by Kodama e Fantin
O que estava havendo comigo? Perguntei a mim mesmo, olhando para o vazio a minha frente, embriagado por aquele perfume, mistura de flores e mel, e completamente excitado. Certamente a “fome” estava alterando o funcionamento de meu cérebro. Tinha que parar de pensar naquela bisbilhoteira enervante e tratar de me arrumar para a inauguração de logo mais. Eu tinha pouco mais de seis horas para conseguir uma “fonte”, caso contrário os efeitos da falta de alimento se tornariam facilmente visíveis. No momento apenas um leve cansaço me dominava e, para um observador mais atento, eu passaria por alguém que não dormiu muito bem na noite anterior.
Cheguei ao saguão onde Dominic e sua abelhuda acompanhante, em seu “modo fantasma”, me aguardavam. Ela evitava me olhar, o que era uma novidade. Teria ficado tão apavorada com o que acontecera? Talvez eu fosse realmente desagradável a ela. Anjos nunca se deram muito bem com vampiros. Apesar dela ainda não ter percebido minha verdadeira natureza, os instintos ainda prevaleciam. E os meus, no momento, me atraíam irresistivelmente para ela. Enquanto entrávamos na limusine que nos levaria a filial do banco, fiquei lembrando o gosto de sua boca. Só de pensar nisso, meu corpo reagiu imediatamente e precisei fechar o sobretudo sobre a cintura para não deixar Dominic ou ela perceberem meu estado.
Durante a aborrecida procissão de discursos, inclusive o meu, passei em revista com os olhos algumas das fêmeas que estavam por ali. A maioria estava acompanhada. A minoria tinha idade tão avançada que não resistiria à minha “companhia”. O que eu menos precisava em Praga era ter que me livrar de um corpo ou dar explicações sobre a “morte acidental” de uma idosa em meu leito. O jeito seria tentar uma conquista durante o baile de logo mais. Nunca tinha me sentido tão estranho ao pensar nesse tipo de problema. A cada mulher que avaliava, a imagem de Ariel vinha a minha cabeça. Isso já estava se tornando enervante. Aqueles olhos dourados não me saíam da cabeça. Ela seria a última fêmea com quem gastaria um milésimo de meu tempo, principalmente levando em consideração a sua origem. Apesar de todos os contras, o seu rosto me parecia a cada instante que passava mais e mais perturbador. O fato de saber que ela estava por perto tornava a fraqueza, que me afogava aos poucos, desprezível. Seu aroma impregnava meus sentidos e tirava minha atenção de tudo o mais que me rodeava.
Finalmente a inauguração se deu por encerrada e partimos para a Ópera Estatal de Praga, que abriria suas portas suntuosas para o baile de gala em minha homenagem. Dominic parecia pouco a vontade em seu smoking alugado e com a ausência da irmã caçula que ainda não chegara. Ariel continuava tentando disfarçar seu desconforto com minha presença e eu não conseguia determinar a mulher que me alimentaria nas próximas horas.
Mal havia começado o serviço de coquetel no amplo salão, quando Leonora chegou acompanhada pelo motorista que tinha sido contratado para levá-la até lá. Ela estava deslumbrante, mas também parecia sentir-se desconfortável, principalmente quando os homens presentes cravaram seus olhares nela. Percebi o erro cometido ao convidá-la para esse tipo de baile. Ela era jovem e inexperiente demais... Dominic correu para recepcioná-la, seguido por Ariel.
“Definitivamente esse não é um ambiente adequado para Leonora”, comentei com Nathanael, sem que Dominic pudesse ouvir. Não queria discutir com ele mais uma vez. Eu devia parecer a “velha tia solteirona da família” fazendo aquele tipo de comentário, mas era a sensação que eu tinha ao notar os olhares de cobiça entre os homens da festa, inclusive de Kyle, por mais que ele tentasse disfarçar. Ou seria apenas impressão minha...Ciúmes... Ciúmes?? De onde saiu esse pensamento descabido? Devia ser o ambiente requintado, a beleza das vestimentas das mulheres e a elegância dos homens. Jamais tinha participado de algo tão luxuoso. Meus resguardados anteriores em geral pertenciam a classes inferiores da sociedade humana. Normalmente os anjos mais novos tinham esse tipo de indicação. Apenas os anjos mais antigos tinham o privilégio de acompanharem pessoas da realeza ou das camadas mais altas da civilização. O mais próximo que eu já chegara de uma festa como aquela tinha sido no ano terrestre de 1733, quando cuidava de um rapaz que era auxiliar na cozinha de um poderoso barão francês. Pude vislumbrar algumas reuniões entre a realeza. Pena que o meu protegido sucumbiu muito jovem numa epidemia de varíola... Voltando à realidade, surpreendi-me quando vi Kyle fugindo da companhia de Leonora, que viera toda sorridente até ele, sendo sutilmente rechaçada. Dominic lhe disse algumas palavras de consolo, que ela facilmente assimilou, logo voltando sua atenção para dois rapazes tchecos que pareciam bem mais interessados nela do que Kyle. Bem, Nathanael teria trabalho pela frente cuidando de sua menina. Dominic estava começando a se sentir mais a vontade e acabara de entabular conversa com uma jovem agradável, que eu já notara demonstrar interesse por ele. Agora eu podia aproveitar meu tempo para cuidar dos movimentos do senhor Sinclair. Onde ele havia se metido? Estava bem perto há poucos segundos atrás...
