quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Voltei!

Olá a todos!!! Depois de alguns dias afastadas do meu cantinho cor-de-rosa, voltei para dar uma animada e sacudir a imaginação das minhas leitoras e amigas. Primeiro gostaria de dizer que o meu afastamento nestes dias foi, como vocês devem saber , por um motivo importante. Fui participar do 1º Encontro Nacional do Fã-Clube de Gerard Butler. Devo dizer que foi uma das maiores emoções da minha vida. Foi indescritível a alegria que senti ao abraçar minhas amigas, até então virtuais.Poder estar tão próxima, conversar pessoalmente, sentir o carinho, a vibração, o calor, enfim, toda a energia positiva destas pessoas maravilhosas. Para quem quiser ter uma idéia de como foi este encontro inesquecível e ver a nossa alegria,pode visitar os blogs das especialistas neste assunto:
http://gbutlersandicesdaly.blogspot.com (Ly)
http://gbtbs.blogspot.com (Tânia)
http://gbirresistivel.blogspot.com (Rose)

Bem, deixando a saudade (ai...e que saudade...)de lado, vou começar a postar uma estória que escrevi no ano passado e que muitas das minhas amigas já devem ter lido. Como já perceberam, aos poucos estou reunindo meus contos (meus filhos) aqui no blog. Dessa forma, para quem já leu, pode reler se tiver gostado ou recomendar para outras pessoas. Para quem não leu, fique à vontade e divirta-se.
Beijos a todos!!



O AMOR EM CENA



Actor’s Studios de Nova York. Sonho de todo aspirante a ator. Ainda não conseguia acreditar que aquilo estava lhe acontecendo de verdade. Depois de tantos estágios em escolas dramáticas do Rio e São Paulo, realizados após o término de seu curso de Arte Dramática, conseguira aquela bolsa de estudos para aperfeiçoamento de sua arte. Enviara seu currículo e alguns vídeos de seus trabalhos mais recentes e, surpreendentemente recebera a notícia de que fora aprovada para uma das duas bolsas para alunos estrangeiros. O curso era muito conhecido e recomendado para quem almejava uma carreira vitoriosa no teatro ou no cinema. Grandes atores tinham passado por seu tablado, como Al Pacino, Ellen Burstyn, Dustin Hoffmann, Sidney Poitier, entre outros. Agora era a sua vez.
Daniela conseguira alugar um espaço num dos apartamentos, próximos à escola, próprios para estudantes. Apesar de pequeno, tinha quatro minúsculos quartos, resultado de uma divisão dos dois dormitórios originais. Era próximo à escola e ela dividiria com mais três colegas, que só conhecera após a sua chegada, dois dias antes. Gary Falk era um belo rapaz, com idade próxima aos 26 anos, alto, louro, lindos olhos azuis turquesa, vindo do interior do Texas. O seu jeito lembrava muito o de Brad Pitt no início de sua carreira, no filme “Thelma e Louise”, numa versão menos cafajeste, felizmente. Mas o seu modo de caminhar e o sotaque eram muito parecidos. Era uma pessoa agradável, simpática e simples. No início, Daniela ficara um pouco relutante ao saber que teria que dividir o mesmo espaço com um homem, mas depois de conhecê-lo, achou que não teria problemas. Afinal, seu coração já tinha dono, apesar dele não saber disso.
