Pelo menos a dor de cabeça passara e a febre não o incomodara mais. Restara apenas um leve desconforto muscular. Depois de deixar Marina e Tati na escola, levaria o carro para trocar o farol quebrado. Ao pensar nisso, a imagem de Bruna mais uma vez o atacou. O carro dela tinha sido mais prejudicado, pois a lataria fora comprometida. Talvez devesse pedir desculpas, além de pagar o conserto. Ele tinha de reconhecer que sua pressa em sair do mercado tinha contribuído para o acidente. Sacudiu a cabeça e foi para o banheiro resmungando, lutando para livrar-se da imagem da professora.
Leonardo |
Naquela terça, Leonardo chegou ao balé decidido a falar com a diretora a respeito da mudança sem comunicação prévia. Entregou Tati em sua sala e deixou Marina sentada na sala de aula, à espera da professora, com outras colegas. Dirigiu-se até a sala da direção. Bateu à porta e entrou ao ser convidado por uma voz feminina. Para sua surpresa, quem se encontrava sentada na mesa, onde deveria estar a responsável pela escola, era Bruna. Ela levantou o rosto para ver quem entrara e expressou imediatamente sua surpresa, que logo lhe pareceu não ser das mais agradáveis.
Estava encantadoramente natural, quase sem maquiagem, com os cílios longos e espessos levemente realçados por rímel e um batom claro, que tornava seus lábios cheios ainda mais tentadores.
Bruna |
- Veio para acertar o conserto do meu carro? – perguntou sarcástica, tentando conter a súbita disparada dos batimentos em seu peito.
- Na verdade, eu esperava encontrar a diretora. Preciso conversar com ela.
- A meu respeito? – continuou ironizando.
- Posso voltar mais tarde – Ignorou-a. – A que horas posso encontrá-la?
- Talvez seja melhor falar comigo.
- Tem que ser com ela. Volto depois. Com licença. – Já estava voltando-se para a porta, quando a ouviu espirrar.
- Saúde! – não conseguiu evitar a expressão de praxe.
- Muito obrigada – agradeceu enquanto pegava um lenço de papel da caixa que estava a sua frente – Só para esclarecê-lo – continuou esfregando discretamente o lenço no nariz – Eu sou a diretora.
- Como? – exclamou surpreso.
- É o que estou dizendo. Qual é o assunto? – indagou séria.
- Mas... Eu conheço a diretora. Falei com ela não fazem dois meses, aqui nesta mesma sala.
- Sinto muito lhe comunicar que assumi na semana passada o cargo, pois acabo de comprar esta academia – disse, sem conseguir encará-lo – Infelizmente não houve tempo de avisar aos alunos oficialmente. De qualquer maneira, a Isis vai continuar me ajudando na direção por algum tempo. No momento ela está em férias e só volta no próximo mês. Como vê, senhor... Como é mesmo o seu nome? – perguntou, franzindo as sobrancelhas entre os olhos e olhando-o com desdém.
- Leonardo. Leonardo Barth... E o seu é? – redarguiu no mesmo tom irritante.
- Bruna. Bruna Scalzzi – respondeu fuzilando-o com seus expressivos olhos azuis cintilantes – Pode me dizer agora qual é o assunto que o traz aqui?
Leonardo piscou involuntariamente os olhos enquanto tentava lembrar-se do motivo que o levara até ali.
- Eh... É a respeito da troca de professora na turma da minha filha, Marina.
- Não houve troca alguma... – revirou sua memória – Ah! Já sei a que se refere. Na última aula de quinta, eu apenas substitui a Ana, pois ela precisava ir ao médico. Se o senhor for até lá agora, verá que ela já está com a turma de sua filha. Mais algum problema?
- A senhorita é sempre assim tão pedante? – não pode evitar lançar a pergunta que estava arranhando seu ego e sua garganta.
- Não. Só quando falo com encrenqueiros – lançou a resposta, ofendida.
O sangue imediatamente subiu à cabeça de Leonardo. Sua vontade era dizer alguns desaforos àquela bailarina de araque, mas não faria um escândalo dentro da escola de suas filhas. Quem ela pensa que é?
- Em virtude da sua falta de educação, é melhor eu me retirar. Boa tarde – acabou por preferir abandonar o campo de batalha.
