domingo, 3 de maio de 2009

Meu Doce Vampiro

Românticas de plantão! Retorno hoje para colocar mais um conto para sua apreciação. Ele foi escrito antes de começar esta onda de estórias sobre seres noturnos, a quase dois anos atrás. Sempre fui apaixonada pela figura do Drácula. Claro que pelo Drácula tipo Gerard Butler ou Stephen Moyen e não por Bela Lugosi ou Cristopher Lee...rsrsrs...se é que me entendem.
Antes de colocar o meu conto, quero deixar registrado aqui o aniversário da minha querida amiga Cássia, que foi comemorado no dia 1º de Maio. Ela é uma dessas pessoas especiais que vieram ao mundo para iluminar a vida da gente. Aliás, nesta estória a seguir, não foi à toa que uma das personagens levou o seu nome. Foi uma pequena homenagem a esta minha grande amiga.
Agora deixo com vocês o meu pequeno romance vampiresco.


Cruzeiro para as Ilhas Gregas
Saída : dia 16 de Junho às 15 horas
Local: Veneza, Itália
1º dia
Chegamos na hora do embarque. Procuramos nossas cabines. Havíamos combinado de ficar isoladas umas das outras para não haver brigas. Era importante mantermos nossa privacidade. Nunca se sabe o que pode acontecer numa viagem como esta. Sempre ouvira falar da Grécia e de suas ilhas paradisíacas e, agora, poderia vê-las de perto. Sempre fui atraída pelo mar. Uma aventura e tanto. Havia me preparado muito bem para esta viagem. Seria muito bom conviver com pessoas estranhas, de interesses e nacionalidades diversos. Quem sabe conhecer alguém interessante? Vivia muito só. Sentia falta de um amor. Quem sabe... O navio partiu. Muitos risos e vivas. A alegria era contagiante.Logo mais, à noite, estava programado um grande jantar. Todos estavam convidados. As próximas noites seriam de lua cheia. Seria muito agradável passear a luz do luar naquele convés, observando o mar e suas ondas.Após o jantar inaugural, houve o convite para irmos ao cassino ou participar da balada que ocorreria no night club náutico. Separei-me de minhas amigas e resolvi ir ao deck 4, matar minha vontade de ficar longe da multidão. Não estava acostumada com tanta agitação.
O deck estava vazio. Apenas uma cadeira estava ocupada. Curiosa e silenciosamente, me aproximei para ver quem era. Então eu o vi. Deitado, relaxadamente na espreguiçadeira, estava um homem muito interessante. Ele parecia ser alto, forte, cabelos negros revoltos, certamente com alguns grisalhos, que podiam ser vistos por causa do reflexo lunar, olhar perdido. Como alguém como ele estava só? Perdi a noção do tempo em que fiquei observando-o. Era um belo exemplar de macho. Logo, ele percebeu a minha presença e perguntou:
_ Está procurando alguém?
_ Estava. Mas acho que já achei - disse, tentando ser engraçada.
Imediatamente me arrependi de minha sinceridade. Ele pareceu sorrir, na penumbra.
_ Posso sentar ao seu lado? - perguntei.
_Claro! - ele respondeu, parecendo um pouco surpreso com o meu pedido._Espero que você não seja nenhuma repórter ou fofoqueira de plantão. È?
_Não! Por quê? Quem é você? - perguntei curiosa.
_Ainda bem! - respondeu aliviado. _ Desculpe, mas é que sou ator e apesar de estar começando a ter um pequeno sucesso, os paparazzi já começaram a perseguição. Por isso vim para cá. Sabia que a esta hora não haveria ninguém por aqui. Pelo jeito, me enganei.
_ Me ocorreu a mesma idéia. O pessoal está agitado demais, lá dentro. Resolvi aproveitar a noite de maneira mais tranqüila, vendo este luar lindo sobre o mar.
_ Fique à vontade, por favor. Faça de conta que eu não estou aqui.
_ De maneira alguma. Adorei que você estivesse aqui - disse eu, não conseguindo frear a língua. Não sabia o que estava acontecendo comigo.
_ Podemos conversar? Se você quiser, é claro - continuei, naquela sinceridade enervante.
_ Você é sempre tão direta assim?
_ Nem sempre. Parece que hoje resolvi perder totalmente a vergonha. Se eu continuar desse jeito, por favor, chame um médico ou alguém para me colocar uma camisa de força ou uma focinheira. Ele soltou uma gargalhada gostosa.
_ Fique claro, que eu só quero conversar, se me entende. Não pensei em nada mais - menti.
_ Vamos conversar, então! Por onde começamos?
_ Você está aqui a lazer ou a trabalho?
_ As duas coisas. Eu estava estudando um roteiro, aqui na Itália, quando surgiu a oportunidade de fazer algumas fotos publicitárias, utilizando a área do navio e a paisagem de algumas ilhas onde faremos paradas. Fora isso, sempre ouvi falar da beleza deste país, a Grécia. Então, resolvi aceitar o convite e unir o útil ao agradável. Portanto, durante o dia vou estar meio ocupado e você terá dificuldade em me ver perambulando por aí. Mas, à noite, pretendo aproveitar a calma das áreas externas do navio, para relaxar. Minha vida, ultimamente, tem sido uma loucura. E, você? Já falei bastante de mim.
_ Não tenho nada de especial para contar. Estou aqui com algumas amigas, que praticamente me forçaram a entrar neste passeio. Não costumo ser tão extrovertida como hoje. Provavelmente, vamos nos encontrar muito neste convés, pois ele acaba de ser eleito o meu local predileto neste navio - "Porque eu não calava a boca?" - Bem como o horário. Prefiro a noite ao dia - continuei.
_ Eu também. Se possível, viveria só à noite. Ela é muito mais interessante. Hoje está sendo uma prova disso.
Achei ter vislumbrado um estranho brilho em seus olhos, que, por sinal, pude perceber que eram de um lindo verde azulado.E, assim, passaram-se horas, enquanto a lua mudava de posição no veludo do céu, e Robert (este era o nome dele) e eu conversávamos. Em um certo momento, as luzes do convés acenderam-se por alguns instantes e eu pude ver aqueles olhos de safira faiscarem , enquanto examinavam meu corpo de alto a baixo. Senti como se minhas roupas tivessem sido arrancadas num segundo e, isto, me fez estremecer. Sentia-me extremamente atraída por aquele homem. Tive medo. Isto não era possível!
_ Bem, acho que está ficando tarde. Podemos nos encontrar amanhã? - perguntei, já fugindo de meus temores, com um pouco de vacilo na voz e já me levantando da cadeira onde estava.
_ Com certeza - disse ele, colocando-se imediatamente de pé e vindo em minha direção. Aproximou-se, chegando seus lábios muito próximos aos meus e desviando no último instante, para depositar um beijo suave em minha face direita.
_ Vai ser um prazer voltar a vê-la - disse, sorrindo.
_ Até amanhã, falei com voz trêmula. Podia sentir o seu calor através das roupas, atiçando meu desejo.
_ Boa noite, Robert.
_ Boa noite, Luísa.
Naquela noite, uma inquietação foi tomando conta de mim. O que estava acontecendo? Robert parecia não sair da minha cabeça. Só consegui pegar no sono ao clarear do dia.