Eve Greenmore era inglesa, mas morava há muitos anos nos Estados Unidos. Viera ainda pequena para Washington com os pais, que eram diplomatas. Sempre sonhou em ser atriz e, finalmente conseguira uma vaga no Actor’s, como aluna pagante. Ela também já terminara um curso de artes dramáticas e tinha alguma experiência em teatro. Ela não era propriamente bonita, mas era muito elegante e sensual. Suas pernas eram de dar inveja. A terceira colega era a mais jovem dos quatro. Chamava-se Lourdes Garcia e era porto-riquenha, naturalizada nos EUA, pois o pai era americano. Seu sonho era ser uma nova Jenifer Lopez. Apesar de ter 22 anos, frequentava, desde os 13 anos, cursos de teatro infantil e escolas de canto e teatro. Seu teste tinha sido tão bom que ganhara uma bolsa da escola. Segundo ela, quando adolescente, sempre fora muito magricela. Assim que foi possível, fez todas as dietas e preenchimentos cirúrgicos possíveis para poder chegar próxima à imagem cheia de curvas de J.LO com que tanto sonhava. Era surpreendente que algum cirurgião pudesse ter tido a coragem de fazer este tipo de procedimento em alguém tão jovem como Lourdes. Apesar de tudo, ela também era muito comunicativa e de uma energia contagiante. Entre todos, Daniela era a mais tímida do quarteto. Com seus 28 anos – ela se achava um pouco velha para ainda estar na escola -, ela não nascera querendo ser atriz como os outros. Esta paixão florescera juntamente com uma outra. Há alguns anos começara a acompanhar a carreira de um ator. Ao conhecer sua história de vida e o amor pela profissão percebeu que este também era o seu desejo. Ansiava pelo dia em que poderia conhecê-lo pessoalmente. Tentava não pensar muito nisso para não se decepcionar. Sabia que isto era quase impossível, visto a trajetória de sucesso crescente dele, tornando o seu acesso cada vez mais difícil. O que importava era que descobrira a vocação de sua vida, de forma inesperada, mas a tempo de torná-la possível. Sua família tinha sido contra desde o início. Achavam que Dani, como a chamavam desde pequena, tinha enlouquecido, largando um importante curso de Medicina para dedicar-se a uma carreira, no mínimo, incerta e, no máximo, sem futuro, como eles mesmos classificaram. A única pessoa que ficara ao seu lado, dando cobertura ao seu sonho, foi sua avó. Descobriu que este também tinha sido um sonho dela quando jovem. Mostrou seu álbum guardado por muitos anos, escondido em um velho baú, recheado com fotos antigas de lindas atrizes e famosos atores da década de 50-60. Dani se deu conta de que não se deixaria subjugar pela mediocridade e pelo medo em arriscar. Ia lutar por seus sonhos. Não os guardaria dentro de um baú sob sua cama. Tudo levava a crer que este seu investimento começava a render lucros. Claro que fora a avó a sua grande financiadora, pagando seus cursos e viagens, já que seus pais negaram-se a ajudá-la naquela aparente loucura. Ainda tinham esperança que ela voltasse atrás e readquirisse a razão perdida.
As aulas começariam no dia seguinte. Era final de inverno em Nova York. Já havia se inscrito em um curso de inglês para perder seu sotaque. Não pretendia voltar ao Brasil tão cedo.
Os quatro locatários acordaram cedo naquela segunda feira, tomaram seu café e saíram para o início das atividades, cada qual com seus sonhos e expectativas. Logo ao chegarem, foram recepcionados por estudantes mais antigos. Felizmente não houve trote em nenhum momento. Apenas deram as informações necessárias para que eles se localizassem dentro da escola, fornecendo boletins informativos sobre as aulas, atividades extracurriculares e espetáculos que seriam apresentados, naquela temporada, na cidade.
A escola estava localizada no centro de Manhattan, num lindo prédio antigo, provavelmente da década de 40, reformado, com a fachada toda em tijolinhos vermelhos, tendo prédios de três andares que cercavam a entrada principal, onde ficava uma escadaria que levava ao interior da escola. Ela tinha sido fundada em 1947, por Elia Kazan. No térreo tinha dois pequenos teatros para uso dos professores, alunos e, eventualmente, para apresentação de peças ao grande público. Logo no saguão principal, as paredes eram cobertas pelas fotos de antigos fundadores e diretores, bem como de alunos ilustres que por ali haviam passado.
Foram encaminhados para um dos auditórios, onde o mestre de cerimônias não eram ninguém mais do que Martin Scorcese, que fez um primoroso discurso, que deixou a todos profundamente emocionados.
O ano começara. Além das aulas teóricas, muitas práticas. Nestas, podia-se perceber a presença de olheiros que buscavam novos talentos. Lourdes queixava-se que estes estavam demorando muito a procurá-la. Os amigos a consolavam dizendo que ela estava no início do seu curso, mas que certamente teria a sua chance de ser descoberta quando chegasse a hora certa.
Logo no saguão principal, as paredes eram cobertas pelas fotos de antigos fundadores e diretores, bem como de alunos ilustres que por ali haviam passado.
