segunda-feira, 13 de julho de 2009

Um Amor no Deserto - Capítulo VII



Sentia-se como nova após aquele banho, num dos chuveiros montados especialmente para os competidores. Apesar das súplicas de Chloe para que voltasse para Londres imediatamente, sentia-se animada com a perspectiva de continuar seu trabalho. Além disso, faziam parte do roteiro do rally duas das cidades que Daren havia citado quando descreveu sua trajetória. Bamako e Siguiri. Certamente ela chegaria lá antes dele, considerando a velocidade do camelo que o estava levando até os limites do deserto, se comparada à velocidade do helicóptero que a deixaria em Ségou. Pelo menos conheceria os locais por onde ele passaria em breve e sentir-se-ia um pouco mais próxima dele. Retomaria a corrida logo mais, no início da tarde. Já verificara sua moto e vira que ela estava realmente em condições.
Depois de vestir roupas limpas, antes do almoço, num momento em que estava só, resolveu ler a mensagem de Daren e abrir o presente.
“Amy,
Infelizmente não temos floriculturas ou joalherias ao nosso dispor aqui nestas dunas, por isso deixo algo que tem grande valor estimativo para mim, pois me foi dado por meu avô paterno. Ele servirá para que se lembre de mim durante esta longa ausência e conserve na memória as horas idílicas que passamos juntos. Com amor,
Daren”

