sexta-feira, 19 de junho de 2009

Anjo da Guarda - Parte IV

Ele estava de costas, olhando o movimento da rua, através da janela da sala.
- Você queria falar comigo?
Ele se virou, ao ouvir minha voz, e sua expressão parecia cansada, mas tranqüila.
- Sente-se, Claire... Vamos conversar um pouco.
- Gerry... Eu sinto muito pelo que houve à tarde. Você foi tão gentil, levando-me para passear, e eu acabei sendo uma estúpida e estragando tudo.
- Claire. Você não precisa se desculpar. Eu é que perdi a razão, sem motivos - sua fala e seu olhar eram tristes - Vamos combinar que não se fala mais nisso. Não quero que isto interfira na nossa relação profissional. Não quero perder minha assistente antes dela começar o seu trabalho. Amigos, novamente?
Estendeu sua mão para mim, esboçando um sorriso, que me pareceu um pouco forçado. Pelo menos, ele queria continuar meu amigo. Já era alguma coisa. Eu continuaria ao seu lado, seja do que jeito fosse.
- Amigos.
Ele envolveu minha mão na sua, com um aperto firme e, ao mesmo tempo, suave, quente, que me deixou arrepiada. Ele continuava parecendo triste. Tive vontade de pular no seu colo e beijá-lo, mas me contive. Não era hora.
- Olha, eu vou sair com uns amigos e devo voltar tarde. Fique à vontade. A casa é sua. Vou deixar o número do meu celular, caso precise de alguma coisa.
- Não vou precisar de nada, obrigada. Quem tem de cuidar de você, de agora em diante, sou eu. Esqueceu? Seu "anjo da guarda". Gerry, prometo que você não vai se arrepender de ter me contratado.
- Tenho certeza disto. Boa noite.
- Boa noite. Meu querido, completei eu, em pensamento.
Depois que ele saiu, senti um vazio terrível, mas, ao mesmo tempo, um alívio por poder continuar como sua assistente, respirando o mesmo ar que ele. Sig tinha razão. Eu havia feito uma tempestade em um copo d'água.
Agora tinha de fazer o meu trabalho bem feito. Procurar uma consultora de moda e refazer meu guarda roupa. O plano era mudar a minha imagem gradualmente e tentar reverter aquele engano horroroso. Talvez eu estivesse imaginando coisas, mas acho que ele sentia alguma coisa por mim. Isto explicaria aquele mau humor. Será? Eu e minhas teorias.
Resolvi dar uma olhada na agenda de Gerry, fornecida por Tonya. Já tinha várias coisas para resolver, já na segunda feira. Depois de tomar um banho e comer uma salada, resolvi xeretar pelo apartamento. "A casa é sua", dissera ele antes de sair. Fui até o quarto dele. Era lindo, com uma grande cama de casal, decorado em tons pastéis, de muito bom gosto. O banheiro parecia um daqueles banhos romanos. Acho que tinha se inspirado no filme "Átila". Fiquei imaginando fazer amor com ele sobre aquela cama ou dentro daquela banheira , dentro de um banho de espuma perfumada. Sonhe, sonhe, Claire. Talvez você não passe muito disto.
Passeei por todos os cômodos. Realmente o apartamento era enorme e, extremamente bem decorado.
Bem, já estava ficando tarde. Ele não voltaria tão cedo, conforme suas próprias palavras. Assim, só me restava ir para cama, tentar ler um livro para chamar o sono e aquietar o coração e a alma.
Já devia estar dormindo há algum tempo, quando ouvi a porta de meu quarto abrir-se. Eu esquecera de fechar à chave, pois não tinha este hábito quando morava sozinha. Mantive meus olhos fechados. Senti alguém se aproximar da cama. Como estava muito quente, havia deitado totalmente nua, de bruços, coberta apenas pelo lençol de algodão. Podia ouvir a respiração ofegante dele, cada vez mais perto. Meu corpo já começava a reagir àquela proximidade. Senti seu hálito quente em meus cabelos, em minha nuca, em meus ombros...
Sua barba roçando minha pele, fazendo-me arrepiar inteira, enrijecendo meus mamilos, umedecendo minha vulva... Lutava para não gemer alto, para ele não perceber que eu estava acordada. De repente, ele começou a afastar-se, lentamente. Antes, ainda pude ouvir seu suspiro tristonho. Tive vontade de pular da cama, puxá-lo de volta e sufocá-lo com beijos e abraços. Mas, consegui segurar-me. Algo me dizia que ainda não era hora. Talvez ainda fosse o velho medo da rejeição. Será? Ah, Claire... Pára de filosofar e aproveita estes instantes em que ele ainda te olha e te deseja. Será que não estou sonhando? Mais um daqueles meus sonhos maravilhosos, mas que nunca se realizam? Vagarosamente, abri os olhos. Ainda pude ver a porta fechando-se devagar e a maçaneta voltando a sua posição estática. Não tinha sido um sonho. Gerry me desejara... Eu me sentia no céu. Eu não resistiria se ele fizesse isto novamente.
Naquela noite, o sono só venceu meus devaneios quando o sol já inundava o domingo, com seus raios de luz.
Já era muito tarde, manhã adentro, quando ouvi a voz de Rosa a chamar-me.
- Srta. Claire... Srta Claire. Bom tarde! A Srta. está bem? Já são quase duas horas da tarde. Gostaria que eu lhe preparasse alguma coisa para comer? Daqui a pouco está na minha hora de sair, por isso resolvi acordá-la.
Rapidamente, cobri-me, envergonhada, com os lençóis.
- Oh, Rosa! Boa tarde. Não, não precisa preocupar-se comigo. Se quiser, preparo algo para comer mais tarde. Pode ir embora, se quiser.
- Ainda tenho uma hora para terminar meu trabalho. Se precisar de algo, é só chamar.
- Obrigada, Rosa. - Quando ela fez menção de virar-se para sair, resolvi perguntar-lhe:
- Rosa... O Sr. Butler, já acordou?
- Há muito tempo. Falou que ia caminhar e talvez não voltasse para o almoço. Até agora, não apareceu. Parecia um pouco abatido. Acho que não dormiu direito. Mais alguma coisa, srta?
- Não , Rosa. Obrigada.
Depois do banho, fui até a cozinha, mas perdi a vontade de comer. Tomei um suco de laranja e resolvi que iria passear pelos arredores para conhecer um pouco do bairro. Não adiantava nada ficar em casa pensando em besteiras. De jeans, camiseta e tênis, saí à pé para fazer um reconhecimento da área onde iria morar, sabe-se lá por quanto tempo. Estávamos quase ao lado da Rodeo Drive, a rua mais famosa de Beverly Hills. Era para lá que eu iria. Estava no meio das lojas de grifes mais famosas do mundo. Aproveitaria para ver as vitrines e me atualizar com a moda. As ruas estavam cheias de flores, as vitrines muito elegantes, muita gente bonita e bronzeada na rua, curtindo o sol de domingo. Cheguei a sentir-me um ET, com minha pele muito clara. Andei por um bom tempo, olhando todos os detalhes, imaginando como ficaria em algumas daquelas roupas. Vi até um vestido vermelho, parecido com o de meu sonho. Quem sabe... Talvez eu pudesse comprá-lo e ir a alguma festa com o Gerry. Talvez o meu salário não fosse suficiente para a compra, pelo pouco que eu pude ver dos preços. Mas não custava sonhar, como sempre. Ainda o dinheiro que meu pai me deixara...
