Inicio essa postagem com este vídeo com texto da Danuza Leão, na voz da Fernanda Montenegro. Achei lindo e faço dele a minha homenagem singela para todas as mamães ou, melhor ainda, para todas nós, mulheres do mundo, pois todas carregamos dentro de nós essa semente de amor incondicional.
UM FELIZ DIA DAS MÃES!
Agora, compartilho com vocês o 13º capítulo do meu romance. Espero que gostem...
Cerca de uma hora antes do encontro de Isabel e Soza, fora servido o almoço na mansão dos Vasquez. Apesar das tentativas de entabular uma conversa agradável por parte de Isabel, parecia que a tensão dos convivas, provocada pelo antagonismo entre Miguel e Bryan, era mais que evidente. O clima indigesto só foi temporariamente quebrado pelo aviso de um telefonema para o anfitrião, que deu um beijo na mão de Júlia e foi atender no gabinete. Depois de um tempo, que pareceu bastante longo, voltou à mesa com a notícia de que o pai voltaria para casa no dia seguinte. Em qualquer outro lar a volta do chefe da família depois de quase um mês de ausência provocaria regozijo entre os familiares. Porém, os Vasquez não pareciam ser uma família de padrões normais, já que nem mesmo seu primogênito, que seguia seus passos, demonstrou alegria ao saber da novidade. Rosário e sua filha mais pareciam ter recebido o anúncio de um falecimento. Quebrando o silêncio, minutos depois, Miguel dirigiu-se a Júlia.
- Que tal sairmos para que eu possa mostrar a cidade a você? – disse com voz aveludada lembrando o antigo homem que a encantara no Rio.
- Ontem a Isabel me levou para conhecer os pontos turísticos... – objetou Júlia.
- Vou levar você para conhecer outros lugares igualmente interessantes e que tenho certeza que Isabel não chegou a mostrar – interrompeu-a asperamente, não deixando dúvidas de que seu convite era uma ordem. – Além disso, podemos deixar o “Brad” na embaixada... – Errou propositalmente o nome de seu convidado.
- Bryan... sweet – corrigiu o próprio, suavizando com ironia no adjetivo. No fundo, ele não estava gostando do tom daquela conversa.
- Ah, sim. Bryan... Pois é. Enquanto levo minha noiva para passear, você tenta resolver o seu impasse no consulado americano. O que acham?
- É uma grande idéia, Mi! – Sentia prazer em irritar seu anfitrião.
- Miguel, por favor – retificou sem esconder que Bryan estava conseguindo seu intento..
- Está bem, Miguel. Vou adorar conhecer a cidade com você – concordou Júlia docemente, apesar de em seu íntimo continuar a temer a personalidade ambivalente de seu namorado. Não queria que os dois homens se engalfinhassem aos pés da mesa, o que aconteceria em breve se continuassem a trocar comentários.
- Estava com saudades, carinho... – falou colocando sua mão sobre a dela e olhando-a com amabilidade e algo mais que ela não conseguiu definir e que a fez arrepiar-se.
Este gesto fez Bryan contrair-se em ciúmes, de tal forma que acabou por morder a língua juntamente com o tenro pedaço de carne de cordeiro que acabara de colocar na boca. Por outro lado estava aliviado por Miguel ter decidido deixá-lo na embaixada, pois lá poderia planejar melhor sua ação para abrir o cofre do gabinete sem ser descoberto. Entrara na “fortaleza” sem um plano definido, pois quando ouviu Miguel maltratando Júlia, não pensou em mais nada a não ser em protegê-la. Por sorte durante a noite tivera a idéia maluca de passar-se por homossexual, o que livraria Júlia da suspeita de infidelidade e possivelmente facilitasse sua entrada na casa. Acabara por interromper a folga de Soza, pedindo-lhe que lhe trouxesse uma tiara e uma camiseta dois números menores do que usava normalmente. Preferiu nem perguntar aonde o policial conseguira aqueles artigos, principalmente depois de ver a estampa da tiara.
Logo após a sobremesa, Isabel pediu licença e disse que teria que sair para resolver “uns problemas”.
