quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Meu Doce Vampiro - O Reencontro (parte 9)

Tão logo Victor adormeceu, Luísa saiu sorrateiramente do castelo. Gabriele havia feito certo mistério a respeito da reunião daquela noite, dizendo que ela teria uma surpresa, mas sem explicar os motivos para tanta expectativa. Entretanto, ela não conseguia mais resistir à ansiedade e a tentação de voltar a encontrar Robert e esclarecer a conversa entrecortada por insinuações sobre direitos sobre o seu filho que tinham tido no início da tarde. Encoberta pelas sombras da noite, chegou rapidamente à cidade, dirigindo-se prontamente ao hotel onde ele estava hospedado. Ainda não tinha bem certeza de como abordaria o assunto, mas o desejo de vê-lo competia com a angústia provocada pelas últimas palavras dele. Não havia praticamente movimento algum de hóspedes na recepção, onde um jovem recepcionista iniciava seu plantão. Notou os olhos de admiração do rapaz ao vê-la entrar, seguidos pela curiosidade ao ser perguntado pelo ator Robert Neville. Com um sorriso estudado na escola de hotelaria, depois de um “pois não, senhora”, procurou nos escaninhos às suas costas pela chave do hóspede em questão.
- Ele está no hotel, senhora. Vou fazer uma chamada para o seu quarto. Só um momento...
Enquanto o jovem fazia sua ligação, Luísa ouviu uma sensual e sonora risada feminina, que logo suspeitou ser pertencente à atriz que conhecera à tarde e a quem nem fora apresentada. Sem esperar que o recepcionista completasse a sua solicitação, caminhou lentamente em direção à sala de estar de onde vinha o som de risos. Algo lhe dizia que Robert estaria ali. Seus temores confirmaram-se. Apenas os dois estavam sentados num dos sofás, bastante animados na companhia um do outro. Constatou a intimidade entre eles e o ciúme passou a corroê-la. Trêmula, ficou a observá-los, parada, a uma distância discreta, tentando evitar que a vissem. Foi quando ouviu o porteiro lhe chamar, alertando a dupla na sala. Virou-se para atendê-lo e agradecer por seu interesse.
- O senhor Neville não está em seus aposentos, senhora.
- Não se preocupe. Já o achei. Muito obrigada.
Quando voltou sua atenção para a sala, seu olhar cruzou com o de Robert.
Ela estava linda, com os olhos a faiscar um ciúme indisfarçável, que o fez se sentir vitorioso. Parecia que seu alvo havia sido atingido e devia isto à Lisa, que se mostrara disposta a ajudá-lo em sua conquista, ou deveria dizer, reconquista. Esta, por sua vez, ao notar a presença de Luísa, colocou em ação seu talento artístico e mostrou-se o mais íntima possível, tocando o rosto de Robert, desviando sua atenção daquela sortuda que estava na recepção, virando-o para si e aproximando-se de forma a dar-lhe um beijo suave na boca. Com movimentos planejados, depois de beijá-lo, lançou um olhar provocador para Luísa. Era ótima atriz e já sentira que Robert estava muito interessado naquela mulher, como nunca estivera antes. Ficaria assistindo de platéia a queda de seu amigo do nível de conquistador a conquistado. Seria muito divertido. Só esperava que ela o merecesse.
Robert segurou a mão de Lisa que o tocara e a beijou. Já vira que a amiga entrara no seu jogo para encenar e provocar ciúmes em Luísa. Esperava poder agradecer-lhe mais tarde. Pediu licença a ela e caminhou determinado para onde estava a sua espectadora, que se encontrava paralisada, mas tentando manter o olhar impenetrável.
- Luísa, que bom ver você por aqui – cumprimentou-a alegre e calculadamente cínico – Aconteceu alguma coisa?
Como que acordada de um mau sonho, falou em voz baixa e mal-humorada:
- Acho que cheguei numa hora imprópria. Vejo que está “ocupado” – tentava controlar o tremor nas mãos e o rancor represado.
- Será que percebo uma ponta de ciúme em você? – Queria rir, mas não podia deixá-la perceber a farsa entre Lisa e ele.
- Não! De maneira alguma – negou veementemente demais – Se quiser, podemos conversar amanhã quando voltar ao castelo para continuar as filmagens.
- Não, de jeito nenhum – sorriu sedutoramente – Lisa é apenas uma grande amiga – afirmou com uma pincelada de ironia na voz, propositalmente colocada para que Luísa achasse que havia algo mais entre os dois, além da suposta amizade – Venha... Vamos conversar num lugar mais reservado.
Os punhos de Luísa cerraram-se instintivamente e só seguiu-o porquê foi segura firmemente pelo braço e praticamente arrastada por ele. Ainda pode ouvir ao longe a voz de Lisa, advertindo Robert, em tom de leve censura:
- Robert, querido, não demore.
Ele teve que segurar mais uma vez a gargalhada, ao mesmo tempo em que pensava que Lisa estava exagerando. Podia quase palpar a fúria de Luísa através do retesamento da musculatura de seu braço ao ouvir a outra.
- Não demorarei... – exclamou de volta – Ou talvez não volte... – completou em voz baixa, que só Luísa poderia ouvir.
Lisa praguejou para si mesma. “Droga! Agora fiquei sozinha. Nem Robert, nem Eric, nem Cris... Nem mesmo o Will para despejar a sua aversão por mim. Fazer o quê? Nesta altura da vida servir de ajudante de cupido... A que ponto cheguei...” Foi até o bar e pediu uma dose de vodca com muito gelo.
- É o que me resta neste fim de mundo – disse erguendo seu copo em brinde ao barman e bebendo a sua própria saúde.

