domingo, 15 de maio de 2011

Pelo de Punta (Arrepiada) - Capítulo XIV



Isabel emprestou o seu carro a Bryan e seguiu com Rafael para o departamento de polícia local, onde entregariam as provas contra o General para o superior dele, o Capitão Ortiz, e pediriam reforço para dar cobertura à Bryan. Rafael não entendia por que a viatura com os homens da CIA não estava mais em vigília quando Bryan chegou à mansão. Achou aquilo estranho, mas resolveu não comentar com ele para não preocupá-lo ainda mais. Certamente seu comandante se encarregaria de fazer isso.
Dirigiu até o centro de Santa Cruz, chegando ao prédio da Polícia Federal onde funcionava a Fuerza Especial Contra el Narcotrafico (FECN). Foram diretamente ao gabinete de Ortiz.

- O que está fazendo aqui, Soza? – perguntou seu superior. – E com... Esta senhorita?
- Esta é Isabel Vasquez e ela está colaborando conosco mediante uma única condição.
- Condição? Ela não está em condições de exigir nada, meu caro.
- Senhor – interferiu Isabel – Só quero que poupem meu irmão e que lhe dêem o direito de ter uma segunda chance. Ele foi manipulado por meu... Pelo General. O único responsável pelos negócios escusos é ele e não meu irmão.
- As evidências mostram que os dois estão enterrados até o pescoço com as acusações. – disse, analisando-a. – Por que eu confiaria em você?
- Por que tenho comigo provas suficientes para uma prisão perpétua para o General e só as entregarei se tiver a certeza de que meu pedido de clemência para Miguel será considerado.
Ortiz franziu o cenho, olhou enigmaticamente para Isabel e Rafael e, finalmente rompeu o silêncio.
- Está bem. Temos um trato. Agora me dê as provas de que está falando.
Rafael e ela se entreolharam e, após um assentimento de cabeça dele, Isabel abriu sua bolsa, retirou um pen drive e colocou-o nas mãos de Ortiz.
- Tem cópia disso? – perguntou ele a Isabel.
- Não.
Ele contraiu a boca num estranho sorriso.
- Aguardem um momento, por favor.
Assim que Ortiz deu as costas, Isabel voltou-se para Rafael com expressão preocupada.
- Eu já vi esse homem antes...
- Dizem que ele costuma circular nas altas rodas aqui de Santa Cruz.
- Não... Eu já o vi conversando com meu pai, em nossa casa. Já faz algum tempo...
- Com o seu pai?
- Tem certeza de que ele é confiável?
- Se não for, agora é tarde, pois você acabou de entregar a única cópia das provas contra o seu pai para ele.
- Quem disse? – disse ela remexendo na bolsa e retirando outro pen drive semelhante ao que confiara a Ortiz – Na minha família aprendemos a ser desconfiados desde o berço – referiu com um sorriso encantador nos lábios. – Que tal irmos embora daqui?
- Acho que está se precipitando. Tenho certeza que o Capitão Or...
Mal completara sua frase, dois guardas entraram na sala e solicitaram que os dois os acompanhassem. Rafael ficou em alerta.
- Onde está o Capitão? Ele pediu que o esperássemos aqui.
- Temos ordens para levá-los.
- Para onde?
Sem responder a pergunta, avançaram contra os dois para cumprir suas ordens à força.
Rafael colocou-se na frente de Isabel.
- Não vamos a lugar algum com vocês. Quero ver o Capitão agora!
- Pois ele mandou detê-los e é isso que faremos. Estamos apenas cumprindo ordens, Soza. É melhor que venham conosco em paz.
- Deter-nos? Como assim? Estou em cumprimento de meu dever...
Os homens partiram para cima de Rafael que reagiu contra o iminente ataque, jogando-se contra um dos homens, enquanto o outro partiu para prender Isabel. Esta lançou a bolsa contra a cabeça do militar fazendo-o tontear.
- O que carrega nessa bolsa? – indagou ele, ainda grogue com a pancada.
- Pedras! – respondeu e imediatamente deu outro golpe antes que o homem pudesse recuperar-se. Desta vez ele desmaiou.
Enquanto isso Rafael ainda lutava a socos e pontapés contra seu oponente. Isabel ao ver que o agente estava em dificuldades e em franca desvantagem, abaixou-se, procurando pela arma que o desacordado a seus pés devia ter. Logo descobriu o coldre na sua cintura e sacou a pistola. Levantou-se e fez mira.
- Pare com isso agora ou eu atiro! – gritou, paralisando quase que instantaneamente a luta.
- Moça, cuidado com essa arma. Você pode se machucar... – disse o soldado com o olho inchado por um dos socos recebidos de Rafael.
Ela destravou a pistola, preparando-se para atirar, diante do espanto dos dois homens.
- Eu fiz curso de tiro e meu alvo agora é você. – falou séria apontando para a cabeça do milico.
Aproveitando a distração do outro, Rafael pegou sua própria arma, que havia caído no chão durante a luta e deu-lhe uma coronhada violenta, deixando-o fora de combate definitivamente.
- Isabel, vamos. Rápido! – Enquanto via se o caminho estava livre fora da sala de Ortiz, quis esclarecer uma dúvida. – É sério que fez curso de tiro?
- Não, mas era a única maneira de fazê-lo parar para pensar um pouco.
Ele fechou os olhos, sorriu e agradeceu a Deus por ainda estar vivo e pela rapidez de raciocínio de Isabel.
- E as pedras na bolsa? É verdade?
- Por que você acha que ele está desmaiado até agora? – Lançou um olhar para onde tinha deixado o militar caído e viu um movimento – Ohoh... É melhor irmos, pois o efeito da pedrada já está passando.
Saíram pelo corredor em passos acelerados, sem correr para não atraírem muita atenção. Pelo jeito não havia nenhum alerta sobre os dois. Logo alcançaram a rua e correram até o Corolla cinza de Rafael.
- Para onde vamos agora? – perguntou Isabel aflita.
- Para o consulado americano. Temos que entrar em contato com a CIA, antes que o Ortiz coloque toda a polícia da cidade atrás de nós. Sabe-se lá o que ele pode inventar.
Entraram no carro, Rafael ligou o carro e partiram a toda a velocidade para o consulado.


