Robert estava exausto. O dia fora corrido. Muitas cenas feitas e refeitas. Will era muito meticuloso. Por isso era considerado um dos melhores. Mas ao final ficava-se destruído. Jogado sobre sua cama, sem coragem de tirar a roupa e tomar um banho, ainda repassava tomada por tomada em que atuara. Todos estavam dando o melhor de si e o clima nas filmagens era descontraído.
Reuniu todas suas forças e foi banhar-se. Apesar do cansaço, não tinha sono. Por isso, depois do banho, resolveu dar uma caminhada pela cidade. A noite estendera seus braços há muito pouco tempo, mas estava agradável, cálida e, no céu, deixava entrever algumas nuvens esparsas. Não apresentava sinais de mau tempo, pelo menos nas próximas horas. A instabilidade meteorológica naquela região, segundo soubera, era característica. As tempestades vinham inesperadamente, assim como o sol. Era apenas 21 horas, e o movimento das ruas já se esvaziara. Apenas ele e os poucos postes de iluminação projetavam suas sombras sobre os casarões antigos e rústicos. Podia ouvir seus passos sobre as pedras irregulares das calçadas, ecoando nas ruas estreitas. Foi quando teve a sensação de estar sendo seguido. Não se lembrava de ter sido advertido sobre a questão de segurança nas ruas de Mircea, mas não acreditava que houvesse algum tipo de criminalidade por ali. Continuou no mesmo passo, sem alterar seu ritmo, mas ficou mais atento aos movimentos a sua volta. Todos seus músculos tornaram-se tensos, pois a presença tornava-se mais próxima, tanto que resolveu olhar para trás. Parou repentinamente e virou-se. Nada viu. Ao voltar-se e continuar o caminho em que estava, freou-se assustado com uma figura já sua conhecida. Ela estava parada a poucos passos dele, olhando-o fixamente, com estranha expressão. Era Gabriele. Respirou aliviado por perceber que tinha diante de si uma pessoa conhecida e não um marginal.
- Gabriele! – saudou-a alegremente – Por uns momentos pensei que ia ser assaltado. O que faz aqui, a estas horas? Pretende ir até o bar da outra noite?
- Não, Robert – falou com voz macia e provocadora – Ao vê-lo tão sozinho, resolvi fazer-lhe companhia.
- Será um prazer. Tem algum lugar onde possamos ir e tomar uma bebida a esta hora? Você deve conhecer onde os mirceanos distraem-se durantes as noites, não?
- Na verdade, não estava pensando em beber nada. Pensei que talvez você pudesse me convidar ao seu hotel.
Surpreso com tal convite inesperado, Robert só conseguiu sorrir e fazer-se de desentendido.
- Gabriele, creio que no hotel onde estou hospedado não tem bar ou restaurante onde possamos sentar e conversar a esta hora.
- Mas no seu quarto acho que podemos nos divertir bastante... O que acha? – disse ela, aproximando-se cada vez mais dele, em desviar o olhar.
- Você não acha que temos que nos conhecer melhor para este tipo de “divertimento”? – perguntou, tentando evitar problemas. Costumava farejar mulheres problemáticas com pequena margem de erro e Gabriele tinha uma grande chance de ser uma delas.
- Não imaginei que você fosse um homem tão... cuidadoso em suas relações – Dito isso, já praticamente colada a ele, continuou – Mas acho que podemos dar um jeito nisso.
Robert sentia estar perdendo seu poder de decisão, pois não conseguia reagir àquele assédio. Gabriele aproximava os lábios de sua boca com um sorriso quase selvagem, quando um grito se fez ouvir:
- Gabriele! Deixe-o em paz!
A dona daquela brado estava do outro lado da rua, envolta num manto que não deixava lhe ver o rosto. A Robert, a voz não lhe pareceu desconhecida, mas tinha dificuldade em identificá-la.
- Não se meta! Ele agora vai ser meu! – exclamou Gabriele com desespero, quando foi possível ver-lhe crescerem os caninos em meio aos dentes perfeitos.
Já se preparava para avançar sobre a jugular de Robert, que permanecia paralisado tentando reconhecer quem temia por sua segurança, sem perceber a transformação de Gabriele, quando outra sombra se fez real, surgida como por encanto, segurando-a pelos ombros e afastando-a, de um só golpe, de sua vítima. Pega de surpresa, agarrou-se a Robert, arrastando-o por cerca de meio metro de distância, até ser separada dele violentamente, deixando-o cair de bruços sobre o calçamento. Na queda, ele bateu com a testa, o que o deixou obnubilado.
