sexta-feira, 30 de julho de 2010

Resgate de Amor (14)

Chegando a empresa, foi levada até um dos escritórios. Quando a porta foi aberta deparou com uma cena que a deixou paralisada. Roberto não a viu chegar. Ele estava abraçado a uma mulher loura, alta, elegantemente vestida, que mais parecia ter saído de uma revista de modas. Estavam em atitude muito íntima. Sílvia sentiu o ar faltar em seus pulmões. Não podia acreditar no que estava vendo. Sem falar nada, saiu rapidamente em direção aos elevadores, diante do espanto do assistente que a levara até lá. Quando já pensava em procurar as escadas que a levariam embora do seu pesadelo, Roberto surgiu, pedindo desculpas pela demora. Imediatamente ele notou que Sílvia expressava uma estranha agonia desesperada. Não conseguia imaginar o que teria acontecido com ela enquanto o esperava.
- O que houve, Sílvia? Aconteceu alguma coisa? Alguém a aborreceu? – perguntou, preocupado.
- Não... – respondeu, sem muita convicção, sem conseguir encará-lo – Não aconteceu nada...
- Então porque eu não recebi um sorriso quando cheguei? – voltou a perguntar já a envolvendo num abraço e sussurrando a pergunta ao seu ouvido.
- Me solte, Roberto! Como você pode ser tão cínico? – ela tentava manter um tom baixo na voz. Odiava pessoas escandalosas.
- Como assim, cínico?
- Eu vi você abraçado com aquela loura, lá dentro da sua sala. Não tente me enganar. Eu vi com meus próprios olhos.
Ele ainda a olhou por alguns segundos, tentando organizar os pensamentos e , subitamente, desatou a rir.
- Você ainda ri? Como tem coragem...
- Você me viu abraçando a Miriam – sem poder controlar o riso.
- Não me interessa o nome dela!
- Meu amor...Míriam é a minha cunhada, casada com o Marcos.
- O quê?
- Meu amor, você sabe que a única mulher que eu quero abraçar, entre outras coisas – disse com ar malicioso – é você, minha ciumenta.
- Desculpe...Pensei que...
Sílvia sentia-se uma completa idiota. Esboçou um sorriso, a medida que Roberto falava daquele jeito meloso e a acariciava no rosto, roçando seus lábios enquanto falava. Um arrepio gostoso a percorria por inteiro.
Ainda estava de olhos fechados, saboreando aquela carícia e sentindo o calor do hálito de Roberto em sua pele, quando foi interrompida por uma voz feminina que os interpelou:
- Não vai me apresentar para a namorada?
- Oi, Miriam. Desculpe. Esta é Sílvia Mattos. Sílvia, esta é Miriam, minha cunhada.
- É um prazer conhecê-la, Sílvia. O moço aqui não pára de falar em você o tempo todo. Eu os vi juntos outro dia, mas vocês estavam com tanta pressa para sair, que não pude cumprimentá-la.
- O prazer é meu, Miriam – respondeu Sílvia, sentindo-se a mais miserável das mulheres, por ter feito aquela ceninha de ciúmes ridícula, sem fundamento algum.
Neste momento, Marcos chegou, muito simpático, abraçando Miriam por trás e beijando-a.
- Vamos almoçar, Míriam? – perguntou.
- Hei, Marcos! O Roberto estava me apresentando a sua noiva – disse, para surpresa de Sílvia com o emprego da palavra noiva.
-Tudo bem, Sílvia? Como você vai? – deixando a mulher de lado para abraçá-la – É um prazer ver você por aqui. Seja bem-vinda... Querida, acho que temos de nos apressar.- voltando novamente a atenção para sua bela esposa – Tenho um encontro de negócios daqui a pouco. Não teremos muito tempo para o almoço. Vamos lá? Vocês nos desculpem, mas temos que ir.
- Claro. Nós também. Vou passar a tarde com Sílvia. Ela volta hoje à noite para Valverde – falou , Roberto.
Despediram-se e seguiram em direções opostas.
- Muito simpática ela, a Míriam – comentou Sílvia, verdadeiramente surpresa com a simpatia da esposa de Marcos. Ainda envergonhada com sua atitude, continuou – Me perdoa? Fiz uma cena imperdoável...
- Viu? Ela é casada com meu irmão. Satisfeita, sua boba? Depois eu é que tenho de controlar o meu ciúme... Estão praticamente em lua de mel. Como nós...
- Como nós? Não sabia que já estávamos em lua de mel.
- É quase como se fosse – respondeu melosamente.
- Espero ter uma lua de mel de verdade. Com direito a férias só com você, num lugar paradisíaco.
- Uau! Já tem tudo planejado? – exclamou alegremente satisfeito.
- Ainda acho um pouco cedo para isso, mas... A idéia me agrada e muito... E a você?
- Pode ter certeza que sim, Dra. Sílvia – falou Roberto aproximando sua boca dos lábios sorridentes de Sílvia.
Dali, partiram para um pequeno bistrot situado a duas quadras do escritório. Era um local bem agradável, com poucas mesas, onde o pessoal que trabalhava nas redondezas costumava freqüentar. Segundo Roberto a comida era deliciosa, feita pela própria dona do lugar. Depois de ele cumprimentar quase a todos que estavam almoçando ou aguardando o almoço, sentaram-se à mesa e fizeram seus pedidos..
- Mais tranquila, agora? Porque este sorriso? – perguntou ele.
- Estava imaginando a nossa lua de mel...
Ele pegou suas mãos sobre a mesa e disse:
- É neste estado de espírito em que me encontro... Em lua de mel. Eu já a considero como minha.
- Sua o quê?
- Minha mulher... Minha amiga, minha amante, minha companheira, minha esposa... O quê você preferir... – ele ia dizendo estas coisas, enquanto seu olhar atordoava Sílvia com um brilho intenso , denunciando todo o seu desejo por ela.
- Ah, Roberto...Como eu te amo...Desculpe por ter duvidado de você. Fiquei maluca quando vi você agarrado a uma mulher tão bonita.
- Vamos terminar de almoçar e ir logo para casa. Temos que começar o processo das despedidas.
- Processo das despedidas?
- Não sei se vou aguentar ficar tanto tempo longe de você. Dez dias...
- Vou tentar voltar antes. Agora que Leonor está pronta a aceitar ficar no meu lugar.
- Sério? Ela já confirmou?
- Pois é. Com tudo que aconteceu, acabei por não lhe contar como foi a minha manhã. Antes de arrumar as malas, resolvi ligar para o telefone de Leonor que Dirceu me deu. Pareceu ser muito simpática. Combinamos que ela irá até Valverde amanhã, para tratarmos dos detalhes de sua ida para assumir o meu lugar. Se tudo correr bem, poderei estar de volta mais cedo, para podermos aproveitar mais um pouquinho antes de eu começar a trabalhar no Lusitano.
- Isto vai ser muito bom... – disse ele, olhando-a apaixonadamente.
Terminado o almoço, pegaram o carro e foram direto para casa.
- Ainda é cedo. Temos pelo menos algumas horas antes da sua condução chegar para levá-la para longe de mim – disse isto, enquanto fechava a porta e a olhava com um conhecido brilho no olhar – Podemos descansar um pouco até lá...
- Pelo que estou sentindo no ar, não é bem um descanso que você está planejando...
Logo ele estava sobre ela, beijando-a avidamente e desabotoando sua blusa. Ela adorava o jeito como ele a envolvia, colocando a mão em sua nuca, enlaçando-a firmemente pela cintura, deixando-a sem fôlego ao cobrir-lhe a boca com um beijo, tomando seu corpo e sua vontade. Qualquer pensamento racional perdia-se naqueles carinhos. Só o anseio, o delírio e a vontade de possuir e ser possuída. Seu desejo por aquele homem parecia inesgotável. Ele sabia como satisfazê-la. Parecia conhecê-la como ninguém, como se ela fosse um piano e ele o pianista, extraindo dela os melhores acordes, para o deleite de ambos. O resultado era uma melodia perfeita e harmoniosa que os arremessava ao éden.

As horas passaram mais rapidamente que o habitual.
Dolores, como sempre, deixara deliciosos quitutes para o jantar, prevendo que eles não teriam muito tempo para sair antes da partida de Sílvia.
Pontualmente às 20 horas, o som do interfone soou como um alarme. Imersos numa tristeza silenciosa, desceram até a porta do prédio. Roberto cumprimentou o motorista. Entregou-lhe a reduzida bagagem de Sílvia e recomendou cuidado na estrada. Ela ficou agradavelmente surpresa ao ver Francisco, o mesmo motorista que a trouxera, novamente na direção da van.
Sílvia já não sabia se resistiria sem chorar àquela despedida. Seus olhos já umidificavam-se. Tentou disfarçar para que Roberto não notasse, mas não conseguiu.
- Se você começar a chorar agora, vou seguir você, pois eu sou o maior chorão do mundo, para o seu conhecimento – falou baixo, segurando-a no queixo e levantando seu rosto para que pudesse olhá-la dentro dos olhos.
- Ah, Roberto... Desculpe-me ficar aqui fazendo escândalo...
- Adoro mulheres escandalosas... – murmurou, enquanto aproximava-se dela para o derradeiro beijo.
Logo estavam abraçados, beijando-se apaixonadamente, em meio às lágrimas de Sílvia, sem se importarem com a presença do motorista, do porteiro do prédio e dos transeuntes. E assim foi.
Sílvia finalmente embarcou na van e viu o rosto de Roberto desaparecer na primeira curva feita pelo veículo.
Para Sílvia, a viagem de volta pareceu mais rápida que a de ida. Tentava animar-se, pensando que não demoraria muito a ficar com Roberto definitivamente. As coisas estavam todas se encaixando perfeitamente. Não demoraria muito para o desfecho esperado por eles.
Francisco deixou-a na porta de seu apartamento em Valverde às 23 horas, despedindo-se com sua habitual elegância e discrição.