Foram encaminhados para um dos auditórios, onde o mestre de cerimônias não eram ninguém mais do que Martin Scorcese, que fez um primoroso discurso, que deixou a todos profundamente emocionados.

Aquele primeiro semestre passou rapidamente. Logo chegou a semana de férias de verão. Dani optou por ficar na Big Aple. Com frequência ligava para sua avó para dar notícias de como estava se saindo. Seus três companheiros resolveram ir matar as saudades dos familiares, deixando-a sozinha no apartamento. Até ali eles estavam se dando muito bem. Conseguiram organizar-se de tal maneira que estavam mantendo o apartamento limpo e a divisão de tarefas funcionando perfeitamente, surpreendentemente. Eve era a mentora nestas questões. Ela organizara uma espécie de tabela, de acordo com as habilidades de cada um, com horários e funções definidas.
Dani aproveitou para conhecer um pouco mais de Nova York naquela semana. Certo final de manhã, já no seu penúltimo dia de férias, teve uma atordoante visão. Estava passeando por um dos nobres bairros residenciais, distraída, quando quase perde o fôlego ao ver alguém muito conhecido seu, andando de bicicleta, displicentemente, como um qualquer. Era ele! No mesmo instante, Dani ficou paralisada onde estava, a olhá-lo, sem nem ao menos notar que havia parado no meio da rua. Seus olhares se cruzaram no momento em que ela ouviu o som de uma freada brusca muito próximo a ela. O sinal abrira e por pouco não era atropelada por um motorista mais apressado. Ela, porém, só conseguia ver os movimentos dele, largando a bicicleta e avançando rapidamente em sua direção. O motorista do carro colocou a cabeça para fora da janela e começou a disparar os piores desaforos, mas calou-se ao receber o olhar zangado do homem alto e forte, vestido com uma bermuda de algodão bege e uma camisa azul clara, que correra para auxiliar a jovem à sua frente. Ela mais parecia uma viciada em vias de entrar em coma pois não conseguia mover-se do lugar em que estava.
- Ei, você está se sentindo bem? – perguntou ele, já a segurando pelo braço e forçando-a a sair do meio da rua, levando-a em direção a calçada – Está me ouvindo?
Claro que ela podia ouvi-lo, mas estava em tal estado de choque, pelo encontro imprevisto, que não conseguia falar.
Demorou alguns segundos para recuperar a voz e responder ao seu interlocutor, que a olhava intensamente, com olhos verdes preocupados.
- Eu estou bem... Não se preocupe. Foi apenas uma tontura passageira. Acho que foi o calor. Estou andando a manhã toda e não tomei nem um gole d’água todo este tempo. Está muito calor aqui... – ela tinha medo de encará-lo e deixá-lo perceber que ele a deixava perturbada e que este fora o verdadeiro motivo de sua “ausência” súbita.
- Venha comigo. Tem um mercado logo ali. Vou comprar uma água para você hidratar-se um pouco.
Ele a levou delicadamente até a porta do dito mercado, depois de pegar sua bicicleta que ainda o aguardava caída ao chão. Deixou ambas, Dani e bicicleta, paradas do lado de fora.
- Espere por mim bem aqui. Se você não melhorar, a levo a um hospital.
Ela não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Sonhara tanto em conhecê-lo. Imaginara as mais diversas maneiras, todas cercadas por muito romantismo. Agora acabara de acontecer da maneira mais infame possível. Ele certamente estava pensando que ela era uma pobre perturbada mental, sem eira nem beira, perdida por aí. Estava morrendo de vergonha.
Antes que ela pudesse responder que não precisava de ajuda, ele desapareceu no interior do mini-mercado.
Possuída por uma tremenda crise de acanhamento inexplicável, saiu correndo dali. Só conseguiu parar de correr cerca de quatro quadras depois, quando sentiu que ele não a estava seguindo. Censurou-se a si mesma, chamando-se de idiota e outros xingamentos mais severos por estar agindo daquela maneira. Porque ela simplesmente não tinha agradecido e se apresentado a ele? Seria tão mais fácil. Não entendia este seu tipo de bloqueio. No palco não apresentava nem sinal de timidez para atuar. No entanto, na sua vida pessoal, isto era uma trava constante. Não era à toa que tinha tanta dificuldade para iniciar relacionamentos.