- O senhor me ofendeu primeiro! – exclamou ela, arrependida de tê-lo chamado com o termo insultuoso.
Como ele continuasse no seu movimento de abrir a porta para sair, ela continuou:
- Desculpe! Por favor, eu não devia ter falado assim. – engoliu em seco o orgulho, afinal ela era diretora de uma escola e não podia dar-se ao luxo de tratar mal seus clientes, mesmo que eles merecessem.
Ele parou onde estava e, sem olhar para ela, falou:
- Não se preocupe. Já estou me acostumando... Além disso, já resolvi a minha dúvida. Até logo – e fechou a porta atrás de si, deixando-a com cara de boba.
- Eu e a minha boca grande! – recriminou-se – Agora vou perder as alunas... E o pai...
Pisava duro e arfava como se tivesse subido um lance de escadas em disparada. Leonardo seguia pelo corredor, cego pela fúria. Não era muito fácil tirá-lo do sério. Costumava ser calmo e enfrentar discussões como aquela sem alterar-se. No entanto, a tal Bruna tinha a capacidade de arrancá-lo do seu prumo. Talvez devesse levar em consideração que seus últimos encontros não tinham sido lá muito favorecidos pela sorte e colocar-se no lugar dela. O fato de tomar um banho forçado no lago da Redenção e ter o carro amassado num estacionamento não devia ser muito fácil de enfrentar para uma mulher provavelmente acostumada com a leveza do balé e uma vida tranquila de filhinha de papai, que era o que ela parecia ser. Certamente entre ser dona de boutique ou sócia numa escolinha de dança, optara pela última opção, para dar algum sentido a sua vida inútil de dondoca. Pelo menos era isso que ele preferia pensar a seu respeito, tornando-a menos atraente aos seus olhos.
- Ei, Leo! Não me ouviu chamar? – soou a voz de Cláudia, acordando-o de seu transe.
- Hein?... Ah! Oi, Cláudia. Tudo bem?
- Distraído... O que houve? Está com uma cara péssima. Algum problema com as meninas?
- Não... Problemas de trabalho. Nada muito importante... – mentiu.
- Olha, eu queria pedir desculpas por sábado à noite.
- Por quê?
- Por causa da Denise. Sabe, o Fabrício não me avisou nada. Era para ser só um jantar a três, mas sem eu saber ele convidou a irmã. Não que ela seja má pessoa, mas não foi este o intuito do meu convite. Eu queria realmente que você saísse um pouco da rotina e relaxasse.
- Não se preocupe, Cláudia. Gostei muito de ter saído com vocês.
Dessa maneira, ficaram batendo papo até a hora do encerramento das aulas das filhas, sem perceberem que alguém os espionava.
Será que me enganei de mulher? Será que esta é a esposa dele? Ela também estava no jantar, mas pensei que era casada com o gordinho... – refletiu Bruna – É melhor parar com isso! Pareço uma idiota olhando para eles desse jeito. Toma jeito, sua estúpida! – e tratou de voltar para sua sala, tentando tirar Leonardo Barth da cabeça.
- Papai, será que a gente pode ir no Mac? – sugeriu Marina ao entrar no carro.
- No Mac? Em plena terça-feira, Marina? Não acho que seja uma boa...
- Ah, papi, vamos! – exclamou Tati, evidentemente animada para o programa inusitado num fastfood.
Sabia que não era o ideal, mas estava desanimado demais para contrapor-se aos rostinhos iluminados que o observavam atentamente, aguardando o seu sim.
- Bem... Em vista de não ter nada melhor em casa, acho que podemos quebrar esta regra hoje. Só hoje! – acabou por dizer sorrindo, diante dos gritinhos de satisfação de sua pequena dupla.
Seguiram para o shopping mais próximo. Por sorte ainda não havia muita gente aguardando na frente dos caixas. Ainda era cedo para jantar para a maioria das pessoas. Leonardo acabou por tranquilizar-se com sua resolução. Seria bom sair da um pouco da rotina. Solicitaram os lanches, escolheram os brinquedos oferecidos como brinde e, assim que se sentaram à mesa, Tati olhou-o e disse:
- Preciso fazer xixi...
