- Para onde está me levando? – Ainda sentia seu coração bater descompassado e tinha medo de pensar sobre o que estava acontecendo. Por que aquele homem a sequestrara? Como o “olhos tristes” havia chegado a tempo de resgatá-la?
- Vamos a um lugar seguro. Precisamos conversar. – respondeu sem tirar os olhos da rua a sua frente.
Agora o pânico começava a assaltá-la novamente.
- Não quero ir a lugar nenhum com você.
- Não vou sequestrá-la, se é isso que está pensando.
- Você nem ao menos chamou a polícia para pegar aquele marginal... – rebateu Filipa, exasperando-se, à medida que ia conseguindo raciocinar um pouco melhor sobre sua situação . – E eu nem sei o seu nome! Se pensa que vou ...
- A polícia está cuidando desse caso. Não se preocupe.
- Quem me garante que está dizendo a verdade? Como não me preocupar? Eu devia ter ficado lá, a espera da polícia, para dar queixa daquele marginal . – As ideias começavam a chegar em torvelinho à sua cabeça, o que só fazia aumentar ainda mais seu desespero e a torrente de palavras que lançava sobre ele. – Por acaso aqui na Holanda é diferente? Só porque você me diz que a polícia está cuidando do caso, eu devo aceitar calmamente?
- Meu nome é O’Neill. Galen O’Neill. – esclareceu lançando-lhe um olhar compreensivo e calmo.
- E não me olhe com esse olhar de “é louca, coitada...”
Ele não conseguiu segurar o riso diante do comentário de Filipa.
Antes que nova onda de indignação a atingisse, lembrou que ouvira seu raptor chamar o nome O’Nil. O homem o reconhecera! Esse fato deixou-a ainda mais confusa, mas não disse nada com medo da reação dele. Ou ele era um policial muito conhecido no submundo do crime ou era um comparsa do outro, enganando-a para conseguir o que queria. O herói chegava, salvava a mocinha e ela se abria com ele... Isso estava parecendo um filme de suspense de muito mau gosto. Queria sair daquele carro e fugir dele. Engoliu em seco e procurou raciocinar melhor. Tinha que aguardar uma oportunidade para escapar dele. Não podia correr riscos. E se ele fosse um assassino? A cada momento sentia seus músculos enrigecerem e a náusea e o frio tomarem conta de seu estômago.
- Pensando em fugir? – falou como se lesse seus pensamentos, provocando um sobressalto em Filipa. Sua voz transparecia uma calma e uma segurança que constrastava com o turbilhão de emoções que se passavam com ela. Ele tentava tranquilizá-la.
- O que você acha? Coloque-se no meu lugar... Acha que posso confiar em você? – explodiu novamente.
- Precisa confiar em mim, Filipa.
Ela balançou a cabeça incrédula tentando controlar seus nervos.
- O que vocês querem de mim, afinal?
- Como eu lhe disse ontem, só você pode me dizer o que tem em seu poder de tanto valor que atrai gente, como aquele sujeito – referindo-se a Arent –, como a abelhas ao mel.
Ela o olhou desconfiada, quase tentada a contar sobre o legado de sua tia, mas quem lhe dava garantias de que ele não era apenas mais um ladrão que farejara algo importante, como uma hiena atrás de carniça. Não podia cair na tentação. Aqueles lindos olhos azuis podiam muito bem ser uma doce armadilha, aquele corpo podia ser usado para enganar pobres milionárias, que dariam sua fortuna por uma noite com ele, sua voz podia ser como o canto das sereias ao seu ouvido... Arranhou a garganta e melhorou a postura, cortanto o caminho do desejo para onde seus pensamentos a estavam levando.
- Está bem. Seja o que for que esteja maquinando aí nessa sua cabecinha, vou precisar de sua ajuda para pegar esses ladrões. Não precisa me dizer o que possui.
- Como assim, minha ajuda para pegar esses ladrões? Você acabou de estar com um deles na mão e o deixou livre lá atrás!