2º dia
Acordei muito tarde, com a garganta seca. Corri para o frigobar para beber algo com urgência. Fazia calor. Eu esquecera de ligar o ar condicionado. Assim que matei a sede, tratei de me lavar e coloquei uma roupa leve. Precisava falar com as outras, saber como havia sido a noite. Encontrei Cássia em sua cabine. Também acabara de acordar. Logo chegaram Monique e Gabriele. Todas queriam saber o que eu andara fazendo naquela noite Tinha encontrado alguém interessante? Elas não tinham achado ninguém. Falei que, como a noite estava linda, havia ficado no convés, tomando um banho de luar.
_ Sozinha???
_ Não exatamente, mas... Bem, encontrei alguém para conversar...
_ Aahh!! Então você teve mais sorte que nós três – disse Monique.
_ Que bom, Luisa. Você anda precisando conhecer outras pessoas - falou Cássia.
_ Meninas, parece que estamos chegando a Athenas, no Porto de Piraeus. Vamos ficar aqui todo o dia de hoje. Só partiremos amanhã, pela manhã. Dizem que a cidade é linda. Estou curiosa para conhecer todos os pontos históricos e seus monumentos. Vamos? - disse Gabriele, animadíssima.
_ Claro! Vamos lá - falei, agradecendo aos deuses gregos pela mudança de assunto. Passamos o resto do dia explorando a famosa cidade grega, conhecendo todos os recantos possíveis e as histórias locais. Foi um final de tarde muito enriquecedor.Voltamos para o navio, no início da noite, indo cada uma para suas respectivas cabines, nos preparar para a noitada. Comecei a ficar ansiosa com a possibilidade de encontrar com Robert. Será que ele estaria no deck, como no dia anterior? Era mais uma noite de luar, com vista para um mar prateado e céu aveludado coberto de estrelas. Hum... Eu estava ficando romântica demais. Precisava me cuidar. Isto não era nada bom...
Após o jantar, a maioria dos convivas desembarcou em terra, em busca de mais diversão. Tratei de dar uma desculpa e consegui com que as meninas fossem para Athenas, sem mim.Fui para o convés. Lá chegando, para minha grande decepção, não o encontrei.Fiquei distraída, encostada no parapeito do navio, olhando as pequenas ondulações criadas pelo mar, ao bater de encontro ao casco. Estava tudo tão calmo. Por muito tempo fiquei ali, sentindo a brisa suave acariciar o meu rosto, observando as luzes ao longe. De repente, estremeci, ao sentir uma presença, que inundou todos os meus sentidos, aproximando-se de onde eu estava.
_ Boa noite - disse aquela voz, já conhecida, bem próxima ao meu ouvido.
Novamente podia sentir o calor que emanava dele através das roupas. Sorrindo, virei-me e quase bati no seu peito. Ele estava muito próximo. Os olhos, agora azuis, brilhando e um maravilhoso sorriso estampado nos lábios.
_ Estava a minha espera?
_ Você é um pouco convencido, não? Só porque estou aqui, não quer dizer que estava te esperando - mentir, para dissimular meus verdadeiros sentimentos, estava se tornando um hábito desagradável.
_ Bem, eu posso ir para o outro lado do convés ou para outro deck, se preferir, e deixá-la a sós com seus pensamentos.
_ Não! Claro que não. Por favor, fique. Desculpe a grosseria. Será bom ter companhia para conversar um pouco.
_ Você não quis desembarcar para se divertir um pouco?
_ E, você? Porque não quis ir?
_ Porque estava cansado de falsos sorrisos para as fotos. Muita gente em volta. Estava querendo ficar fora do agito. E, você?
_ Eu desembarquei à tarde e já tive agito o suficiente por hoje. Minhas amigas são mais animadas que eu e foram curtir a noite em terra. Então, passaram-se alguns minutos, sem nos falarmos, apenas olhando as luzes de Athenas, ao longe, quando senti o seu olhar pousar sobre mim. Novamente, uma agitação interior tomou conta de mim.
_ Você está linda sob esta luz. Dá vontade de te beijar...Antes que eu pudesse falar qualquer palavra de rejeição, ele me virou contra si, tão rápida e suavemente, que eu não pude evitar a sua boca em meus lábios entreabertos. Um beijo doce e terno, que fez meu coração derreter e meu corpo estremecer de prazer. Seus lábios foram descendo para o meu pescoço, onde ele se deteve por algum tempo, na linha da jugular. Um pensamento absurdo passou por minha mente. Seria ele um vampiro? O gosto pela solidão, pela noite, o beijo no pescoço. Não, não era possível. Que bobagem! Lá continuava ele, beijando e acariciando, com sua língua, a minha zona erógena preferida. Senti como se fosse desfalecer. Enquanto isso, suas mãos passeavam por minhas costas, cintura, chegando às nádegas, querendo conhecer cada detalhe de minhas curvas. Tentei, sem muito ímpeto, afastá-lo de mim, mas o feixe de braços fortes parecia apertar ainda mais, impedindo meus movimentos. Estava perdendo as forças para lutar contra aquele turbilhão de sensações. Fiquei com medo de perder a razão e o controle completamente. Isto poderia ser desastroso para a nossa relação. Nisso, senti ser elevada do chão. Ele me carregava no colo, rumo a uma espreguiçadeira escondida na escuridão. Lá, me deitou, com todo cuidado e com as mãos ávidas começou a desabotoar minha blusa e a abrir o zíper de minha calça. Meus lábios e minhas mãos também passaram a procurá-lo, na tentativa de despi-lo e deslizar naquele corpo atlético, rijo e tão viril. Quase já não conseguia pensar em nada, quando um resto de razão lampejou em meu cérebro. Consegui aos poucos recuperar as forças e, passei a rejeitá-lo, com as mesmas mãos e braços que antes o procuravam.
_Pare! Por favor! Pare! Robert! Não! - e o repeli com força.
_ O que há com você? Uma hora me quer e na seguinte me repele como se estivesse com nojo de mim?
_Por favor, Robert! Entenda-me! Eu não posso fazer isso! Um dia vou poder te explicar e você vai entender...
_ Então me explica agora! Você é casada? Tem alguma doença contagiosa? É louca???
Rompi em prantos e, tentando ajeitar minhas roupas, fugi. Fugi para longe daquele que eu mais desejava. Eu não tinha o direito de fazer isto. Um dia, ele entenderia.Voltei correndo para minha cabine e lá fiquei chorando e me maldizendo até muito tarde.
3ºdia
Nosso terceiro dia em alto mar. Novamente acordara tarde. Aquela sede terrível, ferindo minha garganta. Depois de saciá-la, fui ao banheiro passar uma água no rosto para limpar as muitas lágrimas secas que rolaram por minha face, na noite anterior. Sentia-me exausta, pesada, sem vontade de continuar minha jornada. O que eu poderia fazer? Eu não podia ter me apaixonado. Mas ele era maravilhoso, irresistível, diferente de todos que eu já conhecera. Eu poderia viver a eternidade junto a ele. Provavelmente ele não ia gostar desta idéia. Talvez fosse melhor não vê-lo mais. É! Talvez esta fosse a solução! Enquanto estava afundada em pensamentos, minhas companheiras invadiram a cabine, ordenando que eu me arrumasse para visitar a próxima ilha, onde estaríamos atracando, em cerca de 1 hora. A Ilha de Mykonos. Não tive coragem de contar nada do que acontecera na noite passada. Resolvi esquecer um pouco minhas tristezas e admirar as paisagens que tanto eu aguardava conhecer antes daquele homem aparecer na minha vida. Agora, tudo parecia uma bobagem.Com algum esforço, tentando disfarçar meu verdadeiro humor, consegui me vestir e sair da cabine, para misturar-me à multidão que procurava descer até onde estavam as lanchas que nos levariam até a ilha.
Mykonos era uma típica cidade grega, daquelas vistas em fotos de turismo. À beira de um mar de azul fosforescente, com suas lindas construções de arquitetura cicládica, casas brancas, com belas bouganvilles a emprestar um colorido vivo às moradias. Vários pelicanos podiam ser vistos na praia ou, simplesmente pousados, descansando ou procurando a próxima refeição, junto ao pequeno cais, onde as lanchas nos desembarcavam. Fomos informados que teríamos cerca de duas horas para conhecer e aproveitar os atrativos da ilha. Alguns partiram direto para a compra de bugigangas, lembranças de viagem. Outros, como eu e minhas amigas, saímos a andar pelo vilarejo. Conseguimos um pequeno guia mirim, que prometeu nos mostrar os pontos mais pitorescos, em um mínimo de tempo e preço. O garoto não devia ter mais que 14 anos, de pele muito bronzeada, cabelos e olhos negros, corpo esguio e ágil. Era muito simpático e bem humorado. Foi assim, que conhecemos Mykonos. Pelas mãos de um menino, chamado Eros. Eram 16 horas, quando nos despedimos dele, já no porto. Pagamos pelos seus serviços e agradecemos pela sua simpatia e alto astral. O navio partiria logo mais, rumo a mais uma ilha - a Ilha de Rhodes, muito conhecida por ter abrigado o famoso Colosso de Rhodes. Um monumento magnífico, considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo, que representava o deus grego do sol, Hélios. Sua estátua servia como farol na entrada no porto de Rhodes, com uma altura de, mais ou menos, 30 metros, toda feita em bronze. Pena, que ela havia sido jogada nas profundezas do mar por um terremoto, apenas 55 anos após sua conclusão. Já de volta ao navio, não pude deixar de pensar em Robert. Não o vira em lugar algum. Tinha esperança de vê-lo em alguma locação, fazendo fotos ou, simplesmente, passeando. Mas, não. Infelizmente, não.
