domingo, 12 de junho de 2011

FELIZ DIA DOS NAMORADOS!!

CLARO QUE EU NÃO PODERIA DEIXAR PASSAR EM BRANCO UMA DATA IMPORTANTE COMO ESSA. POR ISSO VIM HOJE PARA DESEJAR A TODOS MUITO AMOR, CUMPLICIDADE, AMOR, ROMANCE, AMOR, RESPEITO, AMOR, PACIÊNCIA E MAIS AMOR ... SEMPRE!
APROVEITANDO O ESPAÇO...RSRSRS... QUERO DESEJAR UM FELIZ DIA DOS NAMORADOS PARA O MEU NAMORADO HÁ QUASE 27 ANOS... ESSE MERECE OS PARABÉNS, VOCÊS NÃO ACHAM?
DESCOBRI UM VÍDEO MUITO LINDO E GOSTARIA DE COMPARTILHAR COM VOCÊS.
CURTAM MUITO ESSE DIA ESPECIAL AO LADO DE SEU AMOR.
UM GRANDE BEIJO A TODOS!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Novos selinhos

Oi, pessoal!
Passei aqui  para mostrar os novos selinhos que ganhei da minha querida amiga Brih, do blog Meu Livro Rosa Pink. Um super obrigada,linda!



Tem algumas regrinhas ao aceitar os dois selinhos, que são:
Indicar quem te presenteou: Meu Livro Rosa Pink
Escolher de 5 a 10 blogs para homenagear e avisá-los no final do post. Os meus indicados são:

Doce Encanto
Papéis Avulsos
Doida e Romântica
RomancesKalanit Flowers
Ops!
Chá com Biscoito e um Livro para Acompanhar

Mais uma vez, obrigada pela linda lembrança, Brih!
Beijos!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Pelo de Punta (Arrepiada) - Capítulo XVI (Final)


Isabel insistira em levar Júlia ao Aeroporto. Pegou a Hammer, pois era o único veículo disponível no momento. Seu Smart estava na oficina da polícia e só Deus sabia quando poderia ser levado a um chapeador para desamassar a lataria danificada no acidente. O Civic de seu irmão, bem como o Jeep, havia sido confiscado. Júlia despediu-se de Rosário, de quem se tornara mais próxima nos últimos dias. A ideia de que ela era a noiva escolhida por Miguel e que lhe dedicava algum carinho, fez com que a mulher deixasse um pouco de lado a frieza e a distância que dedicava aos estranhos. Com os olhos marejados, conseguira dar um beijo na face da brasileira e agradecer-lhe por ter amado seu filho. Júlia conversara suficientemente com Isabel para isentar-se da culpa pela morte de Miguel, mas ainda tinha restrições quanto à ideia de enganar Rosário sobre os sentimentos por seu filho. Contudo, não teve coragem de desmenti-la. Contar-lhe que, na verdade, descobrira não amar o namorado como pensava amar e que seu verdadeiro amor era um agente da CIA por quem se apaixonara indevidamente enquanto ele a enganava para obter informações sobre seu filho seria muita loucura. Certamente essas revelações não fariam nada bem àquela mãe já tão amargurada. Em meio a essa abstração, notou que Isabel dirigia muito lentamente, o que não era o seu habitual. Provavelmente fosse um resquício dos terrores por que passara noites atrás, mas ao olhar o relógio, deu-se conta que perderia o avião se não chegasse logo ao aeroporto.
- Isabel, quer que eu dirija? Está se sentindo bem?
- Estou ótima!
- Então por que está dirigindo tão devagar? Não haveria problema, não fosse o meu horário de embarque. Tenho a impressão que o avião não vai esperar por mim.
- Ah! Claro! Desculpe! É que não estou acostumada a dirigir este monstrengo... Vou acelerar um pouco mais – E imediatamente acelerou, mas não muito. Júlia não quis reclamar novamente, mas achou a atitude de Isabel um tanto incomum.
Passados quase quinze minutos, chegaram ao aeroporto quando era dado o aviso para o seu embarque imediato. O mais rápido possível foi até o guichê de check in, onde liberou sua passagem e entregou a bagagem. Despediu-se de Isabel e estranhou, entre lágrimas e votos de reencontrarem-se em breve, o fato de que ela sorria, parecendo feliz com sua partida. Preocupada com a amiga, encaminhou-se correndo para o RX da bagagem de mão e detector de metais. Ao passar, o alarme soou. Uma funcionária pediu que se aproximasse e usou o detector manual sobre seu corpo. Apesar de não ter identificado nenhum artefato ameaçador, Júlia foi levada sob protestos até uma sala da Polícia Federal. Nervosa, não conseguia acreditar que o mesmo que ocorrera em Nova York estava se repetindo. Só que agora, se eles não a liberassem logo em seguida, perderia o seu vôo. Foi exatamente o que ocorreu. Sentada numa desconfortável cadeira, sozinha em uma saleta, com vontade de chorar, o que estava se tornando uma coisa absurdamente comum nos últimos dias, viu um homem em roupas civis surgir e convidá-la para segui-lo. A princípio teve medo de que fosse alguma vingança dos contrabandistas que tinham ficado sem seu líder, mas o ar aparentemente inocente do sujeito a tranquilizou. Ainda temerosa, foi avisada de que, como havia perdido seu vôo por culpa da Polícia Federal, eles a recolocariam em outro avião. Mais tranquila, pois o que desejava era voltar o mais breve possível para o Brasil, continuou seguindo o estranho funcionário. Surpreendeu-se ao ver que o novo avião, não pertencia a nenhuma das linhas aéreas conhecidas. Era um jatinho particular que não tinha nenhuma identificação conhecida. Suas pernas bambearam e o medo de um sequestro ou de uma vingança voltaram. Paralisou no meio da pista onde o jato estava estacionado, mas acabou por ser gentilmente convencida pelo jovem que não havia perigo algum. Foi então que se lembrou de suas malas que deviam ter sido despachadas no vôo da American Airlines que perdera.
- E as minhas malas, senhor? – podia funcionar como desculpa para retardar a sua entrada no avião – Talvez seja melhor eu avisar sobre as malas...
- No se preocupe, señorita... Está todo bien.
Continuando em seu modo delicado, ele pegou em seu braço e aos poucos foi levando-a para o interior da aeronave. Despediu-se e deixou-a lá dentro.