Estava distraída, quando ouvi uma buzina tocar ao meu lado. Era Gerry, em seu carro conversível. Ele estava de tirar o fôlego, dentro daquele carro preto, com a camisa azul aberta, deixando ver um pouco daquele tórax divino e seus poucos cabelos escuros. Os fios prateados de sua cabeça, brilhavam à luz do sol e o sorriso... Este tonteava até a mais celibatária das mulheres.
- Quer uma carona?
- Claro! Que bom! – “Se prometer não brigar comigo, vai ser ótimo” pensei, mas resolvi não falar. Chega de discussões tolas. Entrei no carro.
- Então resolveu fazer um reconhecimento do bairro?
- Pois é! É muito lindo e divertido aqui.
Antes que pudéssemos continuar a conversa, duas mulheres surgiram do nada, quase gritando, pedindo um autógrafo para ele. Apesar da situação, ele foi muito simpático, deu beijinhos, além dos autógrafos e despediu-se sorridente.
Fiquei olhando para ele, que continuava sorrindo. Ele realmente gostava de ser adulado pelas fãs, como eu imaginava. Por isso, o carinho com elas. Ou eu deveria dizer, conosco?Eu ainda era só uma fã ou mudara de categoria para assistente apaixonada?
- Você não se cansa deste assédio, de vez em quando?
- Está com ciúmes? Disse isso lançando um olhar estranho.Misto de esperança com ironia. Eu estaria vendo coisas?
- Claro que não. Sempre admirei este seu carinho com as fãs - Ooops! Falei o que não devia.
- Sempre?? Desde quando?
Ele estava surpreso com a minha afirmação. Como eu ia sair daquela situação? Pensa rápido, Claire!
- Ora... Eu... Eu disse sempre??
- Disse - agora ele estava com o seu sorriso zombeteiro, achando graça da minha confusão.
- Ah! Eu quis dizer, desde que o conheci, sempre tenho visto as fãs assediarem-no e você é sempre muito gentil com elas. Teve aquela vez em Londres, que eu tive de salvá-lo, senão elas iriam estraçalhar as suas roupas. Você estava sem coragem de dizer-lhes não, pelo que me pareceu.
- É mesmo. Lá em Londres. Aliás, eu continuo te devendo esta.
- Imagina - corei.
Ele deu a partida no motor e saiu, todo sorridente. Tinha notado meu rubor, com certeza. O que estaria se passando na sua cabeça. Como eu gostaria de saber.. Ele ainda era um mistério para mim. Um mistério delicioso...
- Vamos tomar um café? Que tal ir na Starbucks? Tem uma aqui perto.
- Claro! Vamos! Estou morrendo de fome!
Ai, eu iria tomar café com ele, na sua cafeteria predileta. Lembrei de como eu adorava tomar café na caneca, que adquirira em Londres, numa Starbucks, só para sentir-me mais próxima a ele, nas minhas manhãs e tardes solitárias.
Logo, estávamos entrando na cafeteria. Por sorte, conseguimos um lugar mais ou menos reservado. Pedimos café e alguns dos deliciosos "scones", especialidade da casa.
- Claire, posso lhe perguntar uma coisa? - estremeci, ao pensar que ele ia pergunta-me se eu era lésbica. Eu seria obrigada a desfazer aquele mal entendido. Talvez fosse melhor, mesmo.
- Claro, Gerry! Pergunte o que você quiser. Você tem todo o direto. Afinal, é o meu patrão.
- Não. Não quero perguntar como patrão, mas como amigo. Acho que posso me considerar seu amigo, ao menos?
- Lógico! - porque ele havia dito "ao menos"? Achei que não havia dúvidas sobre isso. Claro que eu o considerava muito mais que isso.
- Você não tinha ninguém lá em Londres? Mesmo? Quando fiz esta pergunta lá, no escritório do Guy, você disse que não. Era sério?
- Sim. Meus pais já são falecidos. Nunca tivemos grandes contatos com os parentes, pois a maioria é do interior. Depois que meu pai faleceu, há cerca de 4 anos atrás, passei a morar só, no nosso apartamento. Terminei minha faculdade há dois anos e passei a viver, como dizem, "de rendas". Meu pai deixou uma herança considerável, cujos rendimentos permitiam que eu vivesse confortavelmente, sem preocupação com trabalho. Até procurar emprego no escritório do Guy, vivia viajando, conhecendo lugares e pessoas. Mas, o tempo foi passando e comecei a sentir falta de uma ocupação. Como sempre gostei muito de cinema, resolvi procurar algo dentro da área. Quando soube que o Guy estava a procura de um assistente, pensei que esta seria uma ótima oportunidade - Eu estava quase ficando encabulada pela atenção que aqueles olhos verdes estavam dando a minha fala, examinando minhas expressões, estudando minha boca.
- E... Amigos, namorados?
- Não. Sempre fui um pouco reservada. Mesmo nas viagens, meu interesse era maior pelos lugares. Tinha alguns amigos na faculdade, mas cada um acabou seguindo seu caminho e nos separamos. Quanto a namorados? Há muito tempo não tenho ninguém. Estava apaixonada por alguém. Mas ele não sabia. Uma paixão platônica.
- Ele? Como não sabia? Você nunca disse a ele o que sentia?
- Ele nunca soube que eu existia - senti uma onda de tristeza se apoderando de mim e as lágrimas começaram a querer emergir de meus olhos.
- E, você ainda ama este cara?
Seu olhar, agora, me envolvia com ternura, querendo consolar-me. Que vontade de me abrir com ele, dizer que ele era o meu amor, reprimido tanto tempo dentro do peito. Não. Não podia fazer isto agora, ainda. Eu o assustaria com uma revelação destas agora.
Para minha sorte, algumas ex-colegas de infortúnio - fãs - chegaram até nossa mesa, para pedirem autógrafos. Isto desviou a sua atenção. Desta vez, ele parecia irritado com a interrupção. Demonstrou isto no tratamento mais seco que dedicou às garotas. Elas nem notaram, mas eu pude perceber. Aproveitei para recompor-me, respirar fundo e secar uma pequena lágrima que começara a brotar no canto do olho esquerdo.
Assim que elas saíram, rindo animadamente, foi a vez da garçonete chegar com o nosso pedido. Mais uma vez, fui salva de continuar com aquelas confissões, que nem eu sabia onde iriam parar.
