segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Resgate de Amor (18)

Cerca de uma semana depois desta noite, Roberto recebeu o convite para a festa em que ele e seu irmão, Marcos, seriam homenageados, como empresários do ano por um importante patrocinador. Seria uma data marcante para ele e queria que Sílvia estivesse presente.
- Claro que eu vou. Já está marcada na minha agenda.
Qual não foi a surpresa de Sílvia, quando na próxima sexta, ao chegar à emergência, deparou-se com a nova escala onde seu nome constava na quinta feira seguinte como plantonista. Era a noite da festa de Roberto. “Não é possível! Parece que fazem  esta escalação com o propósito de me prejudicar”, pensou em voz alta, indignada com o fato. Tentaria trocar, mas sabia como isso era impossível. Foi queixar-se para Hector que apenas lançou-lhe um olhar estagnado.
Já ia saindo cabisbaixa, sentindo-se derrotada, quando Hector a interpelou.
- Sílvia... Sente-se aqui... Por favor – solicitou, deixando-a intrigada sobre o que ouviria a seguir – Sei que anda muito estressada. O trabalho aqui não é fácil. Os médicos não costumam aguentar muito tempo neste ritmo, por isso nossa  alta rotatividade. Não espero que com você seja diferente, mas preciso lhe dizer que existem “forças” querendo sua desistência deste emprego mais cedo que o comum.
- “Forças”? Quem são estas “forças”? Dr. Lorenzoni? Quem mais? Estou despertando inveja em alguém? Apenas tento fazer o meu trabalho o melhor possível. Quem teria interesse em me tirar daqui? – estava assaz surpresa com a afirmação de seu chefe.
- Calma, Sílvia. Não posso dizer mais nada. Aliás, nem deveria ter tocado neste assunto, mas é algo que está fora do meu controle, e que está me incomodando muito. Nestas últimas semanas, trabalhando juntos pude conhecê-la um pouco melhor e observar que você é uma boa pessoa e muito competente. Não gosto de injustiças. Portanto, se você pretende continuar neste hospital, não se deixe vencer por perseguições. Tenho certeza que isto é por pouco tempo.
Ela estava pasma com tudo o que estava ouvindo, porém reconhecia que devia ter sido necessário um grande esforço de Hector para conseguir dizer-lhe tudo aquilo.
- Hector, não é mais uma questão de trabalho. Apesar das situações estressantes que vivemos aqui, eu gosto do meu trabalho. O problema é que está afetando minha vida pessoal. Confesso que estou a ponto de desistir de tudo. O tempo está passando e não consigo ver uma saída.
- Se eu pudesse ajudá-la... mas tem coisas que estão fora de meu alcance. Infelizmente...
- Agradeço pela sua preocupação, Hector.
- Esta noite é muito importante para você, não?
- Sim, é.
- Se você não conseguir trocar este plantão, eu o faço por você.
Sílvia mal acreditava no oferecimento que acabara de ouvir. Nunca imaginara que Hector fizesse alguma coisa deste tipo por ela.
-  Nem sei o que dizer...
- Então não diga nada, antes que eu me arrependa do meu oferecimento.
- Se você não fosse tão sisudo, eu até lhe daria um beijo – disse, tentando conter a euforia nascente.
Ele apenas a olhou de soslaio e, finalmente mostrando um sorriso de verdade, acenou com a mão para que ela sumisse dali.
A manhã foi agitada, como sempre. Assim que terminou seu horário e passou os casos aos colegas da tarde, tentou trocar seu plantão de quinta com eles, mas sem resultado. Pegou o telefone e ligou para os outros plantonistas da lista que havia na emergência. Nada conseguiu. Resolveu passar num salão de beleza e dar uma ajeitada nas unhas e no cabelo, que ultimamente não vinham recebendo a devida atenção. Apesar de tudo, sentia-se mais animada. Não teria plantão neste fim de semana e pensava em curtir um jantarzinho com Roberto naquela noite e quem sabe sair para dançar no sábado. Seria perfeito. Estavam precisando disto. Não falaria nada a respeito do plantão de quinta feira, por enquanto.
Depois da sessão de embelezamento, resolveu ir para casa descansar um pouco e ver o que faria em relação ao seu plantão. Preferia não precisar da ajuda de Hector, mas se não conseguisse nada, acabaria por dever-lhe este favor.

