quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O Amor em Cena - continuação

Ao vê-lo ir embora, sem nem ao menos olhar para trás, sentiu que tinha sido uma boba pensando que ele poderia ter algum outro tipo de interesse por ela, como pensara no início, baseada em alguns olhares que ele lhe lançara e que ela, imbecilmente tímida, se desviara.
Talvez fosse melhor assim. Já que teriam de passar algum tempo juntos, que fosse como profissionais. Ele a considerava apenas uma futura colega de trabalho. Nada mais que isso. Ela também deveria pensar nele como tal... Apesar disto ser muito difícil, teria que guardar seu segredo para que isso não interferisse em sua carreira. Tinha que ser mais madura e deixar de lado estas crises de fã enlouquecida. Ele era apenas um produtor interessado no seu trabalho...
Cabisbaixa e tentando reprimir todo o seu desejo por Gerry, voltou para o “Actor’s Studio”. Tinha que agradecer a Steve pela oportunidade e contar-lhe como tinha sido a conversa com seu futuro empregador.

- Gary! O que foi aquela sua aparição no restaurante na hora do almoço? Porque você fez aquilo? – perguntou Dani, ainda indignada com sua atitude, quando o encontrou à noite no apartamento.
- Aquilo o quê?
- Como o quê? Você nunca tinha me dado um beijo daqueles, ainda mais em público.
- Beijo? Que beijo? – agora era a vez de Lourdes ficar enfurecida – Ele lhe deu um beijo na rua? Gary, seu, seu...
- Calma, meninas! Eu posso explicar... – pedia a atenção delas, acuado como um condenado frente ao pelotão de fuzilamento.
- É bom mesmo ter uma explicação agora mesmo! – esbravejava Lourdes.
- Olhe, Dani. Quando eu vi você e aquele sujeito no restaurante, achei que talvez ele pudesse estar sendo inconveniente, por isso agi daquela forma... para impor respeito, entende?
- Não, não entendo – respondeu Dani, tentando entender o motivo do amigo.
- Também não estou entendendo – retrucou Lourdes.
- Ah, amorzinho, você não viu o olhar de lobo faminto que o sujeito estava fazendo para a Dani.
- Olhar de lobo faminto? De onde você tirou esta bobagem, Gary? – Dani, apesar de tudo, começava a gostar do andamento da conversa.
- Eu estava observando vocês de longe algum tempo. Vi que você, prá variar, estava toda tímida, mal conseguindo encará-lo. Enquanto isso, ele a estava devorando com os olhos. Olha, Dani, eu já ouvi falar neste Gerard Butler e a fama deste sujeito em relação às mulheres não é muito boa. È melhor você tomar cuidado. Aliás, o que vocês estavam conversando? – de repente, Gary deu-se conta que nem sabia o que estava acontecendo entre os dois.
- Bom, Gary, talvez, tenha sido bom você chegar naquela hora... Tenho uma novidade para vocês. Talvez eu seja contratada para fazer um filme da produtora de Gerard Butler! Acreditam nisso? Ele assistiu a minha representação hoje com o Roger e ficou entusiasmado com a minha atuação e disse que tem trabalho para mim. Mal posso acreditar...
- Sério? – festejou Eve, que estava sentada no sofá da sala, estudando um texto e aparentemente ausente de toda a conversa frenética dos companheiros até o momento – Que maravilha, Dani!
- Puxa, Dani, desculpe ter interrompido vocês daquele jeito. Espero não ter estragado tudo. Não parecia uma reunião de negócios...
- Não se preocupe, Gary. Talvez seja bom eu manter alguma seriedade neste momento. Não quero que qualquer sentimento bobo estrague um provável início de carreira
em Hollywood.
- Exatamente como foi este beijo, Gary, que você deu na Dani – Lourdes continuava preocupada com aquilo, denunciando o seu namoro, até então secreto, com Gary.
- Benzinho, não foi igual aos que eu te dou...
- Então vocês, hein?– falou Eve, com voz de represália – Escondendo este namorico das amigas, não?
- Não sei se ainda é um namorico. Depois de hoje... - disse Lourdes, meio que choramingando.
- Eu vou te mostrar o namorico agora... – disse Gary, já se jogando na direção da garota, pegando-a no colo e levando-a para o seu quarto.
- Vão com calma, crianças! Observem o respeito aqui dentro desta casa – gritou Eve.
- Sim, mamãe! – caçoou Gary, antes de trancar a porta de seu quarto e arrancar gritinhos de Lourdes.
- Este apartamento está começando a ficar muito promíscuo para o meu gosto.
- Ah, Eve, deixa eles. Estão apaixonados – disse Dani, tentando apaziguar o ânimo da amiga.
- Mas, me conte mais, Dani. Como foi este almoço com o senhor Butler? O que ele exatamente falou?
- Ah, Eve, ele pediu-me para fazer um teste lá em Los Angeles, com o seu diretor. Estou indo para lá com ele no sábado à noite.
- Assim, tão fácil? Mas que maravilha! Conta mais, conta mais!
Dani passou a contar como acontecera tudo, nos mínimos detalhes.
-Você realmente não pode deixar esta chance escapar. Mas se cuide. Não deixa ele te enrolar e fazer tudo não passar de um programa.
Dani ficou pensando nesta última frase de Eve. Apesar de sentir que o convite dele era realmente por seu talento, tinha medo de não resistir se ele tentasse algum outro tipo de investida. Nenhum de seus amigos sabia desta sua paixão secreta por ele. Talvez fosse melhor não pensar mais nisso. O mais provável era que ele não tivesse qualquer outro interesse nela. “Imagina, se com todas aquelas mulheres lindas dando em cima dele, ele ia querer alguma coisa comigo...”, pensava, tentando resfriar o seu desejo real.

