armado. Glória apontava o revólver na direção de Ângela, quando, inesperadamente, voltou-o para sua própria cabeça.
- De novo não, de novo não... – gemeu Ângela, baixinho, lembrando da terrível morte de Tomás e fechando os olhos.
Num segundo, o experiente policial alcançou o braço de Glória. Um tiro ecoou pela casa para sobressalto de todos. O cheiro de pólvora se fez sentir. Felizmente, ele conseguira desarmar Glória, evitando que ela atirasse contra si mesma ou que ferisse algum dos presentes. A bala foi perdida em algum ponto do teto do segundo piso. Imediatamente, o segundo policial surgiu e ambos a imobilizaram.
Só então apareceu Zica, vinda da cozinha, assustada com o som do tiro, sendo surpreendida por toda aquela gente reunida aos pés da escada.
- O que está havendo aqui? – perguntou.
- Melhor você voltar para o que estava fazendo, Zica. Depois lhe explicamos tudo. – disse tentando não alarmá-la, apesar dela já ter visto Glória, segura por dois policiais, descendo a escada.
Quando passou por Ângela, a ex-secretária lançou-lhe um olhar de desprezo, mas com voz doce disse para Diego:
- Cuide-se, meu filho. Se precisar de mim certamente saberá onde me encontrar, não é, Corrêa? – sorria, como se estivesse indo para uma colônia de férias – Ah! Antes que eu me esqueça, você terá torta de baba de moça como sobremesa, hoje à noite, não é mesmo, Zica?
- Sim, senhora... – afirmou Zica, sem entender nada.
Ao passar na frente de Marcelo, tentou desvencilhar-se dos guardas, sem conseguir.
- Eu fiz o que fiz por você, meu amor. Você teria sido muito mais feliz se tivesse ficado comigo e não com Ágata.
Ele manteve-se impávido diante da declaração de Glória. Sua vontade era de esganá-la por tudo que o fizera passar, mas percebeu que ela realmente tinha ficado louca. Provavelmente sempre fora. Ainda não conseguia crer que ela tinha sido a responsável pelo acidente de Ágata e, segundo Corrêa lhe contara, suspeita de estar por trás de várias outras mortes relacionadas à fábrica dos Bernazzi, consideradas como infelizes acidentes. Tudo isso era muito triste, considerando que por anos a fio a considerara como uma amiga da família. Viu-a entrar na viatura. Corrêa deu algumas instruções aos policiais. Ela seria recolhida a uma cela especial até ser levada a julgamento. Só então, Marcelo se deu conta da presença do casal que continuava na escada, abraçado.
- Diego! Vocês estão bem? – exclamou, correndo até eles, feliz por ter algo a festejar – Você está caminhando? Ângela tinha razão, afinal.
- Eu sabia que ele conseguiria... – disse Ângela, olhando para Diego e acariciando-lhe a face.
- Quando pensei que ia te perder, as correntes que travavam minhas pernas pareceram romper-se – falou ele dando um beijo carinhoso em seus cabelos.
-Venham, levantem-se daí. Graças a Deus tudo acabou bem – disse Marcelo, estendendo as mãos para ajudá-los a levantar-se – Ainda não consigo acreditar em tudo que houve. Como ela pode enganar a todos por tanto tempo?
Apesar de ter recuperado seus movimentos e ter Ângela viva e ao seu lado, Diego estava abatido.
Quando chegaram ao hall de entrada, Corrêa reapareceu.
- Acho que precisamos conversar – disse soturno – Já consegui um mandato de busca para entrar no apartamento de Glória e encontrar mais provas contra ela.
- Quando será feito isso?
- Ainda hoje, se possível.
- Eu poderia acompanhá-lo? – perguntou Diego.
- Claro, já que, pelo visto, recuperou-se de sua paralisia.
Marcelo indicou a sala e todos se encaminharam para lá, a fim de ouvir as explicações do detetive. Este ficou de pé, enquanto os outros se mantiveram sentados e atentos. Então, Corrêa descreveu como começara a interessar-se por aquela família há alguns anos, quando revisando relatórios policiais antigos descobriu que, de tempos em tempos, eram relatados casos fatais, sempre de mulheres, funcionárias ou namoradas de funcionários dos Bernazzi. Mortes que acabavam sendo designadas como acidentais.
- Comecei a desconfiar que elas pudessem ter sido assassinadas e não vítimas de acidentes, como denunciavam as ocorrências. Depois de um longo período sem mortes, apareceu a notícia do acidente da senhora Bernazzi, o que imediatamente chamou minha atenção. Reabri minha investigação. Surgiram os primeiros suspeitos, entre eles, o senhor Marcelo. Depois foram encontrados os indícios que incriminavam José, o motorista, que certamente foram colocados lá pelo verdadeiro assassino. Porém, eu não acreditava na culpa de nenhum deles. Cheguei a pensar que estava errado nesta caçada por um fantasma. Foi então que acharam um corpo de um homem baleado, que mais tarde foi identificado como um ex-modelo, aspirante a ator, desempregado. Num dos bolsos da calça, que vestia ao morrer, foi encontrado um número de telefone. Era o telefone da antiga secretária da senhora Bernazzi. Pouco depois aconteceu a tentativa de assassinato da senhorita Cláudia Gutierrez. Quando soube do relacionamento do senhor Marcelo e de sua ex-noiva, – disse indicando Diego com um gesto de mão – minhas suspeitas, em relação à secretária, aumentaram. Hoje pela manhã, muito cedo, recebi o telefonema da enfermeira-chefe, avisando que a senhorita Gutierrez havia recobrado os sentidos. Corri à UTI e consegui o que precisava para o mandato de prisão preventiva do criminoso. O perfume do agressor fora identificado pela vítima. Cláudia lembrou que a última coisa que sentiu, antes de ser golpeada, foi um perfume, que reconheceu como sendo o usado por Glória. Com estes fatos em mãos, apesar de não serem provas irrefutáveis, parti a cata de um mandato de busca e apreensão no apartamento da senhorita Glória. Ela estava tornando-se descuidada. Então recebi o segundo telefonema da Enfermeira Nair, avisando da provável nova tentativa de assassinato de sua paciente. Uma estudante de enfermagem deu uma descrição da estranha mulher que viu entrando na UTI, vestida de enfermeira. Apesar de estar escondida por trás de uma máscara cirúrgica, a altura, cor de cabelos e olhos conferiam com as características da nossa principal suspeita. Foi então que pedi que o senhor Marcelo fosse ao meu encontro. Precisava fazer uma prisão preventiva o quanto antes e achei que ele poderia me ajudar com algumas informações. Por sorte, ele decidiu ligar para os senhores. O resto já sabem.
- Mas por que motivos ela matou aquelas outras mulheres, minha mãe e tentou eliminar Cláudia – perguntou Diego, ainda chocado com tudo o que ouvira.
- Espero conseguir mais explicações quando fizermos a busca no apartamento dela e após o interrogatório, com a ajuda de um psiquiatra. – esclareceu Corrêa.
- Ela me falou algumas coisas importantes antes de me atacar, que talvez expliquem, mas não justifiquem, os seus crimes – interveio Ângela.
Com as atenções voltadas para si, contou a história que ouvira de Glória a respeito de sua triste vida e a obsessão por Ágata e sua família.
Depois de fazer algumas anotações em sua famigerada caderneta, Corrêa agradeceu a Ângela por suas informações.
- Parece que isto põe alguma luz sobre os motivos dos outros crimes – supôs o investigador – Provavelmente as mulheres eliminadas eram obstáculos. Por trás de todas havia um namorado ou noivo que trabalhava na empresa Bernazzi. O senhor Marcelo foi uma exceção. Certamente, do ponto de vista psiquiátrico, estes novos elementos serão muito importantes – explanou Corrêa – Seu depoimento vai ser necessário mais tarde, senhorita.
- Pode contar comigo, detetive.
- Bem, podemos ir agora, senhor Bernazzi? Está se sentindo bem para participar desta intervenção no apartamento de sua secretária?
- Sem dúvida. Podemos ir – disse Diego prontamente.
- Então, senhorita Ângela e senhor Marcelo... – cumprimentou-os com um meneio de cabeça e continuou – Em breve, farei novo contato.
- Muito obrigado por tudo, Corrêa – agradeceu Marcelo.
- Você me espera aqui? – perguntou Diego discretamente à Ângela.
- Claro... Ainda estou a serviço. Lembra? – respondeu sorrindo.
Ele curvou-se e tocou seus lábios suavemente nos dela. Antes de afastar-se, sussurrou em seu ouvido, fazendo-a estremecer:
- Te amo...
Marcelo, ao ver aquela demonstração de carinho entre os dois, sentiu-se aliviado em relação a Diego, pois isto significava que ele realmente tinha substituído a ex-noiva por outra pessoa em seu coração. Subitamente sentiu uma vontade irresistível de ver Cláudia. Suas dúvidas em relação aos seus sentimentos começavam a se esvanecer.