Finalmente o achei fazendo a corte a uma nojenta de nariz empinado que tinha acabado de chegar desacompanhada. Jogava todo o seu charme sobre ela e isso, inexplicavelmente estava me deixando mal-humorada. Chamei discretamente o anjo da guarda dela a um canto e dei a ficha de Kyle. Prontamente meu colega deu um jeito de afastar a moçoila dele. Olhei na direção do grande conquistador, pronta para ser fulminada pelo seu olhar, mas, ao invés disso, ele apenas lançou um débil sorriso, demonstrando que sabia de minha parcela de culpa na rejeição sofrida. Ele me pareceu tão fraco e frágil que transformou meu júbilo em tristeza. O que estaria acontecendo? Comecei a ficar preocupada por ele. Buscava uma explicação para essa mudança de atitude.
Ouvi os acordes da orquestra que já estava pronta para iniciar a música que comandaria as danças da noite. Kyle aproximou-se de Dominic, pediu licença para dançar com Leonora e dirigiu-se a ela, depois de liberado. Mostrando as fileiras de dentes brancos e perfeitos, ela aceitou o convite e se colocou entre os braços de seu anfitrião. O som da valsa fluiu dentre os instrumentos de corda, suave e arrebatador. Fiquei surpresa a ver como Leonora estava dançando e percebi que Dominic reagiu igualmente. Ela parecia hipnotizada pela música e flutuava muda nos braços de Kyle. Ele continuava com sua expressão entristecida, mas os olhos pareciam mais claros e brilhantes ao estudar o rosto de sua parceira. Algo estava acontecendo, era o que minha intuição insistia em dizer, mas eu não compreendia. Ao terminar a música, Kyle beijou respeitosamente a mão de Leonora e levou-a até Dominic.
- Eu não estou me sentindo muito bem Dominic. Vou para o hotel.
Leonora fez uma cara péssima e choramingou:
- Mas nós mal acabamos de chegar...
- Cale-se, Leonora! – ordenou, preocupado com o aspecto de Kyle. – O que está sentindo? Talvez precise ver um médico. Não parece realmente bem.
- Não se preocupe comigo, Dominic. É apenas uma indisposição. Podem continuar a se divertir. Fiquem até a hora que desejarem. Mandarei o motorista de volta para ficar a disposição de vocês.
- Tem certeza que ficará bem? – perguntou Dominic.
- Fique tranquilo, amigo. Amanhã nos falamos.
Voltou-se para a saída, sem olhar para mim o que me deixou mais incomodada.
Em menos de um minuto Leonora já esquecera do ocorrido, convidada para dançar por um dos jovens com quem estava flertando desde antes do início do baile.
- Dominic – sussurrei.
- Já sei. Pode ir atrás dele. Acho que Nathanael terá mais trabalho essa noite cuidando de Nora que você cuidando de mim.
- Quem disse a você que quero ir atrás dele? É uma sorte que tenha ido embora.
- Ariel... Eu já conheço você o suficiente para saber que ficou no mínimo inquieta com a atitude de Kyle. Cuide dele como cuidaria de mim. Ele não possui ninguém para protegê-lo.
- O quê? – fingi desconhecimento a respeito do que ele tentava sugerir e disfarcei a surpresa com o desprendimento de Dom emprestando seu anjo da guarda, eu, para outra pessoa. Como se isso fosse corriqueiro.
- Não sei bem por que, mas algo me diz que o problema não é só uma simples indisposição como ele quis aparentar.
- E você acha que é assim... Ir me emprestando para qualquer um?
- Ele não é qualquer um, Ariel, e você sabe disso muito bem.
- Está bem. Já que você insiste, eu vou atrás dele – Pelo menos Dom não precisava saber de minha resolução em seguir Kyle ante de seu pedido.
E assim foi. Materializei-me na suíte de Kyle, mas permaneci na minha forma célica, lembrando o que acontecera da última vez. Ele não estava ali. Fui até o terraço. Lá a enorme e alinhada figura, ainda vestindo seu caríssimo smoking, contemplava as luzes da cidade, enfrentando o frio de vários graus negativos. O que se passava em sua mente naquele instante? Fiquei admirando-o em silêncio.
- Veio me fazer companhia, Ariel? – sobressaltei-me com a voz rouca. Ele continuou em sua contemplação – Dominic a obrigou a vir?
- Ninguém me obriga a nada. Vim por vontade própria. Não nego que Dominic me fez um pedido para estar aqui, mas eu viria de qualquer jeito.
Levei um susto quando ele se virou, encarando-me. Parecia ter envelhecido uns dez anos.