Roberto, após comer uma salada na lanchonete da sua academia, saiu assobiando, com vontade de comprar flores para Sílvia. Aquele seria o primeiro fim de semana em três, que ela não teria um bendito plantão. Queria fazer-lhe uma surpresa. Já tinha reservado lugar num excelente, mas discreto, restaurante de comida japonesa. Passou numa floricultura, de onde saiu com um lindo buquê de rosas vermelhas, em direção ao seu apartamento. Naquele início de tarde as coisas pareciam estar começando a se encaixar. A certeza de que tudo ia dar certo era quase palpável.
Ligou para casa e ficou sabendo por Dolores que Sílvia havia acabado de chegar. Orientou sua auxiliar a não atender a porta. Queria que Sílvia o atendesse.
Ao chegar, tocou insistentemente a campainha, que finalmente foi atendida por Sílvia, que vinha reclamando de não ter sido avisada de nenhuma visita pela portaria. Ao vê-lo postado diante de si, com aquele enorme buquê de rosas, desmanchou-se em um sorriso bobo.
- Beto! Que lindas... – disse, pegando o lindo arranjo e sentindo o aroma das flores. Segurou o buquê com uma das mãos e com a outra se enganchou no pescoço dele, atraindo-o para um beijo demorado.
- Elas são para comemorar o nosso fim de semana livre. Gostou?
- Adorei... Só você para me fazer tão feliz. Te amo, Roberto...
- Também te amo... Muito – murmurou ao seu ouvido, antes de abraçá-la e dar-lhe mais um beijo cheio de paixão.
- Melhor eu colocar as rosas em um vaso. Não quero que elas fiquem murchas antes do fim de semana acabar.
- O que você vai fazer agora à tarde? – perguntou cheio de más intenções, enquanto ela procurava um vaso que comportasse o peso de seu presente.
Ela o olhou, como que entendendo a sua insinuação e respondeu, em meio a um sorrisinho irônico:
- Vou estudar um pouco e ...
- Estudar, é? Talvez seja uma boa idéia...Posso estudar junto? – disse, aproximando-se dela, passando os braços ao redor de seus ombros, abraçando-a por trás e grudando-se ao seu corpo enquanto ela continuava ajeitando as flores em um grande vaso de cristal no centro da mesa de jantar.
- Você quer estudar comigo, é? Não sabia que você se interessava por Medicina.
- Claro que me interesso – respondeu, com expressão zombeteira na face – Principalmente pela área de anatomia... – falava ao seu ouvido, beijando o pescoço de Sílvia, provocando-lhe arrepios e um relaxamento gostoso.
- Tenho que colocar água nas flores, Beto... – falou sem muita convicção.
- Deixa que a Dolores ponha água nas flores. Nós temos que começar o nosso estudo imediatamente.
Sílvia logo entendeu que o “estudo” era urgente, pois sentiu um “certo volume” a pressionar-lhe as nádegas. Resolveu deixar as flores de lado e tomar conta do seu portador. Caminharam abraçados em direção ao quarto para iniciarem seu “estudo profundo da anatomia humana”.