- No seu quarto? – perguntou sobressaltada ao dar-se conta do local para onde Robert a levara.
- Não existe nenhum lugar mais privado do que este no hotel. Podemos ficar de pé aqui no corredor, se preferir – zombou dela.
Sem outra saída, Luísa lançou-lhe um olhar zangado e aceitou o convite que ele fez com a mão, indicando-lhe a porta do seu apartamento.
- Juro que tentarei me comportar – arriscou dizer, antes de fechar a porta atrás deles.
O quarto contava apenas com uma cadeira bergère, em capitonê, forrada por veludo da mesma cor vermelha das cortinas, acompanhada por um pufe, uma pequena escrivaninha antiga e uma cadeira de braço, além da cama de casal.
Ele apontou a bergère para que ela sentasse, por ser mais confortável, mas Luísa preferiu a cadeira de braço. Engolindo a recusa de seu oferecimento, sentou-se ele próprio na aconchegante poltrona e ficou a observá-la por alguns instantes, até resolver dar início à conversação.
- Então? Estamos aqui, a sós, sem interferências externas. Sobre o que gostaria de conversar? Estou dando o tempo que você tinha me pedido na penúltima vez em que nos falamos, lembra?
- Eu sei... – respondeu no meio de um suspiro, como se fosse difícil externar o que desejava – Tenho pensado muito sobre o que você me falou e decidi contar a verdade – a voz ainda indecisa, buscava a melhor forma de expressar-se.
Robert mantinha-se atento, optando por ficar mudo, sem interferir na confissão dela. Apenas a olhava com aparente serenidade.
- Nós realmente nos conhecemos naquele cruzeiro...
Uma sensação de alívio e prazer inundou sua mente e seu coração por finalmente certificar-se de que não estava louco ou apenas imaginando coisas, mas continuou impassível, à espera das próximas palavras.
- Foram dias maravilhosos, mas que são passado. Para você, pelo jeito isto não foi uma dificuldade, já que nem ao menos tinha certeza se era eu ou outra mulher em sua companhia naqueles dias – esperava que a tática de minimizar o seu interesse por ele o esfriasse – Tivemos uma bela aventura e nada mais.
Ele retesou-se na poltrona, percebendo a intenção de Luísa, e resolveu interferir.
- Você está tentando justificar a sua fuga e desaparecimento – Aos poucos sua memória voltava. O rosto de Luísa preenchia agora todas as lacunas vazias dos últimos anos. Seu coração disparou ao relembrar as noites de amor passadas com ela – Você me deixou. Lembro de quase tudo agora...
- Neguei que o conhecia, pois não pretendo repetir a experiência. Eu fui apenas mais um caso na sua provável extensa lista de mulheres.
- Não! Não foi. Este “caso”, como você pretende classificar-nos, tem perturbado meus dias e minhas noites, por causa da angústia de não conseguir lembrar alguém que foi importante demais em minha vida – Enquanto falava, buscava nas lembranças, que chegavam como raios a sua mente, a explicação para sua perda de memória. Tinha que haver uma.
“Ele não lembra que sou uma vampira”, pensou Luísa, “Talvez isso seja chocante demais para que relembre”.
- Foram apenas cinco dias. Não pode ter sido tão importante assim.
- Sei que existe alguma coisa que ainda não lembrei, mas isto não importa – Levantou-se da bergère e foi até ela. Segurou os seus braços e ergueu-a da cadeira, aproximando-a de si – O que realmente importa é que você está aqui, ao alcance de minhas mãos. E eu a desejo imensamente.
- E se eu não estiver interessada? Já lhe ocorreu este detalhe? – disse, sem conseguir manter o olhar desafiador, com medo de ser descoberta em deslavada mentira.
Ainda segurando-a, acariciou seu queixo e suavemente a fez elevar a cabeça até reencontrar seus olhos afogados em anseio.
- Duvido muito disso...
- Acho que você está se superestimando, meu caro – disse sarcasticamente, tentando manter a voz firme e usando a cena que vira alguns minutos antes do saguão do hotel para alimentar a hostilidade necessária a manter sua frieza perante ele.