Tão logo a garçonete virou-se para atender a outra mesa, ele voltou a fixar o seus olhos em mim, esperando que eu continuasse a minha triste história.
- Como você vê, a minha vida não tem nada de interessante, comparada com a sua, Gerry. Você é que deve ter muitas histórias para contar.
- Nem tanto assim - Ele percebera que eu estava tentando mudar o rumo da conversa e respeitou minha decisão, não insistindo em retomar o assunto.
- Não seja modesto. Você tem a sua família também, não? Sua mãe, seus irmãos.
- Como você sabe?
- Lembre que a sua vida está a disposição na Internet.
- E você foi procurar informações sobre mim, lá?
- Digamos que eu quis informar-me sobre as pessoas com quem teria de trabalhar.
Como eu conseguia articular todas aquelas palavras, não sabia. Devia ter alguma ajuda divina. De qualquer forma ele pareceu aceitar aquela desculpa esfarrapada. Para convencer um pouco mais, ainda falei:
- Foi graças a esta pesquisa que consegui te tirar daquela confusão em Londres, falando da sua mãe.
- Tem razão. Foi muito útil. - sorriu como um menino, lembrando do fato.
- Que mais você ficou sabendo sobre mim na Internet?
- O suficiente .
- E, o que é o suficiente?
- Ah, Gerry. Não me aprofundei muito, se é isto que você quer saber. Digamos que um breve currículo - menti descaradamente. Aí, não resisti e perguntei:
- Vi que você faz muito sucesso com as mulheres. Deve ter muitas namoradas - Porque eu falei isso? Sua maluca! O que eu quero que ele diga?
- Tenho muitas amigas, que a imprensa insiste em mostrar como relacionamentos íntimos.
Mas não é bem assim. Atualmente, estou sozinho, a procura de alguém - disse isto, olhando-me fixamente, como se quisesse saber minha reação. Minhas pernas pareciam ter sido dissolvidas, pois eu não as sentia mais e o coração teria saltado do peito, não fosse a caixa torácica que o envolvia. Em mais uma demonstração de "como disfarçar sentimentos", falei, arregalando os olhos:
- Hum! Estes scones estão uma delícia! Você já provou?
- Eles são ótimos! - continuava encarando-me, parecendo divertir-se com a situação. Parecia mais a vontade comigo. Tive a impressão que aquele mal entendido, sobre minhas preferências sexuais, estava se desfazendo.
A cada olhar dele, sentia-me dissolver um pouco mais. Ele já estava notando isso. Cada vez ficava mais difícil de disfarçar o modo como ele mexia comigo. Resolvi falar de seus compromissos para a semana, que iniciava no dia seguinte.
- Amanhã, você tem uma reunião-almoço com o seu agente, James. Depois eu confirmo o horário e o local.
- Você pode almoçar conosco?
- C-como? Mas não é uma reunião profissional?
- Sim. Exatamente por isso. Você, sendo minha assistente, pode participar. Se quiser dar palpites, também aceito. Além disso, você já fica conhecendo o Jim.
- Bem, se você acha adequado.
- Mais que adequado.
Quase me atirei naqueles braços, ao ver aquele sorriso e aqueles olhos, que me provocavam e incitavam a fazer loucuras.
- Então, está bem! Podemos ir agora?
- Por que a pressa?
- Não olhe agora. Mas tem um bando de fãs malucas, a caminho desta Starbucks, seguidas por dois fotógrafos, neste exato momento. Se eu fosse você, sairia agora pelos fundos. A não ser que você queira distribuir mais sorrisos e beijinhos, pousar para fotos e dar explicações para a imprensa sobre nós dois. Deixe que eu pago a conta.
- Está bem, meu anjinho. Te espero lá em casa. Não vá se perder! - deu-me uma piscada de olhos e saiu rapidamente, pelos fundos da cafeteria.
Quando o grupo chegou, vieram direto até minha mesa. Acabei tendo que me identificar como sua assistente e dar uma desculpa de um compromisso urgente, de última hora, que o havia forçado a sair. Ficaram muito decepcionados e tentaram tirar mais algumas informações comigo. Acabaram desistindo, pois minhas informações não tinham nada de novo. Esperei até que eles fossem embora e saí caminhando tranqüilamente em direção oposta a do apartamento. Quando vi que não havia mais ninguém, peguei um táxi e pedi que ele desse algumas voltas, antes de deixar-me no prédio de Gerry. Não tinha certeza se os paparazzi já haviam descoberto este endereço ou não. Acho que estava ficando meio paranóica.
Quase uma hora depois de ter me despedido de Gerry na Starbucks, voltei para casa. Ao entrar, ouvi vozes estranhas, rindo e falando alto. Entre elas estava a voz de Gerry. Pensei em entrar sem ser vista, mas fui chamada .
- Claire! Venha cá! Quero te apresentar para uns amigos.
Não estava muito a vontade para aquele tipo de apresentação, mas fui obrigada a cumprimentá-los.
- Boa tarde.
Gerry veio ao meu encontro, passou seu braço direito sobre meus ombros e puxou-me contra si.
- Esta é Claire, minha nova assistente.
Eram dois homens e uma mulher. Um deles eu já havia visto em muitas fotos junto com Gerry. Acho que era o seu companheiro de farras, na noite. Gerry o apresentou como sendo Burt. O outro se chamava Perry. A mulher parecia ser namorada de Perry e chamava-se Elisabeth. Todos muito simpáticos. Souberam que Gerry havia voltado para casa e resolveram convidá-lo para jantar e dar uma esticada até uma nova casa noturna. Pelo jeito, já sabiam do ocorrido na Starbucks e ficaram brincando com a situação, pelo fato de Gerry ter saído pelos fundos. Eles pareciam muito divertidos. Até demais. Talvez estivesse sendo severa demais com eles. No fundo, gostaria de ter ficado a sós com Gerry, na minha volta. Eu estava me sentindo estranha. Depois de nossa conversa naquela tarde, algumas de minhas barreiras estavam desabando e o desejo começava a tomar conta de mim. Claire... Vá com cuidado.
- Diz para ele, Claire, que vai ser bom. Este homem tem trabalhado demais. Tem que se divertir um pouco, senão pira - disse Burt.
- Eles têm razão, Gerry. Daqui a um mês, você já começa a filmar de novo. Aproveite. O seu primeiro compromisso, amanhã, é só no horário do almoço.
Pareceu-me que ele não estava querendo ir ou era impressão? Até me arrependi de ter dito o que dissera.
- A não ser que esteja cansado por causa da viagem , fuso horário, estas coisas - tentei consertar a minha falha.
- Você vem conosco? - teria notado uma súplica na sua voz? Não, devia ser impressão também.
- Receio que não. Amanhã é o meu primeiro dia de trabalho e não quero chegar atrasada - sorri, tentando descontrair a mim mesma.