Havia poucos lugares e todos estavam vazios. Sentou-se em estado de alerta em uma das confortáveis poltronas, virada para a cabine de comando, a espera que dali saísse a qualquer instante um bandido armado, ameaçando-a de morte. Tensa, ouviu a porta da nave se fechar às suas costas e ficou esperando pelo pior.
- Tenho a impressão que esse lugar é meu, senhorita – vibrou a voz rouca tão conhecida dela, fazendo-a estremecer.
Virou-se imediatamente encontrando o rosto de Bryan muito próximo ao dela.
- O que você está fazendo aqui? – perguntou com dificuldade devido à momentânea falta de ar, quase sem acreditar no que estava acontecendo.
- Terei que lembrar à senhorita de que não respondeu a minha última pergunta?
- Pergunta? Que pergunta? – Não conseguia desviar-se daquele rosto, acorrentada pelo brilho das íris verdes que a fitavam intensamente, principalmente quando ele se ajoelhou a sua frente.
- Ainda pensa em viajar sem conversarmos?
- Bryan... Eu não imaginava que essa conversa fosse tão importante a ponto de...
- A ponto de raptá-la? – completou com um sorriso malicioso – Foi a única maneira que encontrei para dizer que te amo – declarou-se diante do olhar pasmado de Júlia.
- Bryan, eu não sei o que dizer...
Seu semblante anuviou-se ao ouvir as palavras de Júlia, fazendo-o baixar o olhar e pegar nas mãos crispadas dela sobre o colo.
- Se não me quiser, se ainda ama o Miguel... Entenderei e sumirei da sua vida.
Emocionada com a declaração, desvencilhou uma das mãos e com ela acariciou-lhe a face, forçando-o a olhar em seus olhos novamente.
- Eu nunca amei o Miguel. Achei que o amava, mas só descobri o que isso significava quando conheci você. Infelizmente, as coisas se complicaram... Eu sofri muito quando pensei que tinha sido usada por você...
Não resistindo mais, Bryan lançou-se sobre ela, abraçando-a com força e cobrindo seu rosto com beijos cálidos e ternos até chegar à boca que o esperava ansiosa e sedenta de prazer.
- Acho que me apaixonei quando você deu aquela cabeçada em meu queixo e ainda me olhou com raiva, como se eu fosse culpado de alguma coisa – brincou, assim que seus lábios se separaram.
- Pois eu não lembro quando foi... Só recordo que senti ciúmes quando aquela aeromoça se jogou em cima de você.
- Aeromoça?
- MAE...
- Mae? Que Mae? – disse aproximando as sobrancelhas ao franzir da testa.
- Isso não interessa mais... Me beija...
- Nem precisa mandar, senhorita...
O novo beijo foi interrompido pelo piloto que surgiu na porta da cabine de comando, trajando jeans e camiseta, e anunciou sua presença arranhando a garganta
- Bryan? Podemos partir? A torre já nos liberou.
Levantando-se, mas ainda segurando a mão de Júlia, respondeu:
- Podemos sim, Leon. Obrigado.
- Por favor, coloquem os cintos. – solicitou, enquanto atrás dele uma simpática jovem morena, também em roupas esportivas, abanava para os convidados – Ah! Essa é a minha esposa, Salma, que vai nos acompanhar até Curaçao.
- Curaçao? – exclamou Júlia, levantando-se da poltrona.
- Puxa! Foi mal, Bryan... Era para ser surpresa?
- Tudo bem, Leon. Acho que foi uma surpresa, não? – e olhou em direção a Júlia que meneava a cabeça em censura, mas com uma indisfarçável expressão de deleite.
- Fiquem à vontade. Vou iniciar a decolagem. Vocês têm duas horas livres – piscou um olho conivente. – Depois serviremos uma refeição leve. Chamem se precisarem de alguma coisa, ok? – saudou-os e desapareceu com Salma na cabine.
- Você planejou direitinho, não?
- Pensei em termos um bom recomeço e achei que Willemstad seria o local ideal.
- Mas como você conseguiu tudo isso em tão poucas horas?
- Tive muita sorte e bons contatos. Depois que Isabel conversou comigo, Soza conseguiu o avião com esse seu amigo, Leon. Ele costuma fazer vôos fretados para o Caribe e, coincidentemente, hoje estava livre.
- Só um pouquinho... Que história é essa de que Isabel conversou com você?
- Foi ela que me animou a não desistir de você.
- Quando? Como?
- Lá no cemitério. Eu também fiquei surpreso, mas ela disse que você estava gostando de mim e me convenceu a tentar esclarecer as coisas entre a gente... Acabamos combinando o seu atraso, para dar tempo de fazer os arranjos no aeroporto, com a ajuda de Soza e de alguns amigos da PF.
- Mas que danadinha...
Sentaram-se frente a frente nas poltronas e colocaram os cintos.
- E o seu trabalho com a CIA...?
- Eu já fui agente da CIA, mas fui desligado há três anos. Tudo aquilo que lhe contei sobre eu estar a serviço da ONU é verdade. Como a área em que atuo está ligada ao comércio ilegal de armas, me chamaram para uma última missão. Como pode ver você está diante de um simples funcionário público, numa profissão sem o mínimo glamour.
- Essa foi a melhor notícia que você poderia me dar. Não aguentaria viver pensando que você estaria correndo perigo por aí.
O avião começou a aumentar a velocidade gradualmente e logo rompeu o espaço aéreo, elevando-se nas alturas.
Tão logo puderam retirar os cintos, Bryan levantou-se de sua poltrona e levou Júlia até o sofá que havia no meio do corredor do jato.
- Vem cá – ordenou, ajudando-a a sentar-se ao seu lado e aconchegando-a em seus braços – Não quero perder mais um minuto longe de você. – E deu-lhe mais um longo beijo. Depois, com um olhar cheio de desejo e promessas, complementou – Não sei se vou resistir chegar a Willemstad...
- Nem eu... – “Agora sei o que Isabel queria dizer quando perguntou se eu já sentira los pelos de punta”, pensou sentindo um arrepio de prazer percorrer-lhe o corpo ao entregar-se nos braços de Bryan.