Gerard saiu do mercado, alguns poucos minutos depois, segurando uma garrafa de água e uma lata de Coca, e surpreendeu-se ao ver que apenas sua bike estava lhe aguardando. Ficou intrigado com esta fuga inesperada. Era uma jovem bem interessante, mas talvez fosse um pouco “confusa”. Será que ela ficara com medo dele? Por que teria fugido daquela maneira? Talvez a palavra hospital a tenha amedrontado... Resolveu não pensar mais naquilo. Tomou seu refrigerante, descansando sobre sua bicicleta, encostada em um muro. Depois seguiu para seu apartamento, que ficava ali perto, pois teria um compromisso logo mais, à tarde.

Reiniciaram-se as aulas e, já na primeira semana, sua turma foi avisada de que teriam aulas práticas com a presença de atores famosos, convidados para contar suas histórias pessoais e dar algumas dicas sobre a profissão. A primeira atitude de Dani foi correr os olhos através da lista de nomes que haviam sido convocados para as audições, na esperança de encontrar o nome de seu “amigo”. Infelizmente ele não estava lá. Talvez fosse melhor assim, depois do fiasco do seu primeiro encontro.
Colin Farrel havia sido convidado para a audição daquela quarta-feira. Havia uma excitação entre as mulheres da escola.
- E então, Dani. Será que ele é tão bonito como parece nas fotos?
- Olha, Eve...Sinceramente, ele não faz meu tipo. Portanto não estou muito preocupada com estes detalhes. Admiro muito o trabalho dele, mas confesso que achei um horror a sua performance em “Alexandre”. Ele deveria escolher melhor os seus papéis.
- É, neste ponto você tem razão, mas que ele é um gato, isso não tem como negar.
Eve resolveu não comentar mais nada depois de receber o olhar de tédio de Dani.
Saíram cedo de casa, antes de Lourdes e Gary. Elas desconfiavam que os dois estavam começando a ter um affair e que haviam dormido juntos naquela noite. Não quiseram ser intrometidas, chamando-os para ir à escola muito antes do horário.
Ao chegarem lá, Dani foi pegar uma garrafa de água, pois não tomara café da manhã e estava com muita sede. O calor prometia ser intenso aquele dia. Sabia que o ar do teatro, onde seria a audição, estava quebrado. Assim, resolveu prevenir-se quanto à sede. Quando entrou no auditório, a maioria dos seus colegas já estavam presentes e o convidado já se encontrava sentado junto ao seu professor, conversando animadamente.
Estremeceu ao perceber que o convidado não era Colin Farrel, como programado, mas sim o mesmo homem que deixara sua bicicleta de lado para ajudá-la antes do final de suas férias. Gerard Butler. Pensou em voltar atrás e sair pela mesma porta por onde entrara. Porém, a voz de seu professor soou alto, fazendo-a voltar a realidade.
- Senhorita Daniela, que ótimo que chegou. Gostaria que sentasse nesta primeira fileira de cadeiras, onde eu possa vê-la.
Dani estranhou aquela ordem. Steve costumava tratá-la muito bem e sabia que ele a admirava pelo seu desempenho nas aulas práticas. Não entendia o porquê de querer vê-la tão próxima ao palco. Acabou por ser obrigada a obedecê-lo para não chamar tanto a atenção. Rezava para que Gerard não a reconhecesse. Este receio concretizou-se no momento em que viu um leve sorriso brotando de seus lábios, enquanto ele a analisava por inteiro. Sentiu um calor subindo até seu rosto. Devia estar parecendo ridiculamente tímida. E estava mesmo, o que era pior. Continuou descendo pela lateral das cadeiras, até chegar a primeira fileira e sentar-se na ponta próxima à parede do teatro, que era o lugar mais longe de seu curioso observador.
Steve começou a fazer uma espécie de entrevista com Gerard, que a tudo respondia simpaticamente. Dani parecia conhecer cada uma das respostas, tanto ela havia devorado todas as informações sobre aquele homem. Conhecia detalhes da vida dele, que muitos nunca tinham ouvido falar. O susto começou a ser substituído pela admiração. Ele correspondia a todas suas expectativas. De vez em quando ele lhe lançava um olhar de esguelha, o que a deixava encabulada.