- Sílvia? – perguntava a voz já conhecida no seu celular, naquele final de manhã.
- Leonor! Onde você está?
- Acabo de chegar. Estou em frente ao seu apartamento. Podemos nos encontrar agora?
- Claro. Estou saindo da casa de uma de minhas pacientes e indo para aí. Espere que já estou chegando.
- Vou esperar. Não tenha pressa.
Estacionou em frente ao seu prédio e olhou com curiosidade para a jovem que se encontrava parada na calçada a sorrir-lhe. Parecia nervosa. Leonor era uma mulher de traços delicados, aparentando ter entre 25 ou 26 anos, cabelos curtos, de cor castanho-claro. Seus olhos amendoados, lábios finos e queixo quadrado, davam ao seu rosto um toque exótico. Convidou-a para entrar. Estranhou não ver nenhum carro estacionado por ali.
- Como você veio até aqui? De ônibus?
- Não. Um amigo meu, que precisava vir para estes lados, ofereceu-me carona. Depois ele vai voltar para me pegar.
Sentaram no sofá da sala de Sílvia e iniciaram sua conversa.
- Eu trouxe o meu currículo. Achei que gostaria de dar uma olhada.
-Vou olhar, mas confio no olho clínico do Dirceu. Tenho certeza que ele não indicaria alguém que não fosse competente.
- Bem, Sílvia. Estou muito animada com esta possibilidade de trabalhar no interior, sem esta loucura que é o hospital, concorrência dos colegas para ver quem aparece mais para o chefe, etc. Acho que vou preferir a tranquilidade de um consultório no interior.
- Bem, se é isso que você quer, vai encontrar de sobra em Valverde. Mas, vamos às coisas práticas. Além do consultório, faço visitas domiciliares a alguns pacientes com dificuldades de locomoção. Tenho um plantão semanal no serviço de resgate do município, que atende algumas intercorrências, geralmente banais, e os acidentes na estrada estadual próxima. Teria algum problema se você assumisse estas tarefas também?
- Claro que não. Acho que vai ser ótimo para sair da rotina do consultório.
- Quanto à moradia, vou deixar meu apartamento com você, se prometer cuidar bem dele.
- Mas que ótimo! Eu estava mesmo preocupada com a questão da moradia. Pode deixar que cuidarei muito bem dele. Você pretende voltar a morar em Valverde?
- Sinceramente, Leonor... Não sei. Tudo está acontecendo tão rápido na minha vida nas últimas semanas... Dirceu chegou a comentar com você sobre meus motivos para a mudança para São Paulo?
Sílvia notou certa insegurança em responder esta sua última pergunta. Leonor devia estar pensando se entregava a falta de sigilo do colega ou não. Finalmente, ela respondeu de maneira protegê-lo um pouco.
- Mais ou menos. Ele me falou, por alto, que você vai mudar porque seu namorado mora lá.
- É... Mais ou menos isso – disse Sílvia, sorrindo – Você tem mais alguma dúvida sobre o seu trabalho aqui?
- Acho que não.
- Só temos que combinar a sua vinda para cá, para que eu possa mostrar-lhe o trabalho e as pessoas com quem vai conviver e que poderão ajudá-la a conhecer melhor a nossa comunidade. Terei que retornar a São Paulo na semana que vem, pois começarei a trabalhar no Hospital Lusitano.
- Posso estar de volta neste final de semana, provavelmente no sábado. Tenho que cumprir alguns compromissos e organizar a minha mudança. Acha que fica muito tarde? Quer que eu tente vir antes?
- Não. Está perfeito. Assim também terei tempo de oficializar a minha retirada e iniciar as despedidas – falou, com certa tristeza na voz – Olhe, aqui está o meu cartão, com o endereço e telefone do consultório. Ligue-me assim que voltar. Estarei esperando.
- Sílvia, pode contar comigo. Espero não desapontar você, nem aos seus pacientes.
- Tenho certeza que não.
- Bem, vou ligar para o meu amigo e avisar que já terminamos.
- Não querem almoçar por aqui?
- Não, obrigada. Eu tenho um compromisso agora à tarde e creio que ele também.
Pegou seu celular e discou um número. Falou rapidamente com o amigo e disse que o esperaria na frente do edifício. Assim que desligou, falou:
- Sílvia, foi um prazer conhecê-la.
- O prazer foi todo meu.
Despediram-se com um aperto firme de mãos. Sílvia ficou observando Leonor até vê-la entrar num veículo dirigido por uma silhueta que lhe pareceu familiar. “Dirceu? Porque ele não veio falar comigo? Será que eles estão tendo um caso e ele ficou receoso de me ver?”
Com estas perguntas atiçando sua mente, ela viu o carro afastar-se em grande velocidade.

Mal havia começado a desfazer a mala, pois não tivera tempo de fazê-lo na noite anterior, quando o telefone tocou. Correu a tender, imaginando que fosse Roberto
- Alô? Beto? – atendeu, já com o coração em disparada.
- Alô, Sílvia. Não, não é o Roberto. Sou eu. Dirceu.
- Ah, Dirceu. Desculpe. É que pensei que...
- Entendo... – falou um pouco sem jeito – Estou ligando para saber se foi tudo bem no encontro com a Dra. Leonor.
- Ora, pensei que você soubesse – disse, achando estranho o motivo do telefonema, já que Leonor devia ter lhe contado tudo sobre o encontro entre elas.
- Como assim?
- Leonor não lhe contou?
- Não a vi hoje. Cheguei a pouco no hospital aqui em Rio Claro. Hoje é o meu dia de atender aqui, lembra? – respondeu com certa insegurança na voz.
- Ah... – resolveu não intimidá-lo, evitando contar que o havia visto no carro que dera “carona” para Leonor. Talvez ele não quisesse abrir o jogo sobre um provável namoro entre os dois. De qualquer forma achava esquisito aquele comportamento de Dirceu – O nosso encontro foi muito positivo. Acertamos a vinda dela para cá já no fim de semana.
- Que ótimo... Bem, você deve estar ocupada resolvendo a sua ida para São Paulo. Liguei só para saber se estava tudo certo.
- Está, Dirceu, graças a você.
- Os amigos são para essas coisas, Sílvia. Então... Uma boa tarde para você – disse reticente – Qualquer problema, me ligue.
- Ligo sim. Mais uma vez, obrigada.
Desligou o telefone e resolveu não pensar mais naquele assunto. O importante é que conseguira a sua substituta. O resto não interessava. Era assunto de Leonor e Dirceu.
Já estava quase na hora de ir para o consultório. Preparou um lanche leve e, quando se preparava para sentar a mesa, o telefone tocou mais uma vez. A esperança de ouvir a voz grave de Roberto iluminou-se novamente.
- Alô?
- Sílvia?
- Beto? Que bom que é você! Estava morrendo de saudades e querendo ouvir a tua voz.
- Eu também. Só agora fiquei liberado pela equipe. Não via a hora de te ligar e saber como foi a viagem e a conversa com a sua substituta.
- Correu tudo muito bem. Acho que já está tudo certo. Leonor vem para cá no sábado e confirmou que vai assumir, não só o consultório, como todos os meus outros compromissos. Assim, tenho que aproveitar esta semana para acertar tudo com a Secretaria de Saúde de Valverde e comunicar aos pacientes sobre a minha decisão. E você? Ainda não se arrependeu de ter me convidado para mudar para São Paulo?
- Bobinha... Se você não vier para cá na próxima semana, eu irei pessoalmente buscá-la. Aliás, falando nisso, teremos uma festa para comemorar o final das negociações com o governo. Você já está convidada. Finalmente fechamos o pacote com eles.
- Que bom... Será que você terá mais tempo livre para nós?
- Eu terei... E você?
- É impressão ou estou percebendo um pouco de desconforto por causa dos meus horários de trabalho aí?
- Desculpe. Eu não devia ter tocado neste assunto.
- Eu também estou preocupada com isso, mas como a gente já tinha conversado, é questão de tempo. Depois consigo algo mais ameno. O importante é estarmos juntos... Não é?
- Claro que é, meu amor. Claro que é... Sílvia, vou ter de desligar. O Marcos está chegando. Vamos sair para almoçar e discutir uns probleminhas da empresa. Nada de mais. A gente se fala amanhã.
- Não esqueça que estarei de plantão, amanhã.
- Ah, o famoso plantão com o belo Franco.
- Pois é. Meu último plantão no resgate...
- Divirta-se – desejou sorridente – Diga que mandei um abraço para o Franco. De qualquer forma, ligarei para o seu celular. Posso?
- Claro que sim. Vou esperar... Então... Até amanhã... Bom almoço para vocês.
- Vai ser difícil sem você aqui ao meu lado.
- Não vejo a hora de estar aí em definitivo.
- Na sexta à noite, a gente pode fazer uma sessão “daquelas” ao telefone, para não perder o hábito... - falou insinuante.
- Eu vou adorar... – respondeu Sílvia com um sorriso satisfeito nos lábios.
- Um beijo...
- Muitos beijos... Boa noite.
- Boa noite.

(continua...)


Sei que as coisas parecem estar muito certinhas, mas podem ter certeza que não vai continuar assim por muito tempo...rsrsrs
Beijo grande para todos!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Resgate de Amor (13)

No dia seguinte, levantaram-se no meio da manhã e, depois de arrumados, encontraram uma farta mesa de desjejum, servida na ampla sacada da cobertura de Roberto. Lá estava Dolores, a empregada que trabalhara por muitos anos para o seu pai e que acabara continuando seus serviços junto a ele, quando da mudança para aquele apartamento.
- Sílvia, esta é Dolores, o meu anjo da guarda. Pelo jeito ela resolveu nos surpreender hoje, dia de sua folga, e preparou o nosso café da manhã – falou de forma carinhosa, com uma pitada de represália – Se não fosse ela não poderia viver neste apartamento. É quem cuida de meu bem estar. Pelo menos, cuidava... – disse, lançando um olhar zombeteiro para Dolores e abraçando Sílvia com mais força.
- Muito prazer, Dolores. O meu nome é Sílvia.
- O prazer é meu, dona Sílvia. Fico muito feliz por vocês. Já era hora deste menino criar juízo e arranjar uma moça decente prá cuidar dele – disse com olhar aprovador para a escolha de Roberto.
- Dolores! O que a Sílvia vai pensar?
- É que ele trabalha demais, dona Sílvia. Eu fico preocupada.
- Tenho certeza de que a senhora sabe cuidar muito bem dele.
Dolores abriu o maior sorriso, demonstrando simpatizar ainda mais com Sílvia.
- Que tal darmos uma volta pela cidade e depois irmos almoçar? – Roberto mudou de assunto.
- Claro! Estou por você. Sou sua hóspede agora – respondeu, pendurando-se no pescoço dele e dando-lhe um beijo na face.
- Então, vamos! - disse, retribuindo o carinho.
O dia transcorreu da melhor maneira possível. Os medos de Sílvia tornavam-se cada vez mais distantes. Estava resolvida a continuar lutando para ficar ao lado de Roberto.