Todos riram, menos ele.
- Além de bonita, tem bom humor. Você escolheu uma ótima assistente desta vez, Gerry. A Tonya era muito chata, às vezes - disse Burt.
- Vamos, Gerry! Vá trocar de roupa e vamos. Nós te esperamos.
- Está bem. Vocês venceram. Volto já.
Foi em direção ao quarto e, logo em seguida voltou em um de seus trajes favoritos. A calça jeans rasgada em pontos estratégicos e uma camisa branca de algodão, aberta até a metade do peito, para fora das calças. Tive vontade de dizer que não estava passando muito bem e pedir para ele ficar comigo. Não sabia o que estava acontecendo comigo.
- Vamos, então? Claire, tem certeza que não quer ir junto? - de novo aquele olhar de súplica.
- Não, Gerry. Obrigada, mas vou ficar. “Te esperando, meu amor”, pensei.
Não sei se ele reparou algo em meu olhar. Não sei se ainda conseguia disfarçar algum de meus sentimentos. Só sei, que ele se aproximou de mim, encostando seus lábios em meu ouvido e sussurrando:
- Não demoro.
Estremeci ao sentir aquele hálito quente em meu pescoço, lembrando do que ocorrera na noite anterior. Ele afastou-se, continuando com seus olhos verdes fixos nos meus e disse em voz alta:
- Boa noite, Claire.
- Boa noite.
- Tchau, Claire. Quem sabe da próxima vez você vai conosco, ok? Foi um grande prazer conhecê-la.
Todos se despediram alegremente. Não pareciam notar o clima de sedução que estava acontecendo entre nós dois.
Quando a porta se fechou, permaneci paralisada, tentando organizar minhas idéias, racionalizar o que estava acontecendo... Mas não havia nada para racionalizar. Era puro desejo o que tomava conta de mim. Desejo por aquele homem, que eu amava tanto. Sentia que ele também me desejava. Se sentia amor ou não, pouco me importava a esta altura. Eu só pensava em ser possuída por ele, de qualquer jeito. Tinha ficado por muito tempo reprimindo este turbilhão dentro de mim. Agora, de repente, a represa estava preste a ruir e extravasar tudo que eu guardava há tantos anos. O tempo continuava parado e senti que algumas lágrimas queriam aflorar em meus olhos. Uma vontade de chorar, que eu não sabia explicar se era de tristeza por ele ter saído ou se de alegria por ter-me libertado dos medos antigos. Eu me sentia capaz de qualquer coisa por ele.
Ainda estava estática, na frente da porta, sem ter noção de quanto tempo estava ali, quando ouvi o barulho de chaves na fechadura. Meu coração quase parou. A porta se abriu e Gerry surgiu, lançando um olhar surpreso ao ver-me ainda parada no mesmo lugar de antes.
- Você ainda está aí? O que houve? Você está bem, Claire?
- Não, eu não estou bem.
Ele aproximou-se, cautelosamente, preocupado.
- O que você tem?
- Falta de você.
Não conseguia mais ficar longe dele. Como se estivesse em transe, minhas mãos procuraram os botões da camisa branca e começaram a desabotoá-los, um por um, bem devagar.
- Eu também. Por isso voltei, Claire.
Ele gemia baixinho ao sentir minhas mãos passearem entre os cabelos de seu peito, contornando o tórax, até chegar na cintura, terminando de abrir completamente sua camisa. Novamente, as mãos subiram até seus ombros largos, descendo pelos braços musculosos e rijos, tirando a camisa com delicadeza. Já diante daquele torso forte e tão desejado, minhas mãos continuaram sua viagem, acariciando-o, envolvendo-o, subindo por suas costas, fazendo que ele dissesse meu nome em sussurros, de olhos fechados, aproveitando cada instante de meus carinhos. Não tendo mais a camisa para atrapalhar minha visão, foi a vez de dar mais trabalho às mãos. Elas passaram a abrir o botão e o fecho da sua calça jeans, lentamente. Mais gemidos... Já podia ver seu membro rijo através da cueca branca, último empecilho para minha ida ao paraíso. Resolvi tentá-lo mais um pouco e, acompanhando o trajeto das mãos , fui descendo, devagar , beijando-o suavemente, pouco a pouco, até chegar na linha abaixo do umbigo, onde um declive suave levava a grande elevação sob sua roupa íntima. Não resisti mais e cedi ao desejo de ver o que me aguardava. As mãos continuavam seu trabalho, agora o libertando daquele último pedaço de algodão que recobria seu magnífico corpo. Aí, ele não resistiu mais e foi a sua vez de agir. Senti suas mãos elevarem-me até que pudesse encarar-me. Seus olhos brilhavam e sua boca procurou avidamente a minha. Sedento, sôfrego...
Seus braços me envolveram com força. Agilmente, levantou-me no colo e seguiu para o seu quarto. Aqueles olhos faiscantes de desejo, ansiando por mim. Colocou-me sobre a cama. Foi a sua vez de despir-me. Como aquelas grandes mãos podiam ser tão delicadas...
Agora, era a minha vez de gemer, enquanto ele descobria meu corpo, vagarosamente, olhando cada detalhe , tantas vezes apenas imaginados.Sentia meu corpo incendiar-se sob aquele toque. Suas exclamações de prazer faziam-me estremecer. Queria me perder naquele corpo, naqueles olhos, naquela alma. Senti seu peso sobre mim, a rigidez de seu desejo em minha virilha, fazendo-me abrir as coxas para recebê-lo, enfim. Os movimentos ondulantes procurando o encaixe perfeito. A mistura de nossos suores, de nossos sussurros, de nossos fluídos. Os movimentos tornando-se mais rápidos e mais prazerosos. Não havia mais peso, não havia mais gravidade. Flutuávamos sobre a cama, rumo à grande festa, ao êxtase completo. Finalmente a explosão, os fogos de artifício, sua voz chamando meu nome, gemidos altos. Eu o tinha dentro de mim, quente, úmido, latejante e vigoroso. Não queria que aquele momento acabasse. Queria que durasse a eternidade.
Depois de tudo, a sensação de paz, relaxamento, lassidão.Estávamos abraçados como se fossemos um só , aproveitando o calor um do outro, as respirações se acalmando, pouco a pouco. Exaustos, mudos, aproveitando ao máximo aquela proximidade, aquela cumplicidade e intimidade total.
Eu não conseguia dormir. Ouvia a sua respiração ir e vir, como música em meus ouvidos. Parecia estar sonhando, mas não. Daquela vez não tinha sido um sonho. Ou seja, era a realização de um antigo sonho. Ele estava ali, ao meu lado, dormindo, com um ar de satisfação no rosto. Seu corpo desabado ao meu lado, perfeito, viril, forte. Veio a vontade de acariciá-lo, passear novamente por aqueles músculos, vê-lo arrepiar-se ao meu toque, ouvir o seu gemido. O calor voltou a incendiar-me. Sua devassa! Meu apetite ainda não tinha sido saciado. Será que algum dia seria?