                               
                                     FIM


Nada como ter tempo livre para escrever... Nem eu imaginei que poderia terminar este romance tão cedo. Só espero que não se acostumem mal, pois a mamãe aqui vai voltar para casa e pegar no batente a todo vapor já na quarta-feira. Pelo menos, volto revigorada, já pensando na próxima história que vai enfeitar o blog. Vou tentar não desaparecer por muito tempo. Apenas o necessário para compor o novo romance e ter material suficiente para começar as postagens.
Antes de terminar, gostaria de dar às boas vindas à Pah (Paola), do blog literário Livros e Fuxicos, super interessante, que passou a nos acompanhar nesses devaneios romanticos.Um beijo, querida!
Outra novidade, é um blog que acabou de nascer.  É o "SONHOSeSONS", pertencente à minha linda amiga e seguidora Nadja Castro, que pretende mostrar como viajar no mundo dos sonhos através da música.
Muito obrigada a vocês e até o próximo "romance ao vento".
Beijos!


domingo, 5 de junho de 2011

Pelo de Punta (Arrepiada) - Capítulo XVI


Júlia ainda estava em choque. Nem mesmo a movimentação dos agentes que os cercavam ou o som das asas rotativas do helicóptero que pousara no terreno próximo conseguiam tirá-la da letargia em que se encontrava. Sentiu que alguém a puxava para cima e a confortava em um abraço. A voz rouca e grave conhecida a chamava, mas seus olhos não conseguiam deixar de acompanhar os gestos de desespero de Isabel, jogada sobre o irmão, a frieza do pai que acabara de matar o próprio filho e o sangue que começava a misturar-se com a terra e a relva sob o corpo caído e inerte. Queria acordar daquele pesadelo que começara no final da manhã. Tinha dificuldades de encontrar a voz, mas lutando contra o marasmo, desvencilhou-se dos braços de Bryan e abaixou-se para consolar a amiga. Não conseguiu controlar as lágrimas. Misto de culpa, perda, tristeza e desabafo, os sentimentos mesclavam-se num turbilhão. Sentia-se perdida num terrível sonho. As palavras não conseguiam ser ditas. Conseguiu abraçar a jovem e chorar em silêncio e cumplicidade.
Enquanto isso o assassino era algemado e levado para a viatura policial, que seguira o carro de Soza. O General seria levado diretamente para a prisão especial na cidade. Ao passar pela filha ainda teve a audácia de sibilar palavras de rancor.
- Sua traidora! – dando uma cusparada para o chão.
Júlia sentiu-a estremecer e pressionou mais forte os braços em torno dela.
- Ele não merece a sua atenção – conseguiu sussurrar ao seu ouvido, tentando apaziguá-la.
Isabel continuou a acariciar os cabelos do irmão, como se o estivesse confortando.
- Você está bem? – perguntou Soza à Bryan, percebendo que a sombra que pairava sobre a expressão do agente não era apenas provocada pela noite ou pela morte do contrabandista.
- Graças a vocês... – respondeu verdadeiramente agradecido, desviando, apenas por um momento, o olhar da cena diante de seus olhos. Júlia estava sofrendo com a morte de Miguel. Ela realmente gostava daquele homem. A maneira como se desvencilhara dele para ir consolar a cunhada... Certamente havia uma forte ligação entre eles. Não conseguia evitar o ciúme, por mais que a razão tentasse convencê-lo que aquela não era a hora para esse tipo de emoção. Precisava convencer-se que o que acontecera em Curaçao fora apenas um desejo momentâneo. Ao menos para ela. Enganara-se ao pensar que Júlia poderia ser sua. Não era tão fácil assim. A morte transformaria Miguel em vítima e seu perseguidor em algoz. E essa seria a sua definição. Como convencê-la de que seus sentimentos por ela se transformaram radicalmente ao longo dos momentos em que estiveram juntos? Que a “suspeita” preenchera o vazio que trazia no peito há três anos? Tinha sido difícil ele reconhecer esse sentimento surgido tão súbito. A perspectiva de que ela pudesse morrer despertou a certeza de que estava apaixonado pela segunda vez em sua vida. Infelizmente, não era correspondido. Teria que sobreviver a isso e aquietar aquela dor no seu íntimo.