- Você não consegue evitar o seu desejo por mim, Luísa, por mais que tente disfarçar – falou enquanto a puxava cada vez mais contra si, com uma mão em sua cintura e a outra às costas, forçando-a a um enfrentamento maior – Todo o seu corpo pede por mim. Sinto o seu tremor, a aceleração do seu coração e as forças esvaírem do seu olhar quando a toco. Por que negar esta atração e esta paixão que nos consome?
Quase perdendo o domínio de seus atos, lembrou-se de Lisa.
- A mesma atração e paixão que eu presenciei há pouco lá embaixo? – esbravejou.
Robert apenas sorriu, sem afrouxar seu abraço.
- Aquilo foi uma bela encenação feita especialmente para você. Pelo que vejo, surtiu o efeito desejado.
Uma onda de indignação e revolta percorreu Luísa, pensando em como os dois estariam a divertir-se por conta dela, e imediatamente começou a lutar contra ele para libertar-se dos seus braços.
- Como bom ator que certamente é, quem me garante que as encenações cessaram ao entrarmos neste quarto? Você pode estar encenando desde que me viu a primeira vez e agora apenas quer ter mais uns dias de prazer, para depois desaparecer e dizer que perdeu a memória – falava ao mesmo tempo em que o empurrava com força com as mãos sobre seu peito – Solte-me.
Agora ele enfurecia-se ao ouvir aquelas falsas acusações.
- Eu não estou encenando agora, Luísa. Por Deus! Estou louco por você. Há quatro anos a procuro, onde quer que eu vá, num sorriso, numa voz, num jeito de andar, num gesto... Faço qualquer coisa para tê-la comigo novamente – dizendo isto, imobilizou-a com um braço, enquanto a mão livre segurou sua cabeça, forçando o encontro de seus olhos. Com brutalidade e paixão colou seus lábios aos dela. Houve grande resistência e luta a princípio, mas pouco a pouco ele sentiu seu corpo amolecer e a boca entreabrir-se, permitindo que sua língua a invadisse, causando um pequeno gemido de entrega.
- Robert... – ela gemeu quando se separaram para recuperar o fôlego..
- Eu preciso de você, Luísa... – murmurou junto a sua boca, de onde não queria afastar-se, antes de iniciar outro beijo, agora mais apaixonado e menos arrebatado, degustando o sabor de seus lábios e de sua língua, matando a saudade que o consumia e saboreando a entrega de Luísa.
Ela não conseguia mais resistir a ele. Tentara com todas suas forças afastá-lo, mas era impossível. O medo e o ciúme já não tinham lugar entre eles, depois das palavras que acabara de ouvir. Não fugiria mais. Enfrentaria por ele fosse o que fosse. A cólera de Cássia, o fim da espécie... Nada mais era tão importante do que estar junto a ele. O resto seria resolvido de uma ou de outra maneira. Pensaria nisto depois...
As mãos de Robert já passeavam por seu corpo, tentando desvendá-la, tocar sua pele, buscando o contato mais íntimo. Aos poucos foram deixando suas roupas de lado, matando a saudade nas palmas das mãos, no roçar dos lábios e na ponta das línguas. A redescoberta do antigo prazer que haviam compartilhado aliada às novas sensações era inebriante. Ela ansiava por aquela dominação. Queria que ele a possuísse completamente. Logo estavam sobre a cama, onde Robert a deitou e passou a percorrê-la com os olhos e as pontas dos dedos, provocando-lhe arrepios incontroláveis. Descendo pela curva de seu pescoço alvo, chegou até os seios que pareciam mais volumosos do que lembrava, mas arredondados, firmes e macios, com mamilos róseos e rijos pelo desejo. Brincou com eles, massageando um com a pressão dos dedos indicador e polegar enquanto a língua deslizava pelo outro, fazendo Luísa contorcer-se sob seu corpo. Buscando dar-lhe maior prazer, avançou através do abdômen, com leves mordiscadas e lambidas até chegar ao púbis, onde passou a beijá-la. Beijos rápidos e molhados, que foram invadindo cada vez mais a sua intimidade. Luísa já não tinha noção de onde estava. Gemia, gritava e o arranhava, pedindo que a possuísse. Ele vibrava e gemia ao vê-la tão excitada. Sentia o efeito das endorfinas correndo por suas veias. O calor e a sensação de enrijecimento de todos os seus músculos lhe mostravam que não conseguiria mais deter o seu ímpeto de invadi-la e extravasar toda aquela torrente de desejo.
Por fim, exaustos, deixaram-se cair lado a lado, de olhos fechados, sentindo as respirações ofegantes normalizarem-se.



