sexta-feira, 26 de junho de 2009

Encontro Noturno - Parte II




Já faziam mais de 10 minutos que Sophia tentava conseguir um táxi, mas ainda não tivera sorte. Não se dera conta que o tempo passara tão rápido. Já era quase 21 horas. Começou a ficar com medo. Tentou ligar de seu celular para uma empresa de táxi conhecida, mas ninguém atendia. Enquanto estava na galeria, o tempo havia mudado. Nuvens cinzentas e espessas haviam tomado seu lugar no céu poluído e a tempestade de verão era inevitável. Quando começou a sentir os primeiros pingos grossos da chuva, viu uma Mercedes conversível, preta, com a capota fechada, parar diante dela, no meio fio, buzinando. O vidro elétrico foi aberto e ela pode ver o motorista. Era Stefan.
- Vamos! Entre aqui antes que fique encharcada.
“Será que ele é sempre autoritário assim?”, pensou, enquanto entrava a contragosto dentro do carro, cuja porta já tinha sido aberta.
- Eu lhe disse que não seria fácil pegar um táxi a esta hora, nesta rua. Você é sempre teimosa assim? – perguntou, com os lábios mostrando um sorrisinho irônico.
- Eu não tinha percebido que já era tão tarde. Não queria lhe dar este trabalho – ela falava tentando não olhá-lo nos olhos.
- Eu tinha um compromisso e tinha de sair de qualquer jeito. Portanto não está me dando trabalho algum. Apenas um prazer...
“Porque ele tem de ser tão sedutor?”
- É melhor me dizer o seu endereço, caso contrário serei obrigado a levá-la ao meu compromisso... – disse ele alargando ainda mais seu sorriso.
- Pensei que pudesse ler meus pensamentos... – murmurou ela, sem querer.
- Vou tentar manter a sua privacidade – disse ele, olhando em frente.
- Como? – perguntou ela surpresa.
- Vai me dar o seu endereço ou não? – ele continuava divertindo-se muito com a conversa.
Ela acabou por rir, pensando em como estava sendo idiota, agindo daquele jeito. Acabou por dizer o nome da rua e o número de seu prédio.
- Desculpe. Você deve estar pensando que sou meio doida.
- Não estou pensando nada – ele agora olhava para a rua, cuidadoso com o trânsito a sua frente.
Após alguns minutos de silencio, ele perguntou:
- Seu noivo não fica preocupado com você andando sozinha por esta cidade?
- Não. Ele sabe que sei me cuidar muito bem.
- Sabe mesmo? – continuou sem olhar para ela – Esta cidade é muito perigosa para uma mulher como você ficar andando por aí desacompanhada.
- De que século você veio? Temos que trabalhar e enfrentar estes riscos do dia-a-dia, homens ou mulheres.
Ele se calou e assim, em silencio, permaneceram até chegarem ao prédio onde Sophia morava. A chuva já tinha parado e dela só sobraram as poças de água refletindo o brilho das luzes da rua.
-Bom...Muito obrigada pela carona.
- Foi um prazer, como já disse antes – disse, cravando seu olhar sobre ela, deixando-a sem palavras.
Sophia abriu a porta do carro e saiu forçando-se a não olhar para trás, pois ainda sentia o olhar penetrante de Stefan sobre ela.
Quando conseguiu fechar a porta atrás de si e sentir-se “segura” dentro de seu apartamento, sentou-se em seu sofá e começou a perguntar-se o que estava acontecendo com ela. Sempre fora tão segura em relação aos homens, nunca deixando as emoções tomarem conta, conseguindo lidar perfeitamente com clientes que jogassem charme sobre ela, como era inevitável em alguns casos. Mas com Stefan tinha sido diferente. Ele não tentara nada, pelo menos não diretamente. Mas ele conseguira mexer com ela, de uma maneira totalmente inesperada, deixando-a sem ação, controlando a sua vontade. Marcara uma reunião de negócios em pleno sábado à noite! E ela permitira! O que ele estava pensando? Daria um jeito de marcar outro dia. Daria a desculpa de que o noivo havia chegado de viagem e que teriam um jantar inadiável com a família dele. É...Faria isso.
Tomou um banho, comeu uma das refeições congeladas que tinha para emergências no freezer e resolveu dormir mais cedo. Pegou um livro, mas seu pensamento fugia para a Galeria Paole. Não eram exatamente pensamentos a respeito do seu trabalho, mas dirigidos ao dono da galeria.
A muito custo conseguiu pegar no sono. Naquela noite não foi “incomodada” por sonho algum.