Isabel e Júlia permaneceram juntas na cena do crime até a chegada da ambulância que levou o corpo de Miguel para Santa Cruz. Isabel só permitiu separar-se do irmão ao lembrar-se da mãe, que precisava ser avisada do ocorrido. Júlia a acompanhou no retorno de helicóptero.
Bryan partiu no carro com Soza, usando a desculpa de deixar as mulheres mais confortáveis na aeronave. Não queria impor sua presença e criar um clima mais desagradável do que o existente.
- Quer conversar? – a voz de Soza encheu o silêncio dentro do veículo em movimento na estrada deserta.
- Desculpe... Estou um pouco cansado... Mas fale... O que aconteceu para mudar a posição da CIA em relação a esse resgate?
Feliz por poder conversar um pouco e poder espantar o sono que o perseguia enquanto dirigia na monótona volta à Santa Cruz, contou o que acontecera com ele e Isabel a partir do momento em que se despediram. Contou sobre Ortiz e de como conseguiram fugir do prédio da Polícia Federal para o consulado.
-... Contamos a eles o que estava acontecendo. Soubemos que Ortiz tinha sido detido. Ele vinha sendo monitorado há algum tempo pois desconfiavam da ligação dele com o grupo de Vasquez. Apesar de nosso apelo para que mandassem ajuda a vocês, eles foram resistentes. Isabel, então, disse que só entregaria as provas se eles enviassem auxílio. A decisão foi finalmente tomada quando o comandante recebeu uma mensagem dizendo que o General tinha chegado à cidade e estava dirigindo-se para o “El Chaco”. Depois disso você já sabe o que aconteceu.
- Eu estava a ponto de atirar em Vasquez quando... as coisas se precipitaram...
- Fiquei surpreso com a atitude do tal Miguel. Ele devia gostar mesmo da noiva para defendê-la daquele jeito e morrer por isso. – Logo se arrependeu do comentário ao ver Bryan voltar a ficar amuado. Passados alguns minutos de silêncio, continuou – O que acha da Isabel?
- O quê? – Bryan estranhou a pergunta, mas logo contraiu os lábios, delineando um sorriso – Está gostando dela?
- N-não... Imagina... Só perguntei por perguntar – disfarçou arrependido da ridícula pergunta – Estava só procurando assunto.
- Ela me pareceu uma pessoa ótima. Bem diferente do resto da família. Pelo menos foi quem melhor me tratou enquanto estive na casa dos Vasquez – prosseguiu, achando graça do visível mal-estar do rapaz – Talvez você tenha mais sorte que eu...
A conversa foi encerrada, pois acabavam de entrar na cidade e tomaram a direção do consulado, onde Bryan precisava dar maiores esclarecimentos dos fatos ocorridos. Enfim aquela noite terminara deixando marcas indeléveis em seus sobreviventes.