Chegaríamos a Rhodes só no dia seguinte. Uma nova noite estaria se iniciando logo mais. Minhas amigas estavam tentando me convencer a ir ao night club. Queriam dançar. Por fim, acabaram me fazendo prometer que eu ia me divertir com elas. O que eu poderia perder? O objeto do meu desejo, certamente não apareceria por lá. Talvez, este fosse o melhor para nós dois. Eu o esqueceria e tudo ficaria bem. Nosso cruzeiro logo chegaria ao final. Só restavam mais três noites de navegação. Eu tinha de resistir. Só um pouco mais. Após o jantar, juntas, fomos conhecer um pouco daquele navio suntuoso. Era uma pequena cidade flutuante. Além das cabines, restaurantes (eram quatro, ao todo), cassino e night club, ainda havia as lojas (roupas, perfumes, artesanato, livros, revistas), a biblioteca, o spa (com sauna, jacuzzi, sala de massagens), pista de patinação e até, um mini-golfe. Sem falar das piscinas (eram três, sendo que uma era térmica). Por algumas horas, fiquei distraída com tantas futilidades. Era divertido ver a "fauna" que ocupava os diversos decks. Gente estranha, dos mais diferentes gostos e tamanhos. O grupo de americanas idosas, espalhafatosas e coloridas. Os espanhóis, muito elegantes, com suas esposas muito maquiadas e falantes. Os árabes, muito sérios, acompanhados por mulheres de burka, parecendo tristes. Seriam? Um grande circo armado só para a diversão desta gente toda. Já passava das 23 horas. Tomamos o rumo em direção à música alta e estridente. Como podiam chamar aquilo de música? Apesar disso, a batida forte exigia uma reação do corpo, que insistia em gingar naquele ritmo louco. Entramos no grande salão. Estava começando a receber um grande número de pessoas. Fui me sentindo cada vez mais angustiada, com vontade de sair, correr para longe de tudo aquilo. Conseguimos uma mesa quase dentro da pista de dança. Ali, ficamos as quatro, tentando conversar em meio àquela zoeira toda. Passei a olhar na direção da entrada do clube, pensando em fugir, quando , inesperadamente, ele surgiu, fazendo com que tudo mais que nos rodeava ficasse em estado de animação suspensa. Parece que ele estava à procura de algo ou de alguém. Um arrepio subiu pelas minhas costas, chegando à nuca. Sentia alegria, desejo, medo. Emoções confusas, que me deixaram paralisada.
_ O que você tem, Luisa? - perguntou Cássia.
_ Nada! Não se preocupem comigo.
Enquanto isso, ele já notara a minha presença, também. Passou a mover-se em direção à nossa mesa, com os olhos fixos nos meus. Chegou em alguns segundos na minha frente. Cumprimentou minhas amigas, que se entreolharam admiradas com aquele estranho, e falou:
_Vamos dançar? - ao dizer isto, o rosto sério de antes, abriu-se num sorriso que escondia uma súplica. Chegava a ser hipnótico. Não permitia que eu oferecesse alguma recusa.
_ Eu tenho como negar? - perguntei, com a voz embargada.
_ Não - falou, já me oferecendo a mão firme.
_ Então, vamos.
Assim que levantei, senti seu braço rodear minha cintura, puxando-me contra o seu corpo. Pensei que fosse cair. Porém, com firmeza, ele me levou até o centro da pista e começou a dançar a romântica música, que, como por encanto, começou a tocar. Repentinamente, toda a zoeira de antes, desapareceu, dando lugar a uma melodia suave e lenta. Senti seu corpo colar no meu, sua respiração quente afagando a pele de meu rosto, seu olhar penetrante querendo devassar minha alma. Sentia flutuar nos seus braços. No meio deste devaneio, ouvi a sua voz rouca dizer:
_Precisamos conversar sobre o que aconteceu ontem à noite. Não consigo tirar você da minha cabeça.
_ Por favor, não pare de dançar agora. Quero aproveitar ao máximo este momento. A gente conversa mais tarde. Eu prometo. Vamos ficar assim, dançando até tudo o mais desaparecer. Deixa-me sonhar um pouco...
_Isto não precisa ser um sonho. Pode ser uma realidade bastante duradoura.
Pousei minha mão sobre seus lábios, impedindo sua fala e disse:
_ Apenas dance comigo, por favor - supliquei, fechando os olhos e me abraçando à ele como uma náufraga agarrada ao seu salva-vidas.
Aqueles passos pareceram durar uma infinidade no tempo. Queria que aquela sensação prazerosa durasse o resto de minha vida. Como eu poderia resistir? Quando as músicas românticas acabaram, tentei retornar à realidade, olhando para a mesa onde as meninas estavam sentadas. Senti o olhar de aprovação que elas lançavam para Robert. Sem dúvida, ele era um magnífico exemplar.
_ Vamos sair daqui - falou, já me levando para fora do salão.
_ Aonde nós vamos?
_ Para algum lugar mais tranqüilo, onde possamos ficar mais à vontade para conversar.
Quando dei por mim, estávamos indo em direção às suítes de luxo do transatlântico. Logo, estava entrando em seu apartamento, me sentindo um pouco apreensiva. A decoração era de muito bom gosto, além de parecer confortável. A cama era extremamente convidativa. Mais do que devia. Nem parecia que estávamos em pleno mar aberto. Havia até uma grande sacada, com vista para o mar. As cortinas e os vidros estavam abertos, o que deixava a lua à vontade para entrar por ali, sem timidez.
_ Podemos sentar na sacada, lá fora? Gostaria de ver o mar, enquanto conversamos.
_ Claro! Como você quiser.
Lá , nos sentamos, em confortáveis poltronas reclináveis. Agora, eu não tinha como escapar. Estávamos frente a frente. Eu teria de encará-lo e abrir meu coração. Eu contaria a mais pura verdade ou tentaria mantê-lo afastado de meus problemas? Era um momento muito difícil. Tinha de achar uma saída. Até onde eu poderia chegar naquele romance insólito?
_ Luisa, antes que você fale, quero que saiba algumas coisas. Estes últimos três dias foram muito confusos para mim. Tenho experimentado sensações desconhecidas até agora. Já conheci muitas mulheres, mas nenhuma mexeu comigo como você. Não sei bem o que está acontecendo, mas você exerce um poder sobre mim, que me tira a razão, me provoca e me excita de uma forma, que não sei explicar. Não sei se isso pode ser chamado de amor, paixão ou desejo. O que sei é que, o que quer que você tenha a me dizer ou a esconder, enfim, nada importa. No momento o que eu quero é ter você junto a mim, fazendo amor, conversando ou simplesmente sentada ao meu lado, admirando o oceano. Não importa, realmente. A única coisa que preciso saber é o que você sente em relação a mim. Ontem, me pareceu que você sentia repulsa. Se for isso, se você não quiser mais a minha presença por não gostar ou por asco, por favor, diga. Eu não a incomodarei mais. Nossa estória acaba aqui.
_ Robert, como você pode pensar uma coisa dessas. Não há como eu não ficar atraída por você. Desde que o vi, a atração física foi inevitável. Depois, conhecendo-o melhor, conversando, a atração foi se transformando em algo mais profundo, algo, que tenho certeza, vou carregar comigo pelo resto de meus dias. Amor? Não sei. Eu nunca conheci este sentimento antes. Por isso, assim como você, me é difícil definir o emaranhado de sentimentos que tenho experimentado nos últimos dias. O porquê de eu rejeitá-lo ontem? Para protegê-lo. No fundo, para proteger a nós dois.
_ Como assim? O que você quer dizer com isso? Robert, eu tenho uma "doença" rara, que pode ser contagiosa. Tenho medo que eu possa transmiti-la a você. Por isso, me afastei ontem. Não quero magoá-lo de forma alguma.Você me é muito caro. Não posso imaginar te causando qualquer malefício, por menor que seja.
_ Mas, esta doença pode levar à morte? É transmissível sexualmente? Que danos ela pode causar? Você me parece completamente normal. Você não está tentando me enganar com este jogo? Está?
_ Não, de forma alguma! Como te falei. É uma "doença" rara, com alguns danos metabólicos, que podem provocar reações desagradáveis no organismo. Ela pode ser transmitida através do contato com o sangue. Não há transmissão sexual.
_ Então não há problema! Nós podemos tomar cuidados para evitar ferimentos e é só. Não teremos risco algum. Além disso, se por acaso acontecer a contaminação, posso perfeitamente conviver com os sintomas. Basta olhar para você e ver que eles não podem ser tão horríveis assim.
_ Ainda assim, acho ...
_ Luisa, pare de fugir de mim com estas desculpas. Caso contrário, vou achar que não me quer realmente.
Dizendo isso, saiu de sua cadeira e veio aproximando-se de mim, como um gato, de mansinho, chegando devagar, tocando minhas mãos, aproximando sua boca de minha testa. A partir daí, seus lábios passaram a explorar toda a minha face, beijando meus olhos, o nariz, as maçãs do rosto, a linha do maxilar, indo até as orelhas e voltando, até chegar à boca, que já aguardava ansiosamente por seus beijos. Ele vencera. O desejo era mais forte. Eu optara pela meia verdade, pelo menos por enquanto, até me decidir como resolver aquela situação. Não queria mais lutar contra meus sentimentos. Me entregaria, sem mais preocupações. Talvez eu estivesse sendo muito rígida comigo mesma. Ah... Aqueles beijos... Não me deixavam raciocinar ... Faziam-me vibrar como um diapasão, esquecendo quaisquer regras, incertezas, seja lá o que for.
Novamente, senti ser içada da cadeira.
_ Desta vez, você não vai fugir. Vai? - disse ele, carregando-me em seus braços, em direção ao quarto.
As luzes foram apagadas. Apenas o luar inundava o ambiente com seus raios. Ver o seu corpo sob aquela luz sobrenatural provocava ainda mais meu desejo. Agora, eu só pensava em abraçá-lo, mantê-lo junto a mim, explorando seus músculos, senti-lo de todas as formas. Seus cabelos macios, o odor que exalava de seus poros, como um afrodisíaco poderoso, os pêlos de seu tórax, das coxas e pernas, de seu sexo, fazendo cócegas deliciosas, aumentando ainda mais o meu prazer. Nossas mãos eram ávidas, despertando suspiros e gemidos sem fim. Tudo em mim se preparava para recebê-lo, para chegar ao momento máximo de sublimação. Coração acelerado, arrepios em ondas, músculos tensos, êxtase total, como eu nunca sentira antes. Depois, o cair num abandono, quase perda total dos sentidos. Um relaxamento, uma paz sem igual. Apenas a noção de estar junto a ele, sentindo seu suor, o calor de seu corpo cansado e sua respiração ofegante. Nada mais importava. Agora, estava resolvida a viver aqueles momentos da forma mais intensa possível. Ali, ficamos por várias horas, retomando as carícias tão logo retornavam nossas forças. Fizemos amor por toda a noite, até que o dia amanheceu. Por fim, caímos sonolentos e exaustos.