Enquanto Marcelo fazia ligações avisando que não poderia trabalhar naquela tarde, pois estaria no hospital, Ângela ligava para Lino e para Carlos contando as boas novas. Do outro lado da cidade, já de posse do mandato e da chave, Corrêa, Diego e dois peritos chegavam à casa de Glória. Era um apartamento pequeno, decorado com bom gosto, localizado no bairro Funcionários. Além da sala e da cozinha, tinha dois quartos, sendo que um deles estava trancado. Depois dos peritos revistarem as áreas acessíveis, foi a vez de arrombarem a porta fechada, pois não puderam encontrar a chave. O quarto estava às escuras. Ao acenderem as luzes se depararam com o que parecia ser um gabinete. Porém, para espanto, principalmente de Diego, as paredes eram revestidas com retratos de sua mãe, em várias fases de sua vida, em festas, algumas sozinha, outras acompanhada por seu avô, com seu pai ou com ele, quando garoto. Até mesmo recortes de jornais e revistas tinham sido devidamente emoldurados. Porém o mais chocante de tudo foi ver que, em todas elas, o rosto de Ágata havia sido substituído pelo rosto de Glória. Ela tinha se dado ao trabalho de recortar o rosto da empresária em todas as fotos e colar o seu no lugar, dando um aspecto bizarro ao trabalho final. Ali, ele identificou as fotos que tinham desaparecido do álbum que mostrara para Ângela noutro dia. Agora já sabia quem as havia roubado. Dentro de um armário existente na pequena saleta encontraram diversos vestidos de festa e trajes sociais organizadamente pendurados, reconhecidos por Diego como tendo pertencido à sua mãe. Sobre a escrivaninha estava um álbum de fotos. Aquele parecia ter sido dedicado exclusivamente a Marcelo, sua última obsessão. Eram fotos dele com ou sem a sua mãe. Da mesma forma que as fotos das paredes, ali também o rosto dela tinha sido recortado e substituído pelo de Glória. Diego estava arrasado. Não conseguia compreender como sua mãe, seu pai, Marcelo e ele se deixaram enganar todos aqueles anos, confiando completamente numa demente.
- Você está bem? – perguntou Corrêa solidário.
- Estou perplexo com tudo isto. Como é possível existir uma pessoa assim, que consiga enganar tão bem, a tantos e por tanto tempo?
- Como ela, existem milhares por aí, senhor Bernazzi. Na maioria das vezes passam despercebidos, pois não chegam a matar ninguém, mas vão destruindo moral ou financeiramente a todos que cruzam seu caminho. Hoje em dia isto está se tornando cada vez mais comum, infelizmente.
Afinal, após os peritos fotografarem detalhes do local e terminarem seu exame cuidadoso de todo o material encontrado, recolhendo tudo que pudesse ser usado como prova contra Glória, saíram, tornando a fechar a porta, colocando um lacre especial da polícia.