Júlia decidiu ficar em Santa Cruz até o dia do sepultamento de Miguel. Continuou hospedada na casa dos Vasquez dando apoio a quem restara da família. Apenas os empregados de confiança de Rosário permaneceram. Todos os componentes da equipe de segurança ou fugiram ou foram detidos para averiguar até que ponto estavam envolvidos na rede de contravenção, sendo que Gomez estava entre os presos. Os bens da família Vasquez seriam arrestados. Por sorte, Rosário, por imposição de seu pai, casara com separação de bens. Vinda de uma família abastada, quando percebeu tardiamente o erro que havia sido seu casamento e a má índole de Vasquez, tratou de resguardar seu patrimônio pessoal, pensando em seus filhos. Há muito o casamento era apenas uma fachada, que escondia a violência e as constantes ameaças de vingança se houvesse qualquer tentativa de separação por parte dela. Mesmo quando descobriu que Isabel fora seduzida e abusada pelo próprio pai após sua festa de quinze anos, foi obrigada a manter-se calada. Vasquez, aos poucos, foi destruindo sua auto-estima, aniquilando seu gosto pela vida e transformando-a numa mera peça decorativa onde deveria haver um lar. Vivia apenas para seus filhos, por quem passava horas rezando, pedindo que lhes fosse dada a chance de uma vida melhor e mais digna. Quando Miguel passou a acompanhar o pai, teve mais um baque sobre o resto de esperança que ainda possuía de seus filhos não se contaminarem com as atitudes escusas do pai. Agora só tinha a Isabel e por ela continuaria de pé, apesar do sofrimento com a perda de seu primogênito.
Em meio a esse clima sombrio, Júlia muitas vezes se via lembrando de sua viagem e das horas que passara ao lado de Bryan. Era como um conforto em meio ao pós-caos. Cada vez que o telefone da mansão tocava seu coração dava pulos e só voltava ao normal quando ouvia que a ligação não era para ela. Ressentia-se por Bryan não tê-la procurado depois de tudo que passaram juntos. Tentava exorcizar os pensamentos românticos, convencendo a si mesma que tudo não passara de uma trama para chegar a um objetivo. Agora que este fora alcançado, não havia motivo algum para o agente Bryan sacrificar-se em sua companhia. A farsa acabara e iria cada um para o seu lado. Quando pensava assim, não conseguia segurar as lágrimas, o que fez Rosário pensar que o choro era por Miguel. Apesar de reconhecer que a enganava, nunca negou isso. Não teria como explicar como se apaixonara em tão pouco tempo pelo homem que a usou para chegar ao seu filho, numa situação que precipitou a sua morte. Esta era mais uma carga que teria que levar sobre os ombros. A culpa pela morte de Miguel. Jamais se esqueceria de sua última conversa no sítio e de como ele perdera a vida protegendo-a. Nas últimas noites acordava gritando em meio ao pesadelo real revivido durante o sono. O tiro e a queda de Miguel sem vida a sua frente provavelmente ficariam impressos em sua memória o resto da vida.