A noite de sexta tinha sido perfeita. Apesar de ter que levantar muito cedo para trabalhar, Sílvia acordou bem disposta. Antes de sair, ficou olhando para Roberto, desnudo, atravessado sobre o leito, com uma expressão tranquila no rosto adormecido. Teve vontade de voltar para a cama e ficar abraçada a ele, sentindo o seu perfume e o seu calor gostoso. Mas o dever falou mais alto. Desceu rapidamente em direção a rua, onde pegou um táxi. Já estava em cima da hora.
Comeria alguma coisa no hospital, se a correria permitisse.
Ao chegar, soube que a noite de outras pessoas não tinha sido tão perfeita quanto a dela. Mal teve tempo de colocar seu avental e cumprimentar os colegas. Logo os casos lhe foram passados ligeiramente. Mais um acidente de transito, devido a ingesta exagerada de álcool, havia feito várias vítimas. Duas delas estavam sendo atendidas na emergência do Hospital Lusitano. Era um casal de meia idade, que estava voltando da festa de casamento do filho mais velho quando foram abalroados por um jovem bêbado, com o carro lotado de adolescentes, vindos de uma festinha.
Assim que os viu, Sílvia lembrou de seus próprios pais. Tentou evitar a emoção para que esta não atrapalhasse o seu discernimento na medida das condutas que teria de tomar dali em diante. Ela assumiu o controle das ações para tentar salvar as duas vidas. Aparentemente o homem havia sido estabilizado. Num determinado momento, a mulher entrou em parada respiratória. Sílvia começou a determinar as medicações a serem feitas, enquanto a entubava e a colocava no respirador artificial. Iniciou a massagem cardíaca. Nada parecia ter efeito. Pediu a cardioversão. Mais uma série de tentativas para que o coração reagisse, sem efeito. Depois de mais de meia hora tentando a reanimação, Sílvia não conseguia desistir. Foi Hector que teve de determinar a paralisação de todos os procedimentos e retirar Sílvia da sala para que ela se acalmasse.
- Você já fez tudo que podia, Sílvia. Deixe-a em paz – falou Hector, levando-a para dentro de sua sala – Vocês aí! Assumam o controle. Qualquer dificuldade, chamem – ordenou aos residentes que os acompanhavam.
Sílvia estava tensa e tremula.
- O que houve com você ali? Você já enfrentou outras mortes neste lugar e nunca a vi deste jeito, relutante em parar uma reanimação impossível – ele estava realmente preocupado com ela. Ofereceu-lhe um copo de água e ficou aguardando a reação de Sílvia.
- Não sei o que me deu, Hector... Desculpe.
- Não precisa desculpar-se. Só queria entender o que aconteceu com você. É o estresse ou tem alguma coisa a mais que eu não sei?
- Acho que identifiquei aquela mulher com minha mãe – falou, finalmente, com os olhos marejados.
A partir daí, sentiu-se à vontade para contar sobre a morte de seus pais, sobre como tinha sido difícil sua perda e de como se sentia responsável por tudo que acontecera.
- Pensei que estas coisas estavam enterradas no passado, mas parece que estavam apenas adormecidas. Hoje tudo voltou num piscar de olhos quando vi este casal.
- Fique aqui se recuperando. Vou dar a notícia para a família. Acho que eles estão esperando lá fora.
- Hector... Obrigada.
Ele apenas esboçou um sorriso de cumplicidade.
Depois deste início conturbado, as coisas não melhoraram. Ainda apareceram dois homens baleados durante um assalto e uma mulher que fora atacada pelo ex-namorado, que jogara ácido em seu rosto.
Ao final das seis horas, em que Sílvia conseguiu contornar seus sentimentos e trabalhar com competência, seus substitutos chegaram para continuar a assistência aos pacientes.
- Você já conseguiu passar aquele plantão de quinta, Sílvia? – perguntou seu chefe, enquanto ela se preparava para sair.
- Não... Infelizmente não.
- Então não se preocupe. Eu o assumo.
- Fico lhe devendo este super favor, Hector.
- Pode deixar que eu vou cobrar. Agora se suma daqui. Vá descansar.
- Bom final de semana – despediu-se.
Ele apenas acenou.
Finalmente na rua, Sílvia tentava esquecer tudo que acontecera naquela manhã e olhar em frente. Todo um final de sábado e um domingo pela frente para poder ficar junto com Roberto. Resolveu que seguiria a idéia original, que tivera pela manhã, antes de chegar ao hospital, quando estava sentindo-se disposta. Foi até um shopping próximo, onde comprou uma camisola nova, de renda vermelha,  com um grande e sensual decote, e um óleo de massagem perfumado, para serem usados naquela noite . Faria uma surpresa.
Depois das compras foi para casa descansar. Roberto havia falado que passaria na empresa para verificar um projeto. Portanto, poderia aproveitar para dormir um pouco e recuperar suas forças para mais tarde.
Chegou ao apartamento sentindo-se bem melhor. Porém, quando entrou, foi recebida por Dolores, que estava com uma cara péssima.
- Tem uma moça esperando pela senhora ali na sala.
- Quem é, Dolores? Eu a conheço?
- Ela estava atrás do patrão, mas quando soube que a senhora estava morando aqui, quis falar-lhe.
- Por favor, pode levar estas coisas para o nosso quarto? – pediu, entregando-lhe sua maleta e as sacolas com as compras.
- Pois não, senhora.
Sílvia encaminhou-se até a sala de estar e viu uma mulher ruiva, que apesar de seu aspecto vulgar, era jovem e muito bonita.
- Boa tarde. Roberto não está. Você quer deixar algum recado?
- Não. Pode ser com você mesmo – respondeu, com ar cínico, olhando-a da cabeça aos pés – Vim aqui para dar uma notícia ao Roberto. Acho que ele vai gostar muito. Já você... Não sei...
- E qual é a notícia? – perguntou preocupada com a aparente intimidade da mulher com ele.
- É que aceitei a proposta dele.
- Que proposta? Quem é você?
- Roberto e eu somos íntimos, digamos assim... Antes de você aparecer, saíamos juntos. Depois...Bem, ainda saímos. Não com a mesma freqüência, mas saímos. Você tem que parar de trabalhar tanto, garota, senão vai perder seu homem fácil, fácil.
Sílvia não acreditava no que estava ouvindo. “Quem é esta mulher e o que ela está insinuando?”
- Voltando à proposta, diga que eu aceito tirar o bebê e aceito a ajuda financeira que ele propôs.
- O quê?