Senti sua reação. Um sorriso malicioso pintou em seus lábios e os olhos abriram-se. Imediatamente, todo o fogo voltou e a volúpia tomou conta de nós. As mãos procuravam as áreas onde mais prazer poderiam provocar no outro. Foi a minha vez de ficar sobre ele, deslizando, roçando meu corpo contra o seu, arrancando suspiros roucos. Logo, estava sentada sobre seu quadril , contraindo minhas coxas contra ele, dançando sobre seu ventre, até poder senti-lo dentro de mim. Fui puxada por aqueles braços, forçando-me a deitar sobre ele, para logo em seguida ser rolada e colocada em posição oposta, sendo submetida, subjugada sob seu magnífico corpo. Ah, delícia! Não poderia querer mais nada da vida. Aqueles beijos, aquele calor, aquele hálito, seu perfume misturado ao cheiro de seu suor, para, finalmente, ser possuída com vigor e avidez, deixando as ondas de prazer fluírem, como correntes elétricas. O prazer total.
Mais uma vez, o abandono gostoso, as mãos ainda acariciando, certificando-se de sua presença, mostrando meu carinho e meu amor. Meu amor...
Só no meio da madrugada, desisti de lutar contra o sono e parei de olhar para o meu "oásis". Parei de pensar no que me aguardava nas horas seguintes, quando a noite fosse embora e a realidade do dia voltasse a dominar. Teria sido só uma noite para ele? Tinha medo de imaginar. Melhor não. Melhor deixar o sono tomar conta.
A manhã já devia estar na metade, quando acordei. Uma preguiça gostosa. Ao abrir os olhos, deparei com aquele rosto, de barba por fazer, as duas esmeraldas fixando-se em mim e um sorriso terno, de amolecer qualquer coração.
- Dormiu bem?
- Otimamente bem. E você?
- Eu não diria que dormi, mas que passei uma ótima noite, em uma bela companhia - falou com a voz rouca, fazendo cócegas em meu ouvido. Ele me considerou só uma companhia. Porque eu deveria esperar mais que isso?
- Porque este olhar triste, de repente? Em que você está pensando?
- Nada, nada...Bobagem!
A noite tinha sido maravilhosa. Eu que ficasse com aquelas lembranças na memória e me considerasse com muita sorte. Ai, que aperto no coração.
- Vamos tomar um banho? Juntos? – disse isso com carinha de safado.
- Porque não? Vamos!
Ele se levantou lentamente. A visão daquele corpo nu me fez estremecer todinha. Lá vinha aquela vontade de abraçar, arranhar e beijar ele por inteiro.
- Vem!
Ele estendeu sua mão para mim e lançou aquele olhar guloso. Este banho ia ser demorado. Lá vou eu. Aproveite ao máximo estes momentos, Claire.
Logo depois do banho, fomos obrigados a nos vestir, pois já era quase hora da reunião-almoço com James. Resolvi vestir algo um pouco mais feminino. Por isso, acabei vestindo uma saia levemente evasé, estampada e uma camiseta de manga cavada branca, ajustada ao corpo. Deixei os cabelos soltos, pois percebi que Gerry gostava mais desse jeito. Olhei no espelho e achei que tinha ficado um conjunto harmonioso. Pude comprovar isto, quando Gerry pôs os olhos em mim, já na sala. Sua aprovação foi imediata.
- Claire, você está linda! Você ainda vai me contar direitinho esta história de se vestir como um rapaz. Eu cheguei a pensar que você não gostava de homens.
- Sério? Imagina.
Me fiz de boba e fiquei rindo, satisfeita por ter conseguido o efeito que desejava.
- Se não tivéssemos este compromisso agora... - dizendo isso, enlaçou-me pela cintura, puxou-me contra si e começou a beijar-me no pescoço, indo em direção a boca, onde pressionou meus lábios com força, introduzindo sua língua , num beijo cheio de paixão. Era de perder totalmente as forças e voltar para a cama. Mas, a responsabilidade falou mais alta e fui obrigada a lembrá-lo do nosso almoço.
- Depois do almoço, nós temos a tarde livre, Gerry. - olhei-o com ar sedutor, sorrindo surpresa com a minha desinibição.
- Isto é um convite?
- Quem sabe? Vou pensar no seu caso.
Eu estava tão feliz. Será que ele também se sentia assim?
Neste momento, senti a presença de outra pessoa na sala. Era Rosa que entrara com dois copos de suco de laranja em uma bandeja. Tentei desvencilhar-me de Gerry, mas ele continuava todo sorridente e com os braços puxando-me mais fortemente contra seu corpo.
- Muito obrigado, Rosa. Já estamos de saída, mas um suco vai muito bem, agora. Estou morrendo de sede. Você não, Claire?
Eu estava morrendo de vergonha, isso sim.O que a Rosa ia pensar ao nos ver desse jeito? Num dia estava chorando por causa dele e, no outro, já estava me agarrando a ele, feito uma tarada.
- Claro, estou sim. Bom dia, Rosa - falei ,dando um belo sorriso amarelo.
- Bom dia, Srta. Claire. Pelo que vejo estão de muito bom humor, hoje. Fico contente em vê-la tão disposta, Srta. Claire.
Teria notado um olhar de reprovação em seu rosto? Ou era a minha fértil imaginação? Ah! Deixa prá lá!
Tomamos nosso suco e saímos, logo em seguida. O restaurante escolhido era próximo aos estúdios de cinema. Era sofisticado e muito bem freqüentado. Vários atores conhecidos estavam almoçando ali, naquela hora. Cheguei a sentir-me meio deslocada. As mulheres estavam super arrumadas, vestindo as grifes famosas. Apesar de não estar vestindo nada tão chique, notei que vários homens passaram a me olhar, assim que passamos para a mesa indicada. Pelo jeito, Jim, como Gerry o chamava, ainda não tinha chegado.
- Ele sempre está atrasado. Hoje, não estou achando isto ruim.
Sentou-se na cadeira, jogando-se para trás, como para admirar-me melhor. Senti-me ruborizar.
- Sabe, Claire, ainda estou surpreso com tudo que aconteceu nestas últimas horas. Você parecia querer ficar distante de mim e, de repente...
- É que, às vezes, eu tento disfarçar demais os meus sentimentos, até não poder mais. Aí...
- Bom dia! Desculpem o atraso! Olá, Gerry! E você deve ser a nova assistente, Carrie?
- Claire! O nome dela é Claire, Jim!
- Ah! Claro! Desculpe-me. Você tem muito bom gosto, Gerry.
Mais um que elogiava a minha aparência, como se isto fosse o essencial para minha função, e não minha capacidade intelectual.
- Ele só tem boa memória para as coisas que o interessam.