Bryan dirigia como um louco pela estrada de chão batido que levava até o sítio indicado por Isabel. Mesmo sabendo que Isabel e Soza entrariam em contato com a polícia local, ele decidiu ligar para a Agência. Comunicou sobre todos os acontecimentos até o momento e sobre a sua suspeita de haver algum espião infiltrado. Soube que a van da CIA que vigiava a casa de Vasquez tinha sido atacada e fora encontrada num terreno baldio, com os agentes mortos. Já tinham um suspeito por esta armadilha e estavam empenhados em pegá-lo. Bryan mais uma vez foi repreendido por sua ação atual e avisado de que estaria sozinho nesse resgate.
- Sem problemas. Esse é mesmo um assunto pessoal. – respondeu ao seu superior no outro lado da linha e desligou.
Não conseguia evitar a comparação do que ocorrera três anos antes com o que estava acontecendo agora. Perdera sua esposa para um bando de terroristas. Ela também trabalhava para a Inteligência e ambos estavam envolvidos com o mesmo caso. Usaram-na como refém para realizar uma troca de prisioneiros. Na tentativa de resgatá-la, ela foi ferida mortalmente. Os assassinos foram presos e mortos, mas isso não foi suficiente para estancar o sofrimento, o imenso vazio e a sensação de culpa que deixaram marcas profundas no íntimo de Bryan. Agora, mais uma vez via-se envolvido com um maluco tentando roubar-lhe a única mulher que conseguira reacender a chama em seu coração, adormecida há três anos. Dessa vez não permitiria que a história se repetisse.



Não conseguia sentir os braços ou as pernas. Pareciam dormentes. A boca estava seca e com um terrível gosto amargo. Olhou a sua volta tentando reconhecer onde estava. Sentia-se como se estivesse de ressaca e muito confusa. Miguel...Onde estava ele? Lembrava que tinham saído a passeio. Ele chegou a levá-la até a Catedral de San Lorenzo, um dos principais monumentos históricos de Santa Cruz. Já a tinha visto por fora quando passeou com Isabel, mas Miguel fez questão de descer e visitá-la por dentro.