- Cuide dele, que eu cuido de Gabriele – gritou para Luísa a alta e vigorosa figura que fazia Gabriele de refém.
Ainda aturdida com o repentino aparecimento daquele homem, que acabara de salvar Robert, viu-se impelida por sua ordem a correr e auxiliar o pai de seu filho.
Ajudou-o a levantar-se, ainda cambaleante, e verificou se não estava ferido de alguma forma. Apenas uma pequena protuberância começava a surgir no centro de sua testa.
- Você está bem? – perguntou trêmula e ansiosa.
- S-sim. Quem é você? O que aconteceu aqui? – perguntava incrédulo com o que sofrera em tão rápidos movimentos.
- Não importa quem sou. Eu estava passando por aqui e o vi caído.
- Mas eu a ouvi chamando Gabriele pelo nome e pedindo para que ela me deixasse em paz.
- Você deve ter imaginado isso. Não sei do que está falando. É melhor eu levá-lo para o seu hotel. Você ainda está tonto. Precisa colocar um gelo neste hematoma.
Ele a fez parar, segurando-a pelo braço, e olhou diretamente em seus olhos.
- Não estou enganado, não. Eu ouvi uma voz feminina gritando para Gabriele. Vai me dizer que não era você.
- Não era eu – mentiu encarando-o.
- E como você sabe que estou num hotel?
- Quem não sabe que você é um dos forasteiros que vieram filmar nestas paragens? Portanto é óbvio que você está num hotel, já que não pertence a este povoado. Eu conheço todos os moradores desta cidade.
Luisa tentava manter-se firme, não deixando transparecer a emoção a que se submetia diante dele.
- Está bem. Não vou mais discutir – falou vencido e sentindo uma tontura apoderar-se de seu equilíbrio.
Antes que fosse ao chão, sentiu-se seguro pelas mãos da mulher a sua frente.
Perguntou-se como alguém de aspecto tão frágil podia ter forças para contê-lo de pé. Mas, no momento, só podia agradecer por ela estar ali para ajudá-lo.
Seguiram até a entrada do hotel, quando Luísa lhe perguntou:
- Acha que está em condições de ir em frente sozinho? Tenho de ir para casa agora.
- Gostaria de lhe agradecer. Você nem me disse o seu nome – indagou Robert, agora podendo ver o rosto de sua boa samaritana à luz da entrada da hospedaria. Mais uma vez tinha a impressão de “déjà vu”. Ela teria um rosto angelical, não fossem a boca carnuda e sensual, que incitava a beijá-la, e os olhos amendoados de um negro abissal extremamente atraentes. Os longos cabelos castanho-escuros caíam-lhe sobre os ombros. Sob a capa, na qual se escondia, podia-se antever um corpo bem delineado e esbelto.
- Tenho de ir...
Antes que pudesse virar-se e ir embora, Robert segurou sua mão com força, levando-a até os lábios, onde depositou um beijo suave, olhando-a intensamente.
- Não ouvi o seu nome...
- Luísa – disse quase num sussurro.
Quase no mesmo instante, conseguiu desvencilhar a mão e partiu, perdendo-se na escuridão, deixando Robert a forçar a memória, numa tentativa de lembrar de onde conhecia aquela mulher misteriosa e encantadora. Não seria difícil encontrá-la novamente em Mircea entre seus escassos habitantes.
Bruscamente arrancada de uma situação que lhe era totalmente favorável a conseguir realizar seu plano de vingança e satisfação, lutava para libertar-se das garras de aço que ainda a seguravam. Encontrava-se jogada sobre um largo e rijo ombro, impedida de movimentar-se e de reconhecer seu algoz, que a mantinha presa pelas pernas e quadris. Só conseguia ver o chão que se deslocava rapidamente sob os pés dele. Inesperadamente fora levada para longe de Robert, deixando-o inteirinho para Luísa, que aparecera a última hora para atrapalhá-la. Não pretendia atacá-lo daquela maneira, mas não tivera outra escolha. Para submetê-lo mais facilmente a sua vontade e evitar que ele se encontrasse novamente com Luísa, não conseguiu pensar em outra atitude. Porém, não contava com o aparecimento daquele outro ser que a carregava agora como se quisesse afastá-la de tudo que conhecia naquele mundo. Perguntava-se quem seria ele, que tinha mais força física e podia deslocar-se tão ou mais rápido que ela levando o peso de uma mulher às costas.. Não conhecia nenhum humano capaz de realizar aquele feito, a não ser que...