- O que está acontecendo? Está doente?
- Por que quer saber? Logo não terá que se preocupar comigo. Ficará livre de minha figura asquerosa e descansará em saber que Dominic e sua irmã estão livres da péssima companhia que represento.
- O quê? O que está dizendo? – entrei em pânico ao imaginar que ele estava pensando em suicídio.
- Cansei de lutar contra o destino. Não quero prejudicar mais ninguém.
- Por que está falando assim? Que destino é esse contra o qual tem lutado? Prejudicar quem? Pare de se fazer de vítima e me explique.
- Sei que me odeia, Ariel. Não é suficiente saber que não estarei nesse mundo amanhã para contentar-se?
- Contentar-me? – Agora meu coração parecia um tambor sem controle em meu peito. Assumi minha forma humana e me aproximei dele. – Eu não o odeio, Kyle. Nem desejo o seu “desaparecimento”. – disse em tom mais ameno.
- Os anjos também odeiam... Sei disso. Não precisa bancar a boazinha comigo... Há quase mil anos o seu Superior me transformou no que sou hoje. Depois Dele ter feito seu trabalho, tenho lutado para permanecer sobre a tênue linha que separa o Bem do Mal...
- O que quer dizer com isso? ....
- Ainda não percebeu o que sou, Ariel?
Eu não sabia o que dizer. Senti meu corpo tremer. Não conseguia articular palavra alguma. No fundo, temia o que viria a seguir. Então ele continuou.
- Cansei de viver no limiar entre duas espécies, sendo obrigado a seduzir para sobreviver. Hoje quando tive Leonora em meus braços conclui que não existe mais sentido em continuar vivendo dessa maneira. Dizem que a dor provocada pela falta de alimento até a desintegração total é terrível, mas não deve chegar aos pés do que tenho vivido nos últimos séculos
- Eu não estou entendendo... – A mágoa e o tormento na voz daquele homem, que até então parecia tão forte e imune às emoções humanas, demonstrava uma enorme desilusão e uma repentina fragilidade, que fizeram meu coração bater mais rápido. Só conseguia pensar em descobrir uma maneira de ajudá-lo.
- Estou falando da maldição que o Seu Divino Superior lançou sobre mim e que me tornou o que sou. Isso! – E mostrou os caninos que subitamente alongaram-se mostrando a sua legítima casta. Retrocedi alguns passos, horrorizada com a revelação, mas logo o horror transformou-se em pena e a vontade de ampará-lo voltou imperiosa.
- Não tema, Ariel. Não pretendo lhe fazer mal. Não o farei a mais ninguém. – Rugas tomavam conta de seu rosto bonito e másculo e a dor era visível em seus gestos e em sua postura.
- Não tenho medo. Só não posso deixá-lo ficar assim... Você precisa de sangue e isso é evidente... – Pensei alguns instantes sobre minhas próximas palavras e terminei por dizê-las sem vacilo – Alimente-se de mim.
Os olhos de Kyle brilharam ao ouvir aquela declaração.
- A maldição diz que eu só posso beber de mulheres seduzidas por mim. Até nisso eles foram cruéis. Preciso cativá-las, mesmo não as querendo, possuí-las e só então beber de seu sangue. Como vê, não pode me alimentar, minha cara, já que me odeia e jamais teria qualquer sentimento por mim que não fosse nojo. Mas não se preocupe, pois minha decisão foi tomada. Diga a Dominic que o determinei como meu herdeiro, já que não possuo ninguém para quem deixar meus bens terrenos.
- Olhe, já estou ficando cansada dessa conversa. Vamos sair desse frio e voltar para dentro. Não me agrada a ideia de ver qualquer pessoa morrendo de inanição na minha frente... Muito menos um idoso como você. – Minha garganta estava seca e com muito custo consegui fazer alguma ironia da situação em que nos encontrávamos. Um sentimento totalmente imprevisto tomava conta de mim. Algo que jamais esperei sentir por alguém... Eu descobria que aquele homem, ou vampiro que fosse, era mais importante do que jamais imaginara. Eu não o odiava. Eu o... amava. – Nem pense em sair desse mundo, senhor Kyle Sinclair. Venha! – Acerquei-me e o circundei com minhas asas, fechando-as sobre ele de maneira a desmaterializá-lo juntamente comigo. Tomamos forma no andar abaixo.
Ajudei-o a deitar na cama. Ele estava ofegante, mas antes que me afastasse, sua mão tocou meu rosto.
- Por que está fazendo isso? – perguntou ele com súbita ternura.
- Já disse que não gosto de ver ninguém morrer na minha frente. – respondi desviando o rosto. Não queria que ele percebesse meus sentimentos por ele. Além disso, eu precisava agir rapidamente para salvá-lo. Tentei forçá-lo a cravar os dentes em meu punho, mas ele já não tinha forças para tal, além de parecer resistente. Ele queria morrer!
Corri ao banheiro e peguei um dos copos de vidro que lá estavam e o bati com força no mármore da bancada, estilhaçando-o. Com um dos cacos, fiz um corte profundo em meu punho e voltei ao quarto. Coloquei o pulso sangrante junto a sua boca.