- Por isso, não esquecerei mais o seu nome, Claire - disse com jeito galanteador.
Gerry pareceu um pouco irritado com aquela amabilidade toda. Mas, seguiu de bom humor, contando como havia sido sua viagem à Londres, as filmagens de "Rocknrolla" e sobre algumas propostas que haviam surgido. Notei que não tocou no assunto de como havíamos nos conhecido . Resolvi ficar só ouvindo e observando. Às vezes, Jim lançava-me olhares "devoradores" , se é que este termo existe. Mas era esta a sensação que eu tinha. De uma caça pronta para ser devorada. Talvez eu devesse sentir-me lisonjeada, mas estava sentindo exatamente o contrário. Acho que Gerry já estava notando e, pelo seu olhar, não estava gostando muito da situação.
- Gerry, precisamos falar a respeito das filmagens de "Priest".
- Falar o que? Acho que já deixei claro que não quero mais este papel de justiceiro de cartoon. Em "300" foi diferente, havia uma história sólida por trás. O Andrew tem de procurar outro para o papel. Estou envolvido em outras produções mais interessantes. Não sei se poderei estar disponível para as filmagens. Se é que elas vão começar.
- Mas, vocês fizeram um acordo.
- VOCÊ fez um acordo! Olha, Jim, sei que suas intenções eram boas. Eu estava numa maré baixa e procurava um trabalho imediato. Mas, agora, as coisas mudaram. Não tenho mais certeza se este trabalho vale a pena.
Estava louca para dar meu palpite, baseada no que havia conversado com outras fãs e lido sobre o assunto. Achava que Gerry tinha razão e eu estava contente por saber que ele pensava daquela maneira.
- O que você acha disto, como assistente do Sr. Butler, Claire? - a pergunta pegou-me de surpresa, principalmente por ela ter vindo de quem eu menos esperava.

- Bem, eu li alguma coisa a respeito na Internet, vi a opinião de muitas fãs de Gerry sobre este filme. Não sei se minha opinião pode ajudar em alguma coisa, mas acho que Gerry tem razão.
- Bem, eu não poderia esperar outra coisa de sua assistente. Tenho certeza de que seu emprego está garantido, Claire.
Não gostei do modo como dissera aquilo.
- Não estou falando para agradar ao meu patrão, sr. James. Estou falando baseada na opinião das fãs dele, que não são poucas. Você sabe disso. A grande maioria só assistiria, a este tipo de filme, porque ele é o ator principal, não porque a estória seja interessante. Eu posso estar enganada, mas dependendo de quem dirigir e da forma como este cartoon será levado às telas, pode não passar de uma produção B. Desculpe se não o agradei com a minha resposta, mas foi o sr. que perguntou. Com licença, que preciso ir ao tolete.
Deixei-o lá sentado, ao lado de um Gerry satisfeito pelo meu apoio, com a boca semi-aberta, surpreso com a minha arrogância.
Fiquei alguns minutos a mais no banheiro, esperando que os ânimos se acalmassem. Para minha surpresa, ao voltar, encontrei Gerry sozinho.
- O que houve?
- James resolveu ir embora. Ele ficou meio chateado com a sua atitude - soltou uma gargalhada, ao dizer isto.
- Gerry! Eu sinto muito. Eu não queria ofender ninguém, mas eu não podia deixar de responder o que eu realmente penso. Não foi para agradar a você.
- Eu sei, meu bem. Não se preocupe. Você agiu corretamente. O James é que não sabe se portar bem quando é contrariado. Você fez muito bem. Gostei da sua atitude. Vamos pedir? – sugeriu, enquanto pegava o cardápio
Resolvi não pensar mais no assunto, já que Gerry estava do meu lado. O tal James que ficasse sem almoço. Só fiquei preocupada se aquela cena não ia interferir na relação profissional dos dois.
- Gerry, espero não estar prejudicando o relacionamento de vocês. Se você quiser, eu me desculpo com ele.
Eu odiaria fazer isto, mas por Gerry eu faria qualquer coisa.
- Eu já lhe disse, Claire. Não se preocupe. Ele já sabia a minha opinião. Acho que ele não está num bom dia, só isso. Posso fazer o nosso pedido? Estou morrendo de fome.
Senti sua mão, por baixo da mesa, subir por minha coxa, apertando-a de leve, enquanto seus olhos zombavam da minha falta de jeito.
- Pode... - falei com a voz quase sumida, lutando contra os arrepios que percorriam meu corpo.
Enquanto esperávamos nossos pratos, ele perguntou:
- Claire. Aquela estória sobre a opinião das fãs a respeito do "Priest", é verdade? Você havia dito que a sua "pesquisa" sobre mim tinha sido superficial.
- Ah! É que, durante a "pesquisa", acabei entrando no site de um de seus fãs-clubes e, por curiosidade, acabei lendo sobre este filme e as diversas opiniões das fãs, num dos fóruns. Aliás, você já entrou nestes sites? - tentava trocar de novo o enfoque da conversa.
- Olha, no início, eu acessava mais estes sites. Eram muito estimulantes. Infelizmente, ou felizmente, tem sobrado pouco tempo para isso. De qualquer forma me sinto envaidecido com todo este tipo de suporte. Tonya sempre dava um jeito de colocar-me em contato com as responsáveis, para troca de informações. Ela não lhe falou sobre isto?
- Acho que sim.
Tive que fazer-me de boba para desviar a sua atenção de mim.
Depois do almoço, estávamos de saída, quando ouvimos uma voz de mulher chamando-o, aos gritos:
- Gerry, Gerry!!
Era Rosário Dawnson! A mais odiada das suas "amigas". Não acreditei quando vi aquela bruxa. Veio se jogando para cima dele, como uma avalanche.
- Estava com saudade! - dizendo isso, pendurou-se no seu pescoço e deu-lhe um beijo na boca. E o pior... Ele correspondeu na minha frente. Senti o sangue ferver, ir para a cabeça e, ainda assim, consegui manter um sorriso estático no rosto. Acho que eu era um caso para estudos. Como eu conseguia fazer isso? Devia ser a tal fleuma britânica, tão falada. Os escoceses costumavam ser mais passionais. Eu teria provas disso mais tarde.
Assim que os abraços e beijos terminaram, Gerry, todo borrado de batom, virou-se todo sorridente e apresentou-me:
- Rosário, quero te apresentar Claire, minha nova assistente!
Para ela, eu era a assistente, também. Só isso.
- Oi, querida! Que prazer! Espero que esteja cuidando bem do Gerry. Não deixe ele se meter em encrencas.
Quase a achei simpática. Cuidado para não se deixar enganar, Claire. Alerta vermelho com esta aí.
- Gerry, quando você chegou?
- No sábado, pela manhã. Alguma novidade?
- Tudo igual por aqui. Aquela fogueira de vaidades, de sempre. Você foi convidado para a festa de amanhã?
- Que festa?
