Oi, prá quem estiver me lendo hoje. Sei que ando em falta com meu blog. Coisas de quem trabalha, cuida de casa, marido e dos filhos. Acho que a maioria sabe o que é isto, ou faz uma vaga idéia. Também andei numa fase pouco inspirada para escrever. Por isso tenho colocado meus antigos textos, que grande parte de minhas amigas já conhecem. Além da falta de inspiração, como já falei antes, existe o fator tempo. Mas prometo que logo logo vou começar a colocar novidades por aqui...Espero. Por hoje, só prá não cair no esquecimento total, vou colocar o meu primeiro conto de amor, onde começou esta mania de escrever histórias de amor com pitadas de pimenta. Prá variar, o personagem masculino é "vocêssabemquem"...rsrsrs.
Beijos!
O Sabor do Amor
Lá estava eu, Laura, a caminho daquela agência de empregos famosa em Nova York, para tentar colocação como cozinheira em algum apartamento chique da Big Aple. Brasileira, filha de uma carioca e de um americano, graças ao meu passaporte americano consegui escapar daquela vida sem perspectiva no Brasil. Infelizmente nada aconteceu como eu havia planejado. Com um diploma de advogada nas mãos, nada consegui profissionalmente. O mercado de trabalho difícil, cercada por colegas inescrupulosos, desilusões amorosas acumulando-se... Nada mais me prendia àquele lugar. Começaria do zero, onde ninguém me conhecesse. Quem sabe algo de bom pudesse acontecer? Graças ao amor pela culinária, adquirido desde cedo vendo minha mãe dedicar-se aos seus quitutes, resolvi colocar estas habilidades em prática na nova profissão. Provavelmente a maioria de meus conhecidos ia dizer: "Coitada! Não conseguiu vencer na carreira e foi ser empregadinha nos Estados Unidos. Que decadência!". Talvez, mas é um modo de recomeçar.
Cheguei no horário combinado com a secretária da agência. Fui recebida com um grande sorriso e um efusivo parabéns, que eu achei meio desproporcionais para a ocasião. Logo, fui encaminhada para a sala da dona da agência, onde fui informada de que começaria a trabalhar no apartamento de um ator escocês, chamado Arthur McCain. Ele estava à procura de uma cozinheira e quando soube que havia uma brasileira para a função, nem quis olhar outros currículos. Portanto, o cargo era meu e deveria iniciar no dia seguinte.
Nunca havia ouvido falar deste ator. Não era muito chegada em cinema. Na agência me disseram que ele havia feito muito sucesso com um filme sobre guerreiros espartanos. Já fiquei imaginando a figura. Algum tipo cheio de si, com músculos saltando para todo o lado, querendo uma cozinheira exótica para mostrar aos amigos. Enfim, alguém insuportável, que provavelmente nem saberia distinguir carreteiro de risoto. Bem, desde que pagassem em dia, estes detalhes não me importavam. Ainda bem que eu não precisaria dormir no emprego. Talvez, com o bom salário que ele estava oferecendo, eu pudesse alugar um apartamento melhor do que a peça onde estava morando desde que chegara há um mês.
Depois de uma boa noite de sono, levantei cedo, coloquei meu melhor vestido e prendi o cabelo em um rabo de cavalo. Ao olhar no espelho, o conjunto era agradável: herdara de minha mãe o corpo roliço, boas medidas, os cabelos escuros, levemente ondulados. De meu pai, a pele mais clara e os olhos azuis. É, até que eu não era feia. Naquela manhã, particularmente, estava me sentindo muito bem. "Vamos lá, enfrentar a fera".
Fui até o endereço. Era um prédio de apartamentos antigo, mas muito chique, próximo ao Central Park. De cara, já fiquei sabendo que havia uma entrada para os empregados. O que fazer? Era isso que eu era, não é mesmo? Lá me fui para o elevador dos fundos. Subi até o 9º andar e toquei a campainha. Fui atendida por uma senhora, que se apresentou como Dolores, provavelmente mexicana, muito simpática, que me fez entrar e pediu que eu esperasse, pois o secretário do Mr. McCain estava a minha espera para falar dos detalhes da minha contratação. Enquanto aguardava, comecei a admirar o que seria o meu local de trabalho. A cozinha era linda, com eletrodomésticos todos brancos, com uma bancada de mármore negro ao centro, onde eu poderia me divertir, preparando meus melhores pratos. Ainda não imaginava as outras utilidades daquela bancada. O chão era todo quadriculado, como um tabuleiro de xadrez, com lajotas pretas e brancas. Parecia coisa de revista. Ele deve ter gastado uma fortuna só com esta cozinha. Imagina o resto da casa! Estava louca para conhecer. Pelo menos o decorador tinha bom gosto. Duvidava que tivesse havido algum palpite do morador.
Depois de esperar mais de 45 minutos, o tal secretário apareceu, apresentando-se como Mr. Anthony. Era um tipo meio afetado, que falava de com sotaque britânico.
_ Bem, senhorita... Laura. É isso mesmo? - nem pediu desculpas pela demora, o grosso - Quero que a senhorita saiba que Mr. MacCain é uma pessoa muito ocupada, que não deve ser incomodado com assuntos banais. Ele, neste momento se encontra filmando em Londres, mas deve retornar dentro de três dias. Ele anda cansado de ter que comer em restaurantes ou em casas de amigos, por isso ele a está contratando. O que queremos é o trivial, sem grandes requintes. Uma comida caseira, conforme ele solicitou. Ele gostou de saber que a senhorita é brasileira, pois ele admira muito a culinária do seu país. Espero que a senhorita esteja preparada para tal função. Pode preparar uma lista do que vai precisar e mandaremos alguém comprar.
Aí, tive de interrompê-lo:
_ Eu gostaria de fazer as compras eu mesma, pois é importante escolher produtos de qualidade. Não gostaria de delegar esta função a alguém que não conhece nada de culinária.
Parece que o Mr. Anthony gostou de meu interesse e aceitou meu pedido. Combinamos que eu teria um cartão de débito, claro que teria um limite de despesas, mas que eu teria liberdade para fazer as compras ao meu modo. A minha semana teria 6 dias com uma folga semanal. Provavelmente no domingo. O salário seria aquele acordado com a agência.
- Mais alguma dúvida, senhorita Laura?
- Não, Mr. Anthony. Está tudo claríssimo. Assim que o Mr MacCain chegar, estarei à sua inteira disposição. Espero que ele goste de meus quitutes.
- Também espero, Srta. , para o seu próprio bem.
Nossa, que coisa mais assustadora para se dizer. Será que ele era tão exigente, este Mr. MacCain? Teria que aguardar ainda três dias para conhecer o meu patrão. Já sentia um pouco de ansiedade. Calma, Laura. Não pode ser tão terrível.
No dia seguinte, fui às compras. Pedi para entregar no prédio do Mr. MacCain. Enquanto aguardava a entrega, pedi à Dolores para conhecer o resto do apartamento.
Era lindo. Parecia um sonho. Muito bem decorado, com peças de antiquário, misturado a peças modernas. Muito aconchegante. O quarto principal era de cinema. Só podia, não?
Brincadeira. A cama era um convite. Kingsize, com um dossel maravilhoso, todo de madeira entalhada, envelhecida, com tapetes, cortinas e edredon com cores quentes. Quem fez a decoração estava pensando nas loucuras que poderiam ser feitas naquela “alcova”. Será que o meu patrão saberia como fazer uso de tudo aquilo ou ele seria um tipo afetado e sem graça como o seu secretário? Laura, pára de pensar bobagem. Tão cedo eu não queria saber de nada disso, depois de ter conhecido tantos canalhas, acho que tinha ficado vacinada contra este tipo de coisa. Paixão era algo distante para mim, no momento. Queria tocar minha vida sem atrapalhações. Talvez um dia, muito distante.
No meu segundo dia de trabalho, resolvi fazer alguns congelados, que poderiam facilitar as coisas, no caso de Mr. MacCain pedir alguma refeição fora de hora. Deixaria algumas coisas já encaminhadas para esperar a chegada dele no dia seguinte. Comecei a preparar algumas quiches, que poderiam servir como acompanhamento ou como lanche. Estava distraída, trabalhando na bancada, cantarolando e rebolando (me sentia muito bem cozinhando), quando ouvi um barulho atrás de mim. Pensei que fosse Dolores e pedi que ela me alcançasse a manteiga que estava na geladeira ao seu lado. Ouvi seus passos, a porta abrindo e fechando. Já estava agradecendo com um grande sorriso, quando vi uma grande mão masculina segurando o pacote de manteiga. Virei rapidamente, assustada com aquela presença estranha, quando me deparei com um homem alto, - ele devia ter 1,90m, pelo menos - cabelos ligeiramente grisalhos, que iluminavam o seu rosto, olhos azuis esverdeados profundos, que pareciam ver a minha alma e mais alguma coisa, e uma boca de tirar o fôlego. Soltei um tipo de grunhido, pois não conseguia encontrar a voz. Ele só me olhava como se estivesse se divertindo com o meu estado, com um meio sorriso irônico. Quando consegui me refazer um pouco, consegui perguntar quem era ele e o que estava fazendo na minha cozinha. Ele largou a manteiga sobre a mesa e disse:
- “Eu é que deveria perguntar o que uma mulher linda e desconhecida está fazendo na “minha” cozinha”.
Depois de alguns segundos, caiu a ficha. Seria ele o Mr. MacCain?? Não era possível! Eu estava perdida. Tinha sido pega cantando, rebolando e, ainda por cima sendo grosseira com ele, no primeiro contato. Adeus emprego. Todos meus planos iam por água abaixo. Fiquei aguardando um sonoro "Goodbye, miss". Mas, ele caiu na risada. Fiquei indignada!
- Se você pudesse se olhar no espelho agora saberia por que estou rindo. Parece que você viu uma assombração. Desculpe estar rindo de você. Deixe me apresentar: Arthur.
Arthur???, pensei.
- Mr. MacCain??? - disse.
- Por favor! Não me chame de Mr. MacCain. Sinto-me com 300 anos de idade. Isso é coisa daquele meu secretário . Me chame de Arthur, por favor. Então você é a nova cozinheira? _ _ Sim - disse eu com a voz meio trêmula - O Mr. Anthony falou que o senhor - e ele me olhou de forma irônica de novo - quer dizer, você, chegaria só amanhã.
- É, mas as filmagens terminaram mais cedo e eu resolvi antecipar a viagem de volta. Fui recompensado, pois acabei tendo uma surpresa muito boa.