Contraindo a testa e se maldizendo por ter esquecido de levá-las ao banheiro antes de sentar para a refeição fora de casa, tornou a olhar as bandejas à sua frente e a face aflita de Tati.
- Não dá para segurar um pouco, filha? – tentou.
- Não dá, papai... Tô muito apertada...
Começou a recolher os hambúrgueres, fritas, caixas e brindes, que os acompanhavam, colocando tudo sobre uma bandeja. A partir daí, encaminhou-se para o banheiro feminino, já antecipando as dificuldades que teria de enfrentar.
- Marina, tu entras com a tua irmã e a ajuda, tá bom? O pai fica aqui na porta esperando por vocês.
- Tá bom, papai – disse compenetrada e adquirindo os ares de irmã mais velha. – Vem, Tati, vem com a mana – comandou dando a mão para a caçula.
Parado na porta, segurando os lanches, observava ansioso o movimento de entrada e saída das mulheres, esperando que o toalete esvaziasse, caso as meninas precisassem dele. E isso não tardou a acontecer.
- Pai! Pai! A Tati fez cocô!
E agora, droga! Como vou fazer?
Desesperado, olhava a sua volta, quando viu uma auxiliar da limpeza do estabelecimento aproximar-se.
- Por favor, a senhora trabalha aqui?
- Sim – respondeu ela com o sorriso mais cativante do mundo – Precisa de alguma coisa?
- Na verdade, sim. Minhas filhas pequenas estão neste banheiro e eu preciso entrar para ajudá-las.
Neste instante, a voz de Marina se fez ouvir de novo.
- Papai!!! Tu tem que limpar a Tati!
A mulher fez uma cara péssima e foi logo tirando o corpo fora.
- Eu não posso ajudá-lo nisso.
- Não estou pedindo que a senhora limpe a minha filha. Só gostaria que entrasse ali e verificasse se o banheiro está vazio, para que eu possa entrar.
- No banheiro feminino o senhor não pode entrar – falou como se não entendesse a gravidade de sua situação – Onde está a mãe delas? – indagou olhando para os lados.
- Elas não têm mãe... – falou irritado – Olhe, eu lhe dou uma gorjeta se fizer este favor para mim. É só ver se a área está liberada e impedir que mais alguém entre até eu poder ajudar minha filha.
Como se tivesse ouvido uma palavra mágica, a funcionária enfim cedeu ao seu rogo.
- Espere aqui um pouco. Já volto – disse entrando no sanitário, para logo em seguida retornar e informar – Está vazio. Pode entrar que eu cuido para que ninguém entre.
- Muito obrigado – agradeceu secamente e entregou-lhe a bandeja – Pode segurar um pouco? É o jantar delas.
- Está bem – obrigou-se a aceitar, esperando que a gorjeta valesse a pena.
Ele entrou rapidamente, aproveitando o pouco tempo que certamente teria, e logo viu Marina a sacudir os braços, mostrando a localização de Tati numa das cabines.
- Pronto. O pai já está aqui – acalmou-as – Marina, se tiver vontade também, aproveite e seja rápida. Eu não posso ficar muito tempo, pois é proibida a entrada de homens aqui.
- Tá bem, papai. Vou fazer xixi.
Terminado seu trabalho, com duas crianças perfeitamente aliviadas de suas necessidades, separou uma nota de dez reais e saiu. Felizmente a auxiliar continuava ali na entrada, com cara de poucos amigos, mas ainda segurando a bandeja e impedindo a entrada de duas adolescentes que olharam para ele com cara de espanto, antes de iniciarem as risadinhas e correrem para dentro do lavatório.
- Muito obrigada pela sua gentileza, senhora – agradeceu entregando a gorjeta.
- Não tem de quê – falou áspera. Pegou o dinheiro, entregou a bandeja e sumiu pelo corredor afora.
- É, já não se encontra mais pessoas solícitas como antigamente – suspirou enquanto se encaminhava de volta para a praça de alimentação.
- Que que é solista, papai? – perguntou Tati.
- S-o-l-í-c-i-t-a, minha filha... É o mesmo que prestativa.
- Que que é pestitiva? – tornou a perguntar, com dificuldades para pronunciar as palavras desconhecidas.