- Solte-me! Aonde vai me levar? Já não acha que estamos afastados o suficiente da cidade?
Bruscamente, ele parou e finalmente a baixou do ombro, encarando-a de frente, sem deixar, porém de segurá-la firmemente pelos braços. Notou que ele mantinha a respiração tranquila, sem arquejar.
- Eric? – exclamou surpresa ao perceber que era o mesmo homem por quem se sentira atraída noites atrás.
- Ainda lembra o meu nome? – perguntou, sorrindo abertamente.
- Quem é você e o que lhe deu o direito de fazer o que fez? – questionou sem levar em conta a pergunta zombeteira que ele lhe dirigira.
- Nós já fomos apresentados, lembra? E fiz o que fiz para evitar que você mordesse o meu amigo Robert. Além do mais, eu já havia determinado que você seria minha.
- O que o faz pensar que eu vou querer ser sua, seu arrogante e prepotente?
- Porque você foi feita sob medida para mim, querida. Já pensava que não encontraria o meu par ideal, mas felizmente me enganei e renovei minhas esperanças quando a vi entrando naquela taverna – falava suavemente, enquanto seu olhar passeava pelo rosto e pelas formas de Gabriele.
- Você não tem idéia de onde está se metendo...
- Não só tenho idéia, como sei exatamente que eu sou tudo que você precisa no momento e pelo resto da eternidade.
Gabriele sentiu um estremecimento tomar conta de seu corpo. As palavras dele começavam a seduzi-la e um desejo quase incontrolável surgia daquela proximidade. Uma das mãos que a seguravam passou a envolvê-la pela cintura, enquanto a outra imobilizou sua cabeça, puxando-a pelos cabelos, forçando-a a expor seu alvo pescoço ao olhar sedento dele. Sentiu sua respiração quente e acelerada percorrer a linha tênue que separava a raiz dos cabelos à nuca. A língua úmida de Eric passou a brincar em seu colo, em movimentos lentos e deslizantes, a excitá-la. De olhos fechados, sentia aquele contato com um prazer como nunca sentira antes. A excitação sexual estimulou o surgimento de seus caninos mais uma vez e, para sua surpresa, ao abrir os olhos deparou-se com Eric em igual estado.
- Você?! Um vampiro?? –falou admirada.
- Por que a surpresa, querida? Achou que estava sozinha neste mundo? – respondeu-lhe em tom de gracejo – Mas não se preocupe, que ainda não chegou a hora de nos unirmos. Podemos esperar um pouco mais...
Ela estava pasma diante da descoberta de um vampiro macho que já acreditavam estar extintos. “E que vampiro...”, pensou.
- Primeiro vai ter que me explicar o porquê deste interesse no meu amigo Robert. O que pretendia com aquele ataque de agora a pouco. E qual o interesse da sua amiga que os espreitava ansiosa?
- É... Parece que temos muitos assuntos para colocar em dia. Mas não vou poder ficar aqui para conversar agora. Preciso voltar, senão corro o risco de ser expulsa de minha família.
Ele a apertou um pouco mais contra seu corpo, aproximando-se de seus lábios e disse:
- Isso é para que eu tenha certeza de que não vai mais pensar em outro – e a beijou com paixão.
Gabriele nem pensou em rechaçá-lo. Abandonou-se em seus braços, com a boca entreaberta para recebê-lo, respondendo com igual intensidade e desejo.
Ele não ofereceu resistência alguma quando ela o empurrou, afastando-o. Já normalizara a respiração e os dentes já mostravam a aparência normal.
- Sou uma pessoa muito paciente, Gabriele. Além disso, temos todo o tempo do mundo para conversar... – disse maliciosamente – Só quero que me prometa que vai ficar longe de meu amigo.
- Talvez eu não tenha mais motivos para acossá-lo novamente... – tranquilizou-o, sorrindo sedutoramente – Por enquanto...
- Assim espero... – foram suas últimas palavras antes de deixá-la partir.