A manhã de segunda feira chegou devagarzinho e preguiçosa para Roberto e Sílvia. Não fosse por Dolores, que havia chegado cedo, como sempre, ele teria perdido o horário para ir ao trabalho. Naquele dia, teria uma reunião logo cedo. Levantaram-se imediatamente ao ouvirem a voz da senhora. Tomaram um banho rápido e arrumaram-se correndo.
- Tem certeza que não quer ficar e dormir mais um pouco. O compromisso de sair é meu – falou Roberto.
- Não, querido. Eu tenho de sair mesmo. Eu já havia lhe dito que ia ao hospital para ver a possibilidade de trabalhar aqui em São Paulo, lembra?
- Eu sei, mas... É, você tem razão. Melhor fazer isto logo, para estar disponível para o nosso almoço. Depois iremos visitar o meu escritório.
- Estou morrendo de curiosidade para conhecer o seu local de trabalho.
- Onde nos encontramos?
- Será que fica ruim você me encontrar no lá mesmo no escritório?
- Claro que não. Pelo que você me falou, não fica muito longe do hospital.
- Então está combinado. Encontro você no saguão do prédio, digamos... – pensou um pouco, olhando o relógio – Às 12:30 horas?
- Estarei lá.
Ambos terminaram seu desjejum e logo estavam prontos para sair. Despediram-se de Dolores, avisando que voltariam apenas no final da tarde.
- Eu deixo você no Hospital.
- Não.Você vai se atrasar para a reunião.
- É só um pequeno desvio do meu caminho. Vamos lá! Quem garante que não teremos de fazer isto sempre, daqui para frente?
- Seria um sonho, Roberto...
O fluxo de carros naquela hora já era intenso, mas conseguiram chegar ao hospital sem enfrentar engarrafamentos.
Despediram-se com um beijo rápido, pois ele tinha de correr para a reunião.
Sílvia dirigiu-se a recepcionista e apresentou-se, dizendo que gostaria de conversar com o Dr. Miguel Lorenzoni. Foi orientada a aguardá-lo em seu gabinete, que ficava no 4º andar.
Chegando lá, soube que ele estava fazendo um “round” com os residentes, mas que já voltaria.
- O Dr. Lorenzoni já havia me avisado de sua visita – disse a secretária, para surpresa de Sílvia. Provavelmente Dirceu o havia avisado.
Cerca de 60 minutos depois, o médico entrou na sala e foi apresentado à Sílvia pela secretária. Muito cortesmente a convidou para entrar.
- Então, Dra. Sílvia, pretende mudar-se para São Paulo? Tem certeza que quer abandonar a tranquilidade do interior para vir morar nesta loucura?
- Há muito tempo tenho pensado na escolha que fiz ao sair da residência. Agora surgiu uma oportunidade para vir para cá e pensei: “Porque não?”
- Bem, Sílvia... Posso chamá-la assim?
- Claro, Dr. Lorenzoni.
- Dirceu me contou do seu interesse em trabalhar conosco. Acho que teve sorte, pois acabamos de abrir uma vaga na Emergência do hospital. Soube que você tem experiência nesta área.
- Seria ótimo – confirmou Sílvia, sem querer demonstrar muito entusiasmo, mas já adorando a idéia de ter um trabalho na cidade, para poder ficar junto a Roberto.
- São 6 horas de trabalho diário, começando às 7 horas e terminando às 13 horas. Semana de seis dias, com folga no domingo. A cada sete dias, um plantão de 12 horas, noturno.
Apesar de Sílvia ficar assustada com os horários, deu um sorriso e falou:
- Quando eu começo?
- No primeiro dia útil do próximo mês. Ou seja, em 10 dias. Teremos um grande prazer em trabalhar com você.
- Dez dias... Ótimo! – disse, preocupada com o pouco tempo para todas as mudanças que teria de realizar pela frente.
- Se você quiser dar uma olhada no seu novo setor e apreciar o movimento, a sala de emergência fica no térreo. Qualquer dúvida ou dificuldade pode falar comigo ou com o Dr. Hector Hernandez, chefe da Emergência. Antes, passe no setor de Recursos Humanos para agilizar o seu ingresso como funcionária.
- Muito obrigada, Dr. Lorenzoni. Foi um prazer conhecê-lo.
- O prazer foi meu, Sílvia.
Ela saiu do gabinete e encaminhou-se para o térreo. Lá também ficava o RH. Depois de formalizar seu emprego, decidiu conhecer o local onde passaria a trabalhar. Ao entrar na Emergência, teve vontade de voltar atrás. Aquilo estava um caos. Um acidente automobilístico tinha acabado de acontecer e as quatro pessoas feridas tinham sido levadas para lá. Todos estavam muito envolvidos. Resolveu ficar de fora e apenas observar, para não atrapalhar a rotina deles. Muitos gritos de dor mesclados às ordens lançadas pelos responsáveis pelos atendimentos. Na equipe de recepção a um paciente em risco de vida sempre há um líder. Um médico, de preferência, ou enfermeiro capacitado, que coordena as funções da equipe. Geralmente é aquela pessoa que iniciou as manobras de salvamento. Como quatro pacientes necessitavam de atenção imediata, a loucura estava instalada, apesar de haver três médicos trabalhando, como Sílvia pode constatar. A adrenalina estava solta no ambiente. Esperava que aquilo não fosse o padrão de movimento. Se assim fosse, as seis horas de trabalho diário naquele inferno iriam acabar com ela em pouco tempo.
Saiu dali, antes que mudasse de idéia. Foi espairecer nos jardins do hospital. Árvores frondosas ofereciam sua sombra aos bancos de pedra. Havia diversos canteiros com gerânios, maria-sem-vergonhas , jasmins e margaridas. Àquela hora da manhã, as flores exalavam um perfume delicioso. Notava-se os cuidados de jardinagem na forma arredondada dada aos arbustos. Sentou-se num dos bancos e aspirou ao agradável aroma que a envolvia. Seu pensamento voltou-se para Roberto. Será que ele reagiria bem aos seus horários de trabalho, os plantões? Seria uma prova importante para testar o seu amor. Teria se precipitado em suas atitudes? Só tempo diria... Quando se deu conta, já era quase 12h30min. Saiu correndo para pegar um táxi que a levasse aos escritórios de Roberto. Logo chegou à portaria do prédio. Após um breve telefonema, o porteiro pediu que ela aguardasse um momento, pois o Sr. Vergueiro já estava descendo. Enquanto aguardava, impressionava-se com a imponência do prédio e da recepção, de decoração moderna, mas sóbria, nas cores preta e branca, com alguns toques discretos de vermelho, em vasos e luminárias.
Quando Roberto a viu, deu um grande sorriso. Correu ao encontro de Sílvia e deu-lhe um beijo na boca, sem incomodar-se com a platéia, que não era pequena, devido ao horário.
Partiram a pé, em direção a uma transversal da Avenida Paulista.
Durante o almoço, Sílvia resolveu contar as novidades de seu novo emprego. Roberto tentou ver só o lado positivo das coisas, mas não gostou muito dos horários propostos.
- Você ficou chateado?
- Não, meu bem... É que eu sou um pouco egoísta. Gostaria de tê-la ao meu lado sempre. Acho que sou meio machista. Mas não ligue. Vou tentar controlar este meu lado. Se você se sente mais feliz tendo o seu trabalho, não serei eu que vou impedi-la.
- Que bom que você me entende, amor. Pelo menos, até eu conseguir algo mais ameno, vou aguentando por lá. O que importa é que vamos estar mais próximos do que se eu estivesse em Valverde e você aqui.
- Tenho certeza que tudo vai dar certo – afirmou, fazendo um carinho no rosto de Sílvia com a palma da grande mão, quase envolvendo toda sua face, enquanto a fitava intensamente. Ela sentiu-se derreter. Nada poderia dar errado, depois daquele olhar. Pelo menos, foi isso que ela pensou naquele momento. Mal sabia o que ainda estava por vir.
- Ah! Antes que eu esqueça... A Alice, minha secretária, já combinou o horário em que a van irá buscá-la amanhã. Teremos até as 20 horas, antes que tenha de partir – lembrou Roberto.
- Que bom que não vai ser muito cedo.
- Acho que é um bom horário. Vocês não pegam o movimento de final de expediente na cidade.
- Espero arrumar tudo em uma semana e chegar pelo menos dois dias antes de começar o novo trabalho. Beto... – falou, tendo cuidado ao escolher as próximas palavras – Terei de ligar para o Dirceu, saber se ele conseguiu alguém que me substitua em Valverde e agradecer por sua ajuda junto ao Dr. Lorenzoni.
- Não precisa se preocupar comigo. Juro que não vou ter mais ciúmes dele, ainda mais agora que ele está sendo o mentor da sua transferência para cá. O que eu não consigo é gostar dele. Isto você não pode me obrigar.
- Não vou te obrigar a gostar dele, assim como não sou obrigada a gostar das Ginas que aparecerem por aí...
- Sílvia! – exclamou, já sorrindo, levando na brincadeira o comentário dela – Não se fala mais nisso, está bem?
- Está bem... Até a próxima aparição – respondeu ameaçadora.
Encerrado o almoço, retornaram aos escritórios de informática dos irmãos Vergueiro.
Foram direto ao andar onde se localizava o gabinete da diretoria. Sílvia estava extasiada com o luxo dos ambientes. Ficou sabendo que o edifício fora construído pelo pai de Roberto, especialmente para o funcionamento da empresa.
Lá, foi apresentada a Alice, a famosa secretária. Era uma mulher, de traços clássicos, com idade em torno de 40 anos, cabelos castanho-escuros, presos a nuca por um pequeno coque e maquiagem discreta. Vestia um elegante conjunto de saia e blazer marinho, que valorizava o seu corpo esbelto. “Será que eles já tiveram algum afair, como aquele com Gina?”, os maus pensamentos rondavam a mente de Sílvia.
- Alice, vou mostrar os escritórios para Sílvia e não quero ser incomodado. A propósito, ficou algum compromisso para amanhã à tarde?
- Não, senhor. Eu me encarreguei de deixar a sua agenda livre, conforme me solicitou.
- Muito obrigado, Alice – agradeceu satisfeito com a eficiência de sua secretária.