Com os olhos marejados, soltou um suspiro e pegou o pacote entregue por Aisha. Abriu-o com cuidado e descobriu a corrente que ele costumava usar no pescoço e que a deixara curiosa quanto ao significado do símbolo pendente nela. Segundo ele próprio, aquele era um colar tamit, típico do artesanato tuareg, feito em prata, formado por um círculo representando a lua, no qual estava pendurado um losango, cujas arestas significavam quatro direções. A lua e as quatro direções representavam a preferência dos tuaregues de viajarem à noite, seguindo a orientação dos astros. Uma lágrima escapou-lhe, rolando lentamente por sua face. Colocou o colar e dobrou cuidadosamente o bilhete de Daren, guardando-o em sua mochila, junto com seu bloco de anotações.
- Amy... – Chloe entrou naquele momento em sua barraca – O que houve? Está chorando?
- Não foi nada, Chloe. Só um cisco que entrou no meu olho – respondeu, tentando desviar o olhar da irmã.
- Tristeza agora tem outro nome?... Amy, o que aconteceu nestes dias em que você ficou naquela aldeia tuaregue?
- Mana, isto é uma longa história, que, espero, ainda não tenha tido seu fim.
- Tem a ver com este colar em seu pescoço? – perguntou, apontando para a jóia, percebida naquele instante, adornando o colo de Amy.
- Uma outra hora, com calma, conto o que me aconteceu. Agora, vou voltar para a corrida.
- Vai mesmo continuar com esta loucura?
- É o meu trabalho, Chloe. Além do mais, não vou mais andar pelo deserto. Como a maioria dos competidores estão mais para o sul de Mali, combinei com o Irving que eles me levarão de helicóptero até Ségou e de lá continuo sozinha, pelas estradas existentes ali. Passo por Bamako, continuo através de Guiné, até entrar no Senegal e chegar a Dakar. Fique tranquila. Não vou me expor a mais riscos. Minha meta agora é apenas descrever as paragens por onde os corredores estão passando. Preciso terminar o trabalho que comecei. Prometi ao Jason.
Antes que Chloe pudesse argumentar mais um pouco, ouviram a voz de Jason a chamar por Amy.
- Já está pronta? O seu almoço já está servido.
- Já estou indo, Jason.
Olhou para Chloe, retribuindo, com um sorriso confortador, a expressão desolada da irmã.
- Vou aproveitar a carona do helicóptero. Tenho que voltar para Londres o mais rápido possível. Você sabe como é. Não posso me ausentar por muito tempo, senão as vendas do jornal caem – disse o editor, com um sorriso zombeteiro.
- Obrigada por toda esta atenção, Jason.
- Você sabe que é a minha repórter predileta, não sabe? – disse segurando a mão de Amy.
- E você é um grande sedutor mentiroso – retorquiu Amy.
- Eu não estou mentindo, Amy – falou sério, olhando-a mais profundamente.
Amy retribuiu com um sorriso tímido e retirou a mão, que ele continuava segurando firmemente, fugindo da tentativa de sedução de Jason.
Depois do almoço, Amy despediu-se de Chloe, que prometeu esperá-la em Dakar. Com sua moto já colocada dentro do helicóptero de grande porte, maior que aquele que a resgatara pela manhã, partiu para seu próximo destino.
Foi deixada próxima à cidade de Ségou. Despediu-se de Jason e de Irving, que lhe desejaram boa sorte, e seguiu viagem pela estrada de terra, acompanhando os concorrentes que por ali passavam, a caminho de Bamako. Apesar de saber que era pouco provável que Daren já estivesse na cidade, por todo o percurso esteve atenta a todos os carros com passageiros a procura dele. Após uma parada de poucas horas na capital de Mali, seguiu para Guiné. Como todo bom estado africano, Guiné enfrentava mais uma crise política. Há dois anos, o coronel Lansana Conté assumira o governo e vários grupos oposicionistas criavam focos de revolta no país. Esperava que os voluntários do MSF não estivessem na mira destes revolucionários. Em geral, havia certo respeito pelo pessoal da saúde que prestava serviços à comunidade carente, mas nunca se podia ter certeza disso. Apesar de tudo, ficou deslumbrada com a variedade de paisagens por onde passava durante o dia. Florestas com lindas cachoeiras, grandes extensões de pastagens, as montanhas e a savana. O povo a surpreendeu com a alegria em meio à adversidade e à pobreza. Nos diversos povoados por onde passava via mulheres cantando, com suas roupas coloridas, carregando trouxas ou cestos com mantimentos na cabeça, crianças brincando ou jogando bola nas ruas poeirentas, sem calçamento, com esgotos a céu aberto, casas precárias, muitas vezes sem telhado, com calçadas semi-destruídas, quando estas existiam.
Com freqüência emocionava-se ao lembrar que Daren trabalharia como voluntário naquele país, levando seus conhecimentos médicos, numa tentativa de ajudar aquelas pessoas tão abandonados à própria sorte.
Depois da parada habitual para descanso, alimentação e reabastecimento da moto, Amy seguiu para a última etapa que seria entrar no Senegal e chegar à Dakar. Pesarosa, partiu de Guiné sem ter visto seu amor. Agora deveria pensar em seu trabalho. Jason aguardava a elaboração final do diário para começar a sua publicação no British News ao final do rally. Manter-se-ia o mais ocupada possível nos próximos meses, dedicando-se exaustivamente ao trabalho no jornal. Imaginava que dessa maneira o tempo passaria mais rápido.
No dia 22 de Janeiro os primeiros concorrentes chegaram à Dakar. Obviamente que Amy foi uma das últimas, mas sua chegada foi muito festejada por sua irmã e, à distância, por sua mãe e por Jason.
Normalmente o final da competição era cercado de muita festa e alegria, porém, naquele fatídico ano, o clima de tristeza era predominante, mesmo entre os vencedores em suas categorias.
O corpo de Thierry Sabine seria cremado e suas cinzas jogadas nas areias do deserto, sua grande paixão. Para alívio de muitos, a organização passaria a contar com um novo comandante, não menos importante que Thierry. Seu pai, Gilbert Sabine, que não permitiria que o sonho de seu filho morresse com ele.