Sílvia sentiu o chão faltar sob os  pés. Não podia acreditar no que estava ouvindo. “Roberto e esta mulher com jeito de prostituta? Um filho?”
- Por favor, dê o meu recado a ele. Ele sabe o meu telefone e endereço. Tchau, bela! – dizendo isto, deu as costas e foi embora, sem nem dizer o nome.
Sílvia ficou paralisada onde estava. Não conseguia raciocinar. Tudo aquilo era um pesadelo.
As palavras da desconhecida reverberavam em sua mente, deixando-a atordoada.
- Senhora...senhora...Não acredite nela. Tenho certeza que está mentindo.
- Não precisa defender o seu patrão, Dolores. Eu sei muito bem o que ouvi – dizendo isto, abandonou a sala em direção ao quarto. Lá, pegou sua mala vazia e começou a colocar suas roupas dentro. O resto daria um jeito de mandar buscar depois. Dolores, que veio logo atrás, implorava para que ela não fizesse isto e que devia conversar com o senhor Roberto antes.
Depois de tudo arrumado, pediu um táxi. Despediu-se de Dolores, que ainda tentou dissuadi-la em vão.
Foi direto para a rodoviária, onde pediu o primeiro ônibus para Valverde que conseguissem.
Foi informada que o próximo ônibus sairia dentro de uma hora e que ainda havia lugares disponíveis. Comprou sua passagem e rumou para o saguão de espera. Sentada numa das desconfortáveis cadeiras sem braço, olhando para o movimento frenético das pessoas a sua frente, tentava organizar os pensamentos. Segurava o choro. Imaginava como não percebera nada em Roberto que mostrasse este lado canalha dele. “Não era possível que tivesse se enganado tanto. Ter outra mulher antes dela e até tê-la engravidado, não era o problema. O que mais doía era saber que ele continuava a encontrá-la enquanto ela estava trabalhando e, o pior de tudo, havia mandado que ela abortasse o próprio filho. Isto não tinha cabimento. Isto ela não poderia aceitar. Tinha deixado toda a sua vida para trás, amigos e trabalho, para ficar com ele. Como ele pudera agir daquela maneira. Talvez a culpa fosse dela, que se deixara levar tão rápido por um homem que mal conhecia”.
Foi tirada bruscamente destes pensamentos quando percebeu o ônibus chegando ao box indicado e que deveria ser o seu..
Depois de embarcar e sentar-se na poltrona junto à janela, não conseguiu mais segurar as lágrimas represadas desde a saída daquela mulher do apartamento. Chorou silenciosa e amargamente.
Era um pouco mais que 21 horas quando chegou na rodoviária de Valverde, depois de algumas escalas. Depois de desembarcar e pegar sua bagagem, se deixou ficar sentada numa das poltronas do saguão, pensando no que faria a seguir. Estava sem carro, sem emprego, sem seu apartamento. Só lhe restava a cabana de seus pais. Sentia-se totalmente perdida e só.
Resolveu ligar para Franco. Ele ainda era o seu melhor amigo. Depois ligaria para Leonor. Precisaria da sua caminhonete para ir para a cabana. Mais tarde resolveria o que fazer de sua vida. As idéias lhe pareciam confusas.
- Alô? – indagou a voz de seu amigo.
- Franco? Desculpe incomodá-lo a esta hora, mas estou precisando da sua ajuda.
- Sílvia? É você? Onde está? – perguntou assustado.
- É, sou eu. Estou aqui na rodoviária – respondeu e, ao mesmo tempo, desencadeou um choro incontrolável – Eu não sei o que fazer. Você pode me ajudar?
- Sílvia, o que aconteceu? Pare de chorar... Olha, eu estou indo até aí te buscar. Está na rodoviária aqui em Valverde? É isto?
- Sim...
- Fique aí me esperando. Já estou indo!
- Era Sílvia? O que houve? – perguntou Elaine quando Franco desligou.
- Sim. Parece que ela não está bem. Alguma coisa muito séria aconteceu. Vou até a rodoviária buscá-la. Vou trazê-la para cá, até saber o que houve.
Rapidamente, pegou as chaves do carro, deu um beijo em Elaine e saiu.
Enquanto isso, na rodoviária, Sílvia ligava para Leonor.
- Leonor?
- Sílvia? Que bom que você ligou. Onde você está? O Roberto está atrás de você. Já ligou várias vezes para cá. Ele parece muito preocupado.
- Não diga nada a ele! O Franco está vindo me pegar na rodoviária. Vou pedir que ele me leve até aí.
- Você está aqui em Valverde? O que houve?
Depois te explico o que aconteceu. Vou precisar da minha caminhonete, se você não se importar.
- Claro que não...
- Eu passo aí agora para pegá-la. Pode ser?
- Sim, claro... Precisamos mesmo conversar, Sílvia – falou com voz tensa.
- Não se preocupe que não vou requerer o meu lugar de volta. Só preciso de um tempo para me organizar de novo.
- Não estou falando sobre isso. Existem algumas coisas que preciso contar a você.
- Está bem... Logo devo estar chegando aí – ficou intrigada com o tom de voz de Leonor e com sua última frase.
Em menos de 15 minutos, Franco encontrou Sílvia, sentada na modesta sala de espera da rodoviária de Valverde, como se fosse um zumbi.
- Sílvia! O que aconteceu?
- Franco! Que bom que você veio - disse, abraçando-o. Mais uma vez não conseguiu controlar o choro.
- Venha! Vamos sair daqui. Eu levo suas malas - falou, conduzindo-a em direção ao estacionamento.
- Por favor, me leve para o meu apartamento. Leonor já está me esperando.
Durante o percurso para sua casa, Sílvia foi contando toda a sua trajetória em São Paulo e, finalmente, a decepção sofrida naquela tarde.
- Mas você não o esperou para conversar sobre isto? Ele deve ter alguma explicação.
- Que explicação? Ter um caso enquanto estamos juntos e mandar a mulher abortar? Qual a explicação para isso?
- Não sei. É difícil de acreditar.
- Eu também não consigo entender como pude me enganar tanto.
- Olha, eu vou levá-la para a minha casa. Você fica conosco até amanhã. Já é muito tarde. Depois você resolve o que vai fazer.
- Eu preciso falar com Leonor. Quero ir para a cabana ainda hoje, mas vou precisar da caminhonete.
- Tem certeza que quer ficar sozinha, lá na cabana? Espere até amanhã.
- Franco, nem sei como te agradecer por tudo que está fazendo por mim. Mas quero ficar sozinha e pensar no que fazer.
- Você que sabe. Tenho certeza que tudo vai se resolver.
- Todos tinham razão quando me avisaram que devia me cuidar...
- Você seguiu o seu coração e isto não é errado – falou, tentando consolá-la - Ainda acho que alguma coisa não se encaixa nesta estória... – murmurou para si mesmo, pensativo.