Como podem ver, não consegui finalizar ainda a nossa estória, mas resolvi postar um pouco antes do esperado final, para agradar às minhas leitoras fiéis que tem tido tanta paciência comigo. Espero que tenham gostado do tão esperado reencontro de Robert e Luísa. Agora falta pouco para que as coisas se ajeitem para eles.
Um grande beijo!!

6 comentários:

  1. UI! Estou de cabelo em pé!!! Que força teve esse encontro hein amiga! Fiquei arrepiadíssima com a descrição das carícias, aff... Agora posso ir trabalhar mais relaxada, adorei!
    Mais tarde volto, para reler este episódio!
    Beijos

    ResponderExcluir
  2. Carel disse:
    Com brutalidade e paixão colou seus lábios aos dela... Uiiiiiii, adoro isso!!! Aquele reencontro bem "pegado"kkkk.Ahhhhh esse homem é tudo de bom mesmo... ainda mais qdo a nossa imaginação trabalha e imagina aquele escoces como Robert...ai,ai...Ro, não tenha pressa de terminar amiga! Se surgir mais algum assunto interessante pode explorar em ótimos textos sem problema algum!!!!Da minha parte esse conto pode ter uns 20 capitulos... de preferencia com bastante cenas como essa do reencontro...kkkkk. Beijos flor!!!!

    ResponderExcluir
  3. Ro, que delícia! Eu havia parado de ler no capítulo 5 e hoje resolvi ler os restantes de uma vez só! Não consegui parar! Você está cada vez melhor!
    A estória nos prende e fascina. Esse reencontro foi maravilhoso. Sensual, intenso e apaixonado. E imaginando o Gerry fazendo tudo isso nos fascina mais ainda! Parabéns, amiga. Ah! E não se preocupe em fechar o conto tão rápido... Como disse a Carel, esse pode ter uns 20 capítulos, de preferência cmo esse! kkkkkkkkkk

    Mil beijos, linda!

    ResponderExcluir
  4. Ui, ui, ui...
    Assim eu num guento! É muita pressão para um miolinho só...!!!
    A parte do "com brutalidade e paixão" então, me deixou muuuuuuito nervosa...MÉLDÉLZZZZ...
    Pára não Rô! Eu quero é mais!

    Bjim♥

    ResponderExcluir
  5. Rosane,
    Concordo com que as meninas disserem em genero,número e grau,kkkkk.Não para não este conto está maravilhoso e se tiver mais alguma ideia pode escrever, pois pode ter mto mais .
    E as cenas de amor estão cada vez mais provocantes e bem descritas como "com brutalidade e paixão" está é para deixar qualquer uma de cabelo em pé.
    Bjs,
    Cris.

    ResponderExcluir
  6. Ai que ciúmes danado... Eu estaria me mordendo, a gente sabe que não deve sentir isso, mas é uma coisa...
    Agora, convenhamos, essa Lisa é abusada... Tudo bem em por lenha na fogueira, mas dar um beijo, mesmo que suave, nos lábios dele... O QUE QUE É ISSO!!! Ela já aproveitou pra tirar uma casquinha, isso sim!
    E o Robert ainda beijar a mão dela... Aí já é demais... Eu o deixaria chupando manga e sairia dali soltando fogo pelas ventas...
    Ai... ai... Ele sabe ser mesmo romântico, que delícia! Acho o romantismo fundamental!
    Noooooooooooooooooossa, amiga, vc ainda me mata com esses detalhes picantes, P-E-R-F-E-I-T-O...
    Amei esse reencontro, Rô! Vi-me ali... Eu e Robert... Afinal, sonhar pode...
    Beijinhos

    ResponderExcluir

Cantinho do Leitor
Este cantinho está reservado para que coloquem suas críticas a respeito de meus romances e do blog. A sua opinião é muito importante para mim. Se tiverem alguma dificuldade em postar aqui, deixem mensagem na caixa de recados.
Beijos!