As perguntas da platéia começaram a ser lançadas. A curiosidade era grande sobre como ele vinha conseguindo um sucesso cada vez maior e de como encarava este crescente reconhecimento. O clima entre os presentes era de descontração. Gerard tinha esta capacidade de tornar tudo mais agradável... Muito mais.
Quando as perguntas acabaram, Steve perguntou se ele poderia assistir a uma pequena apresentação e dar sua opinião sobre os atores participantes.
- Claro! Vai ser um prazer.
- Dani e Roger. Por favor! Venham até aqui e representem aquela cena de “A Megera Domada” que vocês apresentaram no final do último semestre. Ainda lembram, não? Podem improvisar. Ficará ainda melhor.
Quando ele fez este pedido, tanto Dani quanto Roger olharam-se atônitos, imaginando como fariam.
- Venham! Tenho certeza de que se sairão muito bem – animou-os Steve, fazendo gestos para que eles subissem ao palco – Vamos descer, Gerry? Eles vão precisar de espaço.
Dani notou o sorriso e o olhar de Gerard. Ela temia que sua timidez diante dele prejudicasse sua apresentação. O pedido de Steve era uma surpresa. Por que ele estava fazendo aquilo? Ainda estava ruborizada ao subir no palco e cruzar com Steve e seu convidado especial. Tinha que tentar esquecer a sua presença e concentrar-se nas falas de seu colega. Roger era um homem robusto, mas elegante, de traços másculos e um lindo sorriso, além de bom ator. Tinha muitas “admiradoras” e era muito apropriado para o papel de Petrucchio. Representariam o final da cena 1 do segundo ato, onde Catarina e Petrucchio trocavam farpas ao se conhecerem. Ambos agradeceram intimamente por terem ensaiado tantas vezes aquela apresentação, o que lhes valeu uma nota alta no final do semestre, que não teriam dificuldade em lembrar todas as falas e marcações.
A apresentação teve início alguns minutos depois de Dani e Roger trocarem alguns detalhes entre si. Era uma cena bastante engraçada e instigante, que arrancou aplausos de todos quando chegou ao fim. Gerard parecia entusiasmado, pois aplaudiu calorosamente.
- E, então, Gerry? O que achou de nossos alunos? – perguntou Steve, todo orgulhoso.
- Acho que virei tomar umas aulas aqui com vocês... – disse com olhar maroto – Vocês estavam excelentes. Parabéns! – desta vez seu olhar passou por Roger e fixou-se em Dani.
Ela, por sua vez, suspirava aliviada por ter conseguido, mais uma vez, desempenhado bem o seu papel, sem deixar que a presença de Gerard a intimidasse.
Feitos mais alguns comentários e elogios à dupla, Steve encerrou a manhã, agradecendo a Gerard por sua vinda de última hora, no lugar de Collin, e que, certamente, aquele seria o primeiro de vários outros convites para retornar àquela escola.
Quando Dani se preparava para sair junto com seus colegas, Steve a chamou mais uma vez.
- Daniela! Por favor, aguarde um pouco. Queremos lhe falar em particular – ordenou, em voz baixa. Ela voltou a sentar-se, enquanto aguardavam que a platéia se esvaziasse. Ficou apreensiva, curiosa por saber qual o assunto e a utilização do plural na última frase de Steve. Observou-os descendo a pequena escada que descia ao palco, evitando o olhar de Gerard, que podia sentir queimando-lhe a pele e atiçando todos os seus sentidos.
- Dani, o Gerry está procurando novos talentos para colocar no novo filme que a sua produtora vai realizar em breve. Por isso pedi que você fizesse esta apresentação, pois a considero uma de minhas melhores alunas.
- Muito obrigada, Steve. Não sei se mereço tanto – respondeu Daniela, sentindo o calor subir ao rosto – E acredito que tenho colegas mais talentosos que eu para participar deste projeto do sr. Butler.
- Aproveitei minha vinda até aqui exatamente para isso. E creio que Steve está mais do que capacitado para escolher a pessoa mais talentosa para encarnar a personagem de nosso filme – interferiu imediatamente Gerry – Agora, eu gostaria de conversar um pouco com a senhorita, para que pudéssemos nos conhecer melhor.
- Daniela, acho que esta é uma oportunidade de iniciar uma carreira, aqui no nosso país, que você não pode desperdiçar – aconselhou Steve – Vou deixá-los para que possam se entender.