Seu olhar parecia cobrir todo o meu corpo, tirando cada peça , uma por uma, até eu me sentir completamente nua. Devo ter ficado vermelha, pois ele deu mais um sorrisinho sarcástico e falou:
- Seja bem vinda ao meu humilde lar. Acho que vamos ser grandes amigos. Vou descansar um pouco, pois a viagem durou mais de 15 horas, com espera em aeroporto e tudo o mais. Peça para a Dolores me acordar em torno de 19 h, ou você mesma pode fazer isto, se quiser. Vou jantar em casa hoje, portanto, mãos à obra, querida.
- O Sr., sorry, você tem algum pedido especial?
- Me surpreenda, ahn... Qual é o seu nome? Perdão por não ter perguntado antes.
- Laura.
- Então, Laura, você escolhe o que vou comer, ok? Até mais.
Assim que ele saiu do meu campo de visão, parecia que o chão estava se abrindo abaixo de mim. Aquele homem era de perder o fôlego e, eu trabalhava para ele. Ouvi uma risadinha vindo do outro canto da cozinha. Era Dolores!
- E aí, minha linda, conheceu o patrão? Parecia que você ia desmaiar a qualquer minuto. Não deixa ele reparar, porque senão você está perdida.
- Como assim?? - perguntei.
- Um hombre como este não deixa uma mulher bonita como você passar incólume.
- Dolores, por favor, não me assusta! É o meu primeiro emprego por aqui e você fica me pondo minhocas na cabeça. Estou vacinada contra homens deste tipo. Comigo ele não vai conseguir nada. Ele que vá posar de galã para as deusas de Hollywood.
- Está certo , então. Não está mais aqui quem falou. Na verdade, ele é um amor de pessoa. Você vai descobrir isto logo, logo. Mas cuide bem do seu coraçãozinho. Não quero vê-la machucada, minha rica.
Resolvi não pensar mais nisso e fui tocar minha cozinha para preparar o jantar para o Mr. MacCain. Dei o recado dele para Dolores e fui pensar no cardápio para logo mais.
O jantar já estava quase pronto quando me dei conta de que eram 19 h e a Dolores ainda não havia ido chamar Arthur. Lembrei-a do fato e ela me pediu o favor de acordá-lo, pois ela estava muito ocupada com seu serviço. Fiquei chateada de ter que entrar no quarto, mas não havia alternativa. Bati na porta, mas não obtive resposta. Esperei um pouco e resolvi entrar. O quarto estava na penumbra. Era Verão, por isso ainda entravam alguns raios de sol através das cortinas. Quando olhei para a cama pude ver os contornos de Arthur. Ele estava completamente nu, virado de bruços, agarrado ao travesseiro. Era possível ver o contorno de seus ombros fortes, os músculos dos braços, bem torneados, o torso largo, que terminava numa onda suave em direção às nádegas, arredondadas, firmes. Como o corpo de um homem podia ser tão belo. Saí do meu devaneio quando ele se mexeu e falou com voz rouca:
- É você, Dolores?
Não conseguia responder. Estava paralisada. O que ele ia pensar ao me ver ali parada vendo-o naqueles "trajes"? Quando notei que ele ia levantar-se, saí quase correndo, mas antes ainda pude perceber o esboçar de um sorriso. Acho que ele percebera que era eu. Cretino! Ainda por cima ria de mim e da situação constrangedora em que me meti. Homens!! Voltei para a cozinha, aonde cheguei ofegante e pálida, depois de passar do rubor à incandescência. Dolores perguntou algo, mas antes que eu pudesse entender a pergunta e responder, ele apareceu na porta trajando um robe de seda verde escuro, que realçava ainda mais os seus olhos.
- Da próxima vez, bata na porta, por favor.
- Mas, eu bati - oops, eu havia sido flagrada. Que furo! Ele me olhou com, aquele sorrisinho irritante, como que dizendo "Te peguei!" Ai, que ódio!
- O jantar já está pronto?
- Quase.
- Então vou tomar um banho agora. Você pode me esperar?
- C-claro!
- Ótimo!
Tão logo ele se virou, Dolores disse que já tinha acabado seu serviço e que seus netos a estavam esperando.
- Como?Você vai me deixar aqui, sozinha com este maníaco?
- Querida, ele não é um maníaco. Você é que tem de se controlar. Vai dar tudo certo, está bem? Um ótimo final de semana para você!
- O que?? Amanhã você não vem?
- É a minha folga , meu bem. A sua é domingo. Não podemos tirar folga no mesmo dia, esqueceu? Não se preocupe. Vai dar tudo certo.
Virou-se e foi arrumar suas coisas para sair e me deixar a mercê daquele... Oh, Deus! O que eu faço??
Depois de meia hora de pânico, comecei a me acalmar, pensando porque a demora neste banho. Após 1 hora e quase perda total do meu jantar, resolvi entrar na sala e ver onde ele estava. Talvez estivesse esperando ser chamado. A mesa já estava posta na sala de jantar. Quando estava saindo da cozinha, me choquei com ele, que vinha entrando. Como quase caí para trás, ele me segurou pela cintura e me puxou contra o seu corpo. Senti o chão faltar sob meus pés. Ele me agarrou com mais firmeza e perguntou:
- Você está bem?? Desculpe, mas não vi que você estava entrando na sala. Eu a machuquei? - disse ele, realmente preocupado.
- Não, imagina. Foi só o susto.
- Puxa, não sabia que já andava assustando menininhas por aí. Dever ser a idade chegando.
- Não foi isso que eu quis dizer! Ah! Deixa prá lá. Pode me soltar, por favor?
Ela o empurrou, tocando em seus braços e sentiu seus músculos retesados, sem falar no perfume que aquele homem exalava por cada poro. Isto não podia estar acontecendo. Eu não vou cair em tentação, não!
Depois de alguns segundos, ele me soltou com delicadeza e pediu desculpas, novamente.
Parecia ter ficado surpreso com a minha reação de repúdio ao seu contato. Provavelmente, pensou que eu me largaria em seus braços e ...
- Vi que a mesa foi colocada na sala de jantar. Eu gostaria de comer na cozinha, se você não se importar. Não gosto de jantar sozinho.
- Mas??
- Algum problema?
- Claro que não. Vou colocar a mesa aqui.
- Você já jantou?
- Não, eu costumo jantar mais tarde, em casa.
- Tem alguém te esperando? Namorado, marido...??
- N-não!
Porque eu não calava a minha boca. Caí em outra armadilha. O que ele tinha a ver com a minha vida pessoal?
- Então, janta comigo?
- Não, obrigada pelo convite, mas estou sem fome.
- Mas, ao menos, pode me fazer companhia? Ainda não tivemos chance de nos conhecer. Vamos conversar um pouco? - disse ele com um olhar tão terno e suplicante, que eu não tive como resistir.
- Está bem. O que você quer saber? Chegou a ler o meu currículo?
- Acho que você deve ser muito mais do que o que está escrito em algumas folhas de papel, não?
- A minha vida não tem nada de interessante, ao contrário da sua.
- Como você veio parar aqui, como cozinheira? Você não parece uma pessoa humilde.
Com aquela conversa mansa, acabei contando que tinha feito Direito no RJ. Quando ele soube disto, vi um brilho naqueles olhos verdes.
- Sério?? Que coincidência! Eu também, lá em Glasgow!
A partir daí, nossa conversa começou a fluir de uma maneira tal, que parecia que já nos conhecíamos há muito tempo. Muitas coisas, sentimentos e decepções, tínhamos em comum. Quase chorei quando ele me contou sobre o seu pai, que ele acabou perdendo poucos anos após seu reencontro, a luta para mudar sua vida e afastar-se da bebida. Eu fui percebendo uma pessoa diferente daquela que eu tinha imaginado. Uma pessoa sensível, determinada e muito amorosa.
Quando vimos, já haviam se passado quase duas horas e estávamos rindo de nossas experiências. De repente, parecia que o mundo tinha parado e não havia mais ninguém. Nossos olhares se cruzaram e um calor foi tomando conta de mim. Ele tocou na minha mão, que estava próxima à dele, e uma onda de eletricidade percorreu meu corpo.
- Parece que temos muito em comum, Laura. Além de linda você também é uma pessoa maravilhosa.
Ele foi se aproximando, aos poucos, me hipnotizando com aqueles olhos. Ah! Aqueles olhos... Quando me dei conta a sua boca estava muito próxima da minha. Tentei ir para trás, mas senti seus braços me envolvendo, fortes, mas muito docemente, até que seus lábios tocaram os meus, suavemente.
Meu corpo reagiu como nunca. Senti que flutuava. Senti seu abraço forte e a pressão sobre os lábios aumentou. Senti sua língua penetrando minha boca. Aí, não conseguia mais resistir. Comecei a abraçá-lo, também, como se quisesse fundir nossos corpos. Suas carícias passaram da minha nuca, descendo pelas minhas costas, chegando ás nádegas. Todo o meu corpo reagia como se fosse uma usina nuclear a ponto de explodir. Ele começou a desabotoar minha blusa, com cuidado, sempre me olhando com uma paixão que eu nunca tinha visto nos olhos de nenhum outro homem. Todo meu corpo se contraía de prazer. Comecei a abrir o zíper do moleton que ele vestia, até vislumbrar aquele peito másculo, o abdômen de músculos bem definidos. Comecei a beijá-lo, desde o pescoço, descendo aos poucos em direção ao ventre. Ele gemia de prazer. Num rompante, ele jogou tudo que estava sobre bancada no chão. Nem o barulho de pratos quebrando nos tirou daquele êxtase. Segurou-me nas nádegas, me colocando sobre a bancada fria. Podia sentir sua ereção e vibrava ao imaginar ele me penetrando. As carícias continuavam cada vez mais intensas. Ao longe ouvi uma campainha, insistente e irritante. Senti ele se afastar, parecendo irado com aquela interrupção.
- Droga! - ele disse - Vou ter de atender a porta, senão ela vai ser derrubada a qualquer instante.
Lançou-me um olhar muito terno, como se pedindo perdão por ter interrompido aquele momento. Vi que ele estava meio sem jeito, ainda com o rosto afogueado, mas pediu-me que me arrumasse. Custei um pouco para me refazer de tudo que tinha acontecido, um momento de loucura maravilhoso, que havia sido cortado daquele jeito. Não sabia se estava triste ou se agradecia por não ter ido adiante. Afinal havíamos nos conhecido naquele dia. As coisas estavam acontecendo rápido demais.
Ele se recompôs após alguns minutos. A campainha continuava insistentemente a tocar. Pensei "quem será este maluco?"
Pediu-me que esperasse e que não fosse embora. Entrou na sala e foi abrir a porta da entrada.
