sábado, 12 de setembro de 2009

A APOSTA - continuando

- Está bem... Vão tomar banho, trocar de roupa ou o que quiserem. Espero pelos dois no meu apartamento. Vou pedir que o almoço seja servido lá para podermos conversar mais a vontade – disse, piscando o olho discretamente para Sam.
Os dois encaminharam-se para o elevador, depois de acenarem um até mais para todos.
- Posso ir com você? – perguntou Gerry agarrando-a pela cintura, já dentro do elevador, assim que as portas se fecharam.
- Claro que não – disse, colocando as mãos sobre o peito dele, tentando afastá-lo.
- Por que não? – questionou a recusa de Sam com olhar de sedução.
- Porque senão ninguém vai tomar banho tão cedo e, como você ouviu, o Joseph está nos esperando para almoçar – respondeu repreensiva, mas sorrindo – Olhe, cheguei no meu andar. O seu é mais dois andares acima. Até logo, senhor Butler – repeliu-o quando ele avançava para lhe dar um beijo.
- Mas nem um beijinho? – falou com expressão dissimuladamente tristonha.
- Se eu der um beijo em você agora, não sei se resisto à sua proposta. Melhor não.
- Ah! Então ficou tentada... – sorriu.
- Tentada sim, mas resistirei.
Em sequência deu-lhe um rápido beijo, empurrou-o delicadamente, afastando-o, sem resistência por parte dele. Saiu correndo do elevador, que já começava a fechar as portas novamente, deixando-o com cara de bobo a caminho de sua suíte.
Ele achou graça da saída dela, mas achou melhor não insistir. Eles teriam muito tempo para ficar juntos e, afinal, ele estava realmente precisando de um banho e de comer, antes que entrasse em hipoglicemia.

Encontraram-se no apartamento de Farrell meia hora mais tarde. Lá encontraram uma lauta refeição para três pessoas e um amigo muito curioso em saber as novidades.
- E então? Quem vai me contar o que aconteceu? – perguntou Farrell logo que percebeu que seus amigos estavam alimentados e satisfeitos.
- E eu gostaria de saber o que deu em você para fazer o que fez – disse Sam.
- O que eu fiz? Sobre o quê? – defendeu-se com cara de inocente.
- Por que me enganou e mandou o Gerry me acompanhar à cabana?
- Para ver esta expressão de felicidade que vejo em seu rosto agora, minha cara.
- Você também notou? – intrometeu-se Gerry, gracejando.
- Vocês dois não prestam mesmo. Homens sempre se protegem entre si e nós, mulheres, ficamos a mercê de vocês – afirmou, tentando esconder o riso com dificuldade.
- Não deu certo? – perguntou Farrell.
- Você está vivo, não está? Esta é a prova de que deu certo. Caso contrário seria um homem morto. Esta mulher é fogo, Farrell – brincou Gerry, enquanto pegava a mão de Sam e a beijava.
- Eu sei disso... Desculpe, querida, se armei esta cilada para você. Mas este cavalheiro, aí ao seu lado, teve uma conversa comigo, antes do almoço de ontem, e acabou por me convencer sobre os sentimentos dele por você.
- Eu fiquei muito chateada com você, Joseph.
- E eu me senti muito culpado quando vi a tempestade de neve e soube que vocês tinham ficado ilhados naquele lugar. Aí eu temi pelo pior. Graças à Deus que tudo acabou bem. Agora é tocar a vida e terminar de rodar esta produção. Que tal um brinde?
Elevaram seus copos de água mineral, como se fossem taças de champanhe, e brindaram ao seu feliz retorno.

As filmagens só puderam voltar a ser feitas dois dias depois que o sol voltou a brilhar sobre Breckenridge e os caminhos puderam ser transitáveis novamente. Andrew adorou o resultado das filmagens na cabana e da atuação de Gerry. Tudo corria perfeitamente bem, apesar do atraso no cronograma. O clima no set de filmagem parecia mais leve. Samantha continuava exigente como sempre, mas mais bem humorada e agradável com todos. Aliás, todos estavam bem, exceto uma certa maquiadora que não conseguira seduzir o ator principal, como era seu costume. Lindsay odiara quando Steve lhe comunicou o que Gerry falara a respeito da aposta. Não podia admitir que aquela “bruxa” roubasse o que deveria ser seu. E agora, além de tudo podia notar claramente que os dois, apesar de tentarem esconder, estavam vivendo o que ela gostaria de ter para si.
Faltavam apenas dois dias para que a equipe voltasse para Los Angeles. Lindsay fazia a maquiagem de uma das atrizes coadjuvantes no barraco improvisado para este tipo de trabalho. Ele também era utilizado para descanso dos funcionários em seus intervalos. Havia uma fina divisória entre a sala de maquiagem e cabeleireiro e área de estar. Através de seu espelho ela viu Samantha entrar sozinha e dirigir-se ao recinto, onde havia uma cafeteira e xícaras, para tomar um café. Foi aí que uma idéia lhe ocorreu para acabar com o interlúdio de Gerry.
- Garota, estou tão aborrecida... – comentou com voz tristonha.
- Por que, Lin? – perguntou a jovem atriz sentada na cadeira, de olhos fechados.
- Vou ter de pagar um jantar para o Gerry.
- Qual Gerry?
- O Butler.
- Por quê?
- Você já deve ter notado a ligação dele com a Samantha... Ou não?
- A assistente do Farrell? Não... Sou meio desligada destas coisas. Mas o que tem isso a ver com o jantar?
- Pois é... Lá em Los Angeles fizemos uma aposta para ver se ele era capaz de conquistar a “bruxa”. Se ele ganhasse, que foi o que obviamente ocorreu, nós teríamos que pagar um jantar para ele. Claro que vai ter de ser um jantar daqueles, pois o moço não é de pouca coisa.
- Nós? Quem mais apostou isso?
- O Steve e o Lee.
- Mas que horror! Coitada da Sam...
Neste momento ouviu-se o som de louça quebrada e um soluço. Samantha saiu sem olhar para elas, batendo a porta do barracão, após cruzar com Lee , que entrava naquele momento.
- Oi, Lindsay! O que houve com a Samantha? – indagou o iluminador preocupado com a expressão que vira no rosto da assistente de produção.
- Ah! Era ela que estava aí? – perguntou Lindsay com sarcasmo.
- O que você falou para ela?
- Eu não falei nada para ela. Eu estava apenas conversando sobre a nossa apostinha com o Gerry aqui com a Pat, quando ela saiu correndo daí de dentro feito uma louca. Será que ela ouviu o que eu disse? – ironizou.
- Por que você fez isto, Lin? É claro que você sabia que ela estava aqui. Você não me engana.
- Ah é? Tá com peninha dela? Então corre lá para consolar ela. Vai!
- Eu ainda não conhecia este seu lado venenoso – falou decepcionado e saiu.