A semana transcorreu normalmente, menos para Dani, que não conseguia pensar em outra coisa que não fosse a sua viagem, que estava cada vez mais próxima. Cada vez que seu celular tocava, seu coração disparava só de pensar que poderia ser ele do outro lado do fone.
Finalmente na sexta-feira à tarde, ao atender ao telefone, reconheceu aquela voz que aquecia sua alma cada vez que a ouvia.
- Daniela?
- Sim?
- Sou eu, Gerry – falou como se fosse possível ela não saber quem era.
- Claro! Tudo bem?
- Eu é que pergunto. Pronta para a viagem?
- Sim. É só dizer a hora e o local que estarei lá.
- Não se preocupe. Vou mandar buscá-la amanhã às 17 horas. Nos encontramos no Aeroporto.
- Está bem...
- Qual o seu endereço?
Daniela não conseguia conter o tremor na voz ao dizer a rua e os números de seu apartamento.
- Já anotei... Então... Nos vemos amanhã.
- Está certo... – ela não conseguia pensar em nada para dizer-lhe. Parecia que tinha emburrecido. Sua mente estava paralisada...
- Até amanhã, então... Um abraço – e a ligação foi bruscamente cortada, antes que ela pudesse dizer “até amanhã”.
Sentia-se como uma completa abobada.
Foi difícil dormir naquela noite. Sua mala já estava pronta há dois dias, mas sempre achava que tinha esquecido de alguma coisa. Estava sozinha em casa, pois todos os outros locatários haviam arranjado algum programa para fazer. Eve começara a sair com Steve. Uma grata surpresa. Jamais se poderia supor esta relação, mas parecia que ela estava bem empolgada com o encontro com seu professor. Segundo ela, eles tinham “muitas coisas em comum”. Gary e Lourdes tinham planos de assistir a uma nova peça de teatro no centro e cair na balada logo depois.
No silêncio do apartamento, o que era uma coisa rara, ficou pensando nos últimos acontecimentos. Claro que imaginara inúmeras vezes encontrá-lo, atuar com ele... Mas nunca pensou que um dia isto pudesse tornar-se realidade.
Quando o sono finalmente tomava conta de seus pensamentos, foi assustada pelo barulho da porta da frente, abrindo-se com estardalhaço, seguido por risadas. Era Gary e Lourdes que voltavam para casa. O que teria havido com Eve? Pensou que ela voltaria antes do casal de namorados. Pelo jeito, o jantar com Steve tinha sido ampliado...
Depois de mais alguns risos abafados e gemidos, ouviu-se o bater da porta de um dos quartos e o silêncio voltou a reinar. Este silêncio era graças a um dos antigos moradores que, provavelmente cansado da falta de privacidade auditiva, forrou todas as paredes do apartamento com um tipo de protetor acústico. Assim, Dani pode voltar ao seu descanso, sem ser incomodada pelos sons de sexo selvagem que estava se realizando no quarto vizinho.
Quando Eve chegou já era dia. Foi direto para o seu quarto. Daniela já estava acordada, pois tivera um pesadelo, onde Gerry tinha aparecido brigando com ela, chamando-a de louca e dizendo que não teria mais teste algum, pois havia descoberto que ela era casada com seu grande inimigo. “Que sonho mais maluco, credo!”, pensou ao levantar-se e rumar à cozinha para beber um pouco de água. Foi quando passou pelo corredor em frente ao quarto de Eve e pensou ter ouvido um choro. Bateu de leve e não esperou resposta, adentrando para ver o que estava acontecendo. Encontrou a amiga atirada na cama, ainda de roupa, chorando baixinho.
- O que houve, Eve? Porque você está chorando?
- Não quero falar sobre isto – respondeu com a voz abafada pelos travesseiros onde a cabeça estava enterrada.
- Está bem. Não vou insistir. Vou estar lá na cozinha se precisar de mim – apesar da curiosidade e certa preocupação pela amiga, virou as costas e fechou a porta sem barulho.
Poucos minutos depois, ouviu o movimento do quarto para o banheiro e o som de água do chuveiro. Em mais alguns minutos, Eve surgiu na porta da cozinha, com a cara inchada, cabelos escorridos, vestida com seu roupão azul bebê.
- Venha, querida. Sente-se aqui no nosso salão de café e conte o que houve para a tia Dani.