- P-r-e-s-t-a-t-i-v-a, Tati. Simplificando, é uma pessoa educada, querida. Que tal sentarmos naquela mesa? – mudou de assunto, antes que Tati resolvesse continuar seu inquérito, apontando para uma das mesas junto à parede, com um banco estofado fixo de cada lado, compondo o reservado.
Afinal, conseguiram usufruir de sua comida fria e dos refrigerantes sem gás, que foi o que restou de todo aquele buchicho. Felizmente, as duas principais interessadas não pareciam preocupar-se com isso, o que fez Leonardo sorrir vendo-as deliciar-se com seus sanduíches e brinquedos ganhos no pedido. Lembrou das primeiras vezes que este tipo de incidente tinha ocorrido. Um caos... Quase morrera de vergonha, na primeira vez, quando se viu obrigada a pedir para uma senhora, que entrava no banheiro, para ajudar Marina. Pior tinha sido o dia em que outra mulher olhara para ele com cara de nojo por verificar que não seria apenas urina a limpar. Depois de tantos reveses, aprendera que a melhor maneira era buscar ajuda com algum funcionário local. Alguns se mostravam mais simpáticos e diligentes, enquanto que outros agiam como a funcionária de agora. Para estes últimos instituíra o pagamento de propina, que raramente falhava.
Depois de colocar as filhas a dormir, foi verificar se tinha algum recado na secretária eletrônica. Apesar de usar o celular, sempre alguém deixava uma ou outra mensagem. Surpreendentemente, a primeira era de Airton, seu sócio. Ele não costumava ligar para o seu telefone fixo. Instintivamente olhou para o visor de seu celular e viu que tinha várias chamadas não atendidas, provavelmente no horário em que estavam no shopping. O segundo era de sua sogra, D. Celina, que falou sem parar até a ligação ser interrompida por ter ultrapassado o tempo máximo de gravação de mensagens. Ela queria marcar um horário para mandar uma moça conversar com ele a respeito do trabalho de babá. Imediatamente seu sensor para problemas soou. Como ela conseguiu arranjar alguém tão rápido?
Aírton em Canela |
- Alô! Airton?
- Oi, meu velho! Tudo bom?
- Tudo! Recebi o seu recado. Como vão as obras por aí?
- Acho que vamos conseguir entregar no prazo, se tudo continuar no ritmo em que está. Gostaria que você desse uma chegada para ver pessoalmente a construção e discutir alguns detalhes. Que tal um passeio a serra neste final de semana? Acho que a Marina e a Tati vão gostar de mudar de ares também.
- Não é uma má idéia... – pensou por segundos e decidiu – Está bem. Estarei aí no sábado pela manhã. E, Airton?
- O que foi?
- Obrigado por estar fazendo este trabalho praticamente sozinho. Eu gostaria de estar auxiliando mais, mas...
- Leo, pare de se desculpar. Estou adorando estas férias forçadas aqui. Gosto deste lugar. Não há engarrafamentos, as pessoas são agradáveis e trabalhadoras e inexiste poluição de qualquer tipo. O cheiro mais desagradável que sinto de vez em quando é o do esterco de cavalos, que ainda atravessam a cidade – gracejou – E o escritório? Muito trabalho?
- Felizmente, isto não falta – falou, ainda sorrindo com a observação de Aírton sobre Canela. – Estamos com vários projetos novos. Tem idéia de quando poderá vir à Porto Alegre? Também gostaria de discutir com você alguns destes projetos.
- Olha, do jeito que a coisa está indo, acho que poderei estar aí na próxima semana. Talvez até volte com vocês. O nosso mestre-de-obras é muito bom e de confiança. Não terei problemas em deixá-lo como responsável por alguns dias. – Fez uma pequena pausa e continuou – E você, cara? Tirando os negócios, como vai indo com... A vida?
- Bom você falar nisso. Graças a uma conversa que você teve com a Cláudia e o marido dela, tive que enfrentar um jantar e um encontro às escuras.
- Que conversa? – perguntou tentando lembrar o encontro a que Leo se referia – Ah! Lembrei! Eles estiveram aqui há umas vinte dias. Mas o que eles fizeram para acabar com a sua solidão? – indagou sorrindo.