Ela estava desesperada. Um aperto na garganta mal a deixava respirar. Sua cabeça latejava, prestes a explodir. Estava com medo, ódio, tristeza e todos os piores sentimentos que alguém poderia ter. Vivia um pesadelo mais uma vez. Como ele pudera fazer isso com ela. Enganara, não só a ela, mas a Joseph também. Como ela pudera acreditar nele, quando todas as evidências mostravam que ele era só mais um conquistador barato. Que tipo de homem ele era? Tudo parecia tão perfeito... Por quê? Por quê?
Correu sem ver nada a sua frente. Só queria chegar o mais depressa possível ao hotel, fazer as malas e deixar um recado com alguma explicação idiota para Joseph sobre a sua resolução. Sua presença nestes últimos dias já não era mais imprescindível. Rezava para não encontrar com Gerry. Não queria vê-lo nunca mais.
Já de posse de suas malas, avisou na recepção que estava partindo e deixou um bilhete para Joseph. Pegou um táxi para levá-la até o aeroporto de Denver, de onde voltaria para Los Angeles.


- Farrell! Você viu a Sam? – perguntou Gerry ao ver o produtor na recepção do hotel com um papel nas mãos e ar preocupado.
- Eu que lhe pergunto. O que houve? Ela não lhe disse nada?
- Sobre o quê? Onde ela está?
- Pelo que consta neste bilhete ela está a caminho de Los Angeles.
- O quê? – exclamou Gerry sem poder acreditar no que ouvira – Como assim?
- É o que está escrito aqui. Uma amiga está muito doente e pediu ajuda. Como ela já não era mais tão necessária aqui, resolveu ir embora para ajudá-la. Ela não se despediu de você?
- Não! Alguma coisa aconteceu... Mas não consigo imaginar o quê.
- Tem certeza que não brigaram? Para Sam fazer isto só se algo muito ruim aconteceu. Esta me parece mais uma desculpa esfarrapada para uma fuga, se bem conheço esta menina. O que você aprontou para ela, Gerry?
- Nada. Não fiz nem sei de nada – vasculhava a memória tentando encontrar algum motivo para Sam agir desta maneira. Nenhuma palavra de despedida. Não podia imaginar o motivo disso.
Pegou seu celular e fez uma ligação para ela. Não foi atendido nenhuma das vezes que tentou. Até que o telefone passou a dar sinal de desligado. Isto certamente significava que ela não queria falar com ele ou com quem quer que fosse.
– Por favor, me ligue com o Aeroporto de Denver. Quero saber o horário dos vôos para Los Angeles – pediu a recepcionista do hotel.
Em poucos instantes, Gerry já sabia que o próximo vôo seria às 18 horas, o que lhe possibilitava chegar a tempo de falar com Sam e saber o que acontecera.
- Não tenho nenhuma cena nova hoje. Vou até Denver tentar encontrar a Sam e volto ainda hoje, se tudo der certo. Explique ao Andrew e que estarei de volta a tempo de filmar amanhã à tarde.
- Está bem. Me telefone assim que conseguir encontrá-la.
Imediatamente, Gerry solicitou um táxi, subiu ao seu apartamento, trocou de roupa e, tão logo o automóvel chegou, partiu para Denver.
Por um destes azares do destino, a estrada estava interrompida devido a um deslizamento de neve ocorrido pouco antes dele chegar ali. Com isto, conseguiu chegar ao aeroporto pouco depois das seis horas, a tempo de ver o avião que levava Sam levantar do solo. Depois de esbravejar em escocês todos os palavrões que podia, teve de contentar-se em entrar no mesmo táxi e voltar à Breckenridge sem uma resposta àquele enigma.


Beijos!

4 comentários:

  1. Ai que "nivrusia", tô tensa! Agora o bicho vai pegar!
    PELAMORDEDEUS RO, não demore a postar, minhas brotoejas estão começando a dar sinal de vida!
    Beijos amada!

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  2. Carel disse:
    Que lindo... imaginei ele xingando em escoces agora ( embora eu não saiba uma palavra além de snogs..kkkk)Ro, não demora mulherrrrrrr... tadinha da Sam... Que maquiadora venenosa...

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  3. Minha amiga...
    faz isso não... to com peninha do Gerry...
    Ai que raiva se eu encontrasse com essa
    maquiadora...
    bjos e ve se posta logo viu??

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  4. Pronto! Já me deu um revertério na boca do estômago!
    Tem sempre uma criatura venenosa para empanar a alegria dos outros, Aff!!!

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