- O que aconteceu? – perguntou Arnold quando viu o ator, que conhecera poucas horas atrás no hotel, gravemente ferido.
- Ele foi atacado por um lobo selvagem – respondeu Eric nervoso.
- Ele foi tentar nos ajudar... Robert... – Luísa não conseguia encontrar palavras que dessem significado ao que estava sentindo. Gabriele a amparava, preocupada com estado de sua amiga.
- Eric, me ajude a limpá-lo. Peça ao Cristopher para buscar minha maleta na cidade. Vamos precisar de água e panos limpos.
- Vou providenciar – disse Cássia, assumindo a tarefa delegada a esmo e recebendo um olhar de agradecimento de Arnold.
- Também precisarei de minha maleta, que está no hotel. Parece que os ferimentos não foram tão profundos como parecem. O mais preocupante é o corte próximo à artéria carótida, mas creio que não chegou a atingi-la. Ele perdeu muito sangue, mas creio que vai se recuperar. Podemos dar um jeito para que esta recuperação seja mais rápida que o convencional.
Arnold Paole, ao longo dos séculos passara por várias escolas de medicina, estudando e pesquisando a respeito da arte médica, com o intuito de descobrir o sangue artificial. Sua formação habilitava-o, sem dúvidas, para o atendimento de Robert, melhor do que qualquer serviço de urgência da região, caso existisse algum.
- O que quer dizer com isto? – perguntou Luísa preocupada com o tipo de tratamento que Arnold preconizaria.
- Não. Não vou transformá-lo, minha cara, se é isto que a preocupa – tranquilizou-a – Mas podemos fazer pequenas transfusões, utilizando o sangue de um vampiro de linhagem pura. Isto o fará recuperar-se mais rapidamente, além de dar-lhe uma cicatrização perfeita. Na profissão dele, cicatrizes como estas diminuiriam enormemente as perspectivas dele em seu trabalho.
- Eu posso doar o meu sangue para ele – ofereceu-se Luísa, sem pensar duas vezes.
- Não, Luísa. Não pode – afirmou Cássia, que voltava com os pedidos de Arnold – Conversaremos isto depois. Mas eu posso e me ofereço para ajudar o rapaz.
Assim que conseguiu tudo o que precisava, Paole pediu para que todos saíssem do quarto, à exceção de Eric e Cássia.
Avisado por Cássia sobre o pedido de Arnold para trazer sua maleta com equipamento médico, Cristopher atendeu-o em pouco menos de 30 minutos. Levou o material até o aposento onde Robert estava sendo atendido e voltou ao salão principal onde os demais aguardavam.
- Quem são eles, afinal? – perguntou Luísa para Gabriele – Pensei que eram apenas atores e amigos de Robert. E este Arnold?
- Eles são de um clã grego de vampiros. Souberam de nossa existência quando estivemos em Santorini. Lembra do menino, Eros, que serviu-nos como guia em Myconos? Era um deles.
Estupefata com a novidade, ficou atenta ao que Gabriele passou a contar-lhe sobre o clã grego, Eric, Cris e Arnold, e de como suas expectativas haviam tomado novo curso.
- Mas, então... Tudo muda de figura com esta descoberta. Talvez Robert e eu tenhamos alguma chance de ...
- Toda a chance do mundo, querida.
- E você? Parece que voltou a ser a Gabriele de antes. O que aconteceu?
- Eric – respondeu com um sorriso.
Luísa devolveu um esboço de sorriso e logo voltou a pensar em Robert.
- Por que tinha de acontecer isto a ele? Logo agora que foram feitas estas revelações?
- Não se preocupe, Luísa. Tenho certeza que Paole vai reabilitá-lo. Robert está em ótimas mãos. Ele é médico e sabe o que está fazendo.
- Você sabe algo a respeito do que Cássia quis me dizer? Por que não posso ser eu a doadora.
- Acho melhor deixar que ela mesma fale com você sobre isso.
Luísa tentava distrair os pensamentos com esta conversa para não pensar no sofrimento de Robert e em seus ferimentos. Sentia-se instável e todos os músculos do corpo lhe doíam devido à grande tensão em que se encontrava.
- Não aguento mais ficar parada aqui esperando. Vou ver as crianças e saber como estão. Por favor, me avise quando souber de alguma coisa.
- Pode deixar. Vá vê-los. Victor deve estar precisando de você.