Com o cenho franzido e uma incômoda opressão no peito, Bryan viu Júlia partir com Miguel para o seu passeio turístico. Entrou no prédio do consulado e foi diretamente para o escritório da CIA que funcionavam no subsolo do prédio. Lá foi recebido pelo responsável pela operação que o esperava com a ótima notícia de que Juan, antes de ser descoberto, tinha enviado material com fotos que comprometiam Miguel e seu pai junto ao contrabando ilegal de armas. Parece que ele previra que seu disfarce não demoraria a ser descoberto. Contudo ainda lhes faltava documentação que comprovasse que eles eram os responsáveis pelo negócio, saber os contatos deles na Bolívia e em outros países e as ramificações de seus negócios. Sabiam da existência de uma fábrica onde eles produziam a coca e a maconha para serem comercializadas no exterior, além de possuírem vários bordéis em La Paz e no Paraguai onde suspeitavam do comércio de mulheres para prostituição. Bryan falou de sua preocupação com a segurança de Júlia, mas seus temores não eram compartilhados pela Agência. Foi orientado a abandonar a casa assim que tivesse os documentos em mão. Receberia cobertura dos homens que estavam vigiando a casa. Soza, que fazia parte da polícia local estaria esperando com sua viatura a postos para levá-lo embora dali.
Munido de equipamento para abrir qualquer que fosse o tipo de cofre e de uma arma de pequeno porte, mas com alto poder de fogo, saiu do consulado. Imaginava que a homofobia dos seguranças de Miguel os manteria a uma boa distância. Eles já o haviam revistado, quando não carregava nada além de sua performance, ao chegar na casa pela primeira vez. Agora, certamente não pensariam em revistá-lo de novo, com medo de receberem uma cantada do convidado de seu patrão.
Pegou um táxi e foi direto para a mansão. Comprovou a presença de Soza, que estava em seu posto de tocaia. Ao chegar confirmou suas suspeitas a respeito dos seguranças. Os dois responsáveis pela portaria torceram o nariz ao vê-lo retornando e nem aludiram uma revista.
A casa estava em silêncio. Miguel ainda não voltara e Rosário estava descansando, conforme informou a empregada que o atendera. Não viu Isabel, pois provavelmente ela ainda não voltara para casa. Bryan percebeu dentro destas circunstâncias a oportunidade ideal para verificar o cofre. Assegurou-se que nenhum vigia se encontrava no interior da casa e, assim que se viu sozinho, foi direto para o gabinete. Dirigiu-se diretamente para o quadro que mostrava o sóbrio retrato da família, logo atrás da grande e antiga escrivaninha. Certificou-se de que não havia detectores de movimento ou alarme externo. Ficou surpreso ao ver que era um simples cofre de residência, sem maiores aparatos de segurança. Com um pequeno detector de segredo que recebera na Agência, conseguiu facilmente abri-lo. Revirou os papéis no interior da caixa, mas não achou nada que pudesse complicar pai ou filho. Precisava de mais tempo para procurar no resto da casa. Tinha certeza que poderia encontrar por ali os documentos de que necessitava para prender a dupla. Quando acabou de ajeitar o quadro na parede, a porta do gabinete se abriu e Gomez entrou com cara de pouquíssimos amigos. Nos poucos segundos que teve, entre o ruído da porta e a entrada do segurança Bryan colocou-se diante da estante de livros como que a procurar um exemplar para leitura.
- Ai, que susto! – Falou espalhafatoso, enquanto colocava a mão sobre o peito – Tudo bem? Talvez você possa me ajudar a achar algo para ler. – disse piscando os olhos para o carrancudo, que continuou a olhá-lo fixamente sem demonstrar intenção de responder – É... Talvez você não possa me ajudar – finalizou como se estivesse desconsolado.
Gomez movimentou-se em sua direção e, sem aviso, pegou-o pelo pescoço.
- Você vem comigo – disse a voz gutural. Apesar do rosto continuar impassível, a cicatriz que o marcava parecia mais saliente que nunca.
- Ei, o que é que há, amigo? – indagou Bryan com a voz quase inaudível pela compressão em suas cordas vocais.
- Não sou seu amigo e tenho ordens para levá-lo.
- Levar para onde?