- Nem te conto. Melhor pessoalmente... Só para resumir, o Fabrício tentou me empurrar a irmã solteirona, que é a cara dele.
O outro explodiu numa gargalhada do outro lado da linha.
- Não brinca! Mas ela deve ser linda!
- Vou apresentá-la quando vieres prá cá. Tenho certeza que vocês se darão muito bem... – ameaçou, tentando não rir junto com o amigo.
- Mas falando sério, Leo. Continua no celibato?
- Melhor a gente falar pessoalmente no fim de semana – respondeu evasivamente.
- Opa! Tem alguém a vista? Não brinca que é a irmã do Fabrício...
- Claro que não. Não tem ninguém.
- Puxa! E eu achando que você tinha saído do limbo... Então, tá! Até o sábado, então. Se cuida!
- Até, Aírton! Um abraço!
- Outro!
A ligação foi finalizada, deixando Leo a refletir sobre a conversa. Depois de ter completado nove meses de luto, Aírton começou a estimulá-lo a sair e conhecer outras mulheres. Não conseguia imaginar o amigo sem ninguém. Sabia o quanto ele amava a esposa, mas ela tinha partido. Leo precisava voltar à vida e isto, para Aírton, significava namorar e... Transar. Neste ponto, pensava como seu irmão, Miguel. No entanto, a presença suave de Cris ainda o envolvia. Ela fora tirada de sua vida de forma tão súbita que era difícil de assimilar sua ausência definitiva. Ainda a tinha viva na memória, nos cantos do apartamento, nos olhos de Tati, no sorriso de Marina... Nestes meses todos, se dedicara como um doido à sua família e ao seu trabalho, esquecendo de qualquer outra distração. Sentia falta de sexo, mas não o imaginava sem Cris. Realmente não sentia atração por outras mulheres... Pelo menos até agora...
Pigarreou e lembrou-se que tinha outro telefonema a retornar, embora sua vontade fosse simplesmente “esquecer” que ouvira o recado de D. Celina. Quem sabe depois de comer alguma coisa? Não. Era melhor não adiar o problema e evitar uma indigestão.
Pegou o telefone e teclou o número tão conhecido.
D. Celina |
- Alô?
- Alô, D. Celina. Sou eu, Leonardo. Ouvi o seu recado e...
- Ah! Leonardo! Que bom que me ligou. Já tenho uma moça para ajudá-lo com as crianças. Quando ela pode procurá-lo para tratar o emprego?
- Não sei D. Celina. Na verdade, não sei se...
- Leonardo, você precisa de ajuda sim. As meninas precisam do cuidado de uma mulher. Esta gosta de crianças, sabe cozinhar, lavar, passar e, ainda por cima, tem bom nível cultural – enumerou as características da esposa ideal para a maioria dos homens, fazendo Leo se perguntar se ela era casada, contraindo a boca num sorriso irônico.
- Está bem, D. Celina. Que tal ela me procurar no escritório na sexta-feira, pela manhã? Digamos, às dez horas?
- Ótimo, meu filho – ela só o chamava assim quando conseguia impor sua vontade sobre ele, o que era raro – Ligarei para ela e darei o seu endereço. Qual é mesmo? – Ela nunca lembrava ou fazia questão de esquecer a rua e o número de seu trabalho, apesar dele estar localizado há apenas duas quadras da sua casa.
Endereço anotado e despedidas feitas, Leonardo foi tratar de tomar um banho e comer alguma coisa antes de se deitar, porém o medo do que enfrentaria com esta “maravilhosa babá” passou a assombrá-lo.
(continua...)
Estão gostando? Espero que sim. Leo está começando a ficar interessado em Bruna, saindo do luto prolongado. Dá prá imaginar um viúvo como este sozinho? (rsrsrs)
Aguardem os próximos capítulos...
Beijinhos!
Ro!!!!!
ResponderExcluirDe novo a primeira,rsrsrs.
Esta mto bacana o conto,estou adorando,continue pois esta cada vez melhor.
Um viuvo como este não pode ficar mto tempo sem ninguem.
BJS
Oi Rô!!!
ResponderExcluirComo já era de se esperar o conto está perfeito, só é uma pena que a cada fim de capítulo a gente fique na ansiedade de querer o próximo bem rápido, rsrsrs.