**

- E então, como foi de reunião com o nosso pintor? – perguntou Carol assim que encontrou com Sophia no dia seguinte.
- Normal...
- Só isso? Quero detalhes, amiga!
- A galeria é muito bonita, apesar de ainda estar terminando uma reforma na casa antiga onde ela está instalada. O “nosso pintor” é muito talentoso e seus quadros são muito interessantes. Combinamos de nos encontrar para que eu mostre o que criei para a campanha de divulgação.
- Só isso? E ele? Como é? Muito chato, muito velho? – Carol não conseguia esconder sua curiosidade sobre Paole.
- Nem chato nem muito velho. Normal ... – falou Sophia escondendo da amiga sua verdadeira opinião sobre Stefan Paole.
- Assim...Normal... Isto é descrição que se faça de alguém? Você costumava descrever melhor seus clientes.
- Está bem, Carol... Ele é um homem elegante, educado, surpreendentemente fala quase sem sotaque, e... muito culto – queria encerrar logo aquela conversa – Satisfeita?
- Ele é bonito ou feio? Solteiro? Você sabe que é isto que eu quero saber. Você já está praticamente casada. Eu ainda estou na corrida. Quem sabe não aparece um cliente interessante e... Sei que você não gosta de misturar trabalho e vida pessoal, mas está cada vez mais difícil de arranjar um namorado.
- Você não tem jeito, Carol. Ele é, digamos, bastante atraente. – disse, lembrando das sensações que Stefan havia provocado nela.
- Ah, então você vai ter que apresentar a ele a sua sócia aqui, logo, logo – Carol estava excitadíssima com a perspectiva.
- Provavelmente você vai conhecê-lo durante a inauguração da galeria. Mas não se anime muito, pois não sei se ele é solteiro.
- Isso a gente descobre depois. Não viu se usava aliança?
- Não lembro – realmente ela não havia reparado nestes detalhes – Afinal eu estava a trabalho, não caçando um marido, Dona Caroline. Acho melhor terminarmos este assunto e voltar ao trabalho. Alguma novidade?
Logo, Caroline esqueceu Paole e voltou às suas atividades na agencia.