Eram cinco andares divididos entre escritórios, salas de reuniões e laboratório de pesquisa.
-Vocês conseguiram tudo isto só com a informática? – indagou Sílvia, admirada com a grandiosidade da empresa.
- Não. Meu pai era de uma família de ricos proprietários de fazendas de gado e plantações de soja. Ele nos ajudou no início da empresa. Felizmente, nossos projetos deram muito certo e hoje, Marcos e eu, temos muito orgulho do que adquirimos desde então, não menosprezando a grande colaboração de nosso pai no impulso inicial. Este prédio foi projetado por ele, mas construído, em parte, com nossos lucros.
Durante a visita, Sílvia conheceu muitos funcionários e pode sentir a admiração que cada um deles tinha por Roberto. Pensou em Clélio, seu ex-funcionário, que optara por cair na ilegalidade, ao invés de continuar a trabalhar num local como aquele. Que motivos o teriam levado a agir assim? Provavelmente o motivo da maioria dos canalhas. A ganância.
Terminado o passeio pelo prédio, despediram-se de Alice e de outros funcionários da diretoria. Desceram até o subsolo do edifício e, já no estacionamento para pegar o carro, Roberto lançou uma sugestão:
- Podíamos jantar fora hoje. Que tal? É só pensar no que está com vontade de comer e escolher o lugar.
- Acho uma boa idéia... Podemos ir para casa, tomar um banho e sair. Amanhã você tem compromisso cedo, pelo que entendi.
- Sim, infelizmente. Caso contrário já estava lhe convidando para ir para a balada.
- Não... Ainda bem que não. Não gostaria de encontrar a Gina de novo, na minha noite de despedida.
Notando que Roberto fez uma cara aborrecida devido ao seu comentário, ela tentou remediar imediatamente.
- Desculpe... – disse agarrando-se em seu pescoço e beijando-o na face – Juro que não falo mais nisso.
- Cuidado! Assim não consigo dirigir direito... – repeliu-a, ainda fazendo-se de zangado.
Com esta rejeição, sentou-se amuada, encostada na porta do automóvel.
- Eu estou brincando com você...Venha cá...- disse puxando-a pelo braço, para que ela sentasse o mais próximo possível que o cinto de segurança permitia – Pode continuar o carinho, que eu estava gostando...

Enquanto Roberto tomava seu banho, Sílvia resolveu ligar para Dirceu e contar sobre o novo emprego.
- Alô?
- Dirceu? Sou eu, Sílvia!
- Oi, Sílvia! Como vai? Alguma novidade?
- Precisamos conversar a respeito do meu substituto em Valverde.
- Sério? Então você conseguiu o emprego em São Paulo?
- Com a sua ajuda. Gostaria de te agradecer, Dirceu.
- Não é necessário, Sílvia. Bem, agora temos mesmo que arrumar alguém para ficar em Valverde.
- Será que você conhece alguém que tenha esta disponibilidade de imediato?
Fizeram-se alguns segundos de silencio do outro lado da linha.
-Não só conheço como já está praticamente tudo arranjado.
- Como assim? – perguntou Sílvia surpresa.
- Depois que nos falamos a última vez, comecei a indagar sobre quem gostaria de trabalhar numa cidade menor. Uma das ex-residentes, que está fazendo um estágio por aqui, ficou interessada. O nome dela é Leonor Guimarães. Posso te dar o número dela e vocês combinam tudo.
- Oh! Dirceu, que maravilha. Está tudo dando tão certo, que até me dá medo...
- Imagine. Não há o que temer.
Sílvia estranhou o fato de Dirceu estar tão solícito, sem nenhuma observação maliciosa a fazer. Talvez ele tivesse encontrado alguém interessante. Ficaria muito feliz por ele.
- Pode me dar o telefone dela?
- Claro! Anote aí...
Depois disso, despediram-se. Sílvia estava radiante.

- Sílvia! Fiz uma reserva às vinte e uma horas no Fasano – avisou Roberto, em voz alta na sala.
- Estou quase pronta! – respondeu ela, do quarto.
Quando ela apareceu, ouviu um sonoro assobio de admiração.
- Hoje você resolveu me deixar completamente louco...
- Ah, eu só caprichei um pouquinho... Não exagera.
Sílvia estava com seus cabelos negros presos num coque alto, com uma mecha caindo despretensiosamente sobre a face direita. A maquiagem, feita sem exageros, realçava seus lindos olhos verdes. Colocara um vestido preto, sem mangas, cintura alta, com um sensual decote na frente, que enfatizava os seus belos seios.
- Vamos sair logo, antes que eu desista e resolva cancelar a nossa reserva, para jantarmos em casa – disse Roberto, aproximando-se dela e pegando suas mãos. Olhou-a diretamente e, sem desviar o olhar sedutor, beijou-lhe a mão direita.
- Também acho que devemos ir logo... – respondeu Sílvia após um estremecimento dos joelhos.

O lugar era muito chique. Ela já ouvira falar muito do lugar, mas nunca fora convidada a jantar lá antes. Foram levados até uma mesa no salão principal.
- Roberto, parece um sonho. Parece que tudo está dando certo. Acho que já tenho até uma substituta para o consultório em Valverde.
- Já? Assim tão rápido? – perguntou, achando muito estranho a facilidade com que tudo estava acontecendo – Que bom...
- Você não gostou?
- Claro que gostei. Só fiquei surpreso. Como você soube da substituta?
- Liguei para o Dirceu, enquanto você estava se arrumando e contei sobre a minha entrevista com o Dr. Lorenzoni. Aí ele me falou sobre uma colega, a Dra. Leonor Guimarãres, que ficou interessada em me substituir. Não é ótimo?
- Claro que é, meu amor. Fico feliz que as coisas estejam se resolvendo da melhor maneira.
- Que bom... Pensei que você estivesse decepcionado com a minha mudança tão rápida para cá.
Roberto pegou sua mão carinhosamente e disse:
- Sílvia, o que mais quero atualmente é ter você ao meu lado. Não consigo mais imaginar viver sem você.
Entre olhares e demonstrações de carinho, conversaram sobre seus planos para o futuro, sobre uma possível viagem aos Estados Unidos para Sílvia conhecer a mãe de Roberto, que ainda vivia lá, e sobre como seria a rotina assim que ela começasse a trabalhar.
Terminado o jantar, Roberto pagou a conta e foi com Sílvia pegar o carro no estacionamento do restaurante. Lá, foram surpreendidos por fotógrafos que se encontravam na entrada do local, aguardando a saída de algum famoso. No caso, eles seriam os escolhidos para virar notícia de alguma revista de fofocas.
Notando que Roberto começara a irritar-se, Sílvia sugeriu:
- Não vamos estragar nossa noite. Vamos abanar para eles e fazer cara de felizes. O que eles querem é que a gente tente se esconder. Já li algumas revistas de fofocas e sei o que eles preferem notícias sobre quem não está bem.
- Pensei que as revistas de fofoca eram para os pacientes da sua sala de espera. – observou sorrindo.
- Eu não gosto, mas no cabeleireiro de Valverde é só o que eles têm para ler enquanto se espera o atendimento. Baseada nisso passei a comprá-las para o meu consultório também. – respondeu, arrancando uma sonora risada de Roberto.
- Acho que você tem razão. Vai até ser divertido.
Assim, entraram no carro, depois de acenar para os flashes, e saíram distribuindo sorrisos para todos.
Foram para casa, sem mais se preocupar com os fotógrafos. Queriam curtir sua última noite juntos, antes do retorno de Sílvia. E foi, com certeza, uma noite inesquecível.

Naquela manhã de terça feira, Sílvia preferiu ficar no apartamento de Roberto para poder arrumar suas coisas, entrar em contato com a Dra. Leonor. Com o tempo que sobrasse, sairia para comprar lembrancinhas para Franco e Suzi. Como Roberto teria de ficar até o início da tarde no escritótio, combinaram que ela o encontraria para o almoço.

- Bom dia. Dra. Leonor? – perguntou Sílvia ao telefone, depois que Roberto saiu para o trabalho.
- Sim? Quem fala? – respondeu uma voz meiga do outro lado da linha.
- Meu nome é Sílvia Mattos e sou amiga de Dirceu. Acho que ele deve ter lhe falado sobre mim.
- Ah, claro, Dra. Sílvia! Ele me falou sobre a sua mudança de Valverde para São Paulo.
- Pois é. Já está tudo combinado por aqui. Mas preciso de alguém que me substitua por lá. Eu sou a única médica da cidade. O outro colega está aposentado e creio que não tem interesse nem saúde de voltar a clinicar. Está com 80 anos.
- Espero que não tenha conseguido ninguém ainda, pois estou muito interessada.
- Não, ainda não tenho nenhum candidato à vaga – disse Sílvia, sorridente.
- Quando podemos conversar sobre os detalhes?
- Olhe, eu estou voltando para Valverde hoje à noite. Podemos combinar um encontro. Onde ficaria melhor para você?
- Eu posso ir até Valverde amanhã mesmo – respondeu após alguns segundos reticentes. Sílvia teve a nítida impressão que alguém cochichava ao lado de Leonor.
- Seria ótimo, se não for incomodo para você.
- De jeito nenhum. Assim já conheço a cidade onde irei trabalhar.
- Maravilha! Vou lhe dar o meu telefone e endereço. Pode anotar?
- Pode falar.
Depois de feitas as anotações, despediram-se.
Ao desligar, Sílvia sentia-se satisfeita com sua conversa. Achou Leonor muito simpática. Se ela fosse competente profissionalmente, seria perfeito. Não teria melhor substituta.
Depois de terminar a arrumação da mala, resolveu dar uma saída pelas redondezas para a compra dos presentes para seu amigo e sua secretária. Ficou imaginando como seria triste despedir-se deles. Sabia que sentiria muitas saudades. Mas, por outro lado, teria Roberto, o que deixava tudo mais fácil de encarar.
Após 1 hora de caminhada pelas lojas das redondezas, acabou por escolher um abrigo esportivo para Franco e uma elegante sandália para Suzi. Voltou rapidamente para casa e preparou-se para o almoço com Roberto.

(continua...)