4º dia
No final da manhã fomos acordados pelo som da sirene do navio, avisando que estávamos chegando a um novo porto. Era a ilha de Rhodes. Estava cansada, com aquela sensação de fraqueza habitual da manhã, a garganta seca, queimando. Precisava urgentemente ir à minha cabine. Olhei para o lado. Robert parecia estar dormindo. Seu corpo bronzeado e tão perfeito quase me fazia esquecer o mal estar. Tinha vontade de voltar a beijá-lo inteiro. Não! Eu tinha que sair dali rápido para não correr riscos. Fui tentar me levantar, sem acordá-lo. Ao fazer isto, senti sua mão agarrar meu braço, com firmeza.
_ Aonde você pensa que vai? - falou docemente com a voz rouca.
_ Tenho de ir à minha cabine, agora.
_ Por quê? Vamos tomar café juntos. Estou morrendo de fome - disse, com um sorriso malicioso.
_ Por favor, Robert... Preciso tomar minha "medicação", com urgência. Não estou me sentindo bem.
_ Oh! Desculpe. Eu não sabia... Você não me falou em medicações antes. Quer que eu vá com você? Talvez precise de ajuda. Você está muito pálida, mesmo.
_ Não. Obrigada, querido. Eu prometo que volto. Não vou fugir. É que realmente preciso ir.
_ Hoje eu tenho o dia livre. Podemos passear juntos em Rhodes. O que acha?
_ Mas, é claro! Volto logo, pronta para sairmos.
_ Então, fico te esperando - falou, puxando-me para beijar-me. Esquivei-me um pouco e o beijo tocou-me a face. De um pulo, me desvencilhei de suas mãos e sai correndo pelo quarto, vestindo minhas roupas rapidamente e cruzando a porta da cabine, rumo ao corredor.Precisava chegar logo. Tinha medo do que pudesse acontecer caso não me "medicasse", logo.
Lá chegando, já com alguma dificuldade, corri para o frigobar. Logo em seguida, já recuperada, saciada a sede intensa, tratei de tomar um banho e vestir-me para reencontrar Robert. Sentia-me muito feliz. Enquanto estava perdida em devaneios amorosos, ouvi a batida na porta. Eram minhas amigas. Assim que abri, elas invadiram o quarto e foram logo querendo saber como tinha sido a minha noite. Pelo jeito elas também tinham tido sorte. Estavam muito agitadas._ Luisa, acho que vamos realizar os nossos planos. Estamos tentando nos manter na linha, como o combinado. E, você? Como foi a sua noite? – perguntou Monique.
_ Você está muito estranha... Nós vimos o homem com quem você saiu ontem à noite. Nada mal... Por acaso está se apaixonando? - indagou Gabriele.
_ Não! Claro que não! - menti.
_ Você sabe que isto seria um problema, não?- disse Cássia.
_ Eu sei. Não se preocupem. Eu sei cuidar de mim.
_ Temos certeza disso. Ou pelo menos, tínhamos, até ver o seu escolhido.
_ Eu já disse! Não se preocupem comigo, está bem? Por favor!
_ Está certo! Não vamos incomodá-la mais com este assunto.
_ Olhem. Eu combinei de ficar com ele hoje à tarde. Provavelmente, não vou poder vê-las até o final do cruzeiro. Quero aproveitar o máximo que puder ao lado dele. Por favor, me entendam e não façam mais perguntas.
_ Fique tranqüila. Nós também não deixaríamos de aproveitar um monumento daqueles -disse Gabriele, maliciosamente.
_ Vamos, meninas! Agora é cada uma por si, até o final, ok? A gente se vê assim que possível. Até mais, Luisa. Cuide-se! - falou Cássia, já se dirigindo para a saída.
_ Obrigada, garotas! Até!
Assim que fiquei sozinha , novamente, tratei de terminar de me arrumar e saí ao encontro de Robert. Ele me aguardava em sua cabine. Já havia tomado seu banho e me esperava tomando seu café, enrolado apenas em uma toalha.
_ E então, melhorou? Já está com uma aparência ótima. Venha aqui... Sente-se e coma alguma coisa - disse ele, me examinando dos pés a cabeça.
_ Não, obrigada. Eu já me alimentei. Pensei que você já estaria vestido para podermos descer à ilha e passear. Mas, estou vendo que não está com muita pressa - maliciei, pousando os olhos gulosos em seu corpo. Senti aquela onda de desejo tomando conta de mim, mais uma vez. Não era possível ficar frente a frente com ele sem desejar possuí-lo.
_ Não, não estou com a mínima pressa de conhecer Rhodes. Nós teremos bastante tempo para fazer isto mais tarde - dizendo isso, levantou-se, em minha direção e me envolveu num abraço delicioso, começando a beijar-me pelo pescoço. Dali em diante, perdemos a noção de tempo mais uma vez e a chance de conhecer a ilha de Rhodes. Por uma ótima causa, eu diria. Depois daquela tarde de luxúria, já tendo zarpado rumo a outro destino, nos restou relaxar e aproveitar aqueles bons momentos juntos. Tudo corria às mil maravilhas, como um sonho que eu gostaria que nunca acabasse. Já à noite, resolvemos sair para jantar e dançar um pouco. Cada minuto ao seu lado era um bálsamo para minha alma e, ao mesmo tempo, ia tornando uma futura separação mais difícil. Tentava não pensar nisso. Queria esquecer tudo. Quem eu era, dos planos , da minha tristeza... Queria apenas viver aquela paixão enquanto fosse possível. Ainda restavam três dias e duas noites em que eu poderia tê-lo só para mim.