Victor
Lana
Sentado sobre a cama, encolhido entre os travesseiros, um par de olhos verdes, grandes e assustados, lançaram um olhar aliviado ao ver que a mãe estava bem e continuava ali ao seu lado para dar-lhe conforto e segurança. Lana já parara de chorar e acabara por dormir nos braços de Monique, tendo sido levada para seu próprio quarto.
- Mãe, quem era aquele moço que pulou no lobo?
Luísa entendeu que o pequeno, devido ao ataque inesperado da fera, na penumbra da mata, não conseguira reconhecer o seu salvador da tarde do dia anterior.
- O nome dele é Robert, meu bem. Ele te salvou de cair no penhasco ontem à tarde, lembra?
Com cara de choro, perguntou gaguejando:
- E-ele morreu?
- Não. Ele ficou muito ferido, mas não morreu, querido – respondeu, forçando-se para manter um tom de voz tranquilizador, enquanto abraçava o filho.
Ele se agarrou a ela, abrigando o rosto no meio de seu peito, numa tentativa de esconder-se da visão de sangue, gritos e choro que presenciara no bosque.
- Que bom... – falou com a voz abafada – Não quero que ele morra...
Procurando conter as lágrimas, Luísa conseguiu murmurar, aumentando a pressão de seu abraço:
- Ele não vai morrer, querido... Não vai...
Emocionou-se com a preocupação de Victor pelo homem que ainda não reconhecia como seu pai, mas sabia que ainda não chegara a hora de revelar-lhe este fato. Esperaria a recuperação de Robert para que pudessem contar-lhe juntos.
Ainda estavam abraçados, quando Cássia apareceu à porta do quarto e disse:
- Robert quer vê-la.
Ela parecia cansada e mais pálida do que nunca, provavelmente devido à doação de sangue para ajudar na recuperação de Robert.
- Como ele está?
- Bem. Parece que o tratamento de Paole está tendo bons resultados.
- Gostaria de agradecer-lhe, Cássia.
- Não precisa. Tenho uma dívida com você por ter ocultado alguns fatos do seu passado. Mas sobre isto conversaremos depois, com mais calma. Agora, vá ver o seu... amigo – ordenou com um discreto sorriso, enquanto se acercava de Victor e tomava o lugar de Luísa – Deixe que eu fico com este rapazinho aqui.
- Mãe... – ele exclamou receoso.
- Já volto, querido – acalmou-o, beijando-lhe a testa escondida sob os fios de cabelo negro, que ali caíam desajeitados.
Paole a esperava à entrada do aposento. Queria lhe explicar sobre o tratamento e a recuperação de seu paciente.
- Ele ainda precisa de repouso. Já fizemos a primeira transfusão. Serão três ao todo. Uma por dia. Portanto, em três dias ele estará como novo.
- Estas transfusões... Não podem provocar uma transformação dele em um de nós?
- Não há este risco em hipótese alguma. A enzima que provoca esta transformação de que você fala só é inoculada no indivíduo através dos caninos, no momento da mordida – tranquilizou-a.
- Ele já sabe sobre o... tratamento?
- Sim. Eu expliquei tudo a ele, assim que recuperou a consciência.
Eric se encarregará de contar ao diretor do filme em que estão trabalhando uma explicação para o acidente que ele sofreu e o motivo por continuar aqui. Nada muito diferente do que aconteceu. Apenas mais abrandado, se é que me entende.
- Claro. Eu entendo... E muito obrigada por salvá-lo.
- Temos que agradecer à Cássia. Não fosse por ela, ele permaneceria naquele estado lastimável – Com um sorriso afável, abriu a porta e fez um gesto com a mão, liberando a sua entrada – Melhor você entrar.
O sol já começava a espantar as sombras noturnas ao longo das montanhas em torno de Mircea, mas a posição de Robert na cama, cercada por dosséis com pesadas cortinas, não permitia uma boa visão de sua aparência. Luísa foi aproximando-se cautelosamente, seguida por Paole um pouco mais atrás. Lembrava do estado em que ele ficara logo após o ataque e temia aquela visão. Não por repulsa, mas por imaginar a dor que ele devia estar padecendo com as extensas feridas. Culpava-se por não ter conseguido ajudá-lo naquele momento, mas tudo havia sido tão rápido...
- Luísa – a voz soou mais grave e rouca que de costume.
- Sim, meu amor. Eu estou aqui.