O enterro de Miguel foi realizado somente quatro dias depois de sua morte. O dia amanheceu nublado. Um calor abafado e úmido envolvia os poucos presentes, entre eles Bryan e Soza. Sempre ao lado de Rosário e Isabel, Júlia logo notou a presença do agente americano no cemitério. O tremor dos joelhos e a respiração acelerada traíram sua disposição a esquecê-lo. Isso só piorou quando ele avançou em sua direção após o encerramento do cerimonial. Pensou em fugir, mas sentiu a mão de Isabel encorajando-a a ficar. Apesar de não falarem sobre o assunto, tinha a nítida sensação de que a jovem desconfiava do que se passava em seu íntimo.
Bryan cumprimentou mãe e filha, que retribuíram sem qualquer resquício de aversão. Elas tinham consciência de que o verdadeiro responsável por aquela tragédia estava na prisão, onde pagaria por todas suas maldades e contravenções. Enquanto Soza, depois de dar os pêsames a Rosário, cumprimentou Isabel e iniciou uma conversa, Bryan dirigiu-se à Júlia, cumprimentando-a.
- Podemos conversar fora daqui?
-Sinto muito, mas não tenho muito tempo. Meu avião sai no início da tarde e preciso terminar de arrumar minhas malas – desculpou-se evitando os olhos verdes que olhavam com intensidade deixando-a ainda mais insegura.
- Por favor, me dê alguns minutos. – Era quase uma súplica.
Pensou em negar, mas ao sentir o toque em sua cintura e o perfume amadeirado que a entorpecia perdeu a vontade própria e deixou-se levar por ele.
- Como você está? – finalmente ele perguntou quando ficaram a sós.
- Por que está interessado agora? Já se passaram quatros dias desde a última vez que nos vimos... – Não conseguiu disfarçar a mágoa reprimida.
- Achei que preferia ficar sozinha.
- Não fiquei sozinha. Estava com pessoas amigas que me fizeram sentir melhor – afirmou rudemente.
- Júlia... – sussurrou, segurando-a levemente no braço, buscando as palavras certas para expor seus sentimentos..
- Você não precisa falar nada. – interrompeu-o bruscamente – Já cumpriu sua missão com honra e mérito. Não tem mais obrigação ou necessidade de sentir-se culpado pelo que aconteceu. Você é um profissional e agiu de acordo com suas ordens... – dizia tudo sem conseguir encará-lo – Eu entendo perfeitamente – finalizou sem a mínima convicção.
- Júlia! – a voz era exasperada mas firme – Pare com isso!
Antes que ela pudesse falar qualquer coisa ou fugir dali, ele a puxou contra si e colou os lábios em sua boca entreaberta. A princípio, o sobressalto a deixou sem ação, mas logo o mergulho delicioso da língua de Bryan invadindo-a impaciente, o seu gosto e o seu calor a fizeram corresponder ardentemente, deixando-a se levar mais uma vez na cascata de sensações e desejos que experimentara em Cas Abao. Arrebatada, agarrou-se a ele com desespero, passando as mãos por seus ombros, acariciando sua nuca e embrenhando-se nos seus fartos cabelos castanhos. No entanto, dessa vez Júlia foi quem, num rasgo de razão, lembrou-se de onde estava e forçou a separação. Ainda ofegante, Bryan fitou-a com um estranho brilho no verde escuro de seus olhos.