Catedral de San Lorenzo

Interior da Catedral
- Que tal casarmos aqui? Já pensou com ficaria linda toda decorada com rosas brancas e você entrando através desta nave indo ao meu encontro no altar? – fantasiou ele.
- Miguel... Teremos que conversar melhor a esse respeito. Muita coisa aconteceu nas últimas horas e você sabe disso.
- Nada vai atrapalhar meus planos, carinho. Você será minha... De uma maneira ou de outra. – afirmou fitando-a com olhar frio, num tom de voz cortante.
Júlia tremeu ao lembrar aquele ponto do passeio. Ficara preocupada quando ele a fez ajoelhar-se ao lado dele, diante do altar, e sussurrou algumas palavras incompreensíveis, como se estivesse rezando. Quando terminou, ajudou-a a levantar-se e deu-lhe um casto beijo na testa. Depois disso, foram até o carro e ele lhe disse que queria mostrar o sítio de sua família, que não era muito longe dali. Poucos metros adiante, estacionou o carro em uma rua deserta e pediu que ela saísse, pois queria mostrar-lhe algo. Ingenuamente, foi até onde ele estava. Enquanto tentava localizar o prédio para onde ele apontava, sentiu algo contra o rosto, uma forte pressão e um cheiro acre que lhe queimou as narinas.
Ele a havia sequestrado..., concluiu apavorada. Tentou mexer-se, mas reparou que estava com as mãos atadas por cordas nas laterais da cama sobre a qual estava deitada. Uma súbita náusea surgiu e seu estômago pareceu retorcer-se. Não saberia dizer se aquela ânsia era causada pelo pânico ou pelo clorofórmio usado para dominá-la. Respirou fundo várias vezes e tentou controlar o enjôo. Seus movimentos voltavam aos poucos e ela passou a sacudir os punhos, numa tentativa de afrouxar os nós que a prendiam.
- Já acordou, carinho? – a voz, antes aveludada, soou áspera e maliciosa, quando Miguel entrou no quarto.
- Por favor, Miguel, me desamarre. Por que está fazendo isso? Onde nós estamos?
- Eu já tinha dito a você. Estamos no sítio de minha família. Passaremos a nossa lua-de-mel aqui.
- O quê? – Ele enlouquecera?, pensou.
- Lembra que fomos a Igreja? Então... Estamos casados e agora poderemos realizar todos nossos desejos...
- Você enlouqueceu? Não estou casada nem nunca casarei com você!
- Agora é tarde... Deveria ter pensado nisso quando resolveu me trair com aquele agente da CIA.
- Eu não o traí com ninguém. Eu nem sabia que ele era um agente ou que você era um contrabandista! Vocês dois me usaram! Quero ir embora daqui! – Não resistindo mais a pressão, desatou a chorar desesperadamente. Além do medo de morrer naquele lugar desconhecido, longe de seu pai, chorava por sentir seu coração em frangalhos, enganada duplamente e levada aquela situação humilhante por dois homens sem escrúpulos. – Por favor, Miguel... Se você realmente me amava como dizia, me solte... Por favor... – implorou soluçando.
- Eu a amava sim, Júlia. – seu tom agora era de mágoa. – Queria casar com você, ter filhos, lhe dar tudo que você desejasse... Até descobrir sua traição. Descobrir que estava num complô para me destruir.
- Miguel, eu não sabia de nada. Juro! A CIA me usou para chegar até você sem eu saber. Tem que acreditar em mim.
- Agora não importa mais, carinho. O que importa é que estamos aqui, só nós dois e que você finalmente será minha.
Como um animal a espreita de sua presa, Miguel começou a acercar-se da cama, lentamente, como se sentisse prazer em provocar medo em Júlia.
- Se você permitir, posso ser bem carinhoso. Caso contrário... – os lábios se contraíram com escárnio.
Ele sentou-se na cama ao lado dela e levou a mão esquerda até seu rosto, afagando-a, enquanto a outra se espalmou contra o seu pescoço e começou a descer até os botões de sua blusa, arrancando-lhe um grito de repulsa.
- Não se atreva a me tocar! Eu quero sair daqui! – gritou corcoveando sobre a cama, tentando atingi-lo com as pernas livres.
- Só depois que tivermos nossa primeira noite de amor, carinho.