Despediu-se de Franco, assim que ele a ajudou a descarregar as malas e deixou-a na porta do apartamento, sob os cuidados de Leonor
- Se precisar de mim é só chamar. Entendeu?
- Claro, Franco. Muito obrigada. Você é um grande amigo. Eu ligo – despediu-se dele com um abraço.
Leonor a observava com olhar preocupado.
- Sílvia... Roberto está desesperado atrás de você.
- Você não disse que eu estava aqui, disse?
- Não... – mentiu.
- Eu cometi um grande erro, Leonor. O maior erro da minha vida. E não foi por falta de avisos. Eu estava cega.
- Não, Sílvia. Você não estava cega. Você foi enganada.
- Sim, claro...Por Roberto
- Não. Não por Roberto. Por Dirceu e por mim.
- O quê? – perguntou estupefata com a afirmação de Leonor.
- Sente-se aqui e vou contar o que aconteceu. Sei que vai me odiar, mas não suporto mais manter esta farsa. Passei a gostar muito de você. Acho que você não merece nada disto que está acontecendo.
Sílvia obedeceu à ordem de Leonor e sentou-se para ouvir o que ela tinha a dizer, com medo do que estava por saber.

(continua...)



Estão gostando? Acho que agora as coisas vão começar a esquentar, pois o final se aproxima...rsrsrs
Beijinhos!

Um comentário:

  1. Oi Rô!
    Consegui terminar os capitulos que faltavam. Eu sabia que esse Dirceu era um canalha, mas não pensei que chegasse a esse ponto, foi muita apelação a falsa gravidez da prosti(pela descrição dela...).
    Já estou imaginando o que você está reservando para o próximo capitulo, que não vai demorar não é???rsrrsrsr.
    Aliás, sobre a enquete, amoooo finais felizes e acho que o desse romance vai ser mais um daqueles de tirar suspiros.
    Aiiiiiii......
    Um cheiroo!!!

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Cantinho do Leitor
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