- Arent é peixe miúdo. Estamos tentando capturar o “cabeça” dessa quadrilha. Tenho acompanhado o movimento deles a algum tempo, mas só agora estamos conseguindo chegar mais próximo do chefe.
- Então você deixou esse tal Arent solto? Depois do que ele me fez? Ainda tentou me enganar que a polícia o pegaria?
- Estava tentando acalmá-la... E eu não disse que a polícia o pegaria. Disse que ela estava cuidando do caso.
- E se ele tentar me pegar de novo?
- Eu vou estar ao seu lado de novo.
- Como se isso fosse algo muito reconfortante... – disse balançando a cabeça inconsolada.
Depois de pensar alguns instantes, olhando as ruas que passavam coloridas e indiferentes às suas angústias pela janela, voltou a falar.
- Como sabe o nome daquele bandido, Arent?
- Porque ele é um velho conhecido...
- Como assim, um velho conhecido?
- Quero dizer que ele é um ladrão conhecido há muito tempo.
- Ele sabia o seu nome... – Resolveu arriscar.
- Ele me conhece, obviamente.
A resposta não a convenceu, mas sabia que não ia conseguir nada naquela direção. Pelo menos não o notara surpreso quando ela comentou a respeito do conhecimento entre os dois.
- E se eu disser que não tenho nada ou que, o que quer que seja, ficou no Brasil.
- Pode até ser que tenha deixado no Brasil. Talvez fosse mais sensato e menos idiota do que sair carregando uma joia de valor tão alto por aí, dentro da bolsa.
Essa última frase pegou em cheio o amor-próprio de Filipa, que precisou se segurar para não demonstrar sua indignação diante da suposição de O’Neill. Como ele podia saber disso? Pior que, provavelmente, ele tinha razão...Instivamente, apertou sua bolsa contra o corpo, movimento que não passou desapercebido por ele, confirmando suas suspeitas.
- No entanto, – ele continuou. – nada disso vai fazê-los largar do seu pé. Pode ter certeza que eles sabem muito bem o que tem em seu poder e farão de tudo para roubá-la, nem que tenham que levá-la de volta para seu país e lá forçá-la a lhes entregar a joia, ou que quer que seja, ou torturá-la até obter a informação que desejam.
Sua voz é sensual até falando coisas ruins.... Preciso lembrar de me esbofetear diante do espelho, assim que conseguir ter acesso a um, e buscar minha razão , repreendeu-se por não conseguir parar de pensar em bobagens num momento como aquele.
- Pronto. Chegamos.
- Ai, meu deus! Esqueci do Professor Andries!
- Não se preocupe. Ele já deve saber que você teve que sair “às pressas”. – disse em tom irônico.
- Avisado por quem?... Vou ligar para ele agora mesmo. O coitado deve estar sentado na mesa daquele café a minha espera...
O’Neill apenas observava com expressão divertida enquanto Filipa procurava desesperadamente, dentro do seu saco colorido, o telefone celular.
- Quer ajuda?
- Está rindo de que? – perguntou irritada ao perceber a cara de O’Neill.
- De nada... – negou sem esconder a ironia.
Só então Filipa se deu conta que estavam estacionados diante de uma das casas no Red Light District.
- O que estamos fazendo aqui?
- Por incrível que pareça, isso é apenas uma fachada. Temos um escritório aqui.
- E vai me dizer que as moças vestidas apenas com roupas íntimas naquela vitrine são as secretárias?
Ele a olhou com um discreto sorriso resignado e acenou levemente com a cabeça.
Filipa o olhou como se ele fosse louco por pensar que ela entraria com ele numa daquelas casas. Segundos depois, abriu a porta do carro e, agarrada a sua bolsa, saiu em desabalada fuga pela rua. Não demorou muito para que O’Neill a alcançasse.
- Filipa, por favor, não fuja. – rogou quando conseguiu pegá-la pelo braço firmemente. – Nós precisamos conversar...
- Me solta ou vou começar a gritar.