Já estava bem próxima dele quando sentiu sua mão acolhida pela dele. Era quente e forte, como sempre. Ela sentou ao seu lado e, só então pode observá-lo. Era impressionante. A cicatrização já era praticamente completa e nem de longe lembrava o moribundo que vira momentos antes. Onde a pele havia sido dilacerada, mal podiam ser vistas algumas estrias de cor avermelhada
- Pela sua cara, o doutor ali – disse apontando com a outra mão para Arnold – trabalhou bem. Ou estou enganado, e estou tão mau que a impressionei pela feiúra?
- Não... – Ela não conseguia esconder sua admiração – É incrível ...
- Eu bem que queria ter um espelho, mas já sei que vocês não apreciam muito tê-los em casa.
- Você vai ter que se contentar só com a nossa opinião até poder voltar para o hotel – falou Luísa, sentindo as forças voltarem, superando os momentos de angústia pelos quais havia passado, ao ver Robert recuperando-se e de bom humor.
- Vocês têm razão em não deixar saber a sua existência. Se certas pessoas mal intencionadas soubessem do poder deste sangue, imaginem a caçada desmedida em busca das curas milagrosas provocadas por ele.
- Esta é uma de minhas preocupações. Depois que terminei por descobrir o sangue artificial, voltei minhas pesquisas exatamente para a procura do componente que produz este efeito curativo tão potente. Até agora, só o que consegui foi saber que ele só existe na circulação dos vampiros homozigotos. Os híbridos apenas tem a capacidade de curar através da mordida, que acaba por liberar a enzima responsável pela transformação dos humanos em vampiros.
Enquanto falava, Arnold lembrou de seu filho mais velho, Stefan, que acabara por transformar Sophia, sua atual esposa, quando esta corria perigo de vida. Ele enfrentara uma amarga dúvida sobre o que fazer naquela situação, entre perdê-la ou transformá-la numa vampira. Ao fim das contas, tudo acabou bem, pois ela já estava apaixonada por ele e aceitou bem sua mudança.
- Bem, – continuou – creio que já devo estar cansando vocês com minhas explicações científicas. Acredito que queiram ficar a sós... Mas nada de emoções, se é que vocês me entendem – aconselhou-os, com um sorriso surgido no canto da boca.
- Agora que estamos a sós, venha aqui – disse oferecendo um lugar ao seu lado na cama, com um gesto de mão.
- Lembre do que ele falou. Você ainda está em recuperação e não pode fazer esforços – disse docemente, acariciando-lhe a face.
- Não pretendo fazer nenhum “esforço”. Só quero te ter bem perto de mim – murmurou, puxando-a para a cama, fazendo que ela caísse em seus braços – Vamos considerar isto como... Parte do tratamento.
Antes que ela pudesse contrariá-lo, cobriu sua boca com um beijo.
Cássia estava sozinha em seu quarto, depois que conseguira acalmar Victor e fazê-lo dormir. Pensativa, relembrava tudo que acontecera nas últimas horas e as mudanças ocorridas na sua maneira de pensar. Ainda não tinha certeza aonde os novos acontecimentos os conduziriam, mas tinha a sensação de que a maioria de suas angústias tinha chegado ao fim. Mergulhada em seus pensamentos, estremeceu ao sentir uma mão em seu ombro. Não se virou, pois reconheceu o responsável por aquele toque. Sorriu. Continuou parada onde estava, a observar o sol elevando-se no horizonte e, simultaneamente, fechando a cortina. Ainda não suportava muito a luz do dia.
- Cansada? – perguntou Paole, virando-a delicadamente de frente para ele.
- Tem algum tratamento especial para os seus doadores? – perguntou com um olhar insinuante.
- Apenas para as belas doadoras, - respondeu, prendendo-a com ligeira pressão de encontro ao seu corpo, cingindo sua cintura.
- Então já teve oportunidade de experimentá-lo com outras?
- Na verdade você será minha primeira cobaia – sua boca falava em tom baixo e muito próxima dos lábios de Cássia, provocando-lhe agradável cócega e excitando-a – Mas como todo experimento in vivo, preciso de autorização.
- Onde preciso assinar? – perguntou mais uma vez, já num roçar de lábios e voz enfraquecida.
- Aqui... – respondeu ele, pouco antes de unir suas bocas num beijo, a princípio suave, mas que logo se tornou apaixonado.
Cássia deixou-se levar pelos novos sentimentos, que Arnold despertara de uma maneira avassaladora. Sua última barreira de resistência àquele homem fora derrubada quando ela observou suas atitudes diante da situação inusitada pela qual passaram horas antes. Ele agira com determinação, praticidade e rapidez, acabando por salvar a vida do humano. Era um líder nato.
- Você não tem um paciente para cuidar? – perguntou assim que retomaram a consciência de onde estavam.