- Oi, meu amor! Soube que tinhas voltado de Londres hoje e resolvi vir até aqui para conversarmos um pouco.
Era uma voz de mulher, espalhafatosa, vulgar. Seria a namorada dele? Meu sangue começou a ferver.
- E precisava tocar a campainha daquele jeito! Olha, Roxane! Tem que aprender a ter mais educação. Eu podia estar dormindo, podia não estar em casa.
- Eu sabia que você estava em casa. O seu porteiro disse que seu carro estava na garagem, por isso subi. Não vai me convidar para entrar, Sr. Educado??
- Claro, entre - disse ele em voz baixa.
Naquele momento, não resisti e olhei para dentro da sala, na direção deles, e vi uma morena, com uma blusa vermelha, muito decotada, dando um beijo na boca de Arthur. Aquilo me fez sentir traída. O ciúme parecia corroer meu peito como ácido, queimando, até levar lágrimas aos meus olhos.
- Laura!!
Ele havia me visto. Mas saí correndo para os fundos, consegui pegar minha bolsa e alcancei a porta de serviço rapidamente. Ainda o ouvi gritando meu nome, mas ele não veio atrás de mim. Ficou com aquela louca. Deviam se merecer! Uma onda de ódio substituiu tudo de bom que eu havia sentido antes. Não conseguia parar de chorar. Peguei o primeiro táxi livre que passou e fui para casa, sentindo como se a morte estivesse me seguindo. Sentia raiva de mim mesma por ter sido tão estúpida por ter cedido ao charme dele. Acreditei que ele pudesse ser diferente dos outros. Mas, como sempre, fora enganada!
Cheguei em casa e me atirei na cama já quase sem forças de tanto me maldizer.
No meio da madrugada, já um pouco mais calma, depois de pensar em não voltar nunca mais naquele apartamento, consegui raciocinar melhor. Não, eu não deixaria de ir trabalhar no dia seguinte. Afinal, ainda era o meu emprego. Talvez até pudesse processá-lo por abuso sexual. Aqui nos EUA isto era muito comum. Ora! Que idéia mais absurda, Laura. Eu nunca teria coragem de fazer isto, principalmente com ele. Apesar de tudo, por mais que eu negasse, acho que estava apaixonada. Parecia impossível. Nunca acreditei em paixão fulminante, mas era o que estava acontecendo comigo. Pena que a ilusão de ser correspondida tinha durado tão pouco. Um dia!!! Não dava para acreditar como eu tinha me entregado tão fácil. Ele devia estar dando risada com aquela bruxa até agora, com pena da pobre empregadinha. Mas eu ia dar a volta por cima. Ia me fazer de louca e continuaria meu trabalho como se nada tivesse acontecido. Oh! Deus! Será que eu conseguiria?
No dia seguinte, depois de tomar um banho, fiz uma maquiagem leve, que pudesse esconder as olheiras da noite não dormida, coloquei uma calça jeans e uma blusa branca, para dar a impressão de "tudo bem". Será que eu enganava alguém assim?
Peguei meu metrô e fui ver se ainda tinha um emprego. Fui obrigada a tocar a campainha da entrada de serviço, pois não haviam me dado uma cópia da chave. E eu quase já tinha me entregue para o patrão... Pára de pensar assim sua, débil mental!
Toquei por três vezes, rezando para que a porta não se abrisse e eu desse de cara com ele. Quando a porta foi aberta, quem estava a minha frente era o Mr. Anthony.
- Bom dia, Srta Laura. Algum problema? Está um pouco atrasada.
- Bom dia, Mr Anthony, e desculpe pelo atraso, mas não tive uma boa noite.
- Parece que só eu acordei bem hoje. Mr. MacCain também acordou com uma cara péssima. Deve ser a troca de fuso horário.
- Ele está? - peguntei com voz quase inaudível.
- O quê? Ah! Sim...Quer dizer, não. Ele teve de ir a um encontro com um produtor, para discutir a participação em um filme. Talvez não volte para almoçar, mas eu estarei morrendo de fome. Recebi elogios à sua comida e quero provar também. Não lembro se comentei antes, mas no dia da folga da Sra. Dolores, a Srta. fica encarregada de arrumar o quarto do Mr. MacCain, e de dar alguma ajeitada na casa. Algum problema com isto?
- Não, é claro! Posso começar imediatamente.
- Ok! Mãos à obra, então.
Larguei minha bolsa e fui dar uma olhada no resto da casa. Parecia tudo tão arrumado como sempre. Sem sinais de orgias sexuais pelo caminho. Por falar nisso, a louça quebrada na noite anterior havia desaparecido e a cozinha estava impecável. Duvido que tivesse sido o Mr. Anthony que houvesse se dado a este trabalho, muito menos a maluca escandalosa da Roxane...Urgh!!
Entrei no quarto e também não havia sinal de nada. Será que ele não tinha transado com ela? Sobre a mesa de cabeceira estava um aparelho celular. Olhei para os lados e , como não havia ninguém olhando, resolvi bisbilhotar e ver as ligações recebidas e discadas. Poucos segundos depois senti braços musculosos me abraçando por trás, como querendo me prender para evitar minha fuga.
- Que bom que você achou o meu celular. E que bom que o esqueci para poder voltar e te ver assim tão curiosa.
Fiquei sem palavras. De novo, pega em flagrante. Só consegui dizer:
- Perdão - secamente e tentei me desvencilhar daqueles braços tão confortantes. Tentei me virar para fugir daquele olhar, mas só consegui ficar mais próxima dele, agora, de frente.
- Porque você fugiu daquela maneira ontem à noite? Eu pedi que me esperasse.
O seu rosto e o calor que exalava da sua boca me acariciavam os cabelos e a testa. Comecei a sentir o peso diminuir. Estava fraquejando de novo.
- Achei que você estava precisando de privacidade com a sua namorada.
- Ela não é minha namorada! Sua tolinha. Por isso saiu daquele jeito, chorando feito criança?
- Eu não estava chorando.
- Ah! Estava sim, porque dava para ouvir os seus soluços de longe. Não tinha motivo algum para isso.
- Eu sei o que vi. Vocês se beijando!
- Você quer dizer “ela me beijando”. A Roxane não passa de uma velha amiga, muito maluca, que vive querendo falar dos seus próprios problemas, sem levar em conta se o ouvinte está ou não interessado. Quando ela se deu conta que estava atrapalhando, foi embora logo em seguida. Ela não é má pessoa.
- Não sei se dá para acreditar em você, depois do que aconteceu.
- Olha, eu estou atrasado para o meu compromisso. Me espere, por favor, para a gente conversar. À tarde, depois do almoço devo estar de volta. Combinado?
- Acho que sim.
- Olha prá mim.
Quando ergui meus olhos, ele colou seus lábios contra os meus e todas as minhas forças de defesa caíram no mesmo instante. Ele era irresistível!
Assim que ele saiu, tentei me recompor. Arrumei o quarto e voltei para cozinha, onde tentei me concentrar no almoço de Mr. Anthony. Este, continuava por lá, largando as “penas” ao telefone. Ao menos, cozinhar era uma coisa que me fazia muito bem. Ali eu conseguia descarregar as tensões.
A manhã passou sem mais sobressaltos. Era um dia muito quente. Este verão em NY estava prometendo. Servi o almoço para o secretário em torno de 12 h, pois ele disse que teria um compromisso no início da tarde. Depois de ouvir altos elogios para a minha salada de camarões e o suflê de queijo, ele saiu. Arrumei a cozinha e comecei a ficar ansiosa com a volta de Arthur. Ele disse que voltaria depois do almoço com o produtor, mas já eram 14 h, e nada. O sono começou a incomodar. Eu não dormira nada naquela noite passada. Por fim, não resisti ao ar mais fresco na sala principal e resolvi sentar em uma das amplas poltronas confortáveis que haviam por ali. Acabei pegando no sono.
Pareciam ter passado poucos minutos, onde tive sonhos terríveis onde a tal Roxane aparecia acariciando e beijando o Arthur na minha frente e os dois rindo de mim. Horrível. Acordei assustada. Estava deitada na cama dele, só de calcinha e sutiã. Quando virei o rosto, vi que Arthur estava deitado ao meu lado, vestindo só uma cueca branca, de olhos fechados, como se estivesse dormindo. Levei um susto. Como eu tinha ido parar ali? Será que eu ainda estava sonhando? Sem pensar mais, fiz uma tentativa para levantar, mas imediatamente senti aquela mão me agarrando com força, mas gentilmente, me puxando de volta para a cama.
- Aonde você vai? Fica aqui do meu lado. Estou adorando te ver assim, tão linda e frágil.
- Como eu vim parar aqui?
-Quando eu cheguei em casa, você estava dormindo tão tranqüila, mas desconfortável, lá na sala, que pensei em trazê-la para cá. Eu também estava com sono, pois passei uma noite péssima. Aliás, por sua causa. Assim, pensei que poderíamos dormir juntos.
- Mas precisava tirar minha roupa e ficar só de cueca??
- Olha, com o calor que está fazendo, dormir de calça jeans e suada, não é nada confortável. Eu, você já sabe que não gosto de dormir vestido. Fiz muito em ficar de cueca. Mas, se quiser, posso tirar ela agora mesmo - disse ele com aquele ar sarcástico e um sorriso de menino travesso.
- N-não - disse eu, sentindo o rubor subindo à face.
- Você está com medo de mim?
- Não, estou com medo de mim e do que estou sentindo.
- Olha, também acho que as coisas entre nós estão acontecendo muito rápidas. Isto nunca me aconteceu antes. Está sendo uma loucura. Uma loucura deliciosa.
- Arthur, eu...
- Eu sei que precisamos nos conhecer melhor, por isso pensei que a gente podia sair para dançar hoje à noite. O que você acha?
Aquela situação era completamente absurda. Nós dois deitados na mesma cama, quase pelados e conversando. Comecei a ficar excitada, o que não era nada bom. Ele acariciou meu rosto e , como se tivesse lido meus pensamentos, falou:
- Vou tomar um banho frio. Está muito quente. Não quer vir junto?
Aquela pergunta fez meu coração disparar e uma corrente de eletricidade disparou por todo meu corpo. Aquele sorriso malicioso nos seus lábios. Eu tinha de resistir... Será?
- Está bem. Não vou forçar a situação. Fique a vontade, mas pense no meu convite...Em dançar... O outro convite também está de pé.
Ele se aproximou, deu um beijo muito doce no meu rosto e eu tive de me conter para não pular nos seus braços.