Acho lindo o amor de Leo pela Cris e esse tempo que ele ficou sem transar, parece até um conto de fadas. Aliás desde que comecei a ler teus romances fiquei comparando-os com revistas de minha tia que eu lia (escondida) quando criança, Sabrina, Julia, conheces? Eu adorava aquelas estorias e ficava imaginando que poderiam se tornar realidade, eu viajava na leitura e viajo também com teus contos, realmente a leitura, assim como a música, são portais maravilhosos.
Terminei de reler "Um Amor no Deserto", chorei de novo, adoro todos os que li, mas "Erik" e "Um Amor no Deserto" pra mim são especiais, e to achando que "Confusões..." também vai ser.
Um cheiro amiga!!!
Oi Rô!
ResponderExcluirNossa, passei um tempão sem aparecer, mas quando volto, tenho esta adorável surpresa. Um estória nova, escrita por você, com o mozão como personagem era tudo o que eu estava precisando.
E adorei a Tati! hahahahaha, Só que não queria ter um pai como esse de jeito nenhum!
Nada de pai se é que me entende! rsrsrsrs
Estou amando! Adorei as escolhas dos atores, ótimo como você consegu dar forma tão bem aos personagens com eles.
Demorei para ler os 4 cap. mas amei, pois assim não fiquei sofrendo como estarei à partir de hoje! hehehehe
Bjos
Taty
Poxa, essa hora do banheiro é mesmo complicada a um pai! Mas se eu fosse o Leo, não voltaria a comer os lanches. Eu os teria jogado fora, pois atualmente não dá para confiar em desconhecidos. Não é preconceito, mas acho que quando se trata da segurança e saúde todo cuidado é pouco. Há muita maldade no nosso mundo, as pessoas cometem crueldades por motivos torpes, então acho que o Leo errou em voltar a dar aqueles lanches às meninas – o correto seria comprar outros e, se estivesse sem dinheiro, deveria levá-las de volta ao lar, prometendo retornar no dia seguinte.
ResponderExcluirAs pessoas estão se esquecendo de ser solidárias. Muitas vezes, até pela desculpa da falta de tempo e acho que esse é um dos motivos do nosso mundo está tão frio, com tanta violência. A desumanidade das pessoas está beirando as raias do absurdo. E há outras situações frágeis como essa que vc relatou no conto: uma vez, minha irmã precisou ser levada ao ponto socorro devido a uma forte enxaqueca que a estava deixando muito mal. E quando a gente chega ao pronto-socorro, mesmo tendo um bom seguro saúde, a paciente é conduzida à sala de enfermaria onde outras pessoas tb estão sendo tratadas, até que se decida se haverá necessidade de internação. E como só pode ficar uma pessoa da família junto ao doente e tem que ser do mesmo sexo (pois há ala feminina e ala masculina), então eu fiquei com a minha irmã. E ao lado da cama em que ela estava, havia outra menina que estava sozinha, pois havia se mudado há pouco tempo para Santos com o esposo – este estava todo nervoso do lado de fora porque não podia ficar ao lado da mulher. Ela precisou ir ao banheiro e, então, o deixaram entrar. Eu estava muito preocupada com minha irmã e não havia reparado no que estava acontecendo, mas quando vi o rapaz entrar, coitado, todo nervoso tb, me toquei do problema. Então, me ofereci para entrar com ela no banheiro e ele ficou com os olhos marejados de alívio. É um ato tão pequeno e, ao mesmo tempo, tão enorme! E fez mais bem a mim do que a eles. Depois, acabei fazendo amizade com ela e, durante o tempo que eu fiquei lá, ela foi me contando a sua vida. Sei que isso parece bobagem, mas guardo um carinho grande por ela, espero que esteja bem.
Mas tadinho do Leo, todo mundo fica preocupado com o celibato dele. E sei que a intenção dos amigos é a melhor possível, mas é muito chato as pessoas ficarem empurrando ‘mulheres’ para cima dele. Cada um tem um tempo próprio, não acho legal forçar muito a barra. É bom convidá-lo para sair, mas desde que o trate como uma pessoa normal, sem nenhum tipo de pressão.
Beijinhos