Sophia não teve coragem de ligar para desmarcar a reunião. Sua impressão era de que ele conseguiria dissuadi-la de qualquer tentativa de mudar a data do encontro. Portanto, tinha menos de três dias para preparar a exposição de suas idéias. Fez orçamentos e pesquisas sobre os melhores meios de divulgação daquele tipo de produto. Criou dois tipos de folhetos ilustrativos para mostrar a galeria de forma atrativa ao público-alvo. Falou com um amigo que trabalhava na principal rede de TV, em São Paulo, que tentaria conseguir uma entrevista com Paole.
Quando o sábado chegou, Sophia já tinha um bom material para sua campanha para promover a Galeria Paole e torná-la, futuramente, o maior atrativo dentro do meio cultural da capital paulista. Tinha certeza que Stefan ficaria satisfeito com seu trabalho. Não queria decepcioná-lo, depois de toda a confiança que ele havia depositado nela.
À tarde, começou a imaginar o que teria acontecido, pois ele ainda não ligara para combinar o local do encontro ou o horário. Começou a ficar ansiosa. Será que ele havia desistido da sua agência? Será que ela fizera alguma coisa errada durante o primeiro encontro com ele? Não conseguia imaginar o quê.
Às 19 horas, o telefone tocou. Ela estava quase pegando no sono, pois havia dormido muito mal à noite, pensando em como seria aquele reencontro. Ao colocar o fone ao ouvido, a voz rouca de Stefan deu-lhe novo ânimo.
- Senhorita Caselli?
- Sim? – não queria que ele pensasse que estava aflita pelo seu telefonema e fez que não tinha reconhecido sua voz.
- Stefan Paole. Espero que me perdoe pela demora em ligar, mas tive alguns problemas a resolver e só agora pude telefonar. Está pronta para encontrar-me?
- Ah, sim...Senhor Paole. Realmente pensei que o senhor tivesse desistido de nossos préstimos.
- De maneira alguma. Estou muito interessado ...em seus serviços – ela notou um certo sarcasmo naquela voz que a instigava do outro lado da linha.
- Então, acho que podemos marcar um novo encontro para que eu possa demonstrar-lhe minhas idéias.
- Dentro de duas horas eu passo para pegá-la em seu apartamento. Esteja pronta.
- Como? – pode ouvir o clique, indicando o término da ligação – Mas que atrevimento. Liga a esta hora e nem quer saber se tenho outro compromisso? – ela estava irritada com o autoritarismo dele, mas ao mesmo tempo excitada com a perspectiva de vê-lo novamente.
Correu para o quarto para ver mais uma vez o vestido de seda azul noite, “balonet”, que comprara pensando neste reencontro. Ele era muito chique e... sexy. Não era exatamente próprio para uma reunião de negócios. Na verdade, ele era mais apropriado para um jantar romântico, à luz de velas. “Onde eu estava com a cabeça quando comprei este vestido? Vou usá-lo quando sair com Paulo, no próximo fim-de-semana, isto sim... Vou colocar um conjunto de calça e blazer que é muito mais adequado.
Finalmente, olhou-se no espelho e achou que estava vestida de acordo com a ocasião. Lá estava uma mulher de negócios, madura, inteligente e moderna, pronta para vender um produto a um cliente. No rosto, maquiado discretamente.
Surpreendeu-se ao ouvir a campainha da porta soar. O porteiro não avisara que alguém estava subindo, o que não era comum. Talvez algum vizinho?
Olhou pelo visor da porta para tentar visualizar quem estaria ali, mas não viu ninguém. Resolveu abrir a porta. À sua frente estava Stefan Paole, irresistível e elegantemente vestido num terno escuro, de Armani ou Zegna, com os olhos mais verdes do que nunca, olhando-a com certa decepção.
- Por acaso vai a um enterro? – perguntou, olhando-a da cabeça aos pés.
Ela ficou sem ação, primeiro pela simples visão dele e, segundo, pelo seu comentário.
- Senhor Paole, estou chocada com a sua indiscrição. Estou pronta para nossa reunião de negócios.
- Desculpe-me, mas é um sábado à noite e vamos jantar no Fasano. Sua roupa não está muito adequada...Apesar de continuar linda, gostaria que colocasse algo mais conveniente. Talvez eu possa ajudá-la, se me permite.
Sem que ela permitisse, ele entrou em sua sala, com se já estivesse estado ali e dirigiu-se para o seu quarto, onde o vestido azul ainda estava pendurado num cabideiro. Sem cerimônia alguma, ele pegou o vestido e levou-o até onde ela estava parada, boquiaberta com a intimidade com que Stefan a estava tratando.
- Este vestido, por exemplo, está perfeito. Pode vesti-lo, por favor?
Vencendo a inércia diante das atitudes descabidas do senhor Paole, Sophia conseguiu falar:
- O que o senhor está pensando? Entra em minha casa, sem minha permissão, depois de criticar o modo como estou vestida, vai até meu quarto, mexe em minhas coisas...Que tipo de homem é o senhor?
Ele a olhou com expressão surpresa, para logo em seguida baixar os olhos e falar em tom de desculpas:
- Sinto muito. Espero que me perdoe. A senhorita tem razão. O que fiz é imperdoável. Desculpe se demonstrei maior intimidade do que devia – ele aparentava estar realmente sem jeito – É que tenho a sensação de que a conheço há muito tempo por isso acabo tendo atitudes de intimidade maior. Perdoe-me – disse ele devolvendo-lhe o cabide com o vestido pendurado.
Ele a olhava de um jeito tão arrependido e humilhado que ela acabou por sentir pena dele e achar que tinha sido dura demais. Talvez ele quisesse apenar ser gentil e vê-la mais adequadamente vestida para o jantar. Ele era estrangeiro, lembrou-se. Talvez em sua terra os hábitos fossem outro. Esquecera deste detalhe, pois ele praticamente não tinha sotaque algum. Além do mais, comprara aquele vestido para esta ocasião mesmo.
- Está bem, Stefan – os olhos dele apresentaram um novo brilho ao ouvi-la chama-lo pelo primeiro nome – Eu aceito suas desculpas. Apenas quero lembrar-lhe que nossos encontros são meramente por questões profissionais, que eu sou noiva e não ficaria bem meu noivo saber que meus clientes entram em nosso apartamento, em nosso quarto, para escolher a roupa que eu devo vestir para as reuniões de negócios, no sábado à noite.
Ele sorriu discretamente, com ar de um menino que havia sido pego no meio de uma travessura, fazendo-a derreter-se por dentro.
- Prometo que vou ser mais comportado de agora em diante – disse, enquanto sentava-se no sofá da sala, confortavelmente, sob o olhar de Sophia, que não conseguiu esconder um sorriso discreto – Vou ficar esperando aqui, enquanto você se arruma...Ou você prefere ir vestida assim como está? Como você preferir.
Segurando o riso, Sophia foi trocar de roupa.