Levantou-se e foi tirando a única peça de roupa que cobria aquele corpo lindo e viril. Foi para o banheiro e ligou o chuveiro. Em alguns segundo a minha "usina nuclear" estava novamente prestes a entrar em colapso. Laura, o que ele vai pensar de você? Controle-se! Sabe do que mais? Controlar o quê? Estou louca por ele, nunca mais vou ter um homem como este na minha frente, não sou nenhuma menininha inocente. O que estou fazendo deitada aqui? Azar se nada der certo, se eu for sofrer mais tarde, se o mundo acabar... Exploda-se!
Levantei da cama e, ainda vacilante, cheguei até a porta do banheiro e fiquei espiando. Ele me viu.
- Venha! - disse ele me estendendo aquele braço magnífico.
Cheguei mais perto e ele me puxou para dentro da banheira, estilo romano, sobre a qual o chuveiro jorrava uma água deliciosamente gelada, e começou a me beijar. Suas mãos passaram a percorrer todo meu corpo e, sem pressa, foi tirando minha roupa íntima. Aí, perdi a noção de onde estava. Só sentia a presença daquele corpo rijo, forte, suas mãos em meus seios, que logo foram substituídas pelos lábios. Ah! Eu poderia morrer naquele momento. Ele me virou de costas e passou a me acariciar os seios e o ventre. Ondas de prazer, contrações... Eu nunca tinha sentido nada igual.
Ele continuava na ânsia de conhecer cada milímetro do meu corpo. De repente, ele me virou novamente e, me levantou pelas nádegas até o seu quadril, fazendo com que eu enlaçasse sua cintura com minhas pernas. Eu já estava completamente enlouquecida, quando o senti me penetrando, com força, quase selvagem. Um misto de dor e prazer foi tomando conta de mim. Agarrei-me em seu pescoço e passei a gemer, quase a gritar. As sensações que vieram depois são indescritíveis. Fomos ao orgasmo juntos. Perdi a noção de tudo. Depois disso, uma paz e um relaxamento tal foi tomando conta de mim, que fiquei com medo de cair. Mas, ele continuava me segurando. Foi afrouxando aos poucos aquele abraço e me colocando suavemente no chão. A água continuava correndo, como um bálsamo por nossos corpos exaustos. Então, ele me beijou. O beijo mais doce do mundo.
- Agora podemos tomar o nosso banho. Quer que eu passe o sabonete em você?
Depois daquele banho demorado, surgiu a dúvida de como eu ia vestida para a balada com ele.
- Querida, nós estamos em NY. Aqui nós podemos comprar o que quisermos, a hora que quisermos.
- Mas, eu tenho roupa apropriada... Só que em casa.
- E onde é a sua casa?
Aí, fiquei com vergonha de dizer que era no subúrbio e que eu levava pelo menos 30 minutos de metrô para chegar lá. Acho que ele sentiu que eu havia ficado sem jeito e disse que não tinha problema nenhum. Já estava decidido. Eu ia ganhar uma roupa nova para dançar!
Pegou o telefone e fez algumas ligações, enquanto eu preparava uma omelete para nós, pois estávamos famintos. Em menos de 30 minutos, recebemos a visita de uma jovem senhora, chamada Emmy, que tinha uma loja na 5ª Avenida. Ela levou uma mala com várias peças, sendo que uma delas era um vestido verde, maravilhoso, com um grande decote na frente, uma faixa mais larga na cintura e uma saia plissada, o que dava um movimento lindo ao vestido. Como era a peça mais cara, fiquei com vergonha de escolhê-lo. Novamente, ele leu meus pensamentos e resolveu que aquela era a roupa ideal para o que queríamos. Fui experimentar e ele caiu como uma luva em mim. Quando surgi na sala, Arthur deu um grande sorriso de aprovação. Logo dispensou a mulher, com um "gordo" cheque e voltou-se para mim.
- Laura, você está tão deslumbrante que já estou quase desistindo de sair - disse. Aproximou-se, foi me envolvendo com o seu abraço, aqueles olhos incendiados pelo desejo e começou a me beijar. Consegui afastá-lo, com alguma dificuldade, pois eu também já estava quase caindo em tentação e disse:
- Arthur, acho melhor a gente sair. Se continuarmos deste jeito, logo não vai sobrar nada de nós. Você mesmo tinha dito que precisávamos de um tempo para nos conhecer melhor, lembra? Além do mais, estou precisando sair e dar uma arejada. Desde que vim para esta cidade, não saí nenhuma vez. Acho que vai ser fascinante conhecer a noite de NY com você.
Já eram 23 horas quando ele parou o seu carro em frente ao night club "Gypsy Tea", na 33W. O manobrista abriu minha porta, ajudando-me a sair e logo em seguida pegou as chaves com Arthur . Passamos por uma enorme fila e chegamos à porta de entrada, onde um monstruoso e carrancudo porteiro vigiava a entrada. Ao ver meu acompanhante, abriu-se em gentilezas e nos fez entrar, para desespero da "massa" que ficou para trás. Lá dentro, a música vibrava em alto volume. A decoração era em tons de roxo e laranja, com muitos neons. Atordoante! Comecei a pensar se teria sido boa idéia vir até aqui para nos conhecermos melhor. Ali não era um local muito apropriado para se manter um diálogo íntimo. De qualquer forma, já havia reparado que Arthur adorava a noite. Havia me apaixonado por um noctívago como eu. Sempre adorei sair à noite e dançar até não agüentar mais. Nos últimos tempos, a busca por trabalho, amores frustrados e a ida para os EUA, tinham abafado este meu lado.
Logo, comecei a sentir um certo desconforto devido aos olhares invejosos para mim e de sedução para ele, principalmente das mulheres presentes. Fui em frente, como se não fosse comigo. Arthur também me pareceu um pouco acanhado com este clima. Mas, ia distribuindo cumprimentos e sorrisos para todos.
Eu não imaginava que ele era tão conhecido assim. Acho que só eu era o "bicho do mato".
Assim que sentamos e fazíamos os pedidos de duas Cocas bem geladas, duas mulheres muito maquiadas e bem arrumadas, praticamente se jogaram sobre a mesa, com sorrisos encantadores. Falaram algo no ouvido dele. Logo em seguida surgiram, Deus sabe de onde, guardanapos de papel e caneta, que imediatamente foram colocados na frente dele para que os autografassem. Parecia que eu era invisível. Elas tentavam seduzi-lo na minha frente. Que ódio!
Quando finalmente, depois de sermos "atacados" por mais quatro mulheres e dois homens (!), fomos para a pista de dança. Aí, senti que éramos só nós dois. Ele me olhava dentro dos olhos, de um jeito que me derretia toda. Sempre que a música permitia, ele dava um jeito de me enlaçar e colar-me junto ao seu corpo. Estava me divertindo muito.
Paramos um pouco, para descansar e beber um refrigerante, quando vi Roxane aproximando-se da nossa mesa. Logo atrás, vinham dois casais. Foram chegando e cumprimentando efusivamente. Notei que as mulheres me ignoraram e os homens quase me comeram com os olhos. Não gostei daquela sensação. Roxane se jogava sobre Arthur de forma exagerada. Quando dei por mim, eles estavam conversando animadamente, como se eu não estivesse ali. De repente, ouvi Roxane me apresentando para os demais, como a nova cozinheira do Mr. MacCain. Todos caíram na risada! Para mim, foi o estopim. Porque ele não havia nos apresentado? Será que estava com vergonha de mim? Senti as lágrimas brotando e resolvi sair dali. Não fugi, para não dar o gosto de fazer um escândalo. Saí andando em direção ao toalete feminino, sem olhar para trás. Antes de chegar lá, duas mãos me agarraram com firmeza e fui obrigada a encarar aqueles olhos verdes.
- Onde você vai? - me perguntou.
- Vou ao toalete, não está vendo?
- E estas lágrimas?
- Deve ser a fumaça de cigarro. Odeio cigarro! - disse eu, exatamente para magoá-lo, pois este era um vício do qual ele ainda não conseguira se libertar.
- Não seja boba! Venha aqui! Vou te apresentar ao pessoal.
- A Roxane já fez este favor. Não ouviu? Acho que está na hora de me retirar. Aliás, já deve ser domingo e estou iniciando a minha folga de domingo.
- Laura, não me faça perder a paciência. Já te falei que a Roxane não é boa de cabeça!
- Me parece que ela sabe muito bem como humilhar alguém - disse eu, fazendo força para engolir o choro e a vergonha que sentia naquele momento. Porque ele não me defendera daquela megera?
- Eu vou com você. Ainda temos muito que conversar.
Dizendo isto, ele me segurou gentilmente pelo braço e começou a caminhar em direção ao grupo de amigos. Entrei em pânico. Não queria ser exposta mais uma vez, nem ficar frente a frente com aquela Roxane. Mas, não tive como escapar.
- E aí, Arthur!! Vamos nos divertir então? - perguntou um dos homens.
- Infelizmente, não. Estamos um pouco cansados e vamos embora. Voltei aqui para corrigir uma grave falha minha, que foi não apresentar a minha noiva, a Srta Laura - disse ele com um sorriso. Notei um desconforto neles, mas principalmente na Roxane, que parecia ter engolido um sapo venenoso.
- Como assim, noiva? Você não nos falou nada antes! Que história é esta?
Comecei a recuperar o meu humor, minha auto-estima e a confiança naquele homem, por quem estava perdidamente apaixonada.
- Queríamos manter tudo em segredo. Sabe como é o nosso meio. Cheio de paparazzis e curiosos. Nos conhecemos quando estive no Brasil, no início deste ano, e ficamos muito apaixonados. Não é mesmo Laura?
- É mesmo, Arthur - falei com a cara mais feliz do mundo.
- Bem, pessoal, foi um prazer rever vocês, mas vamos aproveitar nossa noite de uma maneira mais interessante. Até mais! Vamos, meu amor.
Dizendo isto, passou seu braço direito sobre meus ombros, enquanto eu o abraçava na cintura, e saímos. Íntimamente, eu dava pulos de alegria, só de lembrar a cara da Roxane.
Deixamos o Gypsy Tea e, enquanto esperávamos o carro, não consegui parar de olhar para ele, aquele homem poderoso, que parecia um rei, tão lindo, elegante e gentil, que tinha, num instante, feito com que eu esquecesse de toda a vergonha pela qual tinha passado.
- Se não parar de me olhar deste jeito agora, vou ser obrigado a fazer amor com você aqui mesmo - falou, com aquele sorriso maroto de sempre.
- Arthur, eu não sei o que dizer ou fazer para te agradecer o que aconteceu lá dentro. Claro, que sei que a estória de noiva foi uma desculpa, mas você conseguiu me fazer muito feliz e confiante.
- Quem disse que aquilo foi estória? Eu nunca falei tão sério na minha vida. Aliás, eu nunca estive tão apaixonado.