As férias de Amy chegavam ao fim. Antes de partir de volta para a Inglaterra, tentou um contato com o MSF, na esperança de poder mandar alguma mensagem para Daren. Porém, não souberam informar-lhe se ele já chegara a Seguiri ou para onde ele seria designado. Poderia ter esta informação dentro de uma semana. Com um sentimento de vazio e perda em seu coração, entrou no avião da British Airlines no dia 24 de Janeiro.
Neste mesmo dia, Daren recebeu a determinação de que fora designado a trabalhar junto à população de Faranah, uma cidade no centro do país, próxima ao Parque Nacional do Alto Niger. Lá seriam acomodados em uma casa antiga, onde funcionaria o ambulatório. Seriam uma equipe composta por dois médicos, dois enfermeiros e uma assistente social. Teriam muito trabalho pela frente. Seriam levados no dia seguinte por uma das vans do MSF, juntamente com medicações e alguns alimentos. O resto seguiria mais tarde, quando eles já estivessem acomodados no futuro posto.
Apesar de animado com o trabalho que o aguardava, seu pensamento com freqüência voltava-se para Amy. Já teria ela sido levada de volta para casa? Teria encontrado a irmã bem? Estas e outras indagações ainda iriam acompanhá-lo por muitos dias. Esperava poder mandar uma carta para Amy assim que chegasse à Faranah e soubesse das condições do correio local.

Na sua volta à Londres, Amy, sem esperar o término do seu período de férias, jogou-se sobre o trabalho de edição de seu diário. Chegou a citar o nome de Aisha e os fatos pitorescos ocorridos no acampamento tuaregue, como o nascimento da pequena Malak e a festa da véspera de sua partida. Obviamente nem uma palavra sobre Daren foi dita ou escrita. Jason ficou muito satisfeito com a repercussão que a publicação do diário de Amy estava obtendo. Recebera muitos elogios por este trabalho. Ela, por sua vez, não parecia muito excitada com esta recepção por parte do editor e do publico. Continuava usando seu presente junto ao corpo como maneira de lembrar-se de Daren. Não era raro pegar-se a sonhar acordada com o oásis e lembrar do acordo que fizera com ele. Esperava que ele também lembrasse.
Chloe sentia a irmã diferente. Já não parecia mais a mesma mulher intrépida e teimosa de antes. Sentia-a mais dispersiva, talvez um pouco mais madura. Já tinha conhecido outras mulheres com aquela expressão sonhadora no rosto.