- Ele já está sob os cuidados de Luísa... Preciso cuidar de você agora.
O olhar daquele homem a incendiava. Não podia resistir.
- Quem disse que estou precisando de cuidados? Sempre me cuidei muito bem sozinha – continuava a falar-lhe de forma insinuante e sensual.
- Talvez... Até agora – sussurrou.
Mirou-a profundamente, com os olhos embriagados pelo desejo e novamente a beijou. Desta vez com mais intensidade. Logo ela se sentiu elevada do chão e conduzida até sua cama. O último pensamento de Cássia antes de entregar-se completamente às carícias de Arnold foi: “Por onde você andava que demorou tanto a me encontrar?...”
Demorei, mas cheguei. Infelizmente, este capítulo não tem as esperadas "cenas hots", nem as fotos das crianças (aceito sugestões, Cris), mas é que até eu conseguir acomodar tantos casais apaixonados, demora...kkkkk. Mas, aguardem, pois a estória ainda não terminou. Sei que muitas esperavam pela transformação do Robert em lobisomem. Até achei a idéia interessante, mas não queria cair na tentação de copiar estórias como "Anjos da Noite" e "Lua Nova". Mas sempre há a possibilidade de uma continuação... rsrsrs.
Muito obrigada a todas as minhas queridas - Tânia, Ly, Rose, Carel, Vanessa, Cassinha, Cris - que enfeitam a minha página de comentários e me animam tanto com suas palavras de estímulo.
Beijos a todas!
Rosane, querida! Que fantástica reviravolta, adorei amiga! Essa história está muito sedutora, e com as imagens dos personagens ganhando vida em nossa menta a coisa fica ainda mais intensa! Você é mesmo maravilhosa! Não tem que agradecer nada, eu é que agradeço por esse romance divino, estou muito feliz pelo andar dos acontecimentos. Adorei.
ResponderExcluirBjs
Nossa Rô! Nunca vou me cansar de dizer que vc arrebenta!
ResponderExcluirVc é tão rica em detalhes, que consigo vislumbrar todas as coisas que leio! É mesmo incrível! Vc merece todo o prestígio desse mundo!
Vou ficar aqui, esperendo os próximos capítulos, onde vc acomodará todos os apaixonados dessa história!
Bjim♥
Carel disse:
ResponderExcluirRo... aquele "onde eu assino" foi pra matar...ADOREI. E como tu disse, é casal apaixonado pacas né??hehe.Mas que bom que cada uma delas achou sua metade da laranja...E com uns homens com essas "pegadas" são umas sortudas mesmo...
Rosane!!!!
ResponderExcluirQue maravilha de cap.foi este?Estou esperando ansiosa pelo que vem por aí, sabe o que está parecendo?Está parecendo série americana,pois passa um dia só da semana.
Vou procurar as fotos como vc.pediu de sugestão.
Bjs.
Rosane!!!
ResponderExcluirComo vc. pediu sugestões para a sugestão que te dei, agora vou postar as fotos das crianças:
Para a Lana achei a foto da irmãs Olsen e para o Victor o menino que fez o filho de Tom Hanks em Sintonia de Amor,mas só que não estou conseguindo colar aqui.vou tentar mais tarde de novo.
Bjs.
Cris! Obrigada pelas sugestões. Vou procurar. Beijos!!
ResponderExcluirQue lindo o final desse capítulo! O amor está no ar... rsss
ResponderExcluirE as fotos das crianças me encantaram. O Victor é muito cute!
Bjusss
Caprichou no Victor e na Lana... São uma belezinha!!!
ResponderExcluirNossa, que alívio para a Luíza já encontrar o Robert se recuperando, podendo falar. Essa situação estava muito angustiante...
Amiga, que chique isso... “vampiros homozigotos...”
Vixe, lá vem vc trazendo o Stefan para nossas lembranças... Assim meu pobre coração não agüenta e vou precisar de uma transfusão dessas!!! Aliás, melhor que a transfusão, seria mandar o Stefan pra cá, tenho certeza que ele me curaria num piscar de olhinhos... verdes!!!
Affff.... A Cássia vai ser cobaia do Paole... E quer dizer que a assinatura é beijo na boca, sei, gostei muito dessa forma de transação... Tô louquinha pra firmar um contratinho com o Robert... hihihi...
Rô, é claro que tem cenas hot aqui!!! Afinal, não gostamos só dos “finalmentes”, essas preliminares que vc introduz são de tirar o fôlego, nos levam ao paraíso...
Beijinhos