Neste instante, o carro chegou. Ele abriu a porta para eu entrar e foi para o volante.
- Então, futura Mrs. MacCain, vamos para casa?
- Com certeza, meu amor!
Nos beijamos e partimos para mais uma noite de amor, das muitas que se seguiriam a partir daquela.
Hoje, faz um ano que estamos juntos. Já consigo conviver com os constantes avanços das fãs e de colegas de trabalho, dominando o ciúme. Sei que ele é meu e de ninguém mais. E como dizia o nosso poetinha: "Que seja eterno enquanto dure..."
FIM
Isto é que é amor-relâmpago, não? Já pensaram se fosse assim na vida real?... Que maravilha! Mas não acho que seja impossível. Difícil é achar alguém que nos cause esta paixão à primeira vista e que corresponda igualmente. Mas não custa sonhar...
Se alguma de vocês já tiver tido uma experiência semelhante, comente e conte. Quem sabe isto não dá um romance?
Beijos!
O Sabor do Amor
Lá estava eu, Laura, a caminho daquela agência de empregos famosa em Nova York, para tentar colocação como cozinheira em algum apartamento chique da Big Aple. Brasileira, filha de uma carioca e de um americano, graças ao meu passaporte americano consegui escapar daquela vida sem perspectiva no Brasil. Infelizmente nada aconteceu como eu havia planejado. Com um diploma de advogada nas mãos, nada consegui profissionalmente. O mercado de trabalho difícil, cercada por colegas inescrupulosos, desilusões amorosas acumulando-se... Nada mais me prendia àquele lugar. Começaria do zero, onde ninguém me conhecesse. Quem sabe algo de bom pudesse acontecer? Graças ao amor pela culinária, adquirido desde cedo vendo minha mãe dedicar-se aos seus quitutes, resolvi colocar estas habilidades em prática na nova profissão. Provavelmente a maioria de meus conhecidos ia dizer: "Coitada! Não conseguiu vencer na carreira e foi ser empregadinha nos Estados Unidos. Que decadência!". Talvez, mas é um modo de recomeçar.
Cheguei no horário combinado com a secretária da agência. Fui recebida com um grande sorriso e um efusivo parabéns, que eu achei meio desproporcionais para a ocasião. Logo, fui encaminhada para a sala da dona da agência, onde fui informada de que começaria a trabalhar no apartamento de um ator escocês, chamado Arthur McCain. Ele estava à procura de uma cozinheira e quando soube que havia uma brasileira para a função, nem quis olhar outros currículos. Portanto, o cargo era meu e deveria iniciar no dia seguinte.
Nunca havia ouvido falar deste ator. Não era muito chegada em cinema. Na agência me disseram que ele havia feito muito sucesso com um filme sobre guerreiros espartanos. Já fiquei imaginando a figura. Algum tipo cheio de si, com músculos saltando para todo o lado, querendo uma cozinheira exótica para mostrar aos amigos. Enfim, alguém insuportável, que provavelmente nem saberia distinguir carreteiro de risoto. Bem, desde que pagassem em dia, estes detalhes não me importavam. Ainda bem que eu não precisaria dormir no emprego. Talvez, com o bom salário que ele estava oferecendo, eu pudesse alugar um apartamento melhor do que a peça onde estava morando desde que chegara há um mês.
Depois de uma boa noite de sono, levantei cedo, coloquei meu melhor vestido e prendi o cabelo em um rabo de cavalo. Ao olhar no espelho, o conjunto era agradável: herdara de minha mãe o corpo roliço, boas medidas, os cabelos escuros, levemente ondulados. De meu pai, a pele mais clara e os olhos azuis. É, até que eu não era feia. Naquela manhã, particularmente, estava me sentindo muito bem. "Vamos lá, enfrentar a fera".
Fui até o endereço. Era um prédio de apartamentos antigo, mas muito chique, próximo ao Central Park. De cara, já fiquei sabendo que havia uma entrada para os empregados. O que fazer? Era isso que eu era, não é mesmo? Lá me fui para o elevador dos fundos. Subi até o 9º andar e toquei a campainha. Fui atendida por uma senhora, que se apresentou como Dolores, provavelmente mexicana, muito simpática, que me fez entrar e pediu que eu esperasse, pois o secretário do Mr. McCain estava a minha espera para falar dos detalhes da minha contratação. Enquanto aguardava, comecei a admirar o que seria o meu local de trabalho. A cozinha era linda, com eletrodomésticos todos brancos, com uma bancada de mármore negro ao centro, onde eu poderia me divertir, preparando meus melhores pratos. Ainda não imaginava as outras utilidades daquela bancada. O chão era todo quadriculado, como um tabuleiro de xadrez, com lajotas pretas e brancas. Parecia coisa de revista. Ele deve ter gastado uma fortuna só com esta cozinha. Imagina o resto da casa! Estava louca para conhecer. Pelo menos o decorador tinha bom gosto. Duvidava que tivesse havido algum palpite do morador.
Depois de esperar mais de 45 minutos, o tal secretário apareceu, apresentando-se como Mr. Anthony. Era um tipo meio afetado, que falava de com sotaque britânico.
_ Bem, senhorita... Laura. É isso mesmo? - nem pediu desculpas pela demora, o grosso - Quero que a senhorita saiba que Mr. MacCain é uma pessoa muito ocupada, que não deve ser incomodado com assuntos banais. Ele, neste momento se encontra filmando em Londres, mas deve retornar dentro de três dias. Ele anda cansado de ter que comer em restaurantes ou em casas de amigos, por isso ele a está contratando. O que queremos é o trivial, sem grandes requintes. Uma comida caseira, conforme ele solicitou. Ele gostou de saber que a senhorita é brasileira, pois ele admira muito a culinária do seu país. Espero que a senhorita esteja preparada para tal função. Pode preparar uma lista do que vai precisar e mandaremos alguém comprar.
Aí, tive de interrompê-lo:
_ Eu gostaria de fazer as compras eu mesma, pois é importante escolher produtos de qualidade. Não gostaria de delegar esta função a alguém que não conhece nada de culinária.
Parece que o Mr. Anthony gostou de meu interesse e aceitou meu pedido. Combinamos que eu teria um cartão de débito, claro que teria um limite de despesas, mas que eu teria liberdade para fazer as compras ao meu modo. A minha semana teria 6 dias com uma folga semanal. Provavelmente no domingo. O salário seria aquele acordado com a agência.
- Mais alguma dúvida, senhorita Laura?
- Não, Mr. Anthony. Está tudo claríssimo. Assim que o Mr MacCain chegar, estarei à sua inteira disposição. Espero que ele goste de meus quitutes.
- Também espero, Srta. , para o seu próprio bem.
Nossa, que coisa mais assustadora para se dizer. Será que ele era tão exigente, este Mr. MacCain? Teria que aguardar ainda três dias para conhecer o meu patrão. Já sentia um pouco de ansiedade. Calma, Laura. Não pode ser tão terrível.
No dia seguinte, fui às compras. Pedi para entregar no prédio do Mr. MacCain. Enquanto aguardava a entrega, pedi à Dolores para conhecer o resto do apartamento.
Era lindo. Parecia um sonho. Muito bem decorado, com peças de antiquário, misturado a peças modernas. Muito aconchegante. O quarto principal era de cinema. Só podia, não?
Brincadeira. A cama era um convite. Kingsize, com um dossel maravilhoso, todo de madeira entalhada, envelhecida, com tapetes, cortinas e edredon com cores quentes. Quem fez a decoração estava pensando nas loucuras que poderiam ser feitas naquela “alcova”. Será que o meu patrão saberia como fazer uso de tudo aquilo ou ele seria um tipo afetado e sem graça como o seu secretário? Laura, pára de pensar bobagem. Tão cedo eu não queria saber de nada disso, depois de ter conhecido tantos canalhas, acho que tinha ficado vacinada contra este tipo de coisa. Paixão era algo distante para mim, no momento. Queria tocar minha vida sem atrapalhações. Talvez um dia, muito distante.
No meu segundo dia de trabalho, resolvi fazer alguns congelados, que poderiam facilitar as coisas, no caso de Mr. MacCain pedir alguma refeição fora de hora. Deixaria algumas coisas já encaminhadas para esperar a chegada dele no dia seguinte. Comecei a preparar algumas quiches, que poderiam servir como acompanhamento ou como lanche. Estava distraída, trabalhando na bancada, cantarolando e rebolando (me sentia muito bem cozinhando), quando ouvi um barulho atrás de mim. Pensei que fosse Dolores e pedi que ela me alcançasse a manteiga que estava na geladeira ao seu lado. Ouvi seus passos, a porta abrindo e fechando. Já estava agradecendo com um grande sorriso, quando vi uma grande mão masculina segurando o pacote de manteiga. Virei rapidamente, assustada com aquela presença estranha, quando me deparei com um homem alto, - ele devia ter 1,90m, pelo menos - cabelos ligeiramente grisalhos, que iluminavam o seu rosto, olhos azuis esverdeados profundos, que pareciam ver a minha alma e mais alguma coisa, e uma boca de tirar o fôlego. Soltei um tipo de grunhido, pois não conseguia encontrar a voz. Ele só me olhava como se estivesse se divertindo com o meu estado, com um meio sorriso irônico. Quando consegui me refazer um pouco, consegui perguntar quem era ele e o que estava fazendo na minha cozinha. Ele largou a manteiga sobre a mesa e disse:
- “Eu é que deveria perguntar o que uma mulher linda e desconhecida está fazendo na “minha” cozinha”.
Depois de alguns segundos, caiu a ficha. Seria ele o Mr. MacCain?? Não era possível! Eu estava perdida. Tinha sido pega cantando, rebolando e, ainda por cima sendo grosseira com ele, no primeiro contato. Adeus emprego. Todos meus planos iam por água abaixo. Fiquei aguardando um sonoro "Goodbye, miss". Mas, ele caiu na risada. Fiquei indignada!
- Se você pudesse se olhar no espelho agora saberia por que estou rindo. Parece que você viu uma assombração. Desculpe estar rindo de você. Deixe me apresentar: Arthur.
Arthur???, pensei.
- Mr. MacCain??? - disse.
- Por favor! Não me chame de Mr. MacCain. Sinto-me com 300 anos de idade. Isso é coisa daquele meu secretário . Me chame de Arthur, por favor. Então você é a nova cozinheira? _ _ Sim - disse eu com a voz meio trêmula - O Mr. Anthony falou que o senhor - e ele me olhou de forma irônica de novo - quer dizer, você, chegaria só amanhã.