Diante da ferocidade com que estava sendo atacado, Bryan não teve outro jeito senão combater seu oponente. Com um soco poderoso, que atingiu em cheio o fígado do brutamontes, iniciou-se uma luta ferrenha entre os dois homens. Quando menos esperava Bryan foi atingido por um gancho de direita que o fez sentir o gosto de seu sangue. Ainda um pouco tonto com a violência do punho pegou uma pesada cadeira e mirou a cabeça de Gomez, acertando-a em cheio. O troglodita parecia feito de pedra pois pareceu mal ter sentido o impacto do móvel. Logo voltou a atacar o americano, jogando-se sobre ele com as mãos novamente em seu pescoço, tentando sufocá-lo. Enquanto lutava desesperadamente para respirar debatendo-se, viu caído no chão ao seu alcance uma pesada estatueta de bronze que provavelmente fora arremessada ali durante a luta. Juntando suas últimas forças, pegou o objeto e golpeou duramente Gomez na cabeça. Os dedos em sua garganta afrouxaram-se e o “monstrengo” caiu sobre Bryan desfalecido. Isabel surgiu com seus grandes olhos arregalados na entrada do gabinete, que agora estava semidestruído.
- Oh, Dios mio! – entrou correndo, desviando dos móveis e livros caídos – Está ferido?
- Não... Foi apenas uma discussão por divergências pessoais – Apesar de surpreso, tentou gracejar enquanto se livrava do peso sobre seu corpo.
- Puxa, Bryan... Até que para um gay você é bem forte...
Ele se levantou sentindo o corpo dolorido e imaginando como agiria em relação a Isabel, mas logo ela voltou a falar.
- É melhor sairmos logo daqui antes que o “fofinho” acorde. O Soza está esperando lá fora.
- O quê? – exclamou.
- Eu sei quem são vocês. Não posso explicar agora, pois logo isso aqui vai encher de outros “gorilas”. Vamos sair antes que eles descubram que o chefe deles foi abatido por um maricón.
Isabel olhou pela abertura e, como não visse ninguém, fez sinal para que Bryan a seguisse. Ainda confuso com a interferência da garota, seguiu-a pelos fundos da casa. Como se nada houvesse acontecido, foram até o estacionamento e entraram no Smart. Com facilidade e um aceno passaram pelos seguranças. Ao passarem pela rua onde Soza estava estacionado, ela fez um sinal e ele passou a segui-los. Quando já se encontravam a uma boa e segura distância da “fortaleza”, Isabel estacionou o carro e virou-se para Bryan.
- Você precisa ajudar a Júlia. Ela está correndo perigo.
- Como assim?
- Quando voltei para casa, antes de vocês saírem, ouvi Miguel conversando com Gomez e dando instruções para que ele o pegasse assim que retornasse. Falou que o deixaria no consulado para não levantar suspeitas da CIA. Então ele disse que estaria esperando Gomez no sítio que temos no Chaco, a alguns quilômetros daqui. Falou que “Júlia e você teriam o tratamento que mereciam” – ao dizer essas palavras, os olhos de Isabel turvaram-se e ela teve dificuldade em prosseguir falando. Respirou fundo e continuou – Sei que deve estar se perguntando por que estou ajudando vocês. Meu motivo principal é o meu desejo de que o General seja preso e que joguem as chaves da cela no fundo do mar. Eu ainda tinha esperanças que meu irmão pudesse ser salvo, mas o que ele está pretendendo fazer com Júlia e com você me mostrou que ele tem poucas chances de se recuperar sem um tratamento.
- Como ele soube da minha ligação com a CIA? – perguntou aflito.
- Deve ter algo a ver com o telefonema que ele recebeu durante o almoço, pois notei a mudança de atitude dele depois daquilo. Pensei que o motivo fosse a volta do General, mas o convite para o passeio me fez desconfiar de algo mais.
Nesse instante Soza surgiu esbaforido na janela do Smart.
- Está ferido? – Preocupou-se ao notar o hematoma que começava a surgir na face e o corte no lábio inferior de Bryan.
- Nada de mais...
- E então? Já explicou para ele o que vamos que fazer? – dirigiu-se a Isabel.
- Eu tenho as provas que incriminam o General. – afirmou ela – Quando soube que ele estava voltando decidi tomar uma atitude. Conto com o auxílio de vocês para dar um fim no sofrimento de minha mãe.
- Soza, que história é essa?
- A Isabel, por motivos pessoais bastante plausíveis, quer nos ajudar. Ela está disposta a nos entregar as provas contra o pai caso ajudemos o irmão.
- Quero que me garantam que não vão matar o Miguel. Ele também é uma vítima e precisa se tratar. Ele não é mal...
- Está bem, Isabel. – interrompeu-a nervoso e ansioso por ir atrás de Júlia – Já entendi. Prometo que farei de tudo para não feri-lo, mas me diga como eu chego nesse sítio.