- É a inauguração de uma nova casa noturna ,em Santa Mônica. Acho que vai ser animada. Estava pensando em te convidar para ser meu acompanhante. Você sabe que eu odeio ir sozinha a estas festas.
- Nós recebemos algum convite, Claire?
- Na verdade, sim. Eu ia lhe falar, mas não tive tempo. Talvez seja uma boa oportunidade para você aparecer e quem sabe divulgar um pouquinho do "Rocknrolla". Acho que a imprensa, em peso, vai estar lá.
- Bem, Rosário, infelizmente, você vai ter de conseguir outro acompanhante, pois vou a esta festa com a Claire. Meu coração quase saltou pela boca.
- Hummm, estou vendo que temos alguma coisa por aqui. Estou com ciúmes.
- Rosário, você sabe que tem um cantinho reservado no meu coração, não sabe?
Aquela frase, fez com que eu engolisse o coração de volta. Ai, que ódio!! Cantinho no coração? Posso com isso?Que descarado!! Ele estava flertando com nós duas, ao mesmo tempo!! Não resisti e acabei dizendo:
- Se você quiser acompanhá-la, Gerry, não há problema - Gerry lançou-me um olhar incrédulo, e disse:
- Há problema sim. Eu quero ir com você! - Ele parecia irritado de verdade.
- Olha, Rosário, a gente se vê na festa amanhã. Temos de ir agora, ok?
- Por favor, gente , não vão brigar por minha causa.
- Ninguém vai brigar, não se preocupe - disse Gerry, dando-lhe um abraço e um beijo no rosto, despedindo-se.
Pegou-me pelo braço, com força, levando-me em direção ao estacionamento. Assim que entramos no carro, começou a falar, tentando conter a voz:
- Que história é essa de “não há problema” , “pode ir com ela"?? Você esqueceu do que está acontecendo entre a gente? - podia sentir a raiva na sua voz.
- Desculpe, Gerry, mas vocês pareciam tão íntimos, que achei que talvez preferisse sair com ela, que é sua amiga há mais tempo.
- Você disse bem: AMIGA. Ela não passa disso. Você não tem amor próprio? Nós acabamos de ter uma noite maravilhosa e já está me jogando nos braços de outra? Eu não estou te entendendo!
Comecei a tremer. Vi que tinha passado dos limites, de novo.
- Gerry, por favor, acalme-se. Você tem que me entender. Eu também achei a nossa noite maravilhosa. O meu medo é que, para você, não passe disso. Só uma noite. A sua fama de conquistador vai longe. Estou insegura com tudo isto que está acontecendo. Aí, surge esta mulher agarrando e beijando você daquela maneira. E você gostando. O que quer que eu pense? - minha voz foi ficando mais fraca e as lágrimas já insistiam em brotar. Ele percebeu e diminuiu a tensão da face e seu olhar suavizou-se. Aproximou-se de mim e levou sua mão ao meu rosto, erguendo-o para que eu o encarasse.
- Claire, o que aconteceu entre nós não é para uma só noite. Entenda que você é especial para mim. Não se menospreze. Venha cá, sua boba! - abraçou-me ternamente e me encarou com aqueles lindos olhos verde-azulados.
- A Rosário é só uma grande amiga. A gente sempre faz este espalhafato todo quando se encontra. Você vai ter de se acostumar com este meu jeito. Eu sou brincalhão e costumo tratar efusivamente as pessoas de quem eu gosto. Ainda não reparou nisso? Então, você ficou com ciúmes?
- O que você acha?
- Pois eu quero que você compre um lindo vestido para a noite de amanhã. Está combinado?
Seus lábios aproximaram-se dos meus e aquele calor gostoso tomou conta de meu corpo. Seu beijo me fez flutuar.
Ao chegarmos em casa, Maria e Rosa já tinham ido embora. O apartamento era todo nosso. Não conseguíamos segurar mais o nosso desejo. Parecia que a nossa pequena discussão havia tornado-o mais sedento. Suas mãos percorriam todo meu corpo com sofreguidão, tentando arrancar minha roupas o mais rápido possível. Logo, estávamos no tapete da sala, atracados como dois selvagens, gemendo e gritando de prazer. Não preciso dizer, que foi uma tarde maravilhosa.
Como Gerry não tinha mais compromissos, naquele dia, e Alex estava de folga até o dia seguinte, resolvemos curtir um pouco o final de tarde, de forma mais comportada. Ficamos ouvindo música, deitados no tapete macio da sala de estar, antes do jantar. Ele colocou o CD da banda islandesa, Sigur Rós. Eu já tinha lido em algum lugar que era uma das bandas que ele mais gostava. Realmente, a sua música era uma viagem relaxante ao espaço sideral ou às terras geladas da Islândia. Foi perfeito ouvir aqueles sons, naquele início de noite, deitada ao lado de Gerry, abraçada com ele. Não desejava mais nada desta vida. Ele falou que andava muito cansado da correria, por isso era bom parar um pouco e poder curtir a casa, boa música e a minha companhia.
Com certa dificuldade para sair de perto dele e de seus carinhos, resolvi dar uma olhada no que tinha na despensa da cozinha e mostrar um pouco de meus dotes culinários.
- Vamos jantar em casa?
- Você que sabe. Vai se animar a cozinhar? Não quer pedir alguma coisa fora?
- Não. A não ser que você não goste da minha comida.
- Só vou saber se experimentar. Eu vou arriscar - disse sorrindo.
Comecei a preparar a sobremesa, antes. Uma mousse de chocolate. Enquanto a preparava, Gerry chegou na cozinha, xeretando. Ficou observando-me, interessado em toda minha movimentação, fazendo alguns comentários sarcásticos de vez em quando, brincando comigo. Sempre piadista. Aliás , era outro lado dele que eu amava. O senso de humor. Eu me perguntava se tinha algum lado dele que eu não amasse. Difícil.
Depois de colocar a mousse para gelar, iniciei a preparação de uma massa à bolonhesa. Ele também devia estar faminto como eu, depois de tanto "exercício". Nada melhor que uma massa para repor as energias.
Coloquei a mesa na sala de jantar, com toalha e candelabros. Ele só me olhava e orientava-me sobre onde pegar o que eu solicitava. Coloquei nossos pratos nas cabeceiras.
- Porque tão longe de mim?
- Acho mais romântico, não acha?
Tinha visto uma mesa assim no primeiro filme do Batman, do Tim Burton, onde a Kim Bassinger sentava-se numa cabeceira e o Michel Keaton na outra.Tinha achado muito romântico, na época. Só não tínhamos o nosso Alfred, o Alex, como mordomo.
Sentamos. Vi Gerry comer com satisfação o meu prato principal. Senti-me orgulhosa de minha culinária ao ouvir os seus elogios. Dizem que se pega um homem pelo estômago. Se fosse assim, este já estava laçado. Quem me dera.