- Você não vai fazer isso... – sussurrou em voz baixa, olhando-a repreensivamente e segurando-a pelos ombros, de forma a captar-lhe o olhar.
- Eu avisei... – disse Filipa preparando-se para soltar um pedido de socorro com toda a força de seus pulmões.
Antes que pudesse expelir qualquer som, os lábios de O’Neill fecharam-se sobre sua boca violentamente. Pega de surpresa, ofegou e debateu-se contra ele, empurrando-o com as mãos. Aos poucos, a pressão foi diminuindo e a sensação da maciez daquela boca contra a sua inundou os seus sentidos. Sua oposição foi perdendo força à medida que sentia as mãos dele rodeando-lhe as costas e a cintura. Gemeu desapontada quando ele se afastou, mantendo-a ainda presa entre seus braços. Olhava-a com expressão estranha, como que avaliando sua reação à atitude pouco ortodoxa tomada por ele para calar seu grito. Soltou-a do abraço, mas segurou-a pelo braço mais uma vez.
- Venha! – ordenou com visível irritação.
- Já disse que não vou entrar aí com você. – reagiu Filipa com um fio de voz, procurando esconder seu desconcerto e sua excitação diante do que ocorrera.
Ele não disse nada. Apenas a levou de volta até o carro.
- Você tem razão. Aquele não é um bom lugar para conversarmos. – disse secamente, ajudando-a a entrar no veículo.
Ela se manteve calada, ainda tentando controlar os batimentos cardíacos.Sentia-se completamente perdida e sozinha. Apesar de todas as razões contra O’Neill, uma voz, miúda, não muito distante e cheia de admiração contida por aquele homem, lhe sussurrava para confiar nele.
- Desculpe pelo que aconteceu há pouco – falou visivelmente contrariado, mas com menos tensão na voz.
Filipa procurou, sem sucesso, o que dizer naquela situação. O único pensamento que a infernizava era o desejo de ser beijada novamente por ele, mas isso não poderia dizer.
- Foi a única maneira que encontrou de me calar? – Conseguiu articular com certa mágoa na voz, dissimulado seus verdadeiros sentimentos.
- Não estava falando apenas do beijo, e sim da minha estupidez.
- Realmente, foi muito estúpido da sua parte me beijar.
- Essa foi a melhor parte... Eu queria fazer isso desde que nos encontramos no avião... Estava me referindo a maneira como apertei o seu braço e a forcei a vir comigo.
Ela mal pode ouvir a última frase dita por ele, pois as duas anteriores continuavam bombardeando sua mente e seu coração. Podia sentir o pulso acelerado e o arrepio na nuca que tantas vezes ironizara nas mocinhas apaixonadas dos romances “água com açúcar”.
- Não acontecerá novamente... – acabou por prometer secamente, imaginando que o silêncio de Filipa demonstrava repulsa ao seu beijo, com bons motivos.
- Por que? – acabou por perguntar sem coragem de olhá-lo.
- Por que o quê? – perguntou confuso.
- Esquece. – disse arrependida de sua pergunta irreprimida; a razão assumindo o sentimento. – Para onde está me levando?
Notou que o carro estava saindo da cidade e o pânico começou a retornar.
- Conheço um pequeno restaurante de pescadores, não muito longe daqui. Sei que deve estar com fome, já que não conseguiu almoçar.
- Como sabe que não tive tempo para almoçar?
- Da mesma maneira que soube quando Arent a pegou no toalete do Van Gogh.
- Você estava vendo tudo e permitiu que ele fizesse aquilo comigo?
- Eu não podia resgatá-la ali sem me revelar ao Andries.
- Andries?
- Sim. Infelizmente o seu professor é suspeito de estar ligado a um grupo de ladrões de jóias e relíquias históricas.
- Não acredito! Isso é demais!
- Não sei por que o espanto. Sendo curador de um museu importante como o de Amsterdã, ele tem acesso a informações sigilosas a respeito da localização de relíquias e tesouros perdidos, que os leigos normalmente não têm... Por que acha que ele a convidou para vir a Amsterdã, com tudo pago?