Reuniu todas suas forças e foi banhar-se. Apesar do cansaço, não tinha sono. Por isso, depois do banho, resolveu dar uma caminhada pela cidade. A noite estendera seus braços há muito pouco tempo, mas estava agradável, cálida e, no céu, deixava entrever algumas nuvens esparsas. Não apresentava sinais de mau tempo, pelo menos nas próximas horas. A instabilidade meteorológica naquela região, segundo soubera, era característica. As tempestades vinham inesperadamente, assim como o sol. Era apenas 21 horas, e o movimento das ruas já se esvaziara. Apenas ele e os poucos postes de iluminação projetavam suas sombras sobre os casarões antigos e rústicos. Podia ouvir seus passos sobre as pedras irregulares das calçadas, ecoando nas ruas estreitas. Foi quando teve a sensação de estar sendo seguido. Não se lembrava de ter sido advertido sobre a questão de segurança nas ruas de Mircea, mas não acreditava que houvesse algum tipo de criminalidade por ali. Continuou no mesmo passo, sem alterar seu ritmo, mas ficou mais atento aos movimentos a sua volta. Todos seus músculos tornaram-se tensos, pois a presença tornava-se mais próxima, tanto que resolveu olhar para trás. Parou repentinamente e virou-se. Nada viu. Ao voltar-se e continuar o caminho em que estava, freou-se assustado com uma figura já sua conhecida. Ela estava parada a poucos passos dele, olhando-o fixamente, com estranha expressão. Era Gabriele. Respirou aliviado por perceber que tinha diante de si uma pessoa conhecida e não um marginal.
- Gabriele! – saudou-a alegremente – Por uns momentos pensei que ia ser assaltado. O que faz aqui, a estas horas? Pretende ir até o bar da outra noite?
- Não, Robert – falou com voz macia e provocadora – Ao vê-lo tão sozinho, resolvi fazer-lhe companhia.
- Será um prazer. Tem algum lugar onde possamos ir e tomar uma bebida a esta hora? Você deve conhecer onde os mirceanos distraem-se durantes as noites, não?
- Na verdade, não estava pensando em beber nada. Pensei que talvez você pudesse me convidar ao seu hotel.
Surpreso com tal convite inesperado, Robert só conseguiu sorrir e fazer-se de desentendido.
- Gabriele, creio que no hotel onde estou hospedado não tem bar ou restaurante onde possamos sentar e conversar a esta hora.
- Mas no seu quarto acho que podemos nos divertir bastante... O que acha? – disse ela, aproximando-se cada vez mais dele, em desviar o olhar.
- Você não acha que temos que nos conhecer melhor para este tipo de “divertimento”? – perguntou, tentando evitar problemas. Costumava farejar mulheres problemáticas com pequena margem de erro e Gabriele tinha uma grande chance de ser uma delas.
- Não imaginei que você fosse um homem tão... cuidadoso em suas relações – Dito isso, já praticamente colada a ele, continuou – Mas acho que podemos dar um jeito nisso.
Robert sentia estar perdendo seu poder de decisão, pois não conseguia reagir àquele assédio. Gabriele aproximava os lábios de sua boca com um sorriso quase selvagem, quando um grito se fez ouvir:
- Gabriele! Deixe-o em paz!
A dona daquela brado estava do outro lado da rua, envolta num manto que não deixava lhe ver o rosto. A Robert, a voz não lhe pareceu desconhecida, mas tinha dificuldade em identificá-la.
- Não se meta! Ele agora vai ser meu! – exclamou Gabriele com desespero, quando foi possível ver-lhe crescerem os caninos em meio aos dentes perfeitos.
Já se preparava para avançar sobre a jugular de Robert, que permanecia paralisado tentando reconhecer quem temia por sua segurança, sem perceber a transformação de Gabriele, quando outra sombra se fez real, surgida como por encanto, segurando-a pelos ombros e afastando-a, de um só golpe, de sua vítima. Pega de surpresa, agarrou-se a Robert, arrastando-o por cerca de meio metro de distância, até ser separada dele violentamente, deixando-o cair de bruços sobre o calçamento. Na queda, ele bateu com a testa, o que o deixou obnubilado.
- Cuide dele, que eu cuido de Gabriele – gritou para Luísa a alta e vigorosa figura que fazia Gabriele de refém.
Ainda aturdida com o repentino aparecimento daquele homem, que acabara de salvar Robert, viu-se impelida por sua ordem a correr e auxiliar o pai de seu filho.
Ajudou-o a levantar-se, ainda cambaleante, e verificou se não estava ferido de alguma forma. Apenas uma pequena protuberância começava a surgir no centro de sua testa.
- Você está bem? – perguntou trêmula e ansiosa.
- S-sim. Quem é você? O que aconteceu aqui? – perguntava incrédulo com o que sofrera em tão rápidos movimentos.