- Beba, por favor... Beba.
Ele sorriu tristemente, balançando a cabeça.
- Não vai adiantar, meu bem. Você nem ao menos gosta de mim.
- Experimente... Por favor. – implorei mais uma vez, sentindo lágrimas turvarem meus olhos. Não saberia dizer se foi o tom de desespero em minha voz ou se meu choro, mas ele cedeu ao meu pedido e passou a sugar meu pulso. A princípio debilmente, mas depois, à medida que suas forças retornavam, passou a sugar com força, sem tirar os olhos dos meus, enlaçando-me com o profundo verde de seus olhos. Era nítida a melhora dele. Todo o processo de envelhecimento rapidamente retrocedeu e todo o viço de antes retornou. Ao contrário de mim, que pouco a pouco fui enfraquecendo enquanto uma irresistível e agradável sonolência foi tomando conta de minha consciência.
- Ariel... Ariel... Fale comigo, por favor – Sua voz parecia vir de muito longe. Meu corpo pareceu flutuar por um momento. Num esforço para romper o torpor vi que Kyle havia me deitado em sua cama e me olhava num misto de preocupação e... desejo. Sentia seus dedos acariciando as raízes de meus cabelos e o contorno de meu rosto. A sensação era tão boa como um voo sobre os jardins do Éden.
- Você está bem? – disse com a voz enfraquecida.
- Sim... Graças a você. – respondeu ele sentando-se em uma cadeira que acabara de colocar ao lado da cama.
- Vai parar de pensar naquela bobagem de desaparecer e me contar sobre a maldita maldição da qual me falou a pouco?
- Este linguajar não é apropriado para uma boa anja como você. – comentou com um meio sorriso, segurando minha mão.
- Não sei mais o que é apropriado ou não. Só sei que quero conhecê-lo melhor e desvendar os mistérios que me trouxeram até aqui.
- Tem certeza que quer ouvir minha história? Ela é bastante longa e você ainda está muito fraca.
- Então essa é a hora exata para me contar.
- Pois bem... Já que insiste.
(continua...)
Olá! Parece que finalmente o nosso charmoso vampiro vai revelar o seu segredo para a nossa confusa Ariel. Gostaram? Na próxima sexta teremos mais...rsrsrs.
Agradeço mais uma vez às minhas queridas top comentaristas, Nadja e Léia, por seus comentários aqui no blog. Igualmente agradeço aos amigos César Farias, Carolina Lopes, Junior Menezes, Raphaela e Francilangela, que tão carinhosamente deixaram seu comentário lá no site da Aped Editora.
Muito obrigada, mais uma vez, a todos vocês!
Até a próxima sexta!Beijos!
O que estava havendo comigo? Perguntei a mim mesmo, olhando para o vazio a minha frente, embriagado por aquele perfume, mistura de flores e mel, e completamente excitado. Certamente a “fome” estava alterando o funcionamento de meu cérebro. Tinha que parar de pensar naquela bisbilhoteira enervante e tratar de me arrumar para a inauguração de logo mais. Eu tinha pouco mais de seis horas para conseguir uma “fonte”, caso contrário os efeitos da falta de alimento se tornariam facilmente visíveis. No momento apenas um leve cansaço me dominava e, para um observador mais atento, eu passaria por alguém que não dormiu muito bem na noite anterior.
Cheguei ao saguão onde Dominic e sua abelhuda acompanhante, em seu “modo fantasma”, me aguardavam. Ela evitava me olhar, o que era uma novidade. Teria ficado tão apavorada com o que acontecera? Talvez eu fosse realmente desagradável a ela. Anjos nunca se deram muito bem com vampiros. Apesar dela ainda não ter percebido minha verdadeira natureza, os instintos ainda prevaleciam. E os meus, no momento, me atraíam irresistivelmente para ela. Enquanto entrávamos na limusine que nos levaria a filial do banco, fiquei lembrando o gosto de sua boca. Só de pensar nisso, meu corpo reagiu imediatamente e precisei fechar o sobretudo sobre a cintura para não deixar Dominic ou ela perceberem meu estado.
Durante a aborrecida procissão de discursos, inclusive o meu, passei em revista com os olhos algumas das fêmeas que estavam por ali. A maioria estava acompanhada. A minoria tinha idade tão avançada que não resistiria à minha “companhia”. O que eu menos precisava em Praga era ter que me livrar de um corpo ou dar explicações sobre a “morte acidental” de uma idosa em meu leito. O jeito seria tentar uma conquista durante o baile de logo mais. Nunca tinha me sentido tão estranho ao pensar nesse tipo de problema. A cada mulher que avaliava, a imagem de Ariel vinha a minha cabeça. Isso já estava se tornando enervante. Aqueles olhos dourados não me saíam da cabeça. Ela seria a última fêmea com quem gastaria um milésimo de meu tempo, principalmente levando em consideração a sua origem. Apesar de todos os contras, o seu rosto me parecia a cada instante que passava mais e mais perturbador. O fato de saber que ela estava por perto tornava a fraqueza, que me afogava aos poucos, desprezível. Seu aroma impregnava meus sentidos e tirava minha atenção de tudo o mais que me rodeava.