- Ora... Porque se interessou pelo meu trabalho. – disse orgulhosa.
- E isso é algo comum dentro do seu meio? Digo, um curador de museu europeu pagar integralmente a vinda de um professor de história por causa de um trabalho de tese publicado em uma medíocre revista italiana?
- Agora você está me ofendendo!
- Não era minha intenção, Filipa. Só quero que pense se não há um exagero nesse convite. Ele a afastou do seu ambiente, deixando-a totalmente a mercê dele. Só está esperando o momeno certo para dar o bote.Como acha que Arent sabia onde você estava?
- Da mesma forma que você, ora!
- Não há como convencê-la, não?
- Por que essa suspeita sobre Andries? – perguntou por curiosidade, apesar de achar impossível tal acusação.
- O telefone dele estava na agenda do celular de Arent.
- Como sabe disso?
- Eu verifiquei pessoalmente.
- Como você conseguiu o celular daquele miserável?
- Peguei “emprestado” por alguns minutos para ver seus contatos..
- Você o roubou? – perguntou perplexa.
- Não gosto muito desse termo no meu trabalho. – respondeu sarcático.
- Olhe, que tal se me explicasse de uma vez por todas essa história desde o início. Estou achando cada vez mais dificil de aceitá-la.
- Tem razão. Vou te contar tudo, desde que me prometa não abrir a boca, principalmente para Andries.
Antes que ela pudesse prometer qualquer coisa, um toque de celular se fez ouvir, e não era o dela, que continuava perdido em algum lugar de sua bolsa-saco.
O’Neill sacou o celular do bolso de sua jaqueta, olhou o visor e soltou uma praga. Apesar da irritação com a ligação, atendeu.
- Boa tarde prá você também, Matthew... Sim... Não... Ela está comigo... Não.... Por que ela ficou assustada com o local... Só você mesmo para pensar num escritório no Red Light... Eu sei.... Não se preocupe... Já disse para não se preocupar! Adeus! – gritou a despedida e recolocou o telefone no bolso.
- Posso perguntar quem era? – falou temerosa de sua reação.
- Era o meu “chefe”. – disse secamente.
- E você sempre fala assim com ele?
- Às vezes, ele pode ser muito irritante e inconveniente.
- Ele estava nos esperando no... “escritório”?
- Sim.
- Que tipo de policia tem um “escritório” num lugar como aquele?
- A Interpol.
- Então, você é da Interpol? – constatou surpreendida.
- Trabalho para eles.
- Ah...
Filipa gostaria de perguntar mais, mas decidiu aguardar o almoço, já que O’Neill não parecia muito receptivo agora, depois que falara com seu “chefe”.
Calais - 1346
Batalha de Crécy |
Andrieu d’Andres era um renomado alfaiate, responsável pelo guarda-roupa da maioria dos nobres e senhores feudais de todo o norte da França. Aprendera o ofício com seu pai, na época em que Eustache ainda atuava como mercador ambulante. Era tio dos irmãos Jacques e Pierre e fora uma alegria quando o mais moço deles demonstrara seu interesse em cortejar Corine, a caçula do comerciante. Isso só fez aumentar os laços de amizade entre as famílias.
- Entre, meu amigo! O que o traz aqui a essa hora do dia?
Andrieu aparentava estar seriamente preocupado com alguma coisa.
- Já soube das notícias?
- Não, Andrieu. Acabei de chegar ... Pelo jeito não são boas notícias...
- Eduardo venceu em Crécy há três dias. Pelo que fiquei sabendo, somos o seu próximo objetivo..
- E o Rei Filipe? Onde está? Certamente já tem planos para nos defender.
- Não sei... Segundo os relatos, nosso exército teve grande número de baixas e está totalmente sem recursos. Até que o rei consiga se fortalecer para uma nova batalha, Eduardo já terá ocupado Calais.