- Ah! Assim está muito melhor. Está linda...para a nossa reunião de negócios. Quando me perguntarem sobre quem era a bela dama ao meu lado esta noite, poderei dizer que era a minha assessora de publicidade. Aposto que sua clientela vai aumentar rapidamente.
- Imagino o tipo de cliente que você vai me arranjar – disse Sophia, com um belo sorriso nos lábios, sentindo-se lisonjeada e feliz com a troca de vestuário. Ele afinal tinha razão. Uma publicitária como ela devia saber que a aparência também é importante também nos negócios, apesar de imaginar que não era este o intuito de Stefan.

**

Conduzida cortesmente por ele até o carro estacionado diante de seu edifício, partiram para o requintado restaurante paulista. Ela já havia estado lá com Paulo, uma vez, no dia em que ele sugeriu que fossem morar juntos. Depois de serem acomodados pelo maitre e retirados seus pedidos de jantar, Sophia fez questão de iniciar a demonstração do que conseguira nos três últimos dias para a projeção da Galeria Paole. Sob o olhar atento de Stefan, ela começou a explanar suas idéias promotoras do centro de arte. O entusiasmo dela parecia tomar conta dele também.
- Claro que tudo isto terá um custo. Um alto custo. O uso de horários nobres na TV são caríssimos.
- Isto não é problema. Apenas faça o seu orçamento e me apresente. Apreciei muito o seu entusiasmo com respeito ao meu local de trabalho. Não tinha noção do potencial para o sucesso que uma pequena galeria de arte poderia ter. Não me enganei a seu respeito, Sophia.
- Muito obrigada. Espero que consigamos atingir todos estes objetivos iniciais. Eu acredito que sim. São Paulo é um grande centro cultural no Brasil e na América Latina. Temos muito espaço para novidades neste meio. Não quero que se decepcione comigo, isto é, com meu trabalho – sentiu o rubor subir a sua face.
Ele sorriu, buscando tocar a mão de Sophia que descansava sobre a mesa, ao lado de seu prato.
- Tenho certeza de que você não me decepcionará...nunca.
Ao sentir aquele toque, Sophia retirou a mão rapidamente, como se ferro em brasa a tivesse tocado.
Ele se manteve em silêncio, que foi quebrado pela chegada do garçom trazendo uma garrafa de champagne, para surpresa de Sophia que não ouvira Stefan fazendo este pedido. Será que ficara tão entusiasmada com sua explanação que não viu seu acompanhante falando com o mâitre?
Diante da expressão dela, Stefan adiantou-se:
- Para comemorarmos nosso feliz encontro profissional e brindarmos um futuro próspero...
Elevou sua taça em direção à Sophia, que imitou seu movimento e, tocando suas taças de leve, fazendo-se ouvir o suave tilintar do cristal, falou, olhando-a com carinho indisfarçável:
- Cheers...
- Cheers – respondeu ela, sem poder fugir daquele olhar magnetizante.
Ao baixar das taças, Stephan perguntou, mantendo seu olhar fixo sobre ela:
- Conte-me um pouco sobre você...O que a levou a ser publicitária? Sua família?...
- Acho que você deve ter uma vida mais interessante que a minha. Não creio que as minhas histórias mereçam atenção.
- Tudo que se relacione a você me interessa muito...
Ao ver a expressão de contrariedade de Sophia, ele remendou sua frase:
-... Afinal quero conhecer melhor a minha promotora. Gosto de conhecer bem as pessoas com quem trabalho.
- Eu posso lhe mandar o meu currículo por e-mail, se desejar - contestou Sophia, zombeteiramente.
- Prefiro o conhecimento olho-a-olho. Não gosto destas modernidades como a Internet. Não uso computadores.
- Talvez tenha que repensar sobre isto. É um excelente meio de comunicação. Bem, o que posso lhe dizer é que terminei meu curso de Publicidade há cerca de oito anos atrás. Trabalhei em várias agências conhecidas, como a do Olivetto, por exemplo, e depois de batalhar muito, resolvi me associar com uma grande amiga, também publicitária, e fundar nossa própria agência. Isto aconteceu há três anos e, em razão de árduo trabalho e dedicação quase exclusiva, conseguimos ter o relativo sucesso que temos hoje. Mas ainda falta trilhar um longo caminho para alcançar os melhores do ramo.