Finalmente a inauguração se deu por encerrada e partimos para a Ópera Estatal de Praga, que abriria suas portas suntuosas para o baile de gala em minha homenagem. Dominic parecia pouco a vontade em seu smoking alugado e com a ausência da irmã caçula que ainda não chegara. Ariel continuava tentando disfarçar seu desconforto com minha presença e eu não conseguia determinar a mulher que me alimentaria nas próximas horas.
Mal havia começado o serviço de coquetel no amplo salão, quando Leonora chegou acompanhada pelo motorista que tinha sido contratado para levá-la até lá. Ela estava deslumbrante, mas também parecia sentir-se desconfortável, principalmente quando os homens presentes cravaram seus olhares nela. Percebi o erro cometido ao convidá-la para esse tipo de baile. Ela era jovem e inexperiente demais... Dominic correu para recepcioná-la, seguido por Ariel.
Kyle Sinclair |
“Definitivamente esse não é um ambiente adequado para Leonora”, comentei com Nathanael, sem que Dominic pudesse ouvir. Não queria discutir com ele mais uma vez. Eu devia parecer a “velha tia solteirona da família” fazendo aquele tipo de comentário, mas era a sensação que eu tinha ao notar os olhares de cobiça entre os homens da festa, inclusive de Kyle, por mais que ele tentasse disfarçar. Ou seria apenas impressão minha...Ciúmes... Ciúmes?? De onde saiu esse pensamento descabido? Devia ser o ambiente requintado, a beleza das vestimentas das mulheres e a elegância dos homens. Jamais tinha participado de algo tão luxuoso. Meus resguardados anteriores em geral pertenciam a classes inferiores da sociedade humana. Normalmente os anjos mais novos tinham esse tipo de indicação. Apenas os anjos mais antigos tinham o privilégio de acompanharem pessoas da realeza ou das camadas mais altas da civilização. O mais próximo que eu já chegara de uma festa como aquela tinha sido no ano terrestre de 1733, quando cuidava de um rapaz que era auxiliar na cozinha de um poderoso barão francês. Pude vislumbrar algumas reuniões entre a realeza. Pena que o meu protegido sucumbiu muito jovem numa epidemia de varíola... Voltando à realidade, surpreendi-me quando vi Kyle fugindo da companhia de Leonora, que viera toda sorridente até ele, sendo sutilmente rechaçada. Dominic lhe disse algumas palavras de consolo, que ela facilmente assimilou, logo voltando sua atenção para dois rapazes tchecos que pareciam bem mais interessados nela do que Kyle. Bem, Nathanael teria trabalho pela frente cuidando de sua menina. Dominic estava começando a se sentir mais a vontade e acabara de entabular conversa com uma jovem agradável, que eu já notara demonstrar interesse por ele. Agora eu podia aproveitar meu tempo para cuidar dos movimentos do senhor Sinclair. Onde ele havia se metido? Estava bem perto há poucos segundos atrás...
Finalmente o achei fazendo a corte a uma nojenta de nariz empinado que tinha acabado de chegar desacompanhada. Jogava todo o seu charme sobre ela e isso, inexplicavelmente estava me deixando mal-humorada. Chamei discretamente o anjo da guarda dela a um canto e dei a ficha de Kyle. Prontamente meu colega deu um jeito de afastar a moçoila dele. Olhei na direção do grande conquistador, pronta para ser fulminada pelo seu olhar, mas, ao invés disso, ele apenas lançou um débil sorriso, demonstrando que sabia de minha parcela de culpa na rejeição sofrida. Ele me pareceu tão fraco e frágil que transformou meu júbilo em tristeza. O que estaria acontecendo? Comecei a ficar preocupada por ele. Buscava uma explicação para essa mudança de atitude.
Ouvi os acordes da orquestra que já estava pronta para iniciar a música que comandaria as danças da noite. Kyle aproximou-se de Dominic, pediu licença para dançar com Leonora e dirigiu-se a ela, depois de liberado. Mostrando as fileiras de dentes brancos e perfeitos, ela aceitou o convite e se colocou entre os braços de seu anfitrião. O som da valsa fluiu dentre os instrumentos de corda, suave e arrebatador. Fiquei surpresa a ver como Leonora estava dançando e percebi que Dominic reagiu igualmente. Ela parecia hipnotizada pela música e flutuava muda nos braços de Kyle. Ele continuava com sua expressão entristecida, mas os olhos pareciam mais claros e brilhantes ao estudar o rosto de sua parceira. Algo estava acontecendo, era o que minha intuição insistia em dizer, mas eu não compreendia. Ao terminar a música, Kyle beijou respeitosamente a mão de Leonora e levou-a até Dominic.
- Eu não estou me sentindo muito bem Dominic. Vou para o hotel.