Assim que seu orientador saiu, ouviu a voz rouca de Gerry dizendo-lhe:
- Você já tem compromisso para a hora do almoço ou vai sair correndo de novo?
- Então é isso? Você só quer indagar a respeito do meu comportamento naquele dia? – falou indignada, com a voz tremula.
- Não! É claro que não. Tudo que Steve falou é correto. Eu não sabia que ia reencontrá-la hoje.
- Desculpe... Claro que não sabia... Me perdoe. É que você me deixa nervosa – falou e ao mesmo tempo arrependeu-se por ter dado esta deixa para ele.
- Eu a deixo nervosa? Por quê? – ele parecia surpreso com sua afirmação.
Como ele notasse que ela estava em vias de paralisar novamente, reagiu dizendo:
- Olhe, que tal se a gente fosse almoçar e conversasse um pouco? – perguntou em tom simpático, mostrando aquele sorriso que sempre a deixava inebriada ao ver as fotos dele.
Convencida pelo olhar terno e pela visão daquela boca sorridente, dirigindo-se a ela, resolveu aceitar o convite. “Eu serei uma completa idiota se não aceitar um pedido destes”, pensou, sentindo que os movimentos voltavam ao seu corpo.
- Está bem. Talvez a gente precise conversar mesmo. Você deve estar achando que sou louca ou débil mental.
- Não, eu não estou pensando nada disso... – disse ele, olhando-a docemente.
Imediatamente, ofereceu-lhe o braço, o qual ela aceitou com um sorriso tímido. Saíram do prédio sob os olhares de alguns alunos curiosos.
- Você tem alguma preferência? – perguntou Gerry.
- Preferência? – questionou-o sem saber ao certo a que ele se referia.
- Quanto ao almoço...Você gosta de comida natural?
- Ah! Claro! Adoro. Conheço um restaurante bem simpático aqui perto. Isto é, se você não se importar com um ambiente simples.
- Você me julga como algum esnobe? Já passei muito trabalho para chegar onde cheguei e não deixo de lembrar disso a cada minuto. É o que me impulsiona para meus objetivos.
- Desculpe... Não quis ofendê-lo...
- Vamos lá! Estou morrendo de fome – cortou-a em suas explicações, fazendo uma cara de esfomeado que conseguiu arrancar uma risada dela.
Enquanto aguardavam seus pedidos, já sentados numa das mesas colocadas na rua, sob um agradável guarda-sol verde limão, Gerry retomou a conversa.
- Bem, vamos aos negócios... Como o Steve falou, estou procurando novos talentos para colocar nos filmes de nossa produtora, em papéis menores, é claro, mas que dêem chance a estes novos atores de mostrarem sua capacidade de atuar. Sei como isto é importante no início da carreira. Gostei muito quando surgiu o convite para participar do debate de hoje. Confesso que a idéia de assistir a uma pequena encenação, com alunos escolhidos por Steve, foi minha. Ele prontamente aceitou meu pedido, como uma forma de desculpar-se por ter feito este convite de última hora para tapar o furo do Collin. Mas acredito que também tenha gostado de poder dar uma chance a você e ao Roger. Acho que ele também terá uma oportunidade de atuar em nossos filmes.
- E porque você só está falando comigo? Ele poderia ter vindo almoçar conosco – falou, desconfiada.
- É porque estou tentando conquistá-la... - falou com voz melosa e sensual. Ficou fitando-a por um longo tempo, vendo a face de Dani corar-se de todos os tons de vermelho, até que explodiu numa gargalhada, para espanto dela – Daniela, acho que não tem sentido conversar com vocês dois juntos. Já pedi para o Steve marcar um encontro meu com Roger. Além disso, queria entender o nosso encontro do outro dia.
- Por um momento, pensei que...
- Não se preocupe. Não me passou pela cabeça esta possibilidade – disse ele mentirosamente.
“Que pena...”, pensou Dani.
- Ainda bem...Fico mais tranqüila – disfarçou.
- Então, continuando nossa conversa profissional, quero saber quando você pode ir a Los Angeles fazer os teste de câmera e atuação para o nosso diretor?
- Já ?
- Claro! Você pensou que eu estava brincando? Isto é sério. Não temos muito tempo. O filme para o qual estou te convidando deve começar a ser filmado em dois ou três meses. Tivemos uns problemas com troca de diretor e alguns atores principais, mas agora já está tudo resolvido.