- Chloe! Que surpresa! O que está fazendo aqui? – exclamou Amy ao receber a irmã em seu apartamento, em Nothing Hill, num sábado pela manhã.
- Desculpe ter vindo sem avisar, – desculpou-se, já entrando sala adentro - mas é que ando preocupada com você, desde que voltou daquela corrida maluca.
- Por quê? Eu estou muito bem. Não há com o que se preocupar – disse Amy, enquanto fechava a porta atrás de si.
- Você ainda não me contou o que aconteceu naquele deserto – falando isso, sentou-se no confortável sofá da sala de Amy, com cara de quem não sairia dali enquanto não soubesse todos os detalhes daquele período – Sabe que até o Jason anda preocupado? Acha que você não está mais tão satisfeita com seu trabalho na redação.
- Nossa, mas de onde vocês tiraram toda esta aflição?
- Ele também tem notado você distante...
- Por que ele não falou diretamente comigo? Ele se queixou sobre o meu trabalho?
- Não! Mas é que você está diferente de alguma maneira, desde que voltou da África.
Amy sentou-se na poltrona em frente ao sofá, pensativa.
- Chloe, eu tenho feito um grande esforço para me dedicar exclusivamente ao meu trabalho no jornal, mas sei que às vezes fico distraída...
- Quem é ele? Eu aposto que tem mais alguém nesta história.
- Como você adivinhou?
- Este olhar insosso, perdido no nada... Conheço muito bem.
- E você acha isso ruim?
- Sim, se a pessoa em questão for um selvagem do deserto. Quem mais poderia ser vivendo naquele fim do mundo?
- É um homem maravilhoso, adorável, encantador... – falava com expressão embevecida ao lembrar de Daren.
- Está apaixonada mesmo. Quem diria... Quem foi a fera que conseguiu domá-la?
Amy levantou-se e atravessou o espaço entre ela e Chloe, sentando-se ao seu lado e abraçando-a carinhosamente.
- O nome dele é Daren e não é um selvagem. Ele é neto de um tuaregue, mas nasceu na Inglaterra e mora aqui. É médico e está trabalhando em Guiné, neste momento. Assim que ele voltar de lá, vamos ficar juntos – seus olhos brilhavam, perdidos nas lembranças, ao falar dele – Ah, Chloe... Eu estou realmente apaixonada. Acho que encontrei o homem da minha vida.
- Querida, cuidado. Não se engane. Quanto tempo vocês ficaram juntos? Dois, três dias? Provavelmente ele nem vai mais lembrar de você quando voltar.
- Por que você está falando desse jeito? Só porque você ainda não encontrou ninguém depois do que o Leo fez? – ela ficara irritada com a amargura da outra.
Chloe ficou muito séria, de repente, e Amy percebeu que tinha falado demais. Lembrou do que acontecera com o noivo da irmã há três anos atrás. Ela fora abandonada na porta de uma igreja e nunca mais recuperara a confiança nos homens.
- Desculpe, Chloe, não queria dizer isso... Você não conheceu Daren. Ele é diferente dos outros... Está vendo isto? – perguntou mostrando o colar tamit, que jamais tirava do pescoço – foi um presente que seu avô lhe deu, e que ele me deixou para que eu lembrasse dele na sua ausência.
Chloe engoliu em seco, deu um suspiro e voltou a falar.
- Sei que não sou a melhor pessoa para aconselhar sobre estes assuntos, mas a minha única preocupação é com você. Não quero que se magoe, Amy. Toque a sua vida em frente e não crie ilusões a respeito deste homem... Ele já entrou em contato com você depois que se separaram?
- Não... Mas imagino que não seja muito fácil conseguir comunicação onde ele está.
- Estamos em 1986, Amy... – começou sua crítica, mas resolveu calar-se, notando o olhar apreensivo de sua irmã – Está bem. Me desculpe. Talvez ele não tenha tido tempo de escrever ou ligar. Você disse que ele é médico?
- É. Ele está trabalhando para os Médicos Sem Fronteira, numa cidade do interior, chamada Faranah, segundo me informaram na minha última tentativa de obter informações. Mandei uma carta para ele na semana passada, mas até agora não obtive resposta. Mas tenho certeza que ele vai responder assim que puder.
- Está bem, Amy. Talvez eu esteja sendo pessimista demais. Pelo modo como você fala dele, imagino que ele deva ser um bom rapaz... – resolveu ceder na sua resistência e sorrir amigavelmente – Posso contar isso para o Jason?
- Ainda não entendo por que ele não se dirigiu diretamente a mim, mas não vejo problema algum em que ele saiba. Talvez até ajude a fazer com que ele pare de me incomodar com suas cantadas.
- Sempre suspeitei que o Jason tinha uma quedinha por você.
- Jason tem uma quedinha por todas as mulheres do mundo. Não sou a única. Se duvidar, você também entra no páreo.
- Deus me livre. Já tomei a minha dose cavalar de vacina contra cafajestes.
- Chloe... Desculpe por ter falado no Leo.
- Não se preocupe. Reconheço que ele me deixou mais descrente a respeito dos homens. Mas eu estou trabalhando isto com o meu analista. Pode deixar que ainda me curo desta doença.
Abraçaram-se e continuaram a conversar sobre outros assuntos.




Reconheço que este não foi um capítulo apimentado como os outros, mas ele servirá de base para as próximas emoções. Deixo com vocês um vídeo muito interessante que descobri mostrando fotos de Guiné e que serviram para as descriçoes que faço no texto acima. Um grande beijo a todas e muito obrigada por todo o estímulo que tenho recebido.