Leonora fez uma cara péssima e choramingou:
- Mas nós mal acabamos de chegar...
- Cale-se, Leonora! – ordenou, preocupado com o aspecto de Kyle. – O que está sentindo? Talvez precise ver um médico. Não parece realmente bem.
- Não se preocupe comigo, Dominic. É apenas uma indisposição. Podem continuar a se divertir. Fiquem até a hora que desejarem. Mandarei o motorista de volta para ficar a disposição de vocês.
- Tem certeza que ficará bem? – perguntou Dominic.
- Fique tranquilo, amigo. Amanhã nos falamos.
Voltou-se para a saída, sem olhar para mim o que me deixou mais incomodada.
Em menos de um minuto Leonora já esquecera do ocorrido, convidada para dançar por um dos jovens com quem estava flertando desde antes do início do baile.
- Dominic – sussurrei.
- Já sei. Pode ir atrás dele. Acho que Nathanael terá mais trabalho essa noite cuidando de Nora que você cuidando de mim.
- Quem disse a você que quero ir atrás dele? É uma sorte que tenha ido embora.
- Ariel... Eu já conheço você o suficiente para saber que ficou no mínimo inquieta com a atitude de Kyle. Cuide dele como cuidaria de mim. Ele não possui ninguém para protegê-lo.
- O quê? – fingi desconhecimento a respeito do que ele tentava sugerir e disfarcei a surpresa com o desprendimento de Dom emprestando seu anjo da guarda, eu, para outra pessoa. Como se isso fosse corriqueiro.
- Não sei bem por que, mas algo me diz que o problema não é só uma simples indisposição como ele quis aparentar.
- E você acha que é assim... Ir me emprestando para qualquer um?
- Ele não é qualquer um, Ariel, e você sabe disso muito bem.
- Está bem. Já que você insiste, eu vou atrás dele – Pelo menos Dom não precisava saber de minha resolução em seguir Kyle ante de seu pedido.
E assim foi. Materializei-me na suíte de Kyle, mas permaneci na minha forma célica, lembrando o que acontecera da última vez. Ele não estava ali. Fui até o terraço. Lá a enorme e alinhada figura, ainda vestindo seu caríssimo smoking, contemplava as luzes da cidade, enfrentando o frio de vários graus negativos. O que se passava em sua mente naquele instante? Fiquei admirando-o em silêncio.
- Veio me fazer companhia, Ariel? – sobressaltei-me com a voz rouca. Ele continuou em sua contemplação – Dominic a obrigou a vir?
- Ninguém me obriga a nada. Vim por vontade própria. Não nego que Dominic me fez um pedido para estar aqui, mas eu viria de qualquer jeito.
Levei um susto quando ele se virou, encarando-me. Parecia ter envelhecido uns dez anos.
- O que está acontecendo? Está doente?
- Por que quer saber? Logo não terá que se preocupar comigo. Ficará livre de minha figura asquerosa e descansará em saber que Dominic e sua irmã estão livres da péssima companhia que represento.
- O quê? O que está dizendo? – entrei em pânico ao imaginar que ele estava pensando em suicídio.
- Cansei de lutar contra o destino. Não quero prejudicar mais ninguém.
- Por que está falando assim? Que destino é esse contra o qual tem lutado? Prejudicar quem? Pare de se fazer de vítima e me explique.
- Sei que me odeia, Ariel. Não é suficiente saber que não estarei nesse mundo amanhã para contentar-se?
- Contentar-me? – Agora meu coração parecia um tambor sem controle em meu peito. Assumi minha forma humana e me aproximei dele. – Eu não o odeio, Kyle. Nem desejo o seu “desaparecimento”. – disse em tom mais ameno.
- Os anjos também odeiam... Sei disso. Não precisa bancar a boazinha comigo... Há quase mil anos o seu Superior me transformou no que sou hoje. Depois Dele ter feito seu trabalho, tenho lutado para permanecer sobre a tênue linha que separa o Bem do Mal...
- O que quer dizer com isso? ....
- Ainda não percebeu o que sou, Ariel?
Eu não sabia o que dizer. Senti meu corpo tremer. Não conseguia articular palavra alguma. No fundo, temia o que viria a seguir. Então ele continuou.
- Cansei de viver no limiar entre duas espécies, sendo obrigado a seduzir para sobreviver. Hoje quando tive Leonora em meus braços conclui que não existe mais sentido em continuar vivendo dessa maneira. Dizem que a dor provocada pela falta de alimento até a desintegração total é terrível, mas não deve chegar aos pés do que tenho vivido nos últimos séculos
- Eu não estou entendendo... – A mágoa e o tormento na voz daquele homem, que até então parecia tão forte e imune às emoções humanas, demonstrava uma enorme desilusão e uma repentina fragilidade, que fizeram meu coração bater mais rápido. Só conseguia pensar em descobrir uma maneira de ajudá-lo.