5º dia
Mais um dia em que acordávamos juntos. Desta vez, eu conseguira guardar na geladeira da sua cabine, sem ele perceber, o responsável pelo meu bem estar. Assim, logo cedo, verificando que ele dormia profundamente, levantei-me e pude tratar-me adequadamente. Joguei o frasco fora, para que ele não desconfiasse de nada e voltei ao calor da cama, em seus braços. Desta vez, conseguimos nos levantar um pouco mais cedo, e resolvemos dar uma trégua para aquela paixão. Vestimos-nos e fomos para o deck, de mãos dadas, observar a chegada à Ilha de Creta. Ficaríamos ali por pouco tempo. O suficiente para poder visitar as ruínas do Palácio de Knossos, um famoso sítio arqueológico da era Minóica. A lancha nos levou até o porto de Heraklion, capital da ilha. Lá descemos e pegamos um táxi. As ruínas eram belíssimas. Mais um lado positivo de Robert. Ele também admirava a arte, tinha bom gosto e era muito culto. Isto não me facilitava em nada. Ele parecia não ter nenhum defeito, nada errado, nada que pudesse me decepcionar. No final da manhã, tivemos que voltar, pois o navio partiria mais uma vez. Agora, em direção a sua última atração - a Ilha de Santorini - um dos locais mais procurados por sua beleza natural. Lá poderíamos ver um vulcão submerso, as praias de areia preta e as belas construções cicládicas à beira do mar azul. Passeamos como um casal de namorados por todo o navio. Fizemos uma parada para Robert almoçar. Ele estranhou que eu não quisesse comer. Realmente, eu não estava com fome. Ele resolveu não insistir.
_ Luisa, infelizmente, vou ter que trabalhar naquelas fotos que te falei. A equipe que está comigo quer aproveitar a beleza das praias desta ilha e tirar as últimas fotos.
_ Tudo bem. Você vai estar livre à noite? - perguntei, sem esconder minha decepção por não poder ficar mais tempo ao seu lado.
_ Sim, é claro... Olha, tive uma idéia! Quem sabe você não vem comigo? Não há nada que impeça você de assistir a sessão de fotos. Até vai ser muito mais agradável para mim que você esteja presente. O que acha?
_ Eu adoraria! - falei mais animada - Mas, não quero atrapalhar o trabalho de vocês.
_ Você não atrapalharia nada, nem que quisesse. Então, está certo. Vamos lá falar com o pessoal da equipe.
De repente, ele parecia um garoto travesso que acabara de roubar um doce. Puxou-me pela mão, levando-me pelos corredores do navio, até a sala de jogos, onde se encontravam o fotógrafo e sua equipe. Logo na entrada, pude notar uma grande quantidade de espelhos, estrategicamente colocados, para ampliar o ambiente. Eu odiava espelhos! Pedi a Robert para aguardá-lo na porta do salão. Ele estranhou a minha inesperada crise de timidez, mas foi conversar com William, o fotógrafo. Muito educadamente, Will, como gostava de ser chamado, veio até meu encontro, com grande simpatia, para cumprimentar-me.
_ Então é você a responsável pelo sumiço do meu amigo aqui? E também pela alegria dele, pelo que vejo. Nunca o tinha visto tão entusiasmado. Isto é muito bom para as fotos. Portanto, você está oficialmente convidada para ver o nosso trabalho. Conseguimos locações belíssimas para fotografar. Quem sabe você não se anima a posar para a minha máquina?
_Não, obrigada! Imagina! Não me dou muito bem com máquinas fotográficas - falei, tentando persuadi-lo a esquecer aquele convite absurdo.
_ Você parece ser fotogênica. Porque não tentamos? - insistiu.
_ Não! Você não vai querer me fotografar... - falei, olhando firmemente para ele.
Ele demorou alguns instantes para falar, mas quando o fez, mostrou que eu conseguira meu intento.
_ Ok! Fique tranqüila. Não vou fotografá-la. Está encerrado o assunto.
Depois daquele encontro, fomos aguardar a chegada ao porto de Santorini. Mais uma vez teríamos que pegar uma lancha até terra firme. A ilha era muito linda, vista ao longe. Realmente as areias das praias eram mais escuras que as demais que havíamos visitado.Fomos até o local combinado para encontrar a equipe de Will e lá desembarcamos, longe da massa humana dos passageiros comuns. Já havia uma van confortável nos aguardando, que nos levou até a praia de Perissa, cercada pelas montanhas, cheia de guarda-sóis à beira mar e com aquela areia grossa, escura. Ela era linda. Certamente fariam belas fotos, ainda mais tendo o Robert como modelo. Era impossível que elas não ficassem excelentes.Lá, montaram uma pequena cabine, onde ele poderia trocar de roupa. Ele tinha razão de ficar cansado com aquelas sessões. Ficar posando, simulando sorrisos e poses variadas, debaixo daquele sol quente, trocando várias vezes de roupas. Não era nada fácil. Ainda bem que havia os guarda-sóis na praia, onde pude me refugiar do sol intenso, apesar de já ser quase final de tarde. Contudo, foi muito divertido. Robert mantinha o bom humor, fazendo caretas , dizendo besteiras e contando piadas. Era impossível ficar séria diante dele, enquanto trabalhava. Em algumas poucas horas, o sol já estava se escondendo atrás das montanhas, ficando impossível fotografar. Começaram a desmontar tudo e Will dispensou Robert. Talvez aproveitassem o sol da manhã, no dia seguinte. Ele que estivesse preparado para acordar cedo, falou Will, piscando o olho direito, com sorriso de alcoviteiro, para nós dois. Seriam as últimas fotos da campanha da Burberry e do Armani. Já estavam com um bom material para ser apresentado à agência. Certamente seriam lindas campanhas. A van nos deixou no centro, próximo ao porto, para que ficássemos a vontade para escolher os nossos próximos passos.
Dali, pegamos um táxi e fomos para o vilarejo de Fira, onde nos informaram que encontraríamos um grande número de restaurantes e casas noturnas, com boa música grega e lugares românticos. Escolhemos um local bem animado, onde estaria o músico mais famoso do local, George Papalexis, tocando seu bouzouki, um instrumento semelhante ao violão, mas que tinha aquele som característico da música grega, parecido com um bandolim. Foi uma noite muito divertida, em que dançamos muito, cantamos e participamos da tradicional quebra de pratos. Antes de quebrá-los, tínhamos de escrever todas as coisas ruins que nos afligiam, nos pratos, para que elas não nos atormentassem mais.
Depois de tudo, resolvemos dar um passeio pela praia, para aproveitar a linda noite enluarada. A praia estava deserta àquela hora. Claro que, em determinado momento, andando abraçados por ali, o desejo voltou a nos envolver. Como se estivéssemos dominados por uma febre, começamos a nos beijar com intensidade, quase com violência, insaciáveis, buscando um ao corpo do outro, como se eles ainda fossem desconhecidos. Quanto mais que eu o tocava, mais o queria. Arrancamos nossas roupas e deitamos na areia de toque grosseiro. Sentia minha pele ser arranhada e isso só provocava mais o meu prazer. Era maravilhosa a sensação de estar fazendo amor numa praia deserta, com aquela luz prata banhando tudo a nossa volta. Ele me enlouquecia de prazer com seus toques nos locais mais insólitos de meu corpo. Ele tinha muita experiência, sem dúvida. Quando terminamos, ficamos deitados, lado a lado, abraçados, olhando para o céu, onde as constelações se exibiam ostensivamente, como se fossem milhares de olhos brilhantes a nos espiar, testemunhas do nosso amor.Depois de algum tempo, resolvemos voltar para o porto, para embarcar numa das lanchas que faziam o caminho de volta para o navio, durante toda a noite.Tínhamos que descansar um pouco.
Tentei convencer Robert a dormirmos em nossas respectivas cabines, mas ele não gostou da idéia. Falei sobre minha "medicação" da manhã, do meu mal estar, que ele tinha de acordar cedo e que eu não queria atrapalhá-lo. Mas não teve jeito. Acabamos resolvendo que ele dormiria na minha cabine, naquela noite.
6º dia