- Acho que posso pedir um afastamento temporário do curso para poder fazer os testes. Para quando seria?
- Estava pensando em levá-la para Los Angeles neste final de semana. O que acha?
Daniela sentiu o chão faltar sob seus pés, mas tentou disfarçar da melhor maneira possível.
- Neste fim de semana? Com você?
- Sim. Porque não? Você não teria despesa alguma. Nem de transporte nem de hospedagem.
Ela ficou pensativa por alguns instantes, até que conseguiu articular-se.
- Se é assim, eu aceito. Não tenho muito que pensar, não? Se eu recusar, é capaz de Steve me tirar do curso e me internar numa clínica psiquiátrica – disse sorrindo, sem conseguir encará-lo nos olhos.
- Ótimo! Agora você vai me contar o que aconteceu naquele nosso primeiro encontro – falou ele mais seriamente, fitando-a intensamente com olhos interessados, que pareciam ainda mais verdes sob o reflexo do guarda-sol.
- Não houve nada, como eu disse antes. Eu me senti mal, pois não tinha tomado café naquela manhã e nem tomado líquido algum. Me senti tonta e acabei parando no meio da rua. Foi quando você apareceu.
- E por que a fuga depois?
- Acho que fiquei envergonhada. Eu o reconheci e...Bateu uma crise de timidez . Logo depois me arrependi, mas já era tarde demais para voltar atrás.
Ele pareceu conformado com sua resposta, pois deu um meio sorriso e chamou o atendente do restaurante para pedir mais uma Coca.
- E agora? Já perdeu a vergonha ou o medo? – falou arqueando a sobrancelha esquerda e dando uma leve entortadinha no canto esquerdo do lábio, o que o deixou muito sexy.
- Quase... - respondeu, conseguindo olhá-lo nos olhos, sem corar, sorrindo timidamente.
Neste momento, uma voz masculina gritou seu nome:
- Dani!
Gerry e ela viraram-se para ver quem era, apesar de Dani já ter reconhecido aquele sotaque texano.
Gary praticamente jogou-se sobre ela, dando-lhe um beijo na boca completamente inesperado, que deixou-a sem reação.
- Que bom que te encontrei! Precisamos conversar. Ah, desculpe! Não queria atrapalhar a sua conversa. É o senhor Butler, não?
- Sim. E você, quem é?
- Eu moro com a Dani. Foi um prazer conhecê-lo. Querida, a gente se encontra à noite em casa para conversar.
Dando-lhe outro beijo, agora no rosto, saiu tão rápido como havia chegado.
Gerry a olhou como se esperasse uma explicação da parte dela.
- É seu namorado?
- Não... Nós moramos no mesmo apartamento...Não sei o que deu nele... - disse ainda atordoada, olhando, a procura de algum rastro de Gary. Ela não tinha entendido nada. Sabia que ele era carinhoso com suas companheiras de apartamento, mas nunca fora tão “intenso”.
- Ah! Vocês moram juntos... Que legal... – disse Gerry, parecendo um pouco desanimado.
Dani só pensava em esganar Gary quando chegasse em casa, mas por outro lado gostou do olhar surpreso de Gerard após o beijo inusitado. Resolveu não dar mais explicações e também não foi mais questionada por conta deste fato.
Conversaram sobre mais alguns temas superficiais enquanto terminavam o almoço,
- Me deixe o seu telefone para que eu possa entrar em contato sobre a nossa viagem. Devemos partir no sábado à noite. Tudo bem?
- Tudo bem – ela queria beliscar-se enquanto ele falava.
- Vou lhe deixar o número de meu celular para o caso de você ter algum imprevisto.
Após a troca de telefones, Gerry olhou para seu relógio e fez cara de quem tinha um compromisso logo mais.
- Bem preciso ir. Quer que eu a acompanhe até o “Actor’s”?
- Não, claro que não... Imagina. Fico esperando o seu telefonema.
Despediram-se com um abraço e um beijinho no rosto diante do restaurante.


Até amanhã!

Um comentário:

  1. Adorei está muito legal essa tua fic...
    eu ainda não a conheçia...
    vou pro próximo cap agora...
    bjos!!!!

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