- Não importa quem sou. Eu estava passando por aqui e o vi caído.
- Mas eu a ouvi chamando Gabriele pelo nome e pedindo para que ela me deixasse em paz.
- Você deve ter imaginado isso. Não sei do que está falando. É melhor eu levá-lo para o seu hotel. Você ainda está tonto. Precisa colocar um gelo neste hematoma.
Ele a fez parar, segurando-a pelo braço, e olhou diretamente em seus olhos.
- Não estou enganado, não. Eu ouvi uma voz feminina gritando para Gabriele. Vai me dizer que não era você.
- Não era eu – mentiu encarando-o.
- E como você sabe que estou num hotel?
- Quem não sabe que você é um dos forasteiros que vieram filmar nestas paragens? Portanto é óbvio que você está num hotel, já que não pertence a este povoado. Eu conheço todos os moradores desta cidade.
Luisa tentava manter-se firme, não deixando transparecer a emoção a que se submetia diante dele.
- Está bem. Não vou mais discutir – falou vencido e sentindo uma tontura apoderar-se de seu equilíbrio.
Antes que fosse ao chão, sentiu-se seguro pelas mãos da mulher a sua frente.
Perguntou-se como alguém de aspecto tão frágil podia ter forças para contê-lo de pé. Mas, no momento, só podia agradecer por ela estar ali para ajudá-lo.
Seguiram até a entrada do hotel, quando Luísa lhe perguntou:
- Acha que está em condições de ir em frente sozinho? Tenho de ir para casa agora.
- Gostaria de lhe agradecer. Você nem me disse o seu nome – indagou Robert, agora podendo ver o rosto de sua boa samaritana à luz da entrada da hospedaria. Mais uma vez tinha a impressão de “déjà vu”. Ela teria um rosto angelical, não fossem a boca carnuda e sensual, que incitava a beijá-la, e os olhos amendoados de um negro abissal extremamente atraentes. Os longos cabelos castanho-escuros caíam-lhe sobre os ombros. Sob a capa, na qual se escondia, podia-se antever um corpo bem delineado e esbelto.
- Tenho de ir...
Antes que pudesse virar-se e ir embora, Robert segurou sua mão com força, levando-a até os lábios, onde depositou um beijo suave, olhando-a intensamente.
- Não ouvi o seu nome...
- Luísa – disse quase num sussurro.
Quase no mesmo instante, conseguiu desvencilhar a mão e partiu, perdendo-se na escuridão, deixando Robert a forçar a memória, numa tentativa de lembrar de onde conhecia aquela mulher misteriosa e encantadora. Não seria difícil encontrá-la novamente em Mircea entre seus escassos habitantes.
Bruscamente arrancada de uma situação que lhe era totalmente favorável a conseguir realizar seu plano de vingança e satisfação, lutava para libertar-se das garras de aço que ainda a seguravam. Encontrava-se jogada sobre um largo e rijo ombro, impedida de movimentar-se e de reconhecer seu algoz, que a mantinha presa pelas pernas e quadris. Só conseguia ver o chão que se deslocava rapidamente sob os pés dele. Inesperadamente fora levada para longe de Robert, deixando-o inteirinho para Luísa, que aparecera a última hora para atrapalhá-la. Não pretendia atacá-lo daquela maneira, mas não tivera outra escolha. Para submetê-lo mais facilmente a sua vontade e evitar que ele se encontrasse novamente com Luísa, não conseguiu pensar em outra atitude. Porém, não contava com o aparecimento daquele outro ser que a carregava agora como se quisesse afastá-la de tudo que conhecia naquele mundo. Perguntava-se quem seria ele, que tinha mais força física e podia deslocar-se tão ou mais rápido que ela levando o peso de uma mulher às costas.. Não conhecia nenhum humano capaz de realizar aquele feito, a não ser que...
- Solte-me! Aonde vai me levar? Já não acha que estamos afastados o suficiente da cidade?
Bruscamente, ele parou e finalmente a baixou do ombro, encarando-a de frente, sem deixar, porém de segurá-la firmemente pelos braços. Notou que ele mantinha a respiração tranquila, sem arquejar.
- Eric? – exclamou surpresa ao perceber que era o mesmo homem por quem se sentira atraída noites atrás.
- Ainda lembra o meu nome? – perguntou, sorrindo abertamente.
- Quem é você e o que lhe deu o direito de fazer o que fez? – questionou sem levar em conta a pergunta zombeteira que ele lhe dirigira.