A paz continua reinando entre nossos pombinhos, mas já deu para ver como o ciúme ainda os deixa inseguros...
Aproveito para agradecer pelas demonstrações de carinho e pelos votos que permitirão a escolha do romance a editar. A enquete permanecerá por 30 dias. Muito obrigada, mais uma vez, pois sem o apoio de vocês eu não estaria aqui. Beijo grande!

sábado, 24 de julho de 2010

Resgate de Amor (12)

Durante o trajeto, Roberto aproveitou para mostrar a Sílvia algumas novidades na cidade surgidas após a ida dela para Valverde. Chegaram, em torno de 11 horas, ao Parque Ibirapuera. Roberto soltou Lola da guia. Parecia reconhecer todos os recantos do parque, apesar de nunca afastar-se muito deles.
- Eu sempre a trago, quando não estou trabalhando, para ela passear um pouco. Normalmente não tenho muito tempo para isso. Quem costuma levá-la para dar a sua volta diária é a Dolores, que trabalha para mim durante a semana.
- Ela é um encanto.
- Que bom que você gostou dela...
- Sempre gostei de animais, mas minha mãe não permitia que tivéssemos bichos de estimação. Dizia que faziam muita sujeira e podiam transmitir doenças. Assim, eu acabava brincando com os animais de estimação de meus amigos na vizinhança.
Ele a olhou com ternura, estendeu-lhe a mão e a convidou:
- Venha vamos dar uma volta.
De mãos dadas, saíram a caminhar, até chegarem ao lago, de onde podiam avistar as fontes em funcionamento. Lá já estava Lola a sacudir o rabo, feliz da vida por estar andando livre de sua guia e acompanhada por seu dono.
O dia estava lindo. Não podia haver um sábado mais perfeito que aquele. Sílvia sentia-se ela própria dentro de um filme romântico, que tudo levava a crer teria um final feliz. Pelo menos era este o seu desejo. Acreditava que o de Beto também.
Depois de terminarem sua caminhada e o passeio de Lola, deixaram-na em casa e foram almoçar no local escolhido por Roberto.
Era um restaurante muito bonito, com um pátio interno onde ficavam mesas ao ar livre, cercadas de lindos vasos com folhagens e flores. Lembrava muito as fotos que ela já havia visto de moradias da Toscana, na Itália. Realmente devia ser esta a intenção, pois a especialidade da casa era a cozinha italiana. Logo em seguida foram encaminhados a uma pequena mesa, num canto discreto do restaurante.
- É lindo aqui.
- Que bom que gostou. A comida é excelente. Espero que você goste.
Fizeram seus pedidos, quando Roberto lembrou-se:
- Vou aproveitar e ligar para a Alice, minha secretária. Vou pedir que ela entre em contato com o serviço de van. Ou você prefere voltar de avião? – Começou a procurar alguma coisa nos bolsos da sua jaqueta.
- Não há porque ir de avião. A distancia não é tanta assim. A viagem de carro é tranquila.
- Droga! Esqueci do celular em casa.
- Não tem problema. Tenho o meu aqui - falou já lhe entregando o aparelho.
Ele não estava acostumado com aquele modelo de telefone e apertou em algumas teclas até conseguir fazer a ligação. Sílvia notou que ele foi mudando de expressão enquanto fazia isto. Tornou-se emburrado. Falou asperamente com sua assistente, pedindo que ela reservasse a van de Sílvia para a terça.
- Horário? O que você conseguir! Me avise depois! - ordenou e desligou o telefone abruptamente.
- O que houve? Porque foi tão grosseiro com ela? E que história foi essa de reservar "o horário que conseguir"? Esperava que você pedisse o horário mais tarde que pudesse reservar. O que há com você? Porque essa cara de poucos amigos, assim, de repente?
- Você andou ligando para o Dirceu antes de vir para cá? - perguntou irritado, mostrando o visor do celular, mostrando a última ligação feita por ela.
- Sim, liguei... Qual o problema?
- O problema é que você sabe que eu não gosto dele.
- E você sabe que ele pode me ajudar a ficar mais perto de você. Esqueceu, senhor ciumento?
Ele estava fazendo força para se acalmar e controlar aquele ciúme descabido. Ficou mudo, desviando do olhar de Sílvia. Ela tentava manter-se serena.
- Eu liguei para ele quando estava a caminho daqui, pois me lembrei de pedir uma indicação do nome de quem devo procurar no hospital Lusitano. Pensei em contatá-los diretamente, já que vinha para cá. Assim Dirceu não ficaria com todo o mérito de conseguir um lugar para mim. E você não ficaria tão chateado. Mas pelo que vejo, não adiantou muito o meu empenho.
Roberto começou a sentir-se envergonhado com sua atitude grosseira.
- Desculpe, Sílvia... É que fiquei doido quando vi que você tinha ligado para ele. Eu sou assim, meio possessivo, meio rude. É o meu jeito, infelizmente.
Não conseguiram continuar sua discussão, pois foram interrompidos por duas jovens mulheres, que chegaram, sem eles perceberem, em sua mesa, com olhares melosos para cima de Roberto.
- Oi...Você é o Roberto Vergueiro, não é?
- Sim?
- Eu sabia! Não lhe disse? - exclamou a loura para a morena, depois de um gritinho de felicidade. Mal notaram o mau humor dele.
- É que nós estamos cursando o curso de Análise de Sistemas e admiramos muito o seu trabalho. Nós estávamos presentes na sua última conferencia, no mês passado.
- Fico muito agradecido pelo reconhecimento. Espero que tenham aprendido alguma coisa na conferencia.
- Claro... Foi muito elucidativa – responderam sem muita certeza – Podíamos tirar uma foto com você?
Sílvia sentiu que ele fez um esforço sobre-humano para forçar um sorriso, mas acabou cedendo ao pedido das estudantes. Depois de alguns comentários e olhares invejosos para Sílvia, que apenas sorriu timidamente para a dupla, foram embora, saltitantes.
- Posso fazer uma cena de ciúmes agora, também?
- Sílvia! Elas eram admiradoras do meu trabalho, que chegaram numa má hora.
- Mas você até que pareceu gostar, depois. Deu até abraços e beijinhos nelas.
- Foram para as fotos... Ah, você sabe disso! Está implicando comigo, por causa da cena que eu fiz antes – disse sorridente.
- Elas fizeram bem a você. Já está ficando alegrinho... – falou, fazendo cara de enciumada.
- Está bem. Você venceu. Vou tentar não fazer mais cenas de ciúme. Tentar.
- Elas sempre aparecem assim, do nada?
- É muito raro, felizmente. Este é o resultado da mídia. A nossa empresa começou a ter clientes importantes. Nós criamos vários programas para particulares poderosos e para o governo. Isto começou a repercutir de modo muito positivo. Tenho participado de vários encontros sociais e científicos.
- E aparecido nas colunas sociais, eu imagino. Como naquela revista que estava no meu consultório. Posso imaginar. Uma empresa poderosa, com um diretor charmoso. É tudo o que as colunas sociais querem, não é mesmo?
- Eu imagino que sim – disse, esboçando um sorriso.
- Bem, então considere o Dirceu como a minha mídia, que vai me ajudar a conseguir uma colocação aqui em São Paulo.
Pela expressão aborrecida que surgiu na face de Roberto, ela notou que não tinha sido feliz na comparação.
Sílvia acabou por rir, olhando para o “bico” que ele estava fazendo, já seu conhecido, pois sempre surgia quando algo o estava incomodando.
- Do que você está rindo? – perguntou sério, acentuando o cenho franzido.
- De você. Dá para parar de ficar bicudo e me dar a mão?
Desarmando-o completamente com o seu pedido, obteve em troca um belo sorriso e a mão solicitada, que apertou a sua carinhosamente.
- Nós temos pouco tempo, portanto não vamos desperdiçá-lo com briguinhas inúteis. Não acha?
- Você tem razão. Estou agindo como um tolo.
- Por outro lado, não vou mentir e dizer que não estou gostando desta demonstração de ciúmes. Mas não exagera - falou quase sussurrando.
Seus pedidos chegaram e continuaram sua conversa.
- E então, está gostando?
- Confesso que me dá um pouco de medo.
- Medo? – perguntou confuso com os temores de Sílvia.
- Tudo parece um sonho lindo. Tenho medo de acordar e cair na realidade. Você leva uma vida muito distante da minha realidade. Às vezes, sinto como se eu não pudesse fazer parte disto.
- Meu amor, não tem porque ter medo. Eu estou aqui ao seu lado. A sua realidade agora será a minha.
- Eu sei. Na verdade, estou assustada com tudo isto que está acontecendo. Eu não estou acostumada com tanto luxo, lidar com suas “admiradoras”. Não sei como vou reagir a tudo.
Roberto baixou a cabeça, com olhar tristonho e disse:
- Está pensando em desistir?
Sílvia sentiu seu coração doer ao ver aquela expressão no rosto de seu amado.
- Desculpe ter falado isso, querido. Eu não estou pensando em te deixar. Só disse que estou assustada. Vou precisar da sua ajuda para me sentir mais segura diante de todas estas novidades. Eu sou uma médica do interior de São Paulo, quase um bicho do mato, que nunca tinha saído de Valverde, a não ser para estudar na capital do estado e voltar para o interior. Não conheço nada do mundo, a não ser por fotos e Interne, e muito menos uma vida em alta sociedade. Tudo é uma grande novidade para mim... Agora, olhe para cá – pediu-lhe, enquanto estendia a mão para afagar e levantar o seu rosto, para que pudesse ver aqueles lindos olhos cor de mel que sempre a faziam esquecer qualquer problema – Roberto, atualmente, só tenho certeza de uma coisa. Eu estou apaixonada por você e vou fazer de tudo para poder ficar do seu lado. Amanhã vou até o Hospital Lusitano batalhar por um emprego, para ficar em São Paulo. Estou pensando em abandonar tudo que tenho em Valverde por você. Portanto, quem tem de ficar com medo de ser abandonada sou eu, e não você.
- Sílvia, não vai se arrepender de ficar comigo - disse isso olhando-a profunda e apaixonadamente.
Ela abriu um lindo sorriso e disse:
- Bem, finalmente o nosso almoço está chegando. Estou morrendo de fome. Aliás, se eu continuar comendo do jeito que estou vou virar uma pipa e você não vai mais querer saber de mim.
- Eu vou te amar do jeito que for – declarou-se, segurando a mão de Sílvia com ternura, acariciando-a e lançando um olhar de derreter qualquer coração.
Com os joelhos tremendo e o coração disparado, ainda conseguiu responder em tom de brincadeira:
- Isso você diz agora. Deixe só eu virar a mãe dos trigêmeos, Jason, Fred e Vlad... Lembra?
Ele soltou uma gargalhada que fez com que os frequentadores das mesas vizinhas olhassem para os dois com espanto.
- Você vai ficar linda com um barrigão de trigêmeos.
Entre risos e carinhos, acabaram por esquecer, aparentemente, de seus receios e seguiram em seu almoço.
- Que tal irmos dançar hoje à noite? Ainda não dançamos juntos.
- Pelo jeito, você gosta muito deste tipo de “exercício”.
- Principalmente quando bem acompanhado. Adoro a vida noturna e dançar é uma coisa muito relaxante nesta minha vida corrida entre os negócios, o trabalho no nosso laboratório de informática e as conferencias.
- Eu também sempre gostei muito de dançar, mas depois que voltei para Valverde, a única oportunidade que tinha era nos bailes da igreja local, onde a música predominante era a sertaneja e os pares para dançar não tinham mais que 12 anos ou menos que 70 anos. Sem contar os pisões nos pés que era obrigada a suportar, quando era arrastada para a pista.
Ele não conseguiu segurar o riso.
- Então hoje, a senhorita está convidada para dançar num lugar menos santo que a igreja e melhor acompanhada. Pelo menos, prometo não pisar nos seus pés.
Quando terminaram, Roberto perguntou-lhe o que gostaria de fazer a seguir, ao que ela respondeu:
- Eu vim aqui para ficar com você. Se quiser passear, caminhar pelas ruas ou simplesmente ir para casa ouvir música ou ... – e lançou um olhar sedutor para ele.
- Gostei da última proposta... – disse ele olhando-a com desejo – São Paulo não tem grandes atrativos. Pelo menos não maiores que o que tenho, hoje, aqui ao meu lado...
- Adoro este seu lado galanteador...
- Tenho muitos lados que você não conhece. Pretendo mostrar-lhe todos... Se você deixar – falando isso, pegou-lhe a mão, acariciando-a e beijando a palma, sensualmente, fitando-a com intensidade.
- Estou ansiosa por isso... – respondeu, sentindo um arrepio percorrer-lhe todo o corpo.
Imediatamente, Roberto chamou o garçom e pediu a conta.
Já em casa, ele foi para a sala e colocou uma música de uma banda islandesa Sigur Rós, da qual ela nunca ouvira falar. Sílvia o observava em cada movimento, já sentindo o desejo por ele crescer. Foi quando ele lhe ofereceu a mão e levou-a até o grande sofá da sala, onde se sentaram para ouvir a melodia que parecia vinda das estrelas. Ele a abraçou carinhosamente. Aproximou seus lábios de sua orelha e sussurrou:
- Eu te amo, Sílvia...
Não resistindo àquela declaração, ela virou o rosto e, inevitavelmente encontrou aquela boca deliciosa convidando-a para um beijo. Um beijo apaixonado e inebriante, que ao som etéreo que os cercava deu início as preliminares do amor.