- Estou falando da maldição que o Seu Divino Superior lançou sobre mim e que me tornou o que sou. Isso! – E mostrou os caninos que subitamente alongaram-se mostrando a sua legítima casta. Retrocedi alguns passos, horrorizada com a revelação, mas logo o horror transformou-se em pena e a vontade de ampará-lo voltou imperiosa.
- Não tema, Ariel. Não pretendo lhe fazer mal. Não o farei a mais ninguém. – Rugas tomavam conta de seu rosto bonito e másculo e a dor era visível em seus gestos e em sua postura.
- Não tenho medo. Só não posso deixá-lo ficar assim... Você precisa de sangue e isso é evidente... – Pensei alguns instantes sobre minhas próximas palavras e terminei por dizê-las sem vacilo – Alimente-se de mim.
Os olhos de Kyle brilharam ao ouvir aquela declaração.
- A maldição diz que eu só posso beber de mulheres seduzidas por mim. Até nisso eles foram cruéis. Preciso cativá-las, mesmo não as querendo, possuí-las e só então beber de seu sangue. Como vê, não pode me alimentar, minha cara, já que me odeia e jamais teria qualquer sentimento por mim que não fosse nojo. Mas não se preocupe, pois minha decisão foi tomada. Diga a Dominic que o determinei como meu herdeiro, já que não possuo ninguém para quem deixar meus bens terrenos.
- Olhe, já estou ficando cansada dessa conversa. Vamos sair desse frio e voltar para dentro. Não me agrada a ideia de ver qualquer pessoa morrendo de inanição na minha frente... Muito menos um idoso como você. – Minha garganta estava seca e com muito custo consegui fazer alguma ironia da situação em que nos encontrávamos. Um sentimento totalmente imprevisto tomava conta de mim. Algo que jamais esperei sentir por alguém... Eu descobria que aquele homem, ou vampiro que fosse, era mais importante do que jamais imaginara. Eu não o odiava. Eu o... amava. – Nem pense em sair desse mundo, senhor Kyle Sinclair. Venha! – Acerquei-me e o circundei com minhas asas, fechando-as sobre ele de maneira a desmaterializá-lo juntamente comigo. Tomamos forma no andar abaixo.
Ajudei-o a deitar na cama. Ele estava ofegante, mas antes que me afastasse, sua mão tocou meu rosto.
- Por que está fazendo isso? – perguntou ele com súbita ternura.
- Já disse que não gosto de ver ninguém morrer na minha frente. – respondi desviando o rosto. Não queria que ele percebesse meus sentimentos por ele. Além disso, eu precisava agir rapidamente para salvá-lo. Tentei forçá-lo a cravar os dentes em meu punho, mas ele já não tinha forças para tal, além de parecer resistente. Ele queria morrer!
Corri ao banheiro e peguei um dos copos de vidro que lá estavam e o bati com força no mármore da bancada, estilhaçando-o. Com um dos cacos, fiz um corte profundo em meu punho e voltei ao quarto. Coloquei o pulso sangrante junto a sua boca.
- Beba, por favor... Beba.
Ele sorriu tristemente, balançando a cabeça.
- Não vai adiantar, meu bem. Você nem ao menos gosta de mim.
- Experimente... Por favor. – implorei mais uma vez, sentindo lágrimas turvarem meus olhos. Não saberia dizer se foi o tom de desespero em minha voz ou se meu choro, mas ele cedeu ao meu pedido e passou a sugar meu pulso. A princípio debilmente, mas depois, à medida que suas forças retornavam, passou a sugar com força, sem tirar os olhos dos meus, enlaçando-me com o profundo verde de seus olhos. Era nítida a melhora dele. Todo o processo de envelhecimento rapidamente retrocedeu e todo o viço de antes retornou. Ao contrário de mim, que pouco a pouco fui enfraquecendo enquanto uma irresistível e agradável sonolência foi tomando conta de minha consciência.
- Ariel... Ariel... Fale comigo, por favor – Sua voz parecia vir de muito longe. Meu corpo pareceu flutuar por um momento. Num esforço para romper o torpor vi que Kyle havia me deitado em sua cama e me olhava num misto de preocupação e... desejo. Sentia seus dedos acariciando as raízes de meus cabelos e o contorno de meu rosto. A sensação era tão boa como um voo sobre os jardins do Éden.
- Você está bem? – disse com a voz enfraquecida.
- Sim... Graças a você. – respondeu ele sentando-se em uma cadeira que acabara de colocar ao lado da cama.
- Vai parar de pensar naquela bobagem de desaparecer e me contar sobre a maldita maldição da qual me falou a pouco?
- Este linguajar não é apropriado para uma boa anja como você. – comentou com um meio sorriso, segurando minha mão.
- Não sei mais o que é apropriado ou não. Só sei que quero conhecê-lo melhor e desvendar os mistérios que me trouxeram até aqui.
- Tem certeza que quer ouvir minha história? Ela é bastante longa e você ainda está muito fraca.
- Então essa é a hora exata para me contar.
- Pois bem... Já que insiste.
(continua...)