Falando isso, conseguiu tirar um tênue sorriso da boca de Eve.
- Ai, Dani, nem brinca. Minha noite foi péssima.
- Não me diga que o Steve é, na verdade, um tarado sexual sado masoquista.
- Antes fosse...
- Como assim?
- Coitado do Steve. Ele é um doce de pessoa... Não! Ele não é gay! Se é isso que você está pensando – disse ela imediatamente ao ver a cara de espanto de Daniela pelo seu comentário – Ele é um gentleman.
- Mas, então o que aconteceu, santa criatura, que a deixou neste estado. Foi porque ele não tentou nada? – falou Daniela em tom irônico.
- Será que eu posso falar?
- Você está me assustando, Eve.. Está bem, desculpe. Conte, por favor.
Eve sentou-se na cadeira diante de Dani e começou seu relato.
- Ai, Dani. A noite estava sendo maravilhosa. Fomos jantar num pub novo, perto da Broadway, onde se tinha a apresentação de uma nova banda de jazz. Conversamos sobre tantas coisas, que perdemos a noção da hora. Ele é um encanto. Descobrimos tantas coisas em comum.
- Mas, então... O que deu errado?
- Saímos bem tarde de lá. Steve tinha resolvido deixar o carro num beco próximo ao restaurante, num lugar bem movimentado. Só que quando voltamos, o movimento era nenhum. Quando nos preparávamos para entrar no carro, surgiram dois sujeitos mal encarados e armados, dizendo que devíamos entregar tudo que tínhamos de valor e as chaves do carro. Foi horrível!
- Eve... Que horror!
- Pois é... Steve ficou indignado quando um deles arrancou meu colar de cristal e reagiu. Acabou por apanhar dos dois.
- Meu Deus! Mas e aí?
- Por sorte, eles ficaram assustados quando ouviram uma sirene e saíram correndo, levando minha bolsa, meu colar, a carteira e o relógio de Steve e as chaves do carro.
- Levaram o carro também?
- Não. Acho que se assustaram e esqueceram que estavam com as chaves.
- E a sirene? Era a polícia?
- Sim. Eles estavam fazendo a ronda, quando viram a movimentação no beco e resolveram verificar o que estava acontecendo.
- O Steve ficou muito ferido?
- Ele ficou um pouco dolorido e teve um corte no lábio e outro na sobrancelha esquerda.
- Pelo menos, não aconteceu nada mais grave. Eles podiam ter matado vocês... Que coisa horrível, Eve – Daniela não conseguia esconder o horror na sua expressão. Nunca tivera uma experiência como esta nem ninguém conhecido que sofrera algo semelhante. E olha que ela morava no Rio de Janeiro – Desculpe por ter brincado com você antes. Nunca imaginei que vocês pudessem ter sido assaltados. Sempre me senti tão segura aqui em Nova York.
- Eu também me sentia... Só sei, que acabei a minha noitada em uma delegacia, dando depoimentos até o dia amanhecer – logo depois de terminar a frase , o choro recomeçou.
- Calma, querida – Daniela tentava confortar Eve – Podia ter sido pior.
- Eu não tenho sorte com ninguém. Quando penso que achei alguém interessante, acontece uma tragédia destas. Ele nunca mais vai querer olhar para mim.
- Quem disse isso. Por acaso você está se culpando pelo que aconteceu?
- Estas coisas só acontecem comigo – continuava maldizendo-se em meio às lágrimas.
- Eve, acho que você está cansada. Precisa descansar. Depois de algumas horas de sono você vai ver tudo diferente. Vai ligar para o Steve e saber como ele está. Oferecer-se para cuidar dele...
O choro de Eve foi parando e ela olhou para Daniela, como se esta tivesse tido uma grande idéia.
- Talvez você tenha razão, Dani...
- Claro. Você pode converter esta “tragédia” em seu benefício. Aí, você cuida dele, conversam um pouco mais, aproveita para conhecer o apartamento dele... – disse, piscando o olho.
- Dani, sua safadinha. E você é que tem a fama de tímida - disse Eve já começando a abrir um sorriso – Você é ótima. Vou seguir os seus conselhos.
- Isso mesmo. Vá descansar e, perto do meio dia, ligue para ele, pergunte como ele está, ofereça-se para levar o almoço... Entendeu? – piscou o olho novamente.
Uma Eve mais parecida com a mulher confiante de sempre se levantou e dirigiu-se para o quarto.