A música continuava a tocar, tornando aquele momento de descontração, depois do amor, ainda mais celestial.
Perderam a noção de quanto tempo havia se passado, quando Roberto saiu de seu silencio e perguntou:
- Você vai querer sair para jantar, e dançar depois?
- Acho que podemos comer alguma coisa por aqui e sair para dançar mais tarde. O que acha?
- Acho ótima idéia. Olha, eu conheço um restaurante japonês excelente que faz tele-entrega. Você gosta de comida oriental?
- Adoro! Pena que em Valverde não tenha nenhum lugar que faça este tipo de comida.
- Viu? Mais um motivo para você vir morar comigo.
- Você tem razão. Não havia pensado nisso. Acho que só isso pode me convencer a vir para cá – disse ela, sorrindo ironicamente.
- Então eu não conto, é? – perguntou, começando a fazer-lhe cócegas, arrancando gargalhadas de Sílvia.
- Pare... Pare! Eu confesso... Eu confesso... – suplicou, para que ele parasse.
- Confessa o que?
- Eu confesso que fico por sua causa... Só por sua causa.
- Ainda bem... Agora temos que selar esta confissão – disse aproximando-se ainda mais dela.
- E como você pretende fazer isso? – perguntou Sílvia num sussurro.
- Com um beijo... – respondeu Roberto, quase tocando seus lábios aos dela.
- Gostei deste selo... – falou com voz quase sumida e olhos fechados para receber a boca macia e úmida que vinha ao seu encontro.

Assim que chegaram, o espocar de flashes fizeram-se ouvir quando saíram do carro. Sílvia assustou-se, mas foi pega firmemente pelo braço por Roberto, que a levou com rapidez para dentro do prédio.
- O que está acontecendo? – perguntou Sílvia, surpresa com todo aquele aparato.
- Esqueci de lhe avisar... Esta casa noturna está sendo inaugurada hoje. Quando recebi os convites, logo pensei em você. Não imaginava que teria toda esta recepção.
Foram alegremente recebidos por um dos donos do local, que parecia conhecer Roberto muito bem.
- Obrigado por ter vindo. Estejam à vontade – recepcionou-os, indicando uma mesa próxima à pista de dança
Lá dentro, custaram a acostumar-se com a escuridão. Apenas as luzes neon coloridas brilhavam intensamente, ofuscando as pessoas e o ambiente.
Quando Sílvia conseguiu definir o que estava a sua volta, já se sentando numa das mesas, próxima à pista de dança, ouviu uma voz de mulher em meio ao som alto da música.
- Roberto!
Ela era uma morena linda, trajando um vestido verde curto e justíssimo. Inacreditável como ela podia respirar dentro daquela roupa.
Parecia muito animada com a presença dele. Mais surpresa Sílvia ficou quando, inesperadamente, esta estranha atirou-se ao pescoço dele e tacou-lhe um beijo na boca. Roberto pareceu ficar meio sem jeito, mas não fez nada para impedir o "ataque". Pelo contrário, correspondeu ao beijo. Foi um instante apenas, mas correspondido.
Sílvia sentiu o sangue fervente subir à cabeça. Nunca fora ciumenta. Pelo menos nunca tinha tido esta oportunidade. Não imaginava que reagiria desta maneira ao ver-se ameaçada por outra mulher.
- Sílvia, esta é Gina. Gina, esta é Sílvia – apresentou-as, visivelmente atrapalhado.
- Muito prazer... Está de amiguinha nova, hein? – disse baixinho no ouvido dele, mas de uma maneira que Sílvia percebeu, apesar do barulho no ambiente.
- Prazer... E você, quem é? Uma amiguinha antiga?
- Sílvia... – ele chamou a sua atenção, preocupado com a expressão de “vulcão prestes a explodir” estampado no olhar dela.
- Pode deixar, Beto. A culpa foi minha. Eu entendo a sua reação. Me desculpe. Eu estava brincando com ele. Na verdade nós somos apenas amigos, não é, querido?
- Não estou acostumada com este tipo de brincadeira.
- Sílvia, o que Gina está dizendo é a verdade. Somo amigos de longa data – ele estava realmente perturbado com a situação.
Para tentar aliviar a tensão no ar, resolveu dar uma explicação a Gina:
- Sílvia e eu estamos nos relacionando seriamente. Mais sério do que nunca – disse esta última frase olhando diretamente nos olhos de Sílvia, que gostou da maneira como ele havia se expressado. Sentiu-se mais segura, mas ainda olhando com desconfiança para a assanhada a sua frente. Eles pareciam muito íntimos para serem apenas amigos.
- Bem, se a Sílvia permitir, será que podemos dançar um pouco?
Não fosse Roberto ter apertado sua mão fortemente, ela teria se jogado sobre a sirigaita.
- Hoje não, Gina. Tenho certeza que você não vai ter dificuldade em arranjar um par dançante.
"Como assim, hoje não?", pensou Sílvia, quase devorando Roberto com os olhos.
- Que pena... É difícil arranjar alguém que dance bem como você. Bem... Sei quando estou sendo de mais.
- Ainda bem... – disse Sílvia entre dentes.
- Até mais, meu querido. Tchau, Sílvia! – despediu-se com um ridículo aceno de mão.
- Tchau, Gina!
Quando ele voltou-se para Sílvia, sentiu que teriam mais uma discussão parecida com a do restaurante.
- Sílvia, você está com ciúmes? O que nós tínhamos combinado?
- Ela certamente não é só mais uma admiradora , pois o Dirceu jamais me beijou daquele jeito na sua frente ou longe da sua vista.
- Ela é só uma amiga.
- Amiga? Quem tem uma amiguinha com aquele corpo e aquela sensualidade à flor da pele e fica só amigo? Só se você fosse gay, coisa que tenho certeza que você não é!
- Meu amor – disse ele sentando-se ao seu lado e abraçando-a – Está bem... Não vou negar. Já tive um afair com ela, no passado. Nada de importante. Foi logo que a conheci. Isto já faz muito tempo. Não passou de uma noite, um passatempo, uma companhia alegre. Nada mais. Depois disso nos tornamos apenas bons amigos.
- Olha, vou tentar acreditar nisso e seguir o conselho que eu mesma lhe dei antes. Nada de brigas inúteis nestes dias. Mas vou ficar de olho, senhor Roberto Vergueiro.
- Sou todo seu, Dra. Sílvia - falou, estreitando o abraço. Com os lábios roçando-lhe o pescoço, até chegar ao seu ouvido, sussurrou-lhe, fazendo-a sentir um delicioso arrepio:
- Vamos dançar?
- Vamos - respondeu secamente, ainda séria.
Logo, compreendeu o que Gina falara sobre ele dançar bem. Aos poucos, foi relaxando ao som da música e ao embalo dos braços de Roberto. Depois de duas ou três músicas mais animadas, começaram as românticas. Foi quando ele a puxou contra si e ela colocou seus braços em torno de seus ombros, descansando a cabeça no seu peito. Sentia-se inebriada com a mistura dos odores de Roberto. O perfume delicioso que ele usava e o cheiro do seu suor. Sentia-se flutuar naqueles braços que a embalavam docemente. Já quase esquecera os ciúmes e a causadora deles, quando sentiu o olhar invejoso de Gina, fulminando-os a poucos metros dali, onde estava agarrada a um tipo efeminado e sem graça. Não deixou por menos. Olhou para Roberto e, segurando sua cabeça, forçou-o a abaixar-se e beijou-o apaixonadamente. Ele, surpreso com aquela demonstração em público, correspondeu à altura. Precisaram voltar à realidade quando a musica parou para uma mudança no ritmo.
- Quer tomar alguma coisa?
- Sim – respondeu Sílvia, sentindo-se vitoriosa ao ver a cara de Gina, mordendo-se de inveja pela cena que acabara de ver.
Ainda dançaram várias vezes antes de sentirem o cansaço tomar conta e resolverem ir para casa.

(continua...)