Olá! Parece que finalmente o nosso charmoso vampiro vai revelar o seu segredo para a nossa confusa Ariel. Gostaram? Na próxima sexta teremos mais...rsrsrs.
Agradeço mais uma vez às minhas queridas top comentaristas, Nadja e Léia, por seus comentários aqui no blog. Igualmente agradeço aos amigos César Farias, Carolina Lopes, Junior Menezes, Raphaela e Francilangela, que tão carinhosamente deixaram seu comentário lá no site da Aped Editora.
Muito obrigada, mais uma vez, a todos vocês!
Até a próxima sexta!Beijos!
Meu Deus estou anestesiada, mas vamos por partes gosto da Leonora mas ela tem muito arroz e feijão pra comer e chegar á altura de Kyle fico na torcida que ela encontre um rapazote apropriado nesse baile e deixe finalmente a estória de Ariel ganhar asas e voar assim como tudo indica né... Já estava com os olhos aguados de preocupação com a tal decisão mortal dele, mas graçs nossa anja o quadro inverteu com muita classe e mal posso esperar o próximo post para enfim saber as origens e a entrega desse casal de arrancar suspiros.
ResponderExcluirGostei muitão do post amiga pra lá de top, linda semana, se cuida e boa sorte. Beijões.
Tu és um amor, Léia... Muito obrigada pelo teu comentário. Também adoro esse casal tão inusitado...rsrsrs. Beijinhos!
ExcluirMaldade Rô, parar logo aí...rsrsrsrs, ter que esperar uma semana pra ler a continuação, mas ainda bem que o tempo está voando e a próxima sexta vai chegar rapidinho.
ResponderExcluirLindo amiga, o roamance está cada vez mais emocionante, mais sensível e envolvente. Adoro esse amor entre o Kyle e a Ariel, Samuel nem imaginava o que estava fazendo mesmo sem querer.
Mesmo sendo um vampiro e um anjo eles são tão "humanos", reais mesmo, com sentimentos bons, ruins, vaidades, egoísmo, ciúme, bem ao contrário dos personagens novelescos globais, que são totalmente bons ou totalmente ruins, coisa que não existe, bem que esses autores de novelas podiam ter umas lições contigo.
Mas falando da cena que mais amei: Ele ia realmente abrir mão da vida, tão fragilizado, sozinho, ponderou, a consciência ditou o caminho certo e então chega Ariel, sem entender seus próprios sentimentos mas disposta a enfrentar e fazer tudo por ele, e então se descobre amando!!! Tô emocionada até agora, já li esse capítulo duas vezes me fixando sempre nesse ponto, é tão bom suspirar por algo que nos enche de emoção!
Acho que em breve haverá mais um livro publicado.
Beijos amiga querida!!!
Te adoro e admiro muito!!
Tá linda a nova apresentação do blog, linda mesmo. Não sei porque mas me lembra aqueles rodopios que a gente dá com os braços abertos e depois cai, rindo e tonta de alegria olhando pra o céu!
ResponderExcluirAdoro saber que vocês estão gostando do andamento da nossa história. Quanto ao novo visual, estou para mudar há um bom tempo mas ainda não tinha conseguido uma horinha para fazê-lo.Ainda bem que gostaste (amei a imagem do rodopio). Achei que ficou mais leve do que o anterior e a área de texto mais clara,deixando a leitura mais agradável. Este cantinho é teu e de todos que vêm aqui para sonhar um pouco, por isso fico muito feliz com a tua opinião.
ExcluirBeijos, minha anjinha querida!
Ah Rô.... queria tanto ser uma anjinha chamda Ariel, rsrsrs.
ExcluirBeijos amiga do meu coração!!!!!!
Nossa, que capítulo tão bonito, amigas!
ResponderExcluirOlha, eu estou lendo todos os capítulos hoje e estou completamente maravilhada com tão bela obra!
A Rô já sabe que sou uma romântica incontrolável, uma manteiga derretidíssima, então já pode imaginar o meu estado! Estou em lágrimas, sinceramente!
Nesse mundo atual, onde só a ganância, o interesse frívolo é que parecem ter valor, surge essa história entre o vampiro que não é tão ruim assim e uma Anja que não se atém a regras ou preconceitos, que sabe seguir o que o seu coração manda. E ainda tem o Dom e Yesalel, apaixonadamente ligados, apesar de toda distância que tentam lhes impor. O amor e carinho enorme entre os irmãos e a preocupação de Dom com o estado de Kyle, que revela uma amizade verdadeira – e o que é mais importante nessa vida do que a amizade? Gosto muito da citação de Mário Quintana: “Amizade é um amor que nunca morre”
Estou amando tudo isso!!!
Parabéns à Rô e à Aline por mais esse capítulo lindo!
Desejo a vocês uma semana abençoada, regada a muita saúde e alegrias!
Beijinhos
Lucy, lindinha! Nossa! Adorei cada comentário ao longa dessa super maratona. Muito obrigada pela tua atenção e sensibilidade demonstrada nas palavras após cada capítulo.
ExcluirUm enorme beijo, minha amiga querida!