- Jean já sabe disso? – perguntou referindo-se ao prefeito de Calais, Jean de Vienne.
- Provavelmente. Já está providenciando aumento nos estoques de mantimento em todos os depósitos da cidade. Podemos contar com o fosso duplo e as muralhas fortificadas ao nosso favor, mas não sei quanto tempo poderemos resistir.
- Filipe não nos abandonará. Calais é importante demais como ponto estratégico, para que ele possa permitir essa invasão. Eduardo terá a chave e a fechadura da França se conseguir seu intento aqui.
- Talvez devessemos abandonar a cidade, assim como alguns estão fazendo com suas famílias.
- Não, Andrieu. Devemos ficar e lutar pelo que é nosso. Farei de tudo para proteger minha familia e a vida que construí aqui.
- Eu sei, Eustache, eu sei... Também penso assim, mas tenho muito medo pelo que está por vir. Sabe como esse inglês é impiedoso. Se ele conseguir entrar em Calais, seremos todos mortos. Ele não poupará a nenhum de nós.
- Temos que resistir, até que nosso rei possa ter condições de enviar seu exército em nosa defesa.
- Deus o ouça, Eustache...
- Entre, meu amigo! O que o traz aqui a essa hora do dia?
Andrieu aparentava estar seriamente preocupado com alguma coisa.
- Já soube das notícias?
- Não, Andrieu. Acabei de chegar ... Pelo jeito não são boas notícias...
- Eduardo venceu em Crécy há três dias. Pelo que fiquei sabendo, somos o seu próximo objetivo..
- E o Rei Filipe? Onde está? Certamente já tem planos para nos defender.
- Não sei... Segundo os relatos, nosso exército teve grande número de baixas e está totalmente sem recursos. Até que o rei consiga se fortalecer para uma nova batalha, Eduardo já terá ocupado Calais.
- Jean já sabe disso? – perguntou referindo-se ao prefeito de Calais, Jean de Vienne.
- Provavelmente. Já está providenciando aumento nos estoques de mantimento em todos os depósitos da cidade. Podemos contar com o fosso duplo e as muralhas fortificadas ao nosso favor, mas não sei quanto tempo poderemos resistir.
- Filipe não nos abandonará. Calais é importante demais como ponto estratégico, para que ele possa permitir essa invasão. Eduardo terá a chave e a fechadura da França se conseguir seu intento aqui.
- Talvez devessemos abandonar a cidade, assim como alguns estão fazendo com suas famílias.
- Não, Andrieu. Devemos ficar e lutar pelo que é nosso. Farei de tudo para proteger minha familia e a vida que construí aqui.
- Eu sei, Eustache, eu sei... Também penso assim, mas tenho muito medo pelo que está por vir. Sabe como esse inglês é impiedoso. Se ele conseguir entrar em Calais, seremos todos mortos. Ele não poupará a nenhum de nós.
- Temos que resistir, até que nosso rei possa ter condições de enviar seu exército em nosa defesa.
- Deus o ouça, Eustache...
Na prefeitura, o alvoroço era grande. A notícia de uma iminente invasão inglesa, aguardada e temida há muito tempo, começara a criar o pânico entre os cidadãos de Calais. Os boatos espalhavam-se rapidamente. A ideia de que o exército inglês era invencível se reforçava a cada minuto. Ele vencera, apesar da soberania numérica do exército francês em Crécy, onde Filipe tinha cerca de 80000 homens a seu serviço, enquanto os ingleses lutavam com menos de 15000. Nada disso tinha sido impedimento para que Eduardo e seu primogênito, o Príncipe Negro, avançassem sobre o inimigo e conseguissem uma vitória impressionante. Além de exímios estrategistas, os ingleses contavam com novas armas, chamadas de canhões, que, com um único tiro, podiam eliminar grande número de soldados de uma só vez.