Até o momento de sair para o Aeroporto, Eve ainda não tinha retornado do apartamento de Steve. Dani imaginou que tudo devia estar correndo bem, conforme seus planos. Nunca imaginara que Eve pudesse ser também insegura a respeito de suas relações. De repente, ela, a maior insegura de todas, dando conselhos para Eve, a senhora-razão. Torcia para que tudo desse certo entre ela e Steve.
Na hora combinada, um carro com motorista estacionou na porta de seu prédio. Ela já o esperava juntamente com as bagagens. Foi levada diretamente para o Aeroporto. Lá, o motorista entregou-lhe a passagem e ajudou-a a despachar as malas. Segundo ele eram ordens da secretária do senhor Butler. Ficou aguardando no saguão do aeroporto, até que foi iniciado o embarque. Estava começando a ficar preocupada, pois ainda não o tinha visto.
Resolveu esperar mais um pouco. Foi quando ele surgiu correndo, com um grande sorriso nos lábios, vestindo simplesmente um jeans e uma camiseta branca, pedindo desculpas pelo seu atraso.
- Obrigado por me esperar. Vamos logo, senão perderemos nosso vôo – disse lançando seu braço sobre seus ombros e forçando-a a caminhar rapidamente na direção do corredor de embarque, para o avião.
Foram levados para sentar na primeira classe.
- Animada?
- Muito.
- O seu teste já está marcado para a segunda feira.
- Puxa, senhor Butler, nem sei o que dizer. Isto tudo está parecendo um sonho.
- Senhor Butler?? Pensei que já tínhamos pulado esta fase.
- Desculpe... Gerard.
- Gostei do modo como meu nome soou na sua voz e de sua pronúncia... – disse, olhando-a de um jeito bastante sedutor – Pode me chamar assim ou de Gerry. Como você preferir.
Sentaram-se, numa das vinte poltronas que havia na ampla 1ª classe da American Airlines, lado a lado. Poucas pessoas estavam viajando naquela ala do avião, naquele dia. Apenas mais seis poltronas foram ocupadas.
Logo, a aeromoça veio recebê-los e orientá-los sobre como era o funcionamento das poltronas e do serviço de bordo no local. Gerry apenas sorria para a bela moça uniformizada, que não cansava de enviar olhares mais que profissionais para ele, deixando Daniela perturbada com o assédio visível da funcionária da AA. “Que cara de pau!”, pensou ela.
- Você está bem? – perguntou ele, em vista dos inúmeros suspiros inconscientes que Daniela já exalara desde que se acomodara em seu assento.
- Sim... Por quê? – respondeu e retorquiu curiosa com a pergunta.
- Nunca tinha visto ninguém tão suspirosa antes de uma decolagem. Tem certeza que não tem medo de voar?
- Claro que não tenho medo de avião, se é isso que você quis dizer – disse, sentindo-se corar ao perceber que estava deixando transparecer a sua agitação – Talvez eu esteja um pouco ansiosa com o teste de segunda feira – tentou disfarçar.
- Eu sei como é isso. Já passei por isso várias vezes e devo dizer, que ainda sinto, às vésperas de algum teste para um filme que quero muito fazer – tentou acalmá-la, colocando a sua mão quente e pesada sobre a mão fria e tensa de Daniela, que segurava o braço da cadeira como se pudesse cair dali a qualquer momento. Isto a fez estremecer e arrepiar-se.
Se ele notou mais estes sintomas de “aflição”, resolveu não comentar mais. Apenas dirigiu-se à comissária flertadora e solicitou um cobertor extra, que entregou à Dani assim que o recebeu. Ela estava nervosa demais para comentar o oferecimento.
O vôo deveria durar em torno de seis horas. Logo estavam nas alturas. No caso de Dani, este fato era muito mais do que físico.
- Você gosta de ler durante o vôo?
- Gosto. É bom para passar o tempo.
- Então, tente ler isto aqui – disse, enquanto lhe entregava uma espécie de polígrafo.
- O que é? – perguntou curiosa.
- É o roteiro do filme para o qual você vai fazer o teste. As partes grifadas em vermelho são as suas falas. São poucas, mas, dependendo de como forem ditas, podem ter um grande impacto no espectador.
Dani recebeu o texto com grande interesse e imediatamente começou a devorar as palavras impressas. Nem chegou a perceber o sorriso de prazer que Gerry esboçou ao vê-la tão interessada no script.
Após o jantar, ela voltou a sua leitura, mas não demorou muito, o sono acabou por vencê-la. Não dormira muito na noite anterior e só se mantinha acordada pela excitação do momento.