Acordamos abraçados, como se fossemos um casal apaixonado, de muitos anos, daqueles que tem o prazer de simplesmente dormir juntos, só para sentir o calor um do outro. Ele foi muito discreto, não mostrando interesse em ver que tipo de remédio eu utilizava pela manhã. Fingiu que dormia. Só depois de sentir que eu estava recuperada do mal estar matutino, levantou-se, dando-me um beijo carinhoso antes, e foi para o banheiro arrumar-se. O seu celular tocou. Era Will, para saber onde ele andava, pois queriam descer logo à ilha para começar a nova sessão, aproveitando aquela luz divina da manhã. Ele teve de sair correndo. Ainda me perguntou se não queria ir junto, mas confirmei que ficaria para descansar um pouco. Não lhe disse que precisava daquelas horas para pensar a respeito de nosso futuro. O nosso tempo estava se esgotando. Isto ia me deixando cada vez mais ansiosa e angustiada. Pensar em deixá-lo, agora, estava sendo uma tortura para mim.
Passei a manhã vagando pelo navio, olhando Santorini ao longe, imaginando onde ele estaria fotografando, pensando sobre nós. Aproveitaria ao máximo nossas últimas horas juntos ou o "convidaria" para ficar comigo para sempre. Era uma escolha difícil. No início da tarde, Robert retornou de Santorini. Do deck, onde estava, pude vê-lo chegando na lancha, de porte altivo, bronzeado, forte, magnífico como um rei. Ao me ver, abanou-me, estampando seu mais belo sorriso, de derreter até o mais gelado dos corações.Veio ao meu encontro, ávido por meus beijos. _ Estava morrendo de saudades... E você?
_ O que acha? - falei, afagando seus cabelos e dando-lhe um beijo prolongado.
_ Estava pensando.Você gosta de sauna a vapor?
_ O quê? Como assim? - perguntei surpresa.
_ Eu pensei que seria interessante. Foi uma fantasia que me ocorreu. Quer tentar?
_ Com você, qualquer coisa é bem vinda.
_ Então, vamos! A esta hora, todos devem estar aproveitando as praias de Santorini, imagino eu. Teremos privacidade total.
Dizendo isto, praticamente me arrastou para a área do spa do navio. Ele acertara. Não havia ninguém interessado em fazer sauna àquela hora. Assim, ela era toda nossa. Tiramos nossas roupas e colocamos os roupões brancos, que eram oferecidos aos usuários da sauna. Lá dentro, sozinhos, nos livramos deles e passamos a nos abraçar e beijar loucamente. O vapor e o calor deixavam nossos corpos transpirarem muito e isso fazia nossas mãos escorregarem livremente, numa onda de prazer sem igual. Jogamos os roupões sobre o piso e logo estávamos deitados ali, nos amando freneticamente. Era uma sensação inigualável. Parecia que nossos corpos sublimavam-se, tornando-nos um só. Aquela mistura de suores e secreções, beijos e toques, gemidos de prazer...Ahh... O mundo poderia acabar ali, que eu morreria feliz.
Ficamos por algum tempo, mas o calor passou a ficar sufocante. Resolvemos sair e tomar uma ducha. Nos "divertimos" mais um pouco durante o banho. Assim que terminamos, Robert pegou toalhas. Enrolou-se em uma delas e com a outra, passou a secar-me, aproveitando-se um pouco mais de meu corpo, o que era uma delícia. Estávamos nos abraçando e rindo como adolescentes, quando, subitamente senti que ele esfriou. Neste instante, pude notar a existência de um grande espelho na parede do banheiro. Ele me olhou e voltou os olhos para o seu reflexo no espelho, que estava sozinho, abraçando um vazio.
_ Luisa, o que é isso? Algum tipo de brincadeira? - falava totalmente aparvalhado.
_ Eu tenho pensado em te contar tudo, mas não estava tendo coragem. Você ia achar que eu era maluca. Por favor, não tenha medo. Eu vou te explicar.
_ Explicar o quê? Como você consegue este efeito no espelho. Claro que é um truque de óptica! Ou você vai me dizer que é uma vampira? - ele me olhava totalmente desconcertado.
_ Oh, Robert! Por favor, vamos sair daqui e ir para um lugar mais tranquilo para podermos conversar. Este maldito espelho precipitou as coisas.Vou te explicar tudo. Ele parecia petrificado. Tive de ajudá-lo a vestir-se. Saímos dali e fomos direto para a sua cabine. Lá chegando, sentamos na grande varanda. Fiquei fitando o mar e pensando como seria a melhor maneira de lhe contar toda a verdade.
_Robert, antes de qualquer coisa, quero que você saiba que tudo que aconteceu entre nós foi maravilhoso. Você me deu os momentos mais felizes de toda a minha existência. Eu estou realmente apaixonada por você, apesar de não ter esse direito. A verdade é que... sou uma vampira. Uma das últimas da minha espécie. Nós temos sido destruídos ao longo dos anos. Que eu saiba, só restaram minhas três companheiras de viagem e eu.
_ Elas também são...? Você deve estar brincando comigo! Isto não existe!
_ Eu sabia que seria difícil para você acreditar nessa história toda, por isso estava evitando contar. Deixe-me terminar. Neste tempo todo, de tentativas para sobreviver, tentamos buscar uma maneira de conviver mais "adequadamente" com os humanos. Há alguns anos começamos a deixar de nos alimentar diretamente da fonte, se você me entende. O surgimento de bancos de sangue facilitaram esta nossa mudança de hábito. Foi uma maneira de ficarmos mais civilizados e, assim facilitar o nosso convívio entre vocês. Talvez esta seja uma das únicas coisas que ainda nos torna diferente - o nosso tipo de alimentação. Sei que isto vai ser muito difícil de você aceitar. Já estou preparada para tudo.
_ Mas... e a luz do dia... Não é letal para vocês?... Deus, o que eu estou falando!
_ Sobre os vampiros terem aversão à luz solar? Isto é apenas uma lenda. Uma bobagem. Nós preferimos a noite, como eu já havia lhe dito antes, não? Mas podemos perfeitamente viver durante o dia.
_ Eu ainda não acredito que estamos tendo esta conversa! Parece uma loucura total!
_ Me pergunte o que você quiser. Mas por favor, não me olhe deste jeito, como se eu fosse um monstro.Comecei a sentir um grande vazio dentro de mim, como se o chão faltasse sob meus pés. O que não estaria se passando na cabeça dele? Não podia imaginar Robert pensando em mim como algo grotesco, asqueroso. Eu não suportaria esta rejeição.Passaram-se alguns minutos, até que ele conseguiu olhar dentro dos meus olhos. Senti sua expressão suavizando-se, voltando a ser aquela de antes.
_ Luisa, mesmo que tudo que você está me dizendo seja verdade, eu não tenho como negar o que já sinto por você. Nada pode mudar este fato. Para mim, você vai continuar sendo uma mulher excepcional, de quem estou gostando demais.
Dizendo isso, me abraçou forte e pousou seus lábios nos meus.
_ Você tem certeza que não vai me morder? - disse rindo, maliciosamente.
_ Absoluta!
Não conseguimos evitar o desejo que novamente assumia a direção de nossos atos. Estava feliz por ele ter entendido. Pelo menos, aparentemente. Achei que seria mais difícil. Provavelmente ele estava me amando de verdade, o que tornava mais difícil o que eu teria de fazer, em breve. Depois de cerca de uma hora de amor intenso e já vencidos pelo cansaço, voltamos a conversar. Ele ainda tinha dúvidas. Como eu havia dado abertura, ele passou a perguntar:
_ E a questão do sangue? As doenças todas que podem ser transmitidas? - perguntou momentaneamente preocupado.
_ Nós somos imunes às suas doenças. Lembre que somos de outra raça. Não me pergunte como. Mutação genética, desígnios de Deus? Não sei dizer como fomos criados, tão parecidos com os humanos, mas com esta ligação com os mamíferos hematófagos. De qualquer forma você está protegido destas doenças transmitidas pelo sangue. Não precisa se preocupar. Tenha certeza que se eu soubesse que poderia prejudicá-lo de alguma forma, me afastaria de você.
_ E, se você quisesse me transformar num vampiro? Poderia? Ele tinha chegado ao ponto que eu mais temia.
_ Poderia. Você gostaria de ser transformado?- perguntei para sondá-lo.
_ Talvez. Se isso fosse imprescindível para viver com você, talvez. Você gostaria?
_ Você daria um belo vampiro, meu amor. Um doce vampiro. Mas não é uma escolha muito fácil. Eu entenderia se você recusasse.
_ Então, me conte sobre a sua vida. Como é? Provavelmente, há muitas diferenças entre a ficção e a realidade, pelo que você está me falando. Ainda não estou muito certo do que está acontecendo. A verdade é mirabolante demais.
_ Eu sei. Imagino que seja muito difícil. Para mim está sendo nada fácil ter esta conversa com você. Não foi fácil reconhecer que estava apaixonada por alguém que não pertence a minha espécie. Apesar de já ter ocorrido muita miscigenação ao longo dos anos e ser este o motivo para termos adquirido alguns hábitos e gostos semelhantes aos seus, ainda somos seres que tendem para a reclusão, que tendem a evitar a luz do dia, que preferem o luar, além de sermos obrigados a conviver com esta maldição alimentar - tentava falar coisas que o dissuadissem a se tornar um igual a mim, mas parecia que nada tirava o brilho do seu olhar.