O prefeito Jean de Vienne se fechou em seu gabinete a escrever cartas com pedidos desesperados de ajuda ao rei Filipe e aos nobres que viviam na região. Tinha poucas esperanças quanto às respostas, pois sabia das dificuldades que o rei teria em formar um novo exército, depois das perdas que sofrera em Crécy. Graças ao Conde de Bolougne, que construíra os altos muros e as fortificações de Risban e de Nieulay, em torno de Calais, no século passado, prevendo as tentativas de invasão, tinham alguma chance de resistir ao cerco de Eduardo por um bom tempo, talvez levando-o a desistir de seu intento de dominar a cidadela. O comandante do pequeno exército de soldados, que faziam a segurança do porto, estava tomando todas as providências para que eles ocupassem efetivamente os fortes em torno da cidade, inclusive convocando os homens comuns, em idade para lutar, para juntarem-se a eles na defesa.
Ao final daquele dia, Jean estava exausto, mas não conseguia parar de pensar no que mais poderia fazer para proteger a cidade, que ele tanto amava, e a seus habitantes.
O prefeito Jean de Vienne se fechou em seu gabinete a escrever cartas com pedidos desesperados de ajuda ao rei Filipe e aos nobres que viviam na região. Tinha poucas esperanças quanto às respostas, pois sabia das dificuldades que o rei teria em formar um novo exército, depois das perdas que sofrera em Crécy. Graças ao Conde de Bolougne, que construíra os altos muros e as fortificações de Risban e de Nieulay, em torno de Calais, no século passado, prevendo as tentativas de invasão, tinham alguma chance de resistir ao cerco de Eduardo por um bom tempo, talvez levando-o a desistir de seu intento de dominar a cidadela. O comandante do pequeno exército de soldados, que faziam a segurança do porto, estava tomando todas as providências para que eles ocupassem efetivamente os fortes em torno da cidade, inclusive convocando os homens comuns, em idade para lutar, para juntarem-se a eles na defesa.
Ao final daquele dia, Jean estava exausto, mas não conseguia parar de pensar no que mais poderia fazer para proteger a cidade, que ele tanto amava, e a seus habitantes.
(continua...)
Aposto que pensaram que eu tinha esquecido de postar...Não, não esqueci. Desculpem por não ter postado como habitualmente faço, na sexta-feira. Infelizmente, tive uma semana meio corrida, compromissos e preocupações que afetaram, não só o tempo, como a inspiração para escrever. Vocês podem entender como é. De vez em quando a coisa pega fogo... rsrs... Que nem está acontecendo em Calais e com a nossa confusa professora Filipa e o O'Neill... rsrs.
Mas, a inspiração chegou e aqui está mais um capítulo de A Cruz de Hainaut.
Muito obrigada às minhas amadas comentaristas da semana passada, Ly ( que fez aniversário no último dia 29! Parabéns, querida!), Nadja, Lucy e Léia. Não posso deixar de lembrar minha nova parceria com o Blog do Balaio, da minha querida conterrânea, Vanessa Meiser, que me deixou muito feliz.
Um grande beijo a todos! Até o próximo capítulo!
Rô... acompanho seus romances e fico sempre viajando... me imaginando dentro dele!! Sorry a minha falta de comentários... mas algumas vezes tenho dificuldade em fazê-lo! :( Mas estou aqui!!! Beijo grande querida e espero que esteja bem, mesmo com todas as tribulações!! Fica com Deus! <3
ResponderExcluirOi, Cassinha! Imagina se tu precisas te desculpar de alguma coisa! Sei muito bem que tenho muitas amigas lendo e sem tempo para comentar. Só de saber que estás aí me acompanhando já fico feliz. Comentas quando puderes ou deixa um oi lá nos recadinhos só para saber que me visitaste.
ResponderExcluirUm super beijo carinhoso!
Rô, realmente estava ansiosa por esse capítulo!
ResponderExcluirQuerida, continuo adorando esse paralelo histórico! Embora essa história (no passado) esteja cada vez mais difícil...