CORRÊA
- Vou deixá-lo em casa e voltarei para a delegacia para tratar dos trâmites legais. Logo receberão a intimação para depor – objetivou o investigador.
- Ficaremos aguardando. Quanto ao seu oferecimento de me deixar em casa, lhe agradeço, mas estou precisando pensar um pouco, ficar sozinho... Entende?
- É lógico, meu rapaz. Tem certeza que estará bem?
- Sim... Obrigado por tudo, senhor Corrêa.
Apertaram-se as mãos e despediram-se.
Diego iniciou, a passos lentos, uma caminhada através das ruas já conhecidas. Muitas vezes tinha trazido Glória até sua casa, em dias que ficavam trabalhando até mais tarde. Agora estava ali, respirando a liberdade de caminhar com suas próprias pernas novamente, livre da cadeira de rodas. Durante cerca de uma hora refletiu sobre tudo que acontecera naqueles últimos meses. Lembrou que sua mãe sempre lhe dizia que “de toda a experiência, por pior que ela seja, sempre se pode tirar algo positivo, que nos ensinará a viver melhor ”. Ela tinha razão. Aprendera muito, apesar de toda perdas e danos. Talvez tivesse se tornado uma pessoa melhor. Além do aprendizado pessoal, ainda conhecera a mulher de sua vida. Seus pensamentos se voltaram para Ângela e o desejo de tê-la em seus braços o fez sorrir de novo. Fez sinal para um táxi que passava naquele momento e partiu para casa, onde ela o esperava.