(continua...)


Oi!  Não queria terminar este capítulo nesse ponto, mas como tenho tentado colocar um capítulo a cada semana, hoje era o limite do prazo. Pretendo continuar escrevendo e finalizá-lo antes do fim de semana que vem, se conseguir racionalizar bem o meu tempo livre (e a inspiração estiver comigo...rsrsrs).
Aqui entre nós, eu não queria fazer o Miguel tão mau, mas ele resolveu perder a razão totalmente...Tadinho!? Será que o Bryan vai conseguir chegar a tempo?
Bem, sinto deixar vocês no meio dessa situação horrorosa com a Júlia, mas prometo que logo volto e resolvo isso...
Beijos!!








7 comentários:

  1. Rosane!!
    Estava com sudades suas!!Como vc está?
    Menina,mas que cap.é este,cheio de suspense conseguiu mudar completamente de estilo com está história.
    Estou ansiosa pra ver o que acontece com o doido do Miguel e tomara que ele não consiga ferir Julia.
    Estou adorando está nova faceta.

    Bjs.

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  2. Boa noite amiga!!
    "Situação horrorosa" mesmo Rô, tadinhos da Júlia e do Bryan, ela por estar nessa situação e ele por estar revivendo algo que já aconteceu e teve um fim trágico. Eu ainda quero acreditar que o Miguel é o Miguelito pressionado e transformado, mas que em algum lugar bem escondido vai estar um homem assustado (será????).
    Não imaginava que o traidor fosse o Ortiz, pura ingenuidade a minha, afinal os traficantes sempre estão infiltrados em todos os ramos de poder.
    O romance está maravilhoso amiga e tenho certeza de que sua inspiração vai estar bem presente essa semana.
    Beijossss, uma ótima noite e uma semana maravilhosa!

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  3. Oi, Cris! Estava sentindo a tua falta aqui no blog. Cheguei a pensar que não estavas gostando da história, pois como comentaste ela difere um pouco das outras, por apresentar mais ação e suspense e menos cenas hot.Realmente estou testando um estilo um pouco diferente, mas ainda não sei se sou competente dessa forma. Conto com vocês para me falarem se devo investir neste tipo de história ou se fico nos romances tipo "de banca", que eu tb adoro escrever.Fiquei muito animada com o teu comentário, amiga.
    Nadja! Fico muito feliz de saber que estás gostando do meu suspense. O Capitão Ortiz entrou na história, principalmente para explicar o por quê da quadrilha ter sido descoberta depois de tanto tempo de atuação e também para mostrar que esse tipo de associação pode, infelizmente, existir. Quanto ao Miguel, estou com pena de deixar ele tão mal. Tinha umas idéias para ele, mas não sei se vai dar para encaixar nas próximas cenas.
    Muito obrigada, meninas! Beijos mil para vocês!

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  4. Oi Rô!!!

    Cap. tenso esse, mas precisava MESMO acabar bem ai?
    hauhauhau

    Curiosa para saber o que vai acontecer, o Bryan precisa chegar a tempo.

    Beijos

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  5. Ai ai.... o.O já estava com saudades... mas que tenso!!!!! :o Não vejo a hora de ler a continuação!!! Beijosss :)

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  6. Oi, Taty! Estou trabalhando para fazer logo essa continuação. Aguarde!Obrigada por estar aqui comigo. Beijos!
    Oi, "Tutinha"!!!
    Adorei te ver aqui de novo! Espero que continues a vir e curtir as minhas histórias. Beijos, querida!

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  7. Estou roendo as unhas...

    confiante q esse quadro vai se reverter!

    * * *Beijiskiss* * *

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