- Você é muito ambiciosa. Não acha que o lado emocional também é importante?
- Você parece minha sócia falando – respondeu sorrindo – Aprendi a perseguir os meus objetivos com garras e dentes. Aprende-se isso já na faculdade. Depois somos jogados neste mercado selvagem que é São Paulo e, então, ou lutamos ou somos apenas mais um na pobre multidão, mendigando por um espaço.
- Você é muito jovem para ser tão amarga. Não acha?
- Acho que você se dará muito bem com minha sócia, a Carol. Vocês tem o mesmo discurso em relação a mim.
- E o seu noivo, também pensa assim?
- Nós somos parecidos nesta maneira de pensar. Ele também está atrás de seus objetivos profissionais, que não são humildes.
- Imaginei...
- Por quê?
- Para deixá-la sozinha num fim de semana , deve ter um bom motivo ...profissional. Tem certeza que ele está trabalhando?
- Como assim? Claro que está! – de repente ela se deu conta que estava começando a se abrir demais para aquele desconhecido e ele, por sua vez, começando a intrometer-se onde não devia.
- Desculpe-me. Não quis ser intrometido. Mas se eu fosse o seu noivo, não a deixaria só desta maneira.
- Acho melhor encerrar o nosso encontro agora. Já que você aceitou minhas idéias, preciso começar a pô-las em prática. Posso mandar um contrato na segunda-feira para que você assine. Caso discorde de algum ponto, é só entrar em contato conosco. Creio que tem o meu cartão com nossos telefones, não?
- Acalme-se. Você não pretende trabalhar ainda esta noite. Pretende? Eu estava planejando levá-la para dançar um pouco.
- O quê? Dançar? – ela estava surpresa com a nova proposta de Stefan – Não acho que isto seja adequado.
O olhar dele era por demais perturbador. Repentinamente, sentiu uma vontade enorme de estar entre seus braços e dançar com seu corpo colado ao dele. Lutava contra este desejo absurdo, quando ele se fez ouvir:
- Sophia, do que você tem medo? Vamos sair apenas como amigos. Nada demais. Faz muito tempo que não tenho uma companhia feminina para sair à noite. Por favor... Nós podemos ser amigos, não?
A voz calorosa e rouca dele penetrava na mente de Sophia, embriagando-a, quase a obrigando a ceder ao pedido dele.
- Olhe, Stefan, podemos ser amigos sim. Talvez até possamos sair para dançar...Mas em outra ocasião. Não hoje – quase mudou de idéia ao ver o rosto dele entristecer, mas manteve-se firme.
- Está bem, Sophia. Você tem razão. Vou desacelerar. Não há razão para pressa. Teremos muito tempo para nos conhecermos e sermos... amigos.
- Obrigada, Stefan.
Ele ergueu a mão, chamando a atenção do garçom e pedindo a conta. Aparentemente havia aceito bem a negativa de Sophia ao seu convite.
Deixaram o restaurante e, em poucos minutos, ela estava diante de seu prédio. Ele fez questão de descer do carro para abrir a porta.
- Pode mandar o contrato para que eu o assine na segunda feira. Vou ficar esperando. Por favor, me mantenha informado sobre os seus progressos na campanha.
- É claro...Boa noite, Stefan.
Antes que ela pudesse virar-se na direção da entrada do edifício, ele segurou sua mão e, delicadamente, pousou os lábios em seu dorso, beijando-a suavemente, provocando um tremor de prazer em Sophia.
- Boa noite – respondeu, olhando-a intimamente.
Ele esperou que ela ficasse segura, atrás dos portões de ferro de seu edifício, para dar partida no carro e desaparecer na penumbra das ruas.