Capítulo XIV - Conclusão





Os meses se passaram. Glória acabou por ser julgada, depois de confessar sua culpa, com a ajuda de um psiquiatra forense, no caso de Ágata e Diego, em alguns dos outros casos ocorridos na fábrica e nas tentativas de assassinato de Cláudia. Foi condenada à prisão, de onde não sairia tão cedo, e cumpriria sua pena em um hospital psiquiátrico e judiciário em Barbacena.
Cláudia recuperou-se. Depois dos sustos por que passou, tornou-se uma pessoa menos frívola. A proximidade da morte e o carinho recebido em sua recuperação foram importantes para esta melhoria. Logo depois de sua alta, Marcelo criou coragem e pediu para que tentassem recomeçar o relacionamento do zero, o que a deixou exultante. Seu amor por Marcelo era verdadeiro e faria qualquer coisa para mantê-lo junto a si.
Quanto a José, foi novamente contratado para trabalhar como motorista na casa dos Bernazzi. Aceitou o pedido sincero de desculpas de Diego e voltou ao seu antigo serviço. Marcelo acabou por mudar-se, pois não via sentido continuar morando na mansão da Cidade Jardim, principalmente agora que a casa, em breve, teria nova dona. Comprou uma casa em um condomínio fechado no mesmo bairro. Assim, Luís, o motorista, foi contratado para acompanhá-lo, continuando em sua função anterior.
Diego voltou às suas atividades como engenheiro de alimentos, além de assumir a direção da empresa de sua família
Depois de sua visita ao Brasil, Gabriel voltou para os Estados Unidos com Nancy. Três meses depois, o casamento deles aconteceu em Chicago, numa grande festa ao estilo americano, onde Ângela foi uma das seis damas de honra. Apesar de sentir-se pouco a vontade no vestido rosa - bebê, que a deixou com o aspecto de uma nuvem de algodão doce, recebeu elogios de Diego. Tinha quase certeza que ele odiara o traje, mas não quis dizer que estava horrível para não deixá-la chateada. Mais tarde, suas suspeitas se confirmaram, e acabaram por dar muitas gargalhadas, no quarto do hotel. Nancy nunca desconfiou de nada.
Um ano depois dos infelizes acontecimentos que determinaram a prisão de Glória, foi a vez de Diego e Ângela casarem-se, numa cerimônia simples, para poucos convidados, realizada nos jardins do sítio em Casa Branca. Entre estes estavam Lino, acompanhado por um amigo, Carlos e a esposa, bem com Romildo Corrêa. Isabel e Lourdes quase desidrataram com tantas lágrimas. Segundo Gabriel, que veio com Nancy, especialmente para a cerimônia, elas choraram mais do que no casamento dele.





- Então, como se sente, senhora Ângela Bernazzi? – perguntou Diego, assim que entrou com sua esposa na cabine de luxo do cruzeiro para o Caribe, onde passariam a lua-de-mel.
- Muito feliz... – respondeu ela, enroscando os braços em torno do pescoço dele.
Abraçou-a, olhando-a incendiado por aquele desejo que aumentava a cada dia e disse com sua voz enrouquecida:
- Que tal um aquecimento antes do jantar?
Ângela apenas sorriu maliciosamente e ofereceu-lhe os lábios, em sinal de aceitação à proposta feita.





FIM




Mais uma estória terminada. Mais um "filho" gerado. Espero que tenham gostado. Senão, aguardo opiniões e sugestões para poder melhorar a qualidade do que escrevo. Claro que vou demorar um pouquinho para começar outra aventura, mas podem ter certeza que ela já está sendo gerada...rsrsrs.
Comentem, opinem. Isto é muito importante para mim.
Aliás, gostaram do novo layout do blog? Acho que a postagem ficou mais clara e fácil de ler.
Beijos a todas minhas queridas, que acompanham este meu trabalho e lazer, com a maior paciência e carinho do mundo. Amo vocês!
Até a próxima!