- É, mas as filmagens terminaram mais cedo e eu resolvi antecipar a viagem de volta. Fui recompensado, pois acabei tendo uma surpresa muito boa.
Seu olhar parecia cobrir todo o meu corpo, tirando cada peça , uma por uma, até eu me sentir completamente nua. Devo ter ficado vermelha, pois ele deu mais um sorrisinho sarcástico e falou:
- Seja bem vinda ao meu humilde lar. Acho que vamos ser grandes amigos. Vou descansar um pouco, pois a viagem durou mais de 15 horas, com espera em aeroporto e tudo o mais. Peça para a Dolores me acordar em torno de 19 h, ou você mesma pode fazer isto, se quiser. Vou jantar em casa hoje, portanto, mãos à obra, querida.
- O Sr., sorry, você tem algum pedido especial?
- Me surpreenda, ahn... Qual é o seu nome? Perdão por não ter perguntado antes.
- Laura.
- Então, Laura, você escolhe o que vou comer, ok? Até mais.
Assim que ele saiu do meu campo de visão, parecia que o chão estava se abrindo abaixo de mim. Aquele homem era de perder o fôlego e, eu trabalhava para ele. Ouvi uma risadinha vindo do outro canto da cozinha. Era Dolores!
- E aí, minha linda, conheceu o patrão? Parecia que você ia desmaiar a qualquer minuto. Não deixa ele reparar, porque senão você está perdida.
- Como assim?? - perguntei.
- Um hombre como este não deixa uma mulher bonita como você passar incólume.
- Dolores, por favor, não me assusta! É o meu primeiro emprego por aqui e você fica me pondo minhocas na cabeça. Estou vacinada contra homens deste tipo. Comigo ele não vai conseguir nada. Ele que vá posar de galã para as deusas de Hollywood.
- Está certo , então. Não está mais aqui quem falou. Na verdade, ele é um amor de pessoa. Você vai descobrir isto logo, logo. Mas cuide bem do seu coraçãozinho. Não quero vê-la machucada, minha rica.
Resolvi não pensar mais nisso e fui tocar minha cozinha para preparar o jantar para o Mr. MacCain. Dei o recado dele para Dolores e fui pensar no cardápio para logo mais.
O jantar já estava quase pronto quando me dei conta de que eram 19 h e a Dolores ainda não havia ido chamar Arthur. Lembrei-a do fato e ela me pediu o favor de acordá-lo, pois ela estava muito ocupada com seu serviço. Fiquei chateada de ter que entrar no quarto, mas não havia alternativa. Bati na porta, mas não obtive resposta. Esperei um pouco e resolvi entrar. O quarto estava na penumbra. Era Verão, por isso ainda entravam alguns raios de sol através das cortinas. Quando olhei para a cama pude ver os contornos de Arthur. Ele estava completamente nu, virado de bruços, agarrado ao travesseiro. Era possível ver o contorno de seus ombros fortes, os músculos dos braços, bem torneados, o torso largo, que terminava numa onda suave em direção às nádegas, arredondadas, firmes. Como o corpo de um homem podia ser tão belo. Saí do meu devaneio quando ele se mexeu e falou com voz rouca:
- É você, Dolores?
Não conseguia responder. Estava paralisada. O que ele ia pensar ao me ver ali parada vendo-o naqueles "trajes"? Quando notei que ele ia levantar-se, saí quase correndo, mas antes ainda pude perceber o esboçar de um sorriso. Acho que ele percebera que era eu. Cretino! Ainda por cima ria de mim e da situação constrangedora em que me meti. Homens!! Voltei para a cozinha, aonde cheguei ofegante e pálida, depois de passar do rubor à incandescência. Dolores perguntou algo, mas antes que eu pudesse entender a pergunta e responder, ele apareceu na porta trajando um robe de seda verde escuro, que realçava ainda mais os seus olhos.
- Da próxima vez, bata na porta, por favor.
- Mas, eu bati - oops, eu havia sido flagrada. Que furo! Ele me olhou com, aquele sorrisinho irritante, como que dizendo "Te peguei!" Ai, que ódio!
- O jantar já está pronto?
- Quase.
- Então vou tomar um banho agora. Você pode me esperar?
- C-claro!
- Ótimo!
Tão logo ele se virou, Dolores disse que já tinha acabado seu serviço e que seus netos a estavam esperando.
- Como?Você vai me deixar aqui, sozinha com este maníaco?
- Querida, ele não é um maníaco. Você é que tem de se controlar. Vai dar tudo certo, está bem? Um ótimo final de semana para você!
- O que?? Amanhã você não vem?
- É a minha folga , meu bem. A sua é domingo. Não podemos tirar folga no mesmo dia, esqueceu? Não se preocupe. Vai dar tudo certo.
Virou-se e foi arrumar suas coisas para sair e me deixar a mercê daquele... Oh, Deus! O que eu faço??
Depois de meia hora de pânico, comecei a me acalmar, pensando porque a demora neste banho. Após 1 hora e quase perda total do meu jantar, resolvi entrar na sala e ver onde ele estava. Talvez estivesse esperando ser chamado. A mesa já estava posta na sala de jantar. Quando estava saindo da cozinha, me choquei com ele, que vinha entrando. Como quase caí para trás, ele me segurou pela cintura e me puxou contra o seu corpo. Senti o chão faltar sob meus pés. Ele me agarrou com mais firmeza e perguntou:
- Você está bem?? Desculpe, mas não vi que você estava entrando na sala. Eu a machuquei? - disse ele, realmente preocupado.
- Não, imagina. Foi só o susto.
- Puxa, não sabia que já andava assustando menininhas por aí. Dever ser a idade chegando.
- Não foi isso que eu quis dizer! Ah! Deixa prá lá. Pode me soltar, por favor?
Ela o empurrou, tocando em seus braços e sentiu seus músculos retesados, sem falar no perfume que aquele homem exalava por cada poro. Isto não podia estar acontecendo. Eu não vou cair em tentação, não!
Depois de alguns segundos, ele me soltou com delicadeza e pediu desculpas, novamente.
Parecia ter ficado surpreso com a minha reação de repúdio ao seu contato. Provavelmente, pensou que eu me largaria em seus braços e ...
- Vi que a mesa foi colocada na sala de jantar. Eu gostaria de comer na cozinha, se você não se importar. Não gosto de jantar sozinho.
- Mas??
- Algum problema?
- Claro que não. Vou colocar a mesa aqui.
- Você já jantou?
- Não, eu costumo jantar mais tarde, em casa.
- Tem alguém te esperando? Namorado, marido...??
- N-não!
Porque eu não calava a minha boca. Caí em outra armadilha. O que ele tinha a ver com a minha vida pessoal?
- Então, janta comigo?
- Não, obrigada pelo convite, mas estou sem fome.
- Mas, ao menos, pode me fazer companhia? Ainda não tivemos chance de nos conhecer. Vamos conversar um pouco? - disse ele com um olhar tão terno e suplicante, que eu não tive como resistir.
- Está bem. O que você quer saber? Chegou a ler o meu currículo?
- Acho que você deve ser muito mais do que o que está escrito em algumas folhas de papel, não?
- A minha vida não tem nada de interessante, ao contrário da sua.
- Como você veio parar aqui, como cozinheira? Você não parece uma pessoa humilde.
Com aquela conversa mansa, acabei contando que tinha feito Direito no RJ. Quando ele soube disto, vi um brilho naqueles olhos verdes.
- Sério?? Que coincidência! Eu também, lá em Glasgow!
A partir daí, nossa conversa começou a fluir de uma maneira tal, que parecia que já nos conhecíamos há muito tempo. Muitas coisas, sentimentos e decepções, tínhamos em comum. Quase chorei quando ele me contou sobre o seu pai, que ele acabou perdendo poucos anos após seu reencontro, a luta para mudar sua vida e afastar-se da bebida. Eu fui percebendo uma pessoa diferente daquela que eu tinha imaginado. Uma pessoa sensível, determinada e muito amorosa.
Quando vimos, já haviam se passado quase duas horas e estávamos rindo de nossas experiências. De repente, parecia que o mundo tinha parado e não havia mais ninguém. Nossos olhares se cruzaram e um calor foi tomando conta de mim. Ele tocou na minha mão, que estava próxima à dele, e uma onda de eletricidade percorreu meu corpo.
- Parece que temos muito em comum, Laura. Além de linda você também é uma pessoa maravilhosa.
Ele foi se aproximando, aos poucos, me hipnotizando com aqueles olhos. Ah! Aqueles olhos... Quando me dei conta a sua boca estava muito próxima da minha. Tentei ir para trás, mas senti seus braços me envolvendo, fortes, mas muito docemente, até que seus lábios tocaram os meus, suavemente.
Meu corpo reagiu como nunca. Senti que flutuava. Senti seu abraço forte e a pressão sobre os lábios aumentou. Senti sua língua penetrando minha boca. Aí, não conseguia mais resistir. Comecei a abraçá-lo, também, como se quisesse fundir nossos corpos. Suas carícias passaram da minha nuca, descendo pelas minhas costas, chegando ás nádegas. Todo o meu corpo reagia como se fosse uma usina nuclear a ponto de explodir. Ele começou a desabotoar minha blusa, com cuidado, sempre me olhando com uma paixão que eu nunca tinha visto nos olhos de nenhum outro homem. Todo meu corpo se contraía de prazer. Comecei a abrir o zíper do moleton que ele vestia, até vislumbrar aquele peito másculo, o abdômen de músculos bem definidos. Comecei a beijá-lo, desde o pescoço, descendo aos poucos em direção ao ventre. Ele gemia de prazer. Num rompante, ele jogou tudo que estava sobre bancada no chão. Nem o barulho de pratos quebrando nos tirou daquele êxtase. Segurou-me nas nádegas, me colocando sobre a bancada fria. Podia sentir sua ereção e vibrava ao imaginar ele me penetrando. As carícias continuavam cada vez mais intensas. Ao longe ouvi uma campainha, insistente e irritante. Senti ele se afastar, parecendo irado com aquela interrupção.
- Droga! - ele disse - Vou ter de atender a porta, senão ela vai ser derrubada a qualquer instante.
Lançou-me um olhar muito terno, como se pedindo perdão por ter interrompido aquele momento. Vi que ele estava meio sem jeito, ainda com o rosto afogueado, mas pediu-me que me arrumasse. Custei um pouco para me refazer de tudo que tinha acontecido, um momento de loucura maravilhoso, que havia sido cortado daquele jeito. Não sabia se estava triste ou se agradecia por não ter ido adiante. Afinal havíamos nos conhecido naquele dia. As coisas estavam acontecendo rápido demais.