5 comentários:

  1. Rô ñ foi apimentado..., mas é muito estimulante pro nosso ego, vc está abordando um tema incrível, uma realidade esqueçida no meio do nada q mereçe atenção. Meu coração fica apertado ao ver os vídeos da precariedade em q vivem e o q mais chama atenção,estão sempre com sorriso estampado no rosto. O planeta está precisando de Rosanes...(pra divulgar o tema), e de
    Darens... (pra por a mão na massa)!
    Bjkas querida.

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  2. Como é que um país tão rico e tão maravilhosocomo a Guiné pode ter tanta pobreza!!??Portugal tambem é responsável por esta situação , a guerra colonial devastou mais de metade do país por causa de uma teimosia idiota e sem fundamento!Aquela pessoas mereciam ser mais felizes pois lutam dia a dia para sobreviver!Estou a dorando a sua história e como se pasa nos anos 80 tenho aa musicas perfeitas para a sua banda sonora "Everytime you go away"_Paul Young é liiiinda, que serve para as cenas de quando Daren parte para a Guiné e quando Amy vai embora do Raly para a UK, "I'll bewatching you " dos Police,é claro para acompanhar a viagem de Amy no raly "Desert Rose "de Sting-eu sei q esta ultima não é dos anos 80 mas é perfeita para a descrição do raly!!!!Obrigado amiga pela tua inspiração e por dividires isso com todas nós.Beijos fofos!!!

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  3. Ai, como o Daren é gentil, atencioso, romântico!!! Gente, esse presente vale muito mais do que qualquer pedra preciosa, por mais pura que seja.
    Apesar de ser um trabalho um tantinho meio louco, a melhor coisa agora para a Amy seria realmente continuar trabalhando naquilo que gosta para tentar encontrar um pouco de paz em seus pensamentos.
    A irmã de Amy não está errada em alertá-la, afinal, o romantismo que nos reveste, às vezes, tb nos cega diante de fatos que estão bem à nossa frente. E sendo sua irmã e amiga, não poderia deixar de tentar lhe abrir os olhos.
    Esse vídeo mostra uma realidade muito dura. Estamos acostumadas a assistir cenas belíssimas no cinema e na TV e, por vezes, nos esquecemos de que a ficção não retrata o cotidiano de tantas famílias necessitadas de um apoio maior para poder viver com menos sofrimento. E o povo é sempre trabalhador e esperançoso por dias melhores.
    E no Brasil mesmo a gente vê isso, fala-se que aqui não há guerra, mas não consigo enxergar de outro modo o que acontece nas nossas principais metrópoles. Nosso país é abençoado com sua riqueza natural e seu clima, mas nosso povo é carente de tudo e o tráfico continua avançando de forma desenfreada, numa guerrilha nefasta que está desolando cada vez mais as famílias. E o pior é que tudo acontece e nada é feito, nem falado. Se não estamos em guerra, o que é isso que acontece conosco dia a dia? Em minha opinião despretensiosa, estamos em guerra há muito tempo, apenas não nos damos conta disso enquanto o mal não nos atingir diretamente em nosso seio familiar.
    Beijinhos

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  4. É verdade Rute. Mas isso só reflete como a ganância e o desrespeito ao outro, a individualidade e até mesmo a propriedade não os vilões que marcaram e ainda marcarão por muito tempo esses países. Quase nada tem sido feito para mudar essa situação. Os médicos sem fronteiras são também sem apoio, sem cooperação dos governos e da maioria da sociedade mundial.
    O romance é divino Ro, mas esse tema que estás abordando é ainda atual, embora já se tenha passado 26 anos.Nada mudou!

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  5. Rô, é incrível a sua riqueza de detalhes nessa história, e muito bacana vc citar os Médicos Sem Fronteiras. Tenho um primo que rodou muitos lugares da África e da Europa com esse trabalho, há mais de 20 anos. Trabalho esse que não é fácil, e somente para os abnegados que tem amor ao próximo. Infelizmente, o tempo passou e as coisas, em determinados lugares do mundo, ainda continuam na mesma...

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