Ao acordar, notou que estava completamente deitada e coberta por sua manta. O texto que estava lendo estava no escaninho diante de sua poltrona. Olhou para o lado e viu Gerry dormindo tranqüilamente, com o rosto virado em sua direção. Ela sentiu um tremor percorrer-lhe o corpo ao pensar que estava acordando ao lado de seu amor. Fechou os olhos novamente e sentiu um sorriso aflorando-lhe os lábios. Quando saiu de seu devaneio e abriu os olhos, chocou-se com o olhar esverdeado de Gerry, que a fitava imóvel.
- Bom dia... – sua voz, mais rouca que nunca, a envolveu em agradável calor.
- Bom dia...
Quando conseguiu desviar daquele olhar, pigarreou e disse subitamente:
- Vou aproveitar o pouco movimento e me lavar.
Dizendo isso, levantou-se da poltrona e dirigiu-se rapidamente para o toalete da cabine.
Ao sair, quase esbarrou em Gerry que esperava sua vez de pé, em frente à porta.
Tocaram-se de leve por alguns segundos, devido ao pouco espaço de circulação, antes dele fechar a porta atrás de si.
Cerca de 30 minutos mais tarde, estavam pousando na cidade de Los Angeles.
Já eram aguardados por um motorista que os ajudou com as malas e os levou até a frente de um simpático hotel em West Hollywood, o The London.
Gerry desceu do carro e fez questão de ajudá-la com a pouca bagagem. Certificou-se da reserva e só despediu-se dela depois de vê-la entrando no elevador rumo ao seu apartamento. Ele ficou de telefonar para combinarem um encontro.
Sozinha em sua suíte, que era deslumbrante, jogou-se sobre a enorme cama de casal, rindo como uma criança. Estava muito feliz. O ambiente era todo em tons de marrom, verde escuro e bege. Tinha uma pequena sala em frente a cama, composta por um sofá em L e uma mesa para o café, diante de uma janela que abria para uma linda vista da cidade e suas montanhas nos arredores. A televisão de plasma ficava sobre a escrivaninha localizada na parede lateral, à direita da cama. Tudo era novidade para ela.
Depois de arrumar suas roupas no guarda roupa do quarto, decidiu tomar um banho para animar-se. Talvez dar uma volta para refrescar as idéias e parar de pensar bobagens a respeito de Gerard.
Ao sair do banho, vestiu o roupão aveludado fornecido pelo hotel e atirou-se novamente na cama. Logo estava dormindo. O sono que tivera durante a viagem não fora muito tranquilo. Sentiu as pálpebras pesarem e adormeceu. Seu último pensamento fora para uma única pessoa...
O som estridente da campainha do telefone em sua mesa de cabeceira assustou-a.
- Alô? – a voz saiu rouca e falhando.
- Ainda dormindo? – a voz alegre do outro lado da linha a despertou imediatamente.
- Gerard?
- Esperava por outra pessoa? – respondeu, não tão alegremente.
- Não... Quem? Ai, deixa prá lá... Que horas são?
- São 19 horas, sua dorminhoca.
- 19 horas?? Tudo isso?
- Olha, eu estou ligando para te convidar para sair para jantar, junto com alguns amigos. Não precisa aceitar, se não quiser.
- Claro que eu aceito. Só preciso de um tempo para me arrumar.
- Não se preocupe. Vou te dar... uma hora e meia. Está bom assim ou precisa de mais tempo?
- Não, está ótimo... Onde os encontro?
- Eu busco você aí no hotel. Me espere no saguão às 20:30h.
- Estarei esperando, sim.
- Até mais, então – e desligou.



Continua...

Um comentário:

  1. Li o cap. 2...
    Hum... a historia está esquentando...
    Se fosse eu não tinha conseguido me controlar tanto como ele...
    já tinha era me atirado!!!!
    bjos vo continuar lendo!!!

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Cantinho do Leitor
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