_ E a longevidade? É verdade que os vampiros podem viver eternamente? Qual a sua idade? - perguntou muito curioso.
_ Se você pensa que vou lhe contar a minha idade, está muito enganado. Isto não é pergunta que se faça a uma dama. Onde está a sua educação? – falei, tentando brincar com a situação.Ele riu, mas não desistiu de obter uma resposta mais clara. Ele era humano e a curiosidade era algo inerente à sua espécie.
_ A imortalidade é apenas lenda. Somos mortais e podemos viver bem mais que nossos amigos morcegos e muito mais que vocês. Eu diria que isto não é uma boa coisa. Se fossemos imortais, provavelmente já teríamos dominado o mundo. Você não acha? E aí, não estaríamos tendo esta conversa. Também temos uma reprodução difícil e uma grande mortalidade entre os mais jovens. Por isso, estamos em quatro representantes apenas. Como você pode ver, não é uma vida muito fácil.
_ Na ficção, falam que os vampiros teriam poderes, como controlar a mente, transformar-se em animais...
_ Como você disse, é ficção - menti, convincentemente. Ele não precisava ficar mais excitado do que estava com esta conversa. Resolvi mudar o rumo do assunto e, para isso, levantei da cama e comecei a me vestir.
_ Hei! Onde você pensa que vai?
_ Estou pensando em sair um pouco. Ainda temos algumas horas antes de partir para Athenas. O que você acha de conhecermos o resto da ilha, passear nas praias. Pelo menos foi para isso que vim da Romênia. O meu interesse inicial era a história grega - menti mais uma vez - até você aparecer e me desviar do caminho do conhecimento. Ele riu e pareceu concordar com a idéia de passarmos o resto da tarde passeando por Santorini. A beleza da ilha merecia isto.Depois de prontos, mais uma vez desembarcamos. Fomos conhecer a famosa cratera submersa, que podia ser vista do alto de um mirante. Ao final do dia, pudemos vislumbrar um pôr do sol magnífico, que banhou as praias com seus raios dourados. Já era noite, quando voltamos para o navio. Pude ver, à distância, Gabriele e Monique, também passeando com seus "namorados". Onde andaria Cássia? Ela era a mais recatada de nós. Porém, eu tinha certeza de que ela tinha achado alguém e estaria se "divertindo", neste momento. Resolvemos que, naquela última noite dançaríamos, até muito tarde e só então iríamos para a cabine de Robert.A muito custo, nos separamos para nos preparamos para a noite de gala, que seria realizada mais tarde. Já na cabine, enquanto me arrumava, Cássia apareceu. Com ar preocupado, me perguntou se estava tudo bem.
_ Claro! Está tudo ótimo - falei, tentando esconder meus verdadeiros sentimentos.
_ Não tente me enganar, Luisa. Sei que você está muito preocupada com o humano. Pude ver que vocês estão apaixonados. O que você pretende fazer?
_ Não pretendo fazer nada diferente do que já havíamos combinado. Só não quero ficar sofrendo pressões, por favor!
_ Ah, minha querida. Você sabe que eu só quero o seu bem. Estou aqui para te apoiar na sua decisão final, não para pressioná-la. Confio plenamente em você e sei que não faria nada de que pudesse se arrepender mais tarde.
_ Obrigada pelo seu apoio, Cássia. Mas pode deixar que farei o que tiver de ser feito.
_ E você? Correu tudo bem?
_ É! Acho que sim. Em sete meses, poderemos ter certeza. Sorriu e despediu-se de mim, com olhar tristonho.
_ Tudo vai correr bem. Não se preocupe.
Assim que Cássia saiu, senti meus olhos marejarem e as lágrimas passaram a correr livremente. Precisei conter-me para não soluçar alto, pois tinha medo que ela ou outra pessoa pudessem ouvir. Não adiantava mais fantasiar a respeito de Robert e eu. Esta seria, definitivamente, a nossa última noite. Nossas últimas horas juntos. A opção de mordê-lo e transformá-lo num igual estava afastada. Eu sabia que se isto acontecesse, ele seria transformado em uma espécie de escravo, sem vontade própria. Eu não podia fazer isto. Não com ele. Seria humilhante. Com o tempo, ele me odiaria e, tudo aquilo que sentimos e vivemos seria transformado em pó. Não. Eu faria com que ele me esquecesse. Ele teria a sua vida de volta, sem lembranças deste "caso" de amor. Sim. Estava resolvido. Sequei as lágrimas, terminei minha arrumação. Aquela seria uma grande noite. Dizem que uma vampira apaixonada era a melhor e mais insaciável amante. Assim seria.Fui ao encontro dele. Ele me esperava. Lindo, elegante, charmosíssimo e apaixonado.
_ Você está mais linda do que nunca.
_ E você, muito apetitoso - falei, despertando uma risada deliciosa.
Fomos para o grande salão de baile, que estava todo iluminado para a festa de encerramento do cruzeiro. A música começou suave, com algumas valsas, que evoluíram para o foxtrote, twist e, finalmente, o rock. Dançamos como nunca. Formávamos um belo par. Durante toda noite, nossos olhares se cruzaram, denunciando o desejo que ia aumentando a cada passo. Enfim, foi impossível continuar no salão, pois a vontade de ficar juntos mais intimamente, agora, era imperiosa.
Mal fechamos a porta da cabine de Robert, ele me encostou contra a mesma e começou a me beijar por inteiro, quase rasgando minhas roupas, num frenesi. Suas mãos percorriam meu corpo avidamente. Logo, comecei a agir, ajudando-o a livrar-se de suas roupas, que pareciam estar pegando fogo. Assim que o vi totalmente despido, enlouqueci de desejo e passei a abraçá-lo e arranhá-lo, fazendo-o gemer de prazer. Joguei-o sobre a cama, começando a acariciá-lo. O pescoço, o tórax, o abdômen sarado, o púbis, seu pênis ereto. As carícias descendo por entre suas coxas fortes. Eu o torturava, passando a boca e a língua por todos os locais onde as mãos já tinham feito o seu trabalho. Quando vi que ele não aguentava mais, pude saciar-me, montando sobre seu quadril, fechando minhas coxas em torno dele, encaixando-me perfeitamente em seu membro rijo. Em movimentos ondulantes, inicialmente lentos e depois cada vez mais rápidos, nos tornamos um só, numa dança selvagem e orgástica. Com muito esforço, como das outras vezes, precisei conter meus impulsos de mordê-lo. Aos poucos, nos lançamos ao abandono total e pousei meu corpo sobre o seu. Foi assim por toda noite, nos amando das mais diversas maneiras, tentando obter o máximo de prazer. Uma noite que eu guardaria na memória pelo resto de meus dias.Ao nascer do sol, ainda olhava seu rosto, seu corpo deitado ao meu lado, exaurido, sem forças. Como era difícil pensar que nunca mais o teria. Nunca mais o tocaria nem sentiria seu hálito quente, seus beijos... Mas era assim que teria de ser. Aguardei até que ele abrisse os olhos. Pude ver aquele olhar, de um azul profundo, lançar um último brilho de desejo por mim. Logo, ele ficou sob meu domínio e pude sugestioná-lo para que, em sua mente, eu me tornasse apenas mais uma amante ocasional. Ele esqueceria meu rosto e tudo o mais que havia acontecido. Eu passaria a ser apenas mais uma aventura sem importância. Em pouco tempo, me esqueceria por completo.
Saí dali, logo após colocá-lo para dormir, e voltei para minha cabine, tentando controlar o choro e a tristeza. Lá, como era de esperar, estavam minhas fiéis amigas, como sempre. Parece que todas tínhamos conquistado nosso principal objetivo. Tomamos nosso "drink" matinal e brindamos ao futuro de nossa espécie. Logo chegaríamos a Athenas, de onde partiríamos de volta à Romênia, nosso lar.
Enquanto aguardava o desembarque no deck principal, vi Robert ao longe. Sei que ele me viu, pois acenou e lançou um sorriso discreto, com certo ar de culpa, por estar me "abandonando". Não havia nem sinal da paixão vivida há poucas horas atrás. Ao vê-lo partir, uma parte de mim parecia estar sendo arrancada, mas, ao mesmo tempo, senti que o nosso amor não tinha sido em vão. Ele deixara uma pequena semente em mim, que dentro de sete meses nasceria, belo e forte como o pai, para garantir nossa descendência neste mundo. Juntos, ele e os filhos de minhas "irmãs", manteriam a espécie longe da extinção. Só isto importaria, de agora para o futuro.
FIM
Gostaram? Sim? Não? Comentem. Beijos!!