- Você não é gay, não é? E está gostando da Júlia...
- Isso não interessa agora. Me diga como encontrá-la, por favor.
- Isabel, pense no quanto Miguel pode machucar a Júlia assim como seu pai machucou sua mãe e você. – disse Soza persuadindo-a a revelar mais rapidamente o local para onde Júlia fora levada. Sabia e entendia da sua resistência por causa do irmão.
As lágrimas e o sofrimento no rosto da jovem voltaram a surgir provocando a mortificação no coração de Soza, que ouvira a descrição sumária dos tormentos provocados pelo monstro que era Vasquez, o General.
- Desculpe. – disse Isabel com voz entrecortada – Eu não quero que nada de mal aconteça a Júlia. Ela é uma ótima pessoa... Vou lhe dizer como encontrá-los.
Pegou um bloco de anotações de dentro do porta-luvas e, enquanto fazia um pequeno mapa detalhando como chegar ao sítio da família, Soza continuou a explicar seu plano. Pretendia levar o material incriminador até o seu chefe da polícia, conforme as ordens que recebera, que se encarregaria de entregá-los à CIA.
- Por que não entrega diretamente ao pessoal que está no outro furgão vigiando a casa? Eles podem fazer isso, pois são da Agência.
- Tenho que cumprir minhas ordens.
- Está bem. – Voltou o olhar para o mapa que Isabel lhe oferecia e passou a dar atenção às suas explicações.
Na cabeça de Bryan, além da preocupação em partir imediatamente, estava a curiosidade em saber o teor do telefonema que Miguel recebera e quem teria dado informações sobre ele. Suspeitava de alguma traição. Contudo, não havia muito tempo para isso agora. O importante era correr para chegar a tempo de impedir que aquele psicopata fizesse algum mal a Júlia.
(continua...)
Gostaram? Parece que ainda vai demorar para que a Júlia possa ficar com o Bryan. Será que eles vão conseguir ficar numa boa depois de tanta mentira e confusão? Aguardem os próximos capítulos...rsrsrs.
Eu e os seriados de antigamente... Obrigada pela paciência de todos vocês.
Beijos!!
Bom Dia Rô e um Maravilhoso Dia das Mães amiga, que ele seja repleto de felicidades!
ResponderExcluirAmei o vídeo que você postou, já vou colocar nos meus favoritos.
Quanto ao romance, amiga que tortura, se eu tivesse a mania de roer unhas já estaria sem nenhuma, não vejo a hora de Bryan salvar a Júlia, ai, ai, acho que vai ser tão emocionante....
Tadinhas da Isabel e da mãe e também do próprio Miguel, que viveram sob a tirania de um monstro, é uma pena que, tirando a ficção, a América Latina seja tão rica nesse tipo de tráfico de armas e drogas, que só fazem aumentar a miséria do povo e a riqueza dos tiranos.
Mais uma vez você está de parabéns por conseguir criar esse universo do qual participo intensamente, com toda tensão e ansiedade possíveis, rsrsrs.
Espero em breve poder te conhecer pessoalmente, tenho certeza que vai ser como foi com a Roseli, todo carinho e admiração que eu sentia por ela só aumentou quando nos conhecemos.
Beijossssssss!
Rosane, parabéns!!! Em dobro: pelo dia das mães e pelo ótimo capítulo! Está emocionante! Estou apostando que sei quem e o traidor... vamos ver se estou certa. Beijos!
ResponderExcluirOi, Nadja! Obrigada pelos parabéns pelo dia da mães e pelo comentário. Fico super feliz de saber que meu romance está provocando emoções e reflexões. Não vejo a hora de repetir contigo e com outras grandes amigas internautas a emoção que foi o encontro no Rio de Janeiro há quase dois anos atrás, onde tive o grande prazer de conhecer, entre outras pessoas maravilhosas, a Roseli.Tenho certeza que será igualmente emocionante te encontrar.
ResponderExcluirAline! Muito obrigada também pelas tuas palavras de homenagem e sobre o romance. Normalmente fico pensando se consegui passar, através das palavras, as emoções das cenas que descrevi. Fico hiper satisfeita ao saber que sim. Isso é o máximo para quem escreve.
Acho que no próximo capítulo já vais poder conferir quem é o traidor...
Beijos, meninas!!Adoro vocês!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAi tadica da Julia... Bryan salve ela logo...
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