Chegou a hora da sobremesa. Fui até a cozinha para pegar a mousse, as taças e os talheres. Quando voltei à sala, qual não foi minha surpresa ao ver Gerry totalmente despido. A mesa havia sido esvaziada e só a toalha havia restado. Quase deixei cair tudo no chão. Ele aproximou-se de mim com um olhar demoníaco, me fez largar tudo no aparador próximo à mesa, e ordenou-me, em tom sussurrante, junto ao meu ouvido:
- Tire a sua roupa.
- Mas, Gerry...O que você está pensando em fazer?
- Adivinha? Comer a minha sobremesa. O que mais?
Sorria de um jeito, prá lá de malicioso, já mostrando sinais de excitação.
- Vem... Eu ajudo você - e começou a tirar minhas roupas, sensualmente.
- Agora, deite-se na mesa.
- Mas...
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, pegou-me no colo e deitou-me sobre a toalha.
- Não se preocupe, que a mesa é forte.
- Você já a testou antes? - perguntei, tentando ser irônica, mas pensando se ele realmente já tinha feito isto com alguém antes.
- Com mousse de chocolate?... Não.
Era o próprio demônio me testando. Ele sentia prazer em me deixar enciumada.
- Vamos testar agora.
Após, começou a pegar pequenas porções de mousse com a colher, colocando-as, primeiramente, sobre meus seios, fazendo um caminho doce até o umbigo, terminando, com uma porção generosa, sobre meu púbis. A partir daí, passei, literalmente, a ser "devorada". Começou a lamber meus seios, mordiscando meus mamilos já rijos e, por fim, abocanhou-os, enquanto apertava-os com as mãos. A estas alturas, eu estava completamente enlouquecida, e meus gemidos eram altos, meu corpo quase convulsionava. Nem ligava mais para a superfície dura em que estava. A sensação de prazer era muito grande. Aí, ele começou a descida, sempre trabalhando com sua boca e língua, enquanto as mãos pressionavam outras áreas de meu corpo.
- Esta mousse está uma delícia. - dizia com a voz rouca e continuava me enlouquecendo...
Começou a explorar minhas partes mais íntimas, com movimentos cada vez mais rápidos da língua. Achei que não resistiria e desmaiaria. Nunca pensei em ter tanto prazer com alguém. Ele era um mestre. Antes que eu surtasse, ele parou e disse:
- Agora é a sua vez.
Bandido. Mas, ele merecia este prazer e eu faria de tudo para compensá-lo.
Trocamos de lugar. Ele era um banquete para os olhos, com seu corpo viril, forte, rijo. Todo a minha disposição. Repeti o ritual com a mousse, colocando-a sobre seu tórax, descendo ao umbigo e finalmente, uma porção generosa em seu membro excitado. Lembrei da frase que costumávamos dizer nas comunidades de fãs - "ele é melhor que chocolate" - ...muito melhor...
Agora, era a vez dele "sofrer" aquela tortura toda. Quando cheguei ao seu pênis, passando a língua devagar em torno dele e, finalmente, colocando-o dentro de minha boca, ele já estava ficando fora de controle. Iniciei com sucções leves e fui intensificando, até arrancar gemidos altos e ouvi-lo gritar meu nome. Agora, era finalizar o jantar.
Ele desceu da mesa, transtornado pelo desejo de me possuir. Pegou-me pela cintura, posicionando-se atrás de mim, dobrando-me sobre a mesa, empurrando minhas costas com uma das mãos e, com a outra, segurando meu quadril firmemente. Possuiu-me por trás, quase com violência, mas proporcionando-me um prazer indescritível.
Depois de tudo, exausto, curvou-se sobre mim, moldando-se ao meu corpo, ainda sem forças, sobre a mesa. Permaneceu assim por alguns minutos. Logo que recuperou um pouco o fôlego, levantou-se e puxou-me para junto de si, ainda atrás de mim, acariciando meus seios e meu ventre. Virei-me e o beijei , agarrando-me ao seu pescoço e aos seus cabelos.
- Ah, Gerry...Te adoro...
- Você é maravilhosa...
Enfim, o jantar fora um sucesso.



Gostaram? Enquanto vocês recuperam o fôlego, eu digo até amanhã. Prometo que volto com o final da estória.
Beijos!!

6 comentários:

  1. MÉLDÉLLLZZZZZZZZZZ...
    Assim vc quer me matar, mulher!
    Agora eu tô aqui, subindo pelas paredes...

    CHAMA O SAMU PRA MIM!

    Bjim♥

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  2. OVULEI!
    MEU SONHO, NÃO É SÓ MEU AFINAL!
    NÃO VEJO A HORA DE LER O FINAL!
    AFF... NÃO VOU CONSEGUIR DORMIR! UI!

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  3. Acho que estou conseguindo meu intento...rsrsrs...
    Acabei de postar a parte final desta estória. Muito obrigada, Ly e Tânia, pelo estímulo e pelo carinho.
    Beijos!

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  4. BOLAS.....TOU TODA BABADA!!!!!AF!!!!

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  5. Estou tentando me recupar...Nem sei por onde começar, mas como vc já citou em outro post estou com a boca seca ao contrário das partes íntimas...aff...rss
    Vou me recuperar pra tentar comentar no próximo..rss
    Bjkas

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  6. Ai, Rô, a barba roçando na pele já é demais, não agüento!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Nooooooooooooooooooooooooooossa... vc estava mesmo inspirada qdo escreveu essa fic... estou sem fôlego, com taquicardia, pernas molinhas molinhas só de ler essas carícias deliciosas... menina, vc quer mesmo acabar com a gente!!!
    Acho engraçado o Gerry achar natura encontrar a sua ‘amiguinha’ e ficar todo empolgado com beijos e abraços, apresentar a Claire apenas como a sua assistente e ainda ficar chateado com ela, achando que ela o estaria dispensando... é o fim... e o pior é que acho que a coisa na realidade, com o Gerry, deve ser mesmo assim, pois tem certas ‘amiguinhas’ dele que devem ser mesmo muito folgadas, para dizer o mínimo e ele, todo garanhão, bem que gosta.
    Ai... ai... ai... SSSSooocoooooooooooooooooooooorrrrrroooooooooooooooooooo!!!!!!!
    Amiga, agora são 22h11min, só me explica como é que eu vou dormir depois de ler todas essas cenas???????? Meus pensamentos estão em convulsão, pq nem sei mais o que pensar... Que momentos estupendos, Rô!!! Eu quero!!!
    Vou correr para o próximo capítulo, estou em cólicas de agonia para continuar a ler esse conto...
    Beijinhos

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Cantinho do Leitor
Este cantinho está reservado para que coloquem suas críticas a respeito de meus romances e do blog. A sua opinião é muito importante para mim. Se tiverem alguma dificuldade em postar aqui, deixem mensagem na caixa de recados.
Beijos!