- Nós já fomos apresentados, lembra? E fiz o que fiz para evitar que você mordesse o meu amigo Robert. Além do mais, eu já havia determinado que você seria minha.
- O que o faz pensar que eu vou querer ser sua, seu arrogante e prepotente?
- Porque você foi feita sob medida para mim, querida. Já pensava que não encontraria o meu par ideal, mas felizmente me enganei e renovei minhas esperanças quando a vi entrando naquela taverna – falava suavemente, enquanto seu olhar passeava pelo rosto e pelas formas de Gabriele.
- Você não tem idéia de onde está se metendo...
- Não só tenho idéia, como sei exatamente que eu sou tudo que você precisa no momento e pelo resto da eternidade.
Gabriele sentiu um estremecimento tomar conta de seu corpo. As palavras dele começavam a seduzi-la e um desejo quase incontrolável surgia daquela proximidade. Uma das mãos que a seguravam passou a envolvê-la pela cintura, enquanto a outra imobilizou sua cabeça, puxando-a pelos cabelos, forçando-a a expor seu alvo pescoço ao olhar sedento dele. Sentiu sua respiração quente e acelerada percorrer a linha tênue que separava a raiz dos cabelos à nuca. A língua úmida de Eric passou a brincar em seu colo, em movimentos lentos e deslizantes, a excitá-la. De olhos fechados, sentia aquele contato com um prazer como nunca sentira antes. A excitação sexual estimulou o surgimento de seus caninos mais uma vez e, para sua surpresa, ao abrir os olhos deparou-se com Eric em igual estado.
- Você?! Um vampiro?? –falou admirada.
- Por que a surpresa, querida? Achou que estava sozinha neste mundo? – respondeu-lhe em tom de gracejo – Mas não se preocupe, que ainda não chegou a hora de nos unirmos. Podemos esperar um pouco mais...
Ela estava pasma diante da descoberta de um vampiro macho que já acreditavam estar extintos. “E que vampiro...”, pensou.
- Primeiro vai ter que me explicar o porquê deste interesse no meu amigo Robert. O que pretendia com aquele ataque de agora a pouco. E qual o interesse da sua amiga que os espreitava ansiosa?
- É... Parece que temos muitos assuntos para colocar em dia. Mas não vou poder ficar aqui para conversar agora. Preciso voltar, senão corro o risco de ser expulsa de minha família.
Ele a apertou um pouco mais contra seu corpo, aproximando-se de seus lábios e disse:
- Isso é para que eu tenha certeza de que não vai mais pensar em outro – e a beijou com paixão.
Gabriele nem pensou em rechaçá-lo. Abandonou-se em seus braços, com a boca entreaberta para recebê-lo, respondendo com igual intensidade e desejo.
Ele não ofereceu resistência alguma quando ela o empurrou, afastando-o. Já normalizara a respiração e os dentes já mostravam a aparência normal.
- Sou uma pessoa muito paciente, Gabriele. Além disso, temos todo o tempo do mundo para conversar... – disse maliciosamente – Só quero que me prometa que vai ficar longe de meu amigo.
- Talvez eu não tenha mais motivos para acossá-lo novamente... – tranquilizou-o, sorrindo sedutoramente – Por enquanto...
- Assim espero... – foram suas últimas palavras antes de deixá-la partir.
Ui... um vampiro macho... que delícia... excitante esse Erick, algo a ver com o Alexander de True Blod? Nossa! Que maravilha de romance Ro! Não demore a postar o quarto episódio hein? Aliás, por falar em episódio, já pensou em fazer uma série com alguns desses seus personagens, algo semanal? Seria genial!
ResponderExcluirBjs
Nuss... Rô! Que vampiro mais machudo esse Eric! MÉLDÉLZZZZ...
ResponderExcluirAssim que soube que tinha uma nova fic aqui, vim correndo! Falou vampiro, tô dentro!
Esse Eric... Como bem lembrou Tania - seria uma alusão ao Alexander de Tru Blood? Se for, é uma belíssima imagem para a minha imaginação... Também apoio a idéia de um semanal com seus personagens.
Espero que tudo tenha melhorado com vc, minha querida.
Bjim♥
Menina, mas o Eric é bom nisso hein... que pegada, socooooooooooooorro!!!
ResponderExcluirUm homão desses dando mole e a Gabriele ainda insiste em ficar com quem não lhe quer só por maldade, inveja... Mas isso é que é perda de tempo... Quanta burrice!!!
Beijinhos