Ele se recompôs após alguns minutos. A campainha continuava insistentemente a tocar. Pensei "quem será este maluco?"
Pediu-me que esperasse e que não fosse embora. Entrou na sala e foi abrir a porta da entrada.
- Oi, meu amor! Soube que tinhas voltado de Londres hoje e resolvi vir até aqui para conversarmos um pouco.
Era uma voz de mulher, espalhafatosa, vulgar. Seria a namorada dele? Meu sangue começou a ferver.
- E precisava tocar a campainha daquele jeito! Olha, Roxane! Tem que aprender a ter mais educação. Eu podia estar dormindo, podia não estar em casa.
- Eu sabia que você estava em casa. O seu porteiro disse que seu carro estava na garagem, por isso subi. Não vai me convidar para entrar, Sr. Educado??
- Claro, entre - disse ele em voz baixa.
Naquele momento, não resisti e olhei para dentro da sala, na direção deles, e vi uma morena, com uma blusa vermelha, muito decotada, dando um beijo na boca de Arthur. Aquilo me fez sentir traída. O ciúme parecia corroer meu peito como ácido, queimando, até levar lágrimas aos meus olhos.
- Laura!!
Ele havia me visto. Mas saí correndo para os fundos, consegui pegar minha bolsa e alcancei a porta de serviço rapidamente. Ainda o ouvi gritando meu nome, mas ele não veio atrás de mim. Ficou com aquela louca. Deviam se merecer! Uma onda de ódio substituiu tudo de bom que eu havia sentido antes. Não conseguia parar de chorar. Peguei o primeiro táxi livre que passou e fui para casa, sentindo como se a morte estivesse me seguindo. Sentia raiva de mim mesma por ter sido tão estúpida por ter cedido ao charme dele. Acreditei que ele pudesse ser diferente dos outros. Mas, como sempre, fora enganada!
Cheguei em casa e me atirei na cama já quase sem forças de tanto me maldizer.
No meio da madrugada, já um pouco mais calma, depois de pensar em não voltar nunca mais naquele apartamento, consegui raciocinar melhor. Não, eu não deixaria de ir trabalhar no dia seguinte. Afinal, ainda era o meu emprego. Talvez até pudesse processá-lo por abuso sexual. Aqui nos EUA isto era muito comum. Ora! Que idéia mais absurda, Laura. Eu nunca teria coragem de fazer isto, principalmente com ele. Apesar de tudo, por mais que eu negasse, acho que estava apaixonada. Parecia impossível. Nunca acreditei em paixão fulminante, mas era o que estava acontecendo comigo. Pena que a ilusão de ser correspondida tinha durado tão pouco. Um dia!!! Não dava para acreditar como eu tinha me entregado tão fácil. Ele devia estar dando risada com aquela bruxa até agora, com pena da pobre empregadinha. Mas eu ia dar a volta por cima. Ia me fazer de louca e continuaria meu trabalho como se nada tivesse acontecido. Oh! Deus! Será que eu conseguiria?
No dia seguinte, depois de tomar um banho, fiz uma maquiagem leve, que pudesse esconder as olheiras da noite não dormida, coloquei uma calça jeans e uma blusa branca, para dar a impressão de "tudo bem". Será que eu enganava alguém assim?
Peguei meu metrô e fui ver se ainda tinha um emprego. Fui obrigada a tocar a campainha da entrada de serviço, pois não haviam me dado uma cópia da chave. E eu quase já tinha me entregue para o patrão... Pára de pensar assim sua, débil mental!
Toquei por três vezes, rezando para que a porta não se abrisse e eu desse de cara com ele. Quando a porta foi aberta, quem estava a minha frente era o Mr. Anthony.
- Bom dia, Srta Laura. Algum problema? Está um pouco atrasada.
- Bom dia, Mr Anthony, e desculpe pelo atraso, mas não tive uma boa noite.
- Parece que só eu acordei bem hoje. Mr. MacCain também acordou com uma cara péssima. Deve ser a troca de fuso horário.
- Ele está? - peguntei com voz quase inaudível.
- O quê? Ah! Sim...Quer dizer, não. Ele teve de ir a um encontro com um produtor, para discutir a participação em um filme. Talvez não volte para almoçar, mas eu estarei morrendo de fome. Recebi elogios à sua comida e quero provar também. Não lembro se comentei antes, mas no dia da folga da Sra. Dolores, a Srta. fica encarregada de arrumar o quarto do Mr. MacCain, e de dar alguma ajeitada na casa. Algum problema com isto?
- Não, é claro! Posso começar imediatamente.
- Ok! Mãos à obra, então.
Larguei minha bolsa e fui dar uma olhada no resto da casa. Parecia tudo tão arrumado como sempre. Sem sinais de orgias sexuais pelo caminho. Por falar nisso, a louça quebrada na noite anterior havia desaparecido e a cozinha estava impecável. Duvido que tivesse sido o Mr. Anthony que houvesse se dado a este trabalho, muito menos a maluca escandalosa da Roxane...Urgh!!
Entrei no quarto e também não havia sinal de nada. Será que ele não tinha transado com ela? Sobre a mesa de cabeceira estava um aparelho celular. Olhei para os lados e , como não havia ninguém olhando, resolvi bisbilhotar e ver as ligações recebidas e discadas. Poucos segundos depois senti braços musculosos me abraçando por trás, como querendo me prender para evitar minha fuga.
- Que bom que você achou o meu celular. E que bom que o esqueci para poder voltar e te ver assim tão curiosa.
Fiquei sem palavras. De novo, pega em flagrante. Só consegui dizer:
- Perdão - secamente e tentei me desvencilhar daqueles braços tão confortantes. Tentei me virar para fugir daquele olhar, mas só consegui ficar mais próxima dele, agora, de frente.
- Porque você fugiu daquela maneira ontem à noite? Eu pedi que me esperasse.
O seu rosto e o calor que exalava da sua boca me acariciavam os cabelos e a testa. Comecei a sentir o peso diminuir. Estava fraquejando de novo.
- Achei que você estava precisando de privacidade com a sua namorada.
- Ela não é minha namorada! Sua tolinha. Por isso saiu daquele jeito, chorando feito criança?
- Eu não estava chorando.
- Ah! Estava sim, porque dava para ouvir os seus soluços de longe. Não tinha motivo algum para isso.
- Eu sei o que vi. Vocês se beijando!
- Você quer dizer “ela me beijando”. A Roxane não passa de uma velha amiga, muito maluca, que vive querendo falar dos seus próprios problemas, sem levar em conta se o ouvinte está ou não interessado. Quando ela se deu conta que estava atrapalhando, foi embora logo em seguida. Ela não é má pessoa.
- Não sei se dá para acreditar em você, depois do que aconteceu.
- Olha, eu estou atrasado para o meu compromisso. Me espere, por favor, para a gente conversar. À tarde, depois do almoço devo estar de volta. Combinado?
- Acho que sim.
- Olha prá mim.
Quando ergui meus olhos, ele colou seus lábios contra os meus e todas as minhas forças de defesa caíram no mesmo instante. Ele era irresistível!
Assim que ele saiu, tentei me recompor. Arrumei o quarto e voltei para cozinha, onde tentei me concentrar no almoço de Mr. Anthony. Este, continuava por lá, largando as “penas” ao telefone. Ao menos, cozinhar era uma coisa que me fazia muito bem. Ali eu conseguia descarregar as tensões.
A manhã passou sem mais sobressaltos. Era um dia muito quente. Este verão em NY estava prometendo. Servi o almoço para o secretário em torno de 12 h, pois ele disse que teria um compromisso no início da tarde. Depois de ouvir altos elogios para a minha salada de camarões e o suflê de queijo, ele saiu. Arrumei a cozinha e comecei a ficar ansiosa com a volta de Arthur. Ele disse que voltaria depois do almoço com o produtor, mas já eram 14 h, e nada. O sono começou a incomodar. Eu não dormira nada naquela noite passada. Por fim, não resisti ao ar mais fresco na sala principal e resolvi sentar em uma das amplas poltronas confortáveis que haviam por ali. Acabei pegando no sono.
Pareciam ter passado poucos minutos, onde tive sonhos terríveis onde a tal Roxane aparecia acariciando e beijando o Arthur na minha frente e os dois rindo de mim. Horrível. Acordei assustada. Estava deitada na cama dele, só de calcinha e sutiã. Quando virei o rosto, vi que Arthur estava deitado ao meu lado, vestindo só uma cueca branca, de olhos fechados, como se estivesse dormindo. Levei um susto. Como eu tinha ido parar ali? Será que eu ainda estava sonhando? Sem pensar mais, fiz uma tentativa para levantar, mas imediatamente senti aquela mão me agarrando com força, mas gentilmente, me puxando de volta para a cama.
- Aonde você vai? Fica aqui do meu lado. Estou adorando te ver assim, tão linda e frágil.
- Como eu vim parar aqui?
-Quando eu cheguei em casa, você estava dormindo tão tranqüila, mas desconfortável, lá na sala, que pensei em trazê-la para cá. Eu também estava com sono, pois passei uma noite péssima. Aliás, por sua causa. Assim, pensei que poderíamos dormir juntos.
- Mas precisava tirar minha roupa e ficar só de cueca??
- Olha, com o calor que está fazendo, dormir de calça jeans e suada, não é nada confortável. Eu, você já sabe que não gosto de dormir vestido. Fiz muito em ficar de cueca. Mas, se quiser, posso tirar ela agora mesmo - disse ele com aquele ar sarcástico e um sorriso de menino travesso.
- N-não - disse eu, sentindo o rubor subindo à face.
- Você está com medo de mim?
- Não, estou com medo de mim e do que estou sentindo.
- Olha, também acho que as coisas entre nós estão acontecendo muito rápidas. Isto nunca me aconteceu antes. Está sendo uma loucura. Uma loucura deliciosa.
- Arthur, eu...
- Eu sei que precisamos nos conhecer melhor, por isso pensei que a gente podia sair para dançar hoje à noite. O que você acha?
Aquela situação era completamente absurda. Nós dois deitados na mesma cama, quase pelados e conversando. Comecei a ficar excitada, o que não era nada bom. Ele acariciou meu rosto e , como se tivesse lido meus pensamentos, falou:
- Vou tomar um banho frio. Está muito quente. Não quer vir junto?
Aquela pergunta fez meu coração disparar e uma corrente de eletricidade disparou por todo meu corpo. Aquele sorriso malicioso nos seus lábios. Eu tinha de resistir... Será?
- Está bem. Não vou forçar a situação. Fique a vontade, mas pense no meu convite...Em dançar... O outro convite também está de pé.
Ele se aproximou, deu um beijo muito doce no meu rosto e eu tive de me conter para não pular nos seus braços.