Nosso casal começou a ter algumas turbulências no seu relacionamento. Mas nem imaginam o que ainda vem pela frente. Aguardem...
Mas deixando a Sílvia e o Roberto de lado, um pouquinho, acredito que tenham lido sobre as BOAS NOVAS. Nem preciso dizer que estou felicíssima e empolgada com as novidades. Espero a ajuda de todos nesta nova fase. PARTICIPEM DA ENQUETE! Muito obrigada mais uma vez.
Beijos!!!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Resgate de Amor (11)

As vinte e três horas seguintes de plantão em Valverde transcorreram como habitualmente. No início da noite, Elaine ligara para Franco avisando que Mariana estava melhor e sem febre, traquilizando-os. Nenhuma grande intercorrência surgiu a não ser por um telefonema, atendido no celular de Sílvia, às 00h30min. Naquele momento, Franco deu uma desculpa qualquer, saiu da pequena sala junto à recepção do posto e foi para o dormitório.
- Ainda acordada? – soou a voz rouca tão ansiada.
- Estava te esperando – respondeu, com o coração acelerado.
- E o plantão? Está calmo? Nenhum desmemoriado a vista? – brincou.
- Nenhum, por enquanto... – disse rindo.
- Olha, acho que vou ter uma folga no fim de semana. A reunião que teria no sábado pela manhã foi adiada. Assim vou ser liberado por dois ou três dias.
- Que notícia ótima, Beto! Você vem para cá no sábado? – conteve-se para não gritar de alegria, prevendo seu retorno muito antes do que imaginava.
- Pensei que talvez você pudesse vir para cá, conhecer o lugar onde eu moro, onde trabalho. O que acha?
- Bem, posso ver isso amanhã. Reservar passagem...
- Não precisa se preocupar. Já pensei em tudo. Aliás, já está tudo preparado. Só queria ver com você se não teria problema.
- Sério? – enterneceu ao sentir que ele também estava ansioso para vê-la.
- Sim. Um carro vai te pegar no final da tarde de sexta feira e te trazer para São Paulo. Vou estar te esperando em casa. Você deve chegar aqui em torno de 21h.
- Nossa, o esquema já está todo armado? E se eu não pudesse ir?
- Eu faria o caminho inverso e ia para aí. Não pense que vai se livrar de mim tão fácil... Estou louco para te ver...
- Ah, Roberto. Estou morrendo de saudades...
- Eu também...
- Eu vou ter de desligar agora, meu bem. Tenho de dormir, pois amanhã começo a trabalhar cedo.
- Eu também, vou aproveitar que o plantão está calmo e descansar. A gente se encontra amanhã à noite, então...
- Até amanhã, meu amor... Um beijo... Durma bem...
- Um beijo... Boa noite...
E desligaram. Sílvia deu um longo suspiro e foi para o dormitório descansar. Franco já estava roncando.
Mal pode conciliar o sono naquele final de plantão. Apesar de não ter havido mais nenhum chamado, Sílvia custou a relaxar, excitada que estava com o encontro com Roberto, a viagem, voltar a São Paulo, depois de tanto tempo... Já era em torno de três horas da manhã, quando adormeceu.
O dia seguinte chegou rápido. Logo estava na hora da troca de plantão.
- Bom dia, doutora Sílvia. Como foi sua noite depois do telefonema de ontem? – perguntou Franco assim que a viu.
- Apesar de eu ter dormido pouco, foi ótima. Eu vou vê-lo hoje à noite! Acredita? – não se conteve. Precisava dividir com o amigo a sua felicidade.
- Tão rápido? Puxa! Ele deve estar bem interessado mesmo... Ele vem para cá?
- Não. Vai mandar me buscar. Vou para São Paulo.
- Ora, ora... Que bom, Sílvia. Fico contente por você. Vai ser bom conhecer como ele vive por lá.
- Acho que sim... Não vejo a hora de reencontrá-lo.
- Bem, minha boa doutora. Tenha um ótimo dia, pois a noite, pelo jeito promete.
- Um bom dia para você também, Franco.
Após as despedidas, Sílvia foi para casa tentar descansar um pouco. Ainda teria de atender o consultório à tarde.

As horas pareciam arrastar-se. Sílvia olhava seu relógio de pulso com frequência. Conseguira dormir um pouco pela manhã. Não o suficiente, mas a ansiedade em ver o final da tarde chegar, a viagem e, finalmente, o reencontro com Roberto, a deixavam tão excitada que não sentia cansaço ou sono. Sentia-se como medicada com um estimulante poderoso.
Logo ao chegar ao consultório, pediu que Suzi ligasse para os pacientes que costumava visitar pela manhã e para os já marcados no consultório à tarde, avisando-os sobre o cancelamento de seus horários até terça feira. Todos seriam remarcados para a próxima semana. Motivos? Motivos pessoais. Já previa que esta sua saída inesperada da cidade já daria assunto para mais de uma semana entre os habitantes de Valverde.
Ao encerrar o atendimento de seu último paciente, despediu-se de Suzi e correu para o seu apartamento para terminar de arrumar a mala e preparar-se para a viagem.
Às 18 horas, tocaram a campainha. Era o motorista do veículo que a levaria até São Paulo.
- Boa tarde, senhorita. Meu nome é Francisco. Posso ajudá-la com as malas?
- Boa tarde. É apenas uma mala pequena e uma valise de mão. Obrigada.
Sílvia fechou a porta de casa e seguiu atrás de Francisco. Viu-se diante de uma pequena van Chevrolet, azul escura. Ele abriu-lhe a porta, ajudando-a a entrar, para logo acomodar sua bagagem no porta-malas.
- Dra. Sílvia, recebi ordens de levá-la em segurança até São Paulo Qualquer dúvida que tenha, por favor, pergunte.
- Está bem, Francisco. Muito obrigada – sorriu, divertindo-se com tamanha formalidade por parte do motorista.
- Melhor irmos agora, pois podemos pegar algum movimento na estrada, devido ao início do fim de semana. Não podemos nos atrasar.
Logo entravam na rodovia estadual, a caminho da capital paulista.
Na estrada, fizeram uma pequena parada para tomar um café. De lá, resolveu ligar para Dirceu e pedir orientação de como proceder e com quem deveria falar no hospital Lusitano. Pegou seu celular. Lá estava o número do telefone dele. Fez a ligação e ficou aguardando ser atendida.
Logo ouviu a voz do amigo:
- Alô?
- Alô, Dirceu! Boa noite.
- Sílvia? É você? Que bom te ouvir. Onde você está? Está em Ribeirão?
- Não. Estou a caminho de São Paulo.
Ela sentiu que a voz do outro lado da linha emudeceu durante alguns segundos, como se não conseguisse encontrar as palavras necessárias para continuar a conversa.
- Você está indo para São Paulo agora? Por quê?
- O Roberto vai ter uma folga e mandou me buscar. Mas isso não vem ao caso, Dirceu. Estou te ligando porque pensei em aproveitar minha viagem para visitar o hospital Lusitano. Seria possível você me dar algumas informações? Sei que ainda é cedo para que você tenha tido algum retorno de seu ex-professor sobre uma vaga para mim, mas quem sabe indo pessoalmente as coisas não se tornem mais fáceis? O que você acha?
- Na verdade já tive contato com ele e já consegui contatar com o diretor clínico. Você tem onde fazer uma anotação?
- Mas que ótimo! Pode falar – respondeu ela, já com uma caneta e sua agenda de telefones e endereços a mão.
- Então anote...
Logo, Sílvia estava de posse do telefone e do nome do diretor que poderia ajudá-la a conseguir o seu intento.
- Vou avisá-lo da sua ida. Falo com ele, novamente, ainda hoje. Quando acha que vai poder ir ao hospital?
- Creio que na segunda feira. Provavelmente, ficarei em São Paulo até terça. Pelo menos já desmarquei meus compromissos até este dia.
- Bem, lhe desejo boa sorte. Qualquer dificuldade me liga, ok?
- Ok! Pode deixar. Vou ter de desligar. Temos que seguir viagem, para não chegar muito tarde. Nem sei como lhe agradecer, Dirceu. Muito obrigada! Um abraço.
- Um beijo, Sílvia...
Ele ouviu o sinal da ligação desaparecer, pensando “... Um abraço... É só isso que eu mereço? O tal Roberto parece mesmo estar interessado nela. Não ficaram separados nem uma semana! Miserável!”. Com tais pensamentos, preparou-se para deixar o hospital e enfrentar mais uma noite de leituras de artigos médicos, depois de um jantar comprado na seção de congelados do supermercado e requentado no microondas . Pensou que estava na hora de ter alguém para compartilhar seus bons e maus momentos. Desde que reencontrara Sílvia, a solidão, que antes não o incomodava, começara a doer...