E eu sabia que Andries contava menos do que ele realmente era! Que ardiloso.... E Galen O'Neill... Salva e ainda dá beijo de brinde... Aiai...Mas essa história está cada vez mais intrincada pro lada de Filipa! Aff... Lá vou ficar aqui, arrancando esmalte com os dentes, esperando o próximo capítulo! Mas eu espero. Contando que tudo esteja bem em sua vida.
Bjim da Ly ♥
PS: Obrigada por lembrar no meu dia.... *-*
Ai, ai Rô, estou suspirando até agora com a forma tão original de O'Neill impedir o grito de Filipa. Não é todo dia que além de ser resgatada a mocinha ainda ganha um beijo desses!
ResponderExcluirJá disse antes, mas não custa repetir: estou adorando o romance, já adorava teus romances antes e agora estou numa fase de só querer ler livros assim, acho que ando muito romântica, rsrsrs.
Tadinha da Filipa, deve mesmo estar muito confusa, afinal o O'Neill quer queira quer não é um desconhecido, ela "conhece" melhor o Andries, então seria mais razoável que ela confiasse nele e não num homem que primeiro finge não conhecê-la e depois se passa por quem não é. Por falar em Andries ele vai ter uma bela surpresa quando seu comparsa contar o que aconteceu, não vejo a hora de ler o próximo capítulo, peninha, tão lindo...
Estou super curiosa pra saber como a esmeralda chegou às mãos da família da Pipa, sei não mas acho que a chegada da guerra à Calais tem muito a ver com isso.
Beijos amiga e uma excelente semana pra você!!!
Aiaiaia estou arrepiada com a coragem e delicadeza do nosso herói O'Neill com direito a um embalado beijo para selar essa aventura maravilhosa que me deixa pensativa a semana toda. Ai se estou na pele de Filipa apesar dos contra tempos que diga-se de passagem estão cada vez mais preocupantes e como suspeitei Andries não cheirava bem.
ResponderExcluirCalais apimentado o que tem por vir? só sexta que vem demora muito.. kkk Mas compreendemos vc querida Rosane. Super beijos
Antes de qualquer coisa, apenas um toque: O’Neill – pode ficar sempre ao meu lado, para mim é muito reconfortante!!! Hahahaha E se sentir vontade de agarrar o meu braço e me beijar, faça-o!!! haushaushaushas Amiga, que beijo foi esse, me tirou o ar só em lê-lo!!!
ResponderExcluirTadinha da Filipa, a cabeça deveria estar a mil. Essa é uma situação difícil, dá um medo enorme e uma confusão total sobre em quem depositar a confiança.
Rô, certa vez vc nos pediu para, caso víssemos alguma omissão, te avisar. Na segunda parte do conto - Calais – no 13º parágrafo (inicia-se assim: “-Eu sei, Eustache, eu sei...”) – no final, ficou faltando o “de” na frase: “Ele não poupará a nenhum nós.”
Situação muito difícil para Eustache, a iminência de uma guerra, com todas as suas consequências, só mesmo muita fé e coragem para se aguentar em pé como ele.
Sabe, Rô, estava lendo alguns assuntos e li que a leitura faz bem ao cérebro e aos olhos. Até aí tudo bem, mas ler dois livros ao mesmo tempo é muito melhor, pois exercita mais o cérebro, da mesma forma como exercitamos os músculos do corpo com exercícios diferentes, além de nos proporcionar um poder mais de concentração. Vc está nos ajudando a fazer isso, pois de certa forma, estamos lendo dois livros com esse teu conto, já que são duas histórias diferentes, por hora.
Amiga, estava com saudades daqui! Passei por umas complicações, por isso me afastei daqui e sai temporariamente do fb. Quando eu me sinto muito entristecida, sinto necessidade de me isolar um pouco até conseguir restabelecer as minhas forças, acho que de tanto amar os animais, já estou me igualando em suas atitudes... hehehe
Mas jamais se esqueça o carinho imenso que eu tenho por ti e toda a admiração que tenho por esse seu talento tão lindo de escrever!
Beijinhos