Levantou-se e foi tirando a única peça de roupa que cobria aquele corpo lindo e viril. Foi para o banheiro e ligou o chuveiro. Em alguns segundo a minha "usina nuclear" estava novamente prestes a entrar em colapso. Laura, o que ele vai pensar de você? Controle-se! Sabe do que mais? Controlar o quê? Estou louca por ele, nunca mais vou ter um homem como este na minha frente, não sou nenhuma menininha inocente. O que estou fazendo deitada aqui? Azar se nada der certo, se eu for sofrer mais tarde, se o mundo acabar... Exploda-se!
Levantei da cama e, ainda vacilante, cheguei até a porta do banheiro e fiquei espiando. Ele me viu.
- Venha! - disse ele me estendendo aquele braço magnífico.
Cheguei mais perto e ele me puxou para dentro da banheira, estilo romano, sobre a qual o chuveiro jorrava uma água deliciosamente gelada, e começou a me beijar. Suas mãos passaram a percorrer todo meu corpo e, sem pressa, foi tirando minha roupa íntima. Aí, perdi a noção de onde estava. Só sentia a presença daquele corpo rijo, forte, suas mãos em meus seios, que logo foram substituídas pelos lábios. Ah! Eu poderia morrer naquele momento. Ele me virou de costas e passou a me acariciar os seios e o ventre. Ondas de prazer, contrações... Eu nunca tinha sentido nada igual.
Ele continuava na ânsia de conhecer cada milímetro do meu corpo. De repente, ele me virou novamente e, me levantou pelas nádegas até o seu quadril, fazendo com que eu enlaçasse sua cintura com minhas pernas. Eu já estava completamente enlouquecida, quando o senti me penetrando, com força, quase selvagem. Um misto de dor e prazer foi tomando conta de mim. Agarrei-me em seu pescoço e passei a gemer, quase a gritar. As sensações que vieram depois são indescritíveis. Fomos ao orgasmo juntos. Perdi a noção de tudo. Depois disso, uma paz e um relaxamento tal foi tomando conta de mim, que fiquei com medo de cair. Mas, ele continuava me segurando. Foi afrouxando aos poucos aquele abraço e me colocando suavemente no chão. A água continuava correndo, como um bálsamo por nossos corpos exaustos. Então, ele me beijou. O beijo mais doce do mundo.
- Agora podemos tomar o nosso banho. Quer que eu passe o sabonete em você?
Depois daquele banho demorado, surgiu a dúvida de como eu ia vestida para a balada com ele.
- Querida, nós estamos em NY. Aqui nós podemos comprar o que quisermos, a hora que quisermos.
- Mas, eu tenho roupa apropriada... Só que em casa.
- E onde é a sua casa?
Aí, fiquei com vergonha de dizer que era no subúrbio e que eu levava pelo menos 30 minutos de metrô para chegar lá. Acho que ele sentiu que eu havia ficado sem jeito e disse que não tinha problema nenhum. Já estava decidido. Eu ia ganhar uma roupa nova para dançar!
Pegou o telefone e fez algumas ligações, enquanto eu preparava uma omelete para nós, pois estávamos famintos. Em menos de 30 minutos, recebemos a visita de uma jovem senhora, chamada Emmy, que tinha uma loja na 5ª Avenida. Ela levou uma mala com várias peças, sendo que uma delas era um vestido verde, maravilhoso, com um grande decote na frente, uma faixa mais larga na cintura e uma saia plissada, o que dava um movimento lindo ao vestido. Como era a peça mais cara, fiquei com vergonha de escolhê-lo. Novamente, ele leu meus pensamentos e resolveu que aquela era a roupa ideal para o que queríamos. Fui experimentar e ele caiu como uma luva em mim. Quando surgi na sala, Arthur deu um grande sorriso de aprovação. Logo dispensou a mulher, com um "gordo" cheque e voltou-se para mim.
- Laura, você está tão deslumbrante que já estou quase desistindo de sair - disse. Aproximou-se, foi me envolvendo com o seu abraço, aqueles olhos incendiados pelo desejo e começou a me beijar. Consegui afastá-lo, com alguma dificuldade, pois eu também já estava quase caindo em tentação e disse:
- Arthur, acho melhor a gente sair. Se continuarmos deste jeito, logo não vai sobrar nada de nós. Você mesmo tinha dito que precisávamos de um tempo para nos conhecer melhor, lembra? Além do mais, estou precisando sair e dar uma arejada. Desde que vim para esta cidade, não saí nenhuma vez. Acho que vai ser fascinante conhecer a noite de NY com você.
Já eram 23 horas quando ele parou o seu carro em frente ao night club "Gypsy Tea", na 33W. O manobrista abriu minha porta, ajudando-me a sair e logo em seguida pegou as chaves com Arthur . Passamos por uma enorme fila e chegamos à porta de entrada, onde um monstruoso e carrancudo porteiro vigiava a entrada. Ao ver meu acompanhante, abriu-se em gentilezas e nos fez entrar, para desespero da "massa" que ficou para trás. Lá dentro, a música vibrava em alto volume. A decoração era em tons de roxo e laranja, com muitos neons. Atordoante! Comecei a pensar se teria sido boa idéia vir até aqui para nos conhecermos melhor. Ali não era um local muito apropriado para se manter um diálogo íntimo. De qualquer forma, já havia reparado que Arthur adorava a noite. Havia me apaixonado por um noctívago como eu. Sempre adorei sair à noite e dançar até não agüentar mais. Nos últimos tempos, a busca por trabalho, amores frustrados e a ida para os EUA, tinham abafado este meu lado.
Logo, comecei a sentir um certo desconforto devido aos olhares invejosos para mim e de sedução para ele, principalmente das mulheres presentes. Fui em frente, como se não fosse comigo. Arthur também me pareceu um pouco acanhado com este clima. Mas, ia distribuindo cumprimentos e sorrisos para todos.
Eu não imaginava que ele era tão conhecido assim. Acho que só eu era o "bicho do mato".
Assim que sentamos e fazíamos os pedidos de duas Cocas bem geladas, duas mulheres muito maquiadas e bem arrumadas, praticamente se jogaram sobre a mesa, com sorrisos encantadores. Falaram algo no ouvido dele. Logo em seguida surgiram, Deus sabe de onde, guardanapos de papel e caneta, que imediatamente foram colocados na frente dele para que os autografassem. Parecia que eu era invisível. Elas tentavam seduzi-lo na minha frente. Que ódio!
Quando finalmente, depois de sermos "atacados" por mais quatro mulheres e dois homens (!), fomos para a pista de dança. Aí, senti que éramos só nós dois. Ele me olhava dentro dos olhos, de um jeito que me derretia toda. Sempre que a música permitia, ele dava um jeito de me enlaçar e colar-me junto ao seu corpo. Estava me divertindo muito.
Paramos um pouco, para descansar e beber um refrigerante, quando vi Roxane aproximando-se da nossa mesa. Logo atrás, vinham dois casais. Foram chegando e cumprimentando efusivamente. Notei que as mulheres me ignoraram e os homens quase me comeram com os olhos. Não gostei daquela sensação. Roxane se jogava sobre Arthur de forma exagerada. Quando dei por mim, eles estavam conversando animadamente, como se eu não estivesse ali. De repente, ouvi Roxane me apresentando para os demais, como a nova cozinheira do Mr. MacCain. Todos caíram na risada! Para mim, foi o estopim. Porque ele não havia nos apresentado? Será que estava com vergonha de mim? Senti as lágrimas brotando e resolvi sair dali. Não fugi, para não dar o gosto de fazer um escândalo. Saí andando em direção ao toalete feminino, sem olhar para trás. Antes de chegar lá, duas mãos me agarraram com firmeza e fui obrigada a encarar aqueles olhos verdes.
- Onde você vai? - me perguntou.
- Vou ao toalete, não está vendo?
- E estas lágrimas?
- Deve ser a fumaça de cigarro. Odeio cigarro! - disse eu, exatamente para magoá-lo, pois este era um vício do qual ele ainda não conseguira se libertar.
- Não seja boba! Venha aqui! Vou te apresentar ao pessoal.
- A Roxane já fez este favor. Não ouviu? Acho que está na hora de me retirar. Aliás, já deve ser domingo e estou iniciando a minha folga de domingo.
- Laura, não me faça perder a paciência. Já te falei que a Roxane não é boa de cabeça!
- Me parece que ela sabe muito bem como humilhar alguém - disse eu, fazendo força para engolir o choro e a vergonha que sentia naquele momento. Porque ele não me defendera daquela megera?
- Eu vou com você. Ainda temos muito que conversar.
Dizendo isto, ele me segurou gentilmente pelo braço e começou a caminhar em direção ao grupo de amigos. Entrei em pânico. Não queria ser exposta mais uma vez, nem ficar frente a frente com aquela Roxane. Mas, não tive como escapar.
- E aí, Arthur!! Vamos nos divertir então? - perguntou um dos homens.
- Infelizmente, não. Estamos um pouco cansados e vamos embora. Voltei aqui para corrigir uma grave falha minha, que foi não apresentar a minha noiva, a Srta Laura - disse ele com um sorriso. Notei um desconforto neles, mas principalmente na Roxane, que parecia ter engolido um sapo venenoso.
- Como assim, noiva? Você não nos falou nada antes! Que história é esta?
Comecei a recuperar o meu humor, minha auto-estima e a confiança naquele homem, por quem estava perdidamente apaixonada.
- Queríamos manter tudo em segredo. Sabe como é o nosso meio. Cheio de paparazzis e curiosos. Nos conhecemos quando estive no Brasil, no início deste ano, e ficamos muito apaixonados. Não é mesmo Laura?
- É mesmo, Arthur - falei com a cara mais feliz do mundo.
- Bem, pessoal, foi um prazer rever vocês, mas vamos aproveitar nossa noite de uma maneira mais interessante. Até mais! Vamos, meu amor.
Dizendo isto, passou seu braço direito sobre meus ombros, enquanto eu o abraçava na cintura, e saímos. Íntimamente, eu dava pulos de alegria, só de lembrar a cara da Roxane.
Deixamos o Gypsy Tea e, enquanto esperávamos o carro, não consegui parar de olhar para ele, aquele homem poderoso, que parecia um rei, tão lindo, elegante e gentil, que tinha, num instante, feito com que eu esquecesse de toda a vergonha pela qual tinha passado.
- Se não parar de me olhar deste jeito agora, vou ser obrigado a fazer amor com você aqui mesmo - falou, com aquele sorriso maroto de sempre.
- Arthur, eu não sei o que dizer ou fazer para te agradecer o