Enquanto isso, Sílvia seguia viagem com Francisco.
Em pouco menos de três horas, vislumbraram as luzes da cidade de São Paulo.
A van estacionou na frente de um luxuosíssimo prédio de apartamentos localizado no Morumbi. Francisco abriu a porta para que ela descesse. Pegou sua pequena maleta e levou-a até o saguão do edifício. Ali, se despediu, desejando-lhe uma boa noite. O porteiro parecia já saber de sua chegada, sendo muito solícito, acompanhando-a até o elevador, segurando sua mala. Apertou no andar de número 15. A cobertura. Quando a porta se abriu, deu de encontro com o sorriso radiante de Roberto. Largou a mala no chão e retribuiu o carinho, enrolando-se no seu pescoço, matando a saudade no calor de seus braços.
- Como foi a viagem? – perguntou, depois de um beijo apaixonado.
- Muito longa, mas compensadora...
- Ainda bem que pensa assim. Melhor sairmos do elevador. Vem aqui para dentro...
O coração de Sílvia estava em disparada.
- Prefere sair para jantar ou ficar em casa?
- Na verdade, comi alguma coisa no caminho. Não estou com muita fome.
- Então está resolvido. Participei de um happy hour com Marcos e uns amigos. Também não estou com fome. Você já conhecia São Paulo, não?
- Claro. Fiz a faculdade e a residência médica aqui.
- De qualquer jeito já faz algum tempo que não vem aqui. Podemos passear amanhã. Curtir o sábado – disse enquanto a conduzia para dentro do apartamento, carregando sua mala.
- Acho que sim. Mas ... Depois – falou Sílvia, de um jeito sedutor.
- Depois?... – perguntou Roberto, sorrindo maliciosamente.
Não havia dúvida do que fariam antes do “depois”...
Conseguiram manter-se compenetrados até o hall de entrada. Assim que a porta foi fechada, a bagagem foi jogada ao chão e entregaram-se um ao outro, escandalosamente. Parecia que séculos haviam se passado desde a última vez que se viram.
- Você não quer conhecer o apartamento antes? - perguntou ironicamente entre um beijo molhado e outro.
- Estou mais interessada no dono do apartamento, no momento.
Mesmo através da calça jeans, podia sentir todo o desejo dele, rijo e pulsante.
Foi abrindo rapidamente os botões da camisa branca e desnudando o tórax magnífico, começando a beijá-lo, encostando a cabeça no seu peito, acariciando com as mãos, os braços que a envolviam, tentando puxá-la contra si.
Arrancando gemidos, foi descendo em direção a sua cintura, beijando o abdômen sarado, sensualmente. Sem muito esforço desabotoou o jeans, podendo entrever a cueca branca que a separava do objeto de seu desejo. Lentamente, foi libertando-o peça por peça. Logo pode senti-lo de encontro ao rosto, excitando-o ainda mais. Já não resistindo mais a provocação de Sílvia, Roberto puxou-a com força para cima, até poder olhar dentro de seus olhos. Ai foi a sua vez de despi-la, não menos provocativamente. À medida que a desnudava, suas mãos acariciavam a pele arrepiada. Com a boca e a língua seguia o trajeto das mãos, quase a levando a loucura. Quando a sentiu pronta, pegou-a no colo e a levou para o grande e confortável sofá da sala. Lá a possuiu, entre suspiros e sussurros, chegando ao clímax quase que ao mesmo tempo. Depois de tudo, só a sensação de paz e relaxamento. Ali ficaram por um bom tempo de olhos fechados, abraçados, esperando as respirações voltarem ao normal, curtindo a sensação de felicidade emergente.
- Que tal tomarmos um banho, irmos para a cama e planejarmos o nosso final de semana?
- Apoiado. Quero aproveitar ao máximo estes dias.
- Até quando vai poder ficar?
- Até terça.
- Ótimo. Vamos poder aproveitar bastante... - dizendo isso, beijou-a novamente. A lassidão e a saudade os mantiveram por vários outros minutos naquela posição, fazendo-os aproveitar cada segundo daquele momento de reencontro. O tempo pertencia somente a eles.
Finalmente, Sílvia levantou-se e perguntou onde era o banheiro. Ficou surpresa com o luxo e a beleza da peça. Todo decorado em mármore branco, com rajadas verdes, além do vaso, uma pia com duas cubas douradas e um chuveiro, trazia uma banheira, no centro do ambiente, que parecia saída de uma fotografia dos famosos banhos romanos. Ao vê-la, ocorreram-lhe idéias de como aproveitar aquele espaço durante o seu final de semana. Encaminhou-se para o chuveiro, sob o olhar faminto de Roberto O jato quente e forte fustigou-lhe a pele, mas de uma maneira deliciosa. Mal tinha começado a ensaboar-se, ainda de olhos fechados, quando sentiu a presença de mais alguém, atrás de si.
- Posso ajudá-la a ensaboar-se? - disse a voz rouca conhecida.
- Não vai ficar muito tarde para depois conversarmos sobre o nosso tour pela cidade? – perguntou Sílvia, já se insinuando para trás contra o corpo de Roberto.
- Acho que prefiro fazer "este" roteiro antes...
Deu-lhe um beijo na nuca e tirou o sabonete das mãos de Sílvia, começando a ensaboá-la lentamente, começando pelos seios, onde ficou algum tempo, deliciando-a com aquele carinho íntimo. Durante todo o tempo, permanecia colado a ela, que por sua vez, já sentia os efeitos daquele "passeio". Seguiu por seu abdômen, em movimentos circulares, até alcançar seus pelos pubianos. Logo estava com o sabonete entre suas coxas, num lento movimento de vai e vem, levando-a a gemer baixinho.
- Agora é a minha vez... - conseguiu dizer em meio à excitação.
Virou-se lentamente, fixando seus olhos nos dele, que transbordavam desejo. Pegou o sabonete de suas mãos e colocou-se atrás dele, invertendo suas posições. Agora era a sua vez de ensaboá-lo, esfregando seu próprio corpo nas costas dele, em movimentos sensuais, enquanto seus braços o envolviam e as mãos acariciavam seu tórax, seus cabelos do peito, deslizando lentamente pelo abdômen, descendo ao púbis, onde sua virilidade já era evidente, rija e latejante.
Roberto já não podia mais resistir. Virou-se e abraçou-a com força, colando seus lábios aos dela com ardor, invadindo a sua boca com paixão.
Levantou-a até a altura de seu quadril, forçando-a a enroscar suas pernas em torno da cintura dele e, pressionando-a contra a parede do box, penetrou-a com força, arrancando-lhe um grito de dor e prazer, continuando a invasão com movimentos cadenciados, cada vez mais intensos. Ela agarrava-se aos seus cabelos com uma mão, enquanto com a outra o arranhava nas costas. Logo, chegaram ao êxtase completo. Totalmente satisfeitos, sob os jatos de água quente, permaneceram agarrados, esperando a volta à normalidade.
Já refeitos, terminaram seu banho e, vestidos apenas com roupões de banho, foram conversar na sala. Pouco falaram, pois as palavras não eram tão necessárias. Só importava a intimidade daquele momento. Sílvia acabou adormecendo nos braços de Roberto, vencida pela fadiga, enquanto ouviam um pouco de música. Tinha sido uma noite cheia de emoções, depois de plantão de vinte e quatro horas e uma viagem de quase de 300 quilômetros na estrada.
Roberto precisou carregá-la no colo e colocá-la na cama. Tirou seu roupão, com cuidado para não acordá-la. Despiu-se e deitou-se ao seu lado, admirando seus contornos e traços. Sentiu uma enorme necessidade de tocá-la, fazer um carinho. Suavemente deslizou a palma da mão sobre as curvas de seu corpo. Sua respiração era calma. Sua presença ali lhe transmitia uma serenidade que há muito não experimentava. Quando foi retirar uma mecha de cabelo que caía sobre o seu rosto, Sílvia entreabriu os olhos, muito sonolenta, e murmurou:
- Mal consigo abrir os olhos... - falou meio que enrolando a língua, cansada.
- Vamos dormir, meu bem... Descanse. Vamos ter um longo dia amanhã.
Dizendo isto, depositou um beijo suave em seus lábios. Acomodou-se atrás dela, abraçando-a protetoramente. Ouviu-a soltar um gemido de prazer, que o fez sorrir satisfeito. Cobriu aos dois com o lençol e fechou os olhos. Assim passaram sua primeira noite em São Paulo.

No dia seguinte, Sílvia foi acordada pela luz do sol que subitamente invadiu o quarto. Apertou os olhos, para depois começar a abri-los devagar, lutando contra a luminosidade que impedia sua visão. Logo pode ver Roberto segurando uma bandeja, com seu café da manhã, e ouvir um sonoro:
- Bom dia, sua preguiçosa. Pensei que não fosse acordar.
Espreguiçando-se languidamente, notou que estava sem suas roupas.
- Eu não me lembro de ter vindo para este quarto ontem à noite.
- Eu fiz isso por você. Pegou no sono enquanto estávamos ouvindo música depois do banho e eu não quis acordá-la. Só isso... Apesar de eu ter tido muita vontade de fazer algo mais além de colocá-la para dormir...
- Você é um amor, sabia? - com este elogio, esticou os braços na direção dele, pedindo sua ajuda para levantar-se. Diante deste pedido, ele largou a bandeja rapidamente, e ajudou-a a sentar-se na cama.
- Nossa, quanta coisa gostosa! Foi você que arrumou tudo? Até flores... Me dá um beijo... – exigiu projetando os lábios à frente e cobrindo-se com o lençol, tardiamente recatada.
- Melhor você tomar logo o seu café – ordenou, logo após um beijo afetuoso – Teremos uma programação intensa hoje.
- Sério? Então me diga... Sou toda ouvidos.
- Bem, primeiro vou levá-la para conhecer alguém muito especial, que nos fará companhia em nosso passeio.
- Alguém especial? Quem? Sua mãe está aqui?
Ele soltou uma gargalhada e falou:
- Não, não é minha mãe. Mas se ela não gostar de você, acho que teremos que terminar tudo – enfatizou, com ar dramático.
- Estou começando a ficar preocupada. Quem é ELA, Beto?
- Surpresa! Acabe o seu café. Já provou estes biscoitos amanteigados?... São uma delícia..humm... Vou tomar uma ducha rápida e me arrumar.
Assim que saiu do banho, Sílvia comentou:
- Você não tem empregados, Beto? Imaginei que com um apartamento grande como este, precisasse de alguém para cuidar.
- Dei uma folga para minha auxiliar este fim de semana. Não se preocupe, que na segunda já terá alguém para dar conta da bagunça que vamos fazer nestes dois dias.
Trinta minutos depois, estavam saindo de casa. Sílvia estava curiosa para saber quem seria esta desconhecida que Beto pretendia apresentar-lhe. Pouco depois, ele estacionou o carro diante de uma pet shop. Pediu para esperá-lo e entrou na loja.
Saiu de lá carregando uma linda labrador, de pêlo cor de caramelo.
- Oh, Beto! Que gracinha!
- O nome dela é Lola e até há pouco tempo era a minha companhia feminina mais frequente.
Sílvia desceu do carro e quis afagá-la. Lola logo se acomodou entre os braços dela, retribuindo com lambidas no rosto e nas mãos que a acarinhavam.
- Ela é um doce, Beto. Jamais pensei que você pudesse ter um cão.
- Adoro animais... Folgo em saber que você também gosta... – disse aliviado e continuou. – Muito bem! Vamos entrar. Prontas, meninas?
Lola latiu forte.
- Prontas! – confirmou Sílvia.

(continua...)





Oi! Mais uma postagem feita. Espero que estejam gostando e peço que desculpem e relatem algum erro que encontrem no texto, como nomes errados ou algo que pareça desconexo no relato. Graças à minha querida amiga Tânia, pude corrigir uma falha ocorrida na parte 7 desta estória, onde houve uma troca do nome de Sílvia por Helena. Como falei no início, este romance era originalmente uma fanfic, passada nos EUA e com outros nomes. Já a reli várias vezes, mas mesmo sendo meio obsessiva, deixo escapar alguns detalhes.
Parece que tudo corre às mil maravilhas, não? Acho que vamos ter que agitar um pouco para não ficar muito monótono...hihihi!
Um grande beijo a todas(os)!!!