Ao entrar em seu apartamento, olhou para a secretária eletrônica, na esperança de que houvesse algum recado de Paulo, que pudesse ocupar seus pensamentos com outra coisa que não fosse a imagem e a voz de Stefan. Foi até a cozinha, tomou um copo de água e resolveu ir para a cama. A noite estava abafada, quente. Vestiu uma camisola fina de algodão e deitou-se, esperando que o sono a ajudasse a esfriar a cabeça e...o desejo. Pensou em ligar para Paulo. Talvez se ouvisse a sua voz... Mas desistiu, com medo de incomodá-lo. Talvez já estivesse dormindo. Ligaria na manhã seguinte. Rolou entre os lençóis durante muito tempo. Quando estava quase pegando no sono, sentiu um perfume estranho, excitante e másculo, já seu conhecido. Teve medo de abrir os olhos. Sentiu a aproximação de alguém e sentiu-se paralisada. Não conseguia mexer um músculo. Foi ouvir seu nome, sussurrado por uma voz conhecida, que a fez estremecer. Conseguiu abrir os olhos e deparou-se com o vulto de Stefan...Dentro do seu quarto? Como era possível? Como ele entrara lá? Ele estava ao lado da cama, estendendo sua mão para ela, com um sedutor sorriso. Sophia buscou por sua voz, mas as palavras não saíam. Sua garganta petrificara. O chamado de Stefan era irresistível.
- Sophia, venha... Vamos dançar. Está uma noite perfeita para isso.
Com facilidade inesperada, ela conseguiu erguer-se do leito e elevou a mão direita na direção da mão que a chamava. Sentiu uma incandescência percorrer todo seu corpo ao sentir o toque de Stefan. Ele a ajudou a levantar-se e aproximou-se um pouco mais. Ela podia sentir o hálito quente e ofegante daquele homem. Podia sentir o desejo fluindo entre eles. Sentiu sua cintura cingida pela mão ampla e forte, puxando-a na direção do elegante vulto. Então uma sensual dança foi iniciada, mantendo seus corpos muito próximos, bem como os rostos quase colados. Apesar de não haver música, Sophia sentia-se quase flutuar, inebriada com aquela presença. Não pensava em mais nada. Apenas deixava-se levar pelo clima de sedução que pairava no ar. Logo, as mãos de Stefan deslizavam da cintura para as costas e nádegas dela. Ondas de arrepios cruzavam o íntimo de Sophia. Seu corpo preparava-se para receber aquele estranho, ansiosamente. De olhos fechados, ofereceu-lhe os lábios, sedentos por um beijo longo e apaixonado. Pode sentir o leve toque dos lábios de Stefan, seguido por sua voz a segredar:
- Não tenha pressa...Você será minha, mas ainda devemos esperar...
De repente, sua presença esvaneceu-se e apenas uma aragem de verão acariciou-a.
Abriu os olhos e constatou que estava sozinha, caída entre os travesseiros da cama. Mais um sonho... O que estava acontecendo? O dia já estava amanhecendo. Sophia deitou-se novamente, ainda sob o efeito das emoções de seu sonho.
Enquanto a Sophia fica sob o efeito das emoções de seu sonho com o Stefan, nós nos despedimos até amanhã, quando coloco a continuação desta estória.
Beijos!!

2 comentários:

  1. Nossa senhora da Galochinha to levitando em pensamentos pecaminhosos... assim vou entrar pro guiness noucateando a famosa bába do quiabo...ops...rss
    Vou me resfrecar um pouco na barra de gelo já volto...rss
    Bjkas

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  2. Mas que dupla hein... ele autoritário e ela teimosa... Não gosto de homens autoritários, prefiro os calmos, que fazem as coisas sem se exaltarem, sem tentar impor suas idéias. Mas até que ele, apesar de se fazer de valentão, é mesmo bem sedutor nas palavras, quando quer... espertinho o moço...
    Mas esse Paulo é um bolha mesmo, além de estar longe nem deixa um recadinho na secretária. Assim tb não dá pra agüentar... consideração é o mínimo que toda mulher espera em um relacionamento. Os homens se acham tão inteligentes e não conseguem se aperceber desse pequeno detalhe que é tão fundamental...
    Ai, Rô, esse olhar penetrante do Stefan é tudo de bom!!!
    Beijinhos

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