- Ainda pensa em viajar sem conversarmos? – perguntou mais confiante.
- Júlia, temos que ir para casa – a voz frágil mas determinada de Rosário chamou-a à realidade, interrompendo a possibilidade de acerto do casal.
Envergonhada e confusa, Júlia afastou-se de Bryan.
- Tenho que ir – disse com voz embargada.
Sob o olhar incrédulo dele, afastou-se atendendo o chamado da velha senhora. Por sua vez, ele tentava imaginar uma maneira de impedir que ela se fosse, mas nenhuma ação naquele momento, naquele lugar e diante daquela família abalada era permissível. Por isso permaneceu ali, parado, vendo a mulher que amava afastar-se entre alamedas e túmulos.
- O que ele queria? – perguntou-lhe Rosário.
- Nada... Apenas despedir-se – explicou cabisbaixa.
- Onde será que se meteu a Isabel? – indagou apreensiva.
- Já deve estar no carro, não?
Tomaram o rumo do estacionamento e lá esperaram ainda alguns minutos. Isabel surgiu no portão do Cementerio General acompanhada por Rafael Soza, para logo despedir-se dele com um beijo fraterno. Correu até o carro, aonde chegou com uma estranha expressão nos olhos brilhantes e no rosto corado.
- Por que demorou tanto? O que estava fazendo? E quem é aquele moço? – desandou em perguntas Rosário preocupada.
- É um policial que conheci... – respondeu apenas à última pergunta, lançando uma olhadela tímida para Júlia.
Entraram no carro com o novo motorista contratado. Júlia ficou olhando pela janela na esperança de ver Bryan mais uma vez. Infelizmente isso não ocorreu e ela partiu resignada ainda com o gosto daquele último beijo em sua boca.

(continua...)


Pois é, pessoal... Ainda não foi dessa vez. Eu pensava que este seria o último capítulo, mas a Júlia e o Bryan não estão querendo que acabe assim tão fácil. Acho que teremos mais uma semana de sofrimento aguardando o desenlace desse romance. Vocês aguentam mais um pouquinho?
Queria aproveitar a oportunidade para falar sobre um espaço aberto para a divulgação do meu livro ERIK, num blog que admiro muito e cuja dona, Briana, é uma pessoa adorável e por quem tenho grande admiração. Fiquei muito envaidecida com o convite feito por ela e aceitei realizar uma entrevista para o seu blog. AQUI vocês poderão ver a postagem feita por ela no dia 2 de Junho.
Também gostaria  que vocês soubessem que o ERIK  vem sendo divulgado em outro blog, tão admirável quanto o da Briana, que é o Doce Encanto, cuja a dona se chama Raphaela. Ela tem demonstrado ser uma pessoa muito querida , a quem eu prezo muito, e interessada em divulgar os novos escritores nacionais. É só clicar AQUI para poderem acessar a postagem da Rapha. 
Bem, aqui eu me despeço esperando voltar muito em breve com o final dessa "história quente", como descreveu o Luiz Fernando. Por falar nisso, mais uma vez agradeço aos comentários carinhosos que recebi.
Beijos, beijos para todos!