7 comentários:

  1. Esse eu não conhecia Ro..
    Dá pra imaginar muita coisa enquanto lemos.
    Coloque mais delícias pra gente aqui...

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  2. Oi, Pati! Que bom ver o teu comentário aqui. Que bom que ainda não conhecias e que gostastes. Pretendo colocar outro ainda esta semana. Obrigada pelo teu carinho. Beijos!

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  3. Carel disse:
    Oi Ro... e ai, entro todo dia no blog pra ver se postou mais conto... Vamuslaguria...eu e a torcida do flamengo estamos no aguardo...Bjkas

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  4. Amei esta história, muito boa mesmo, daria um bom roteiro viu?
    Mas, saiba de uma coisitcha, eu não resistiria à tentação de morde-lo, sugá-lo todinho, e ainda o deixaria sugar-me também, como em Entrevista com Vampiro, quem sabe assim eu não o escravizaria e ainda por cima teria um amante eternamente. Desculpe a falta de compostura querida, já não sou muito católica, e imaginar nosso Gerry dessa forma, nas ilhas gregas, neste clima...aff... impossível ficar comportadinha!
    Quem sabe tu não faz o Meu Doce Vampiro - o Reencontro? Adoraria uma continuação.

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  5. É uma ideia boa. Não prometo para logo,pois estou envolvida com um certo tuaregue, no meio do deserto... Depois dele posso encarar o Doce Vampiro...rsrsrs. Com certeza vou gostar também...
    Beijos!

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  6. Rô q mix passou a minha mente no seu lugar acho q ñ conseguiria deixá-lo escapar, mas foi um belo final ter um pedaçinho vivo dele, além das lembranças perpetuadas.
    Bjkas

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  7. Ro parabens...
    essa história me emocionou muito...
    Eu no lugar dela não conseguiria deixá-lo ir embora...
    Mas o final foi lindo!!!
    Amei!!!

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Cantinho do Leitor
Este cantinho está reservado para que coloquem suas críticas a respeito de meus romances e do blog. A sua opinião é muito importante para mim. Se tiverem alguma dificuldade em postar aqui, deixem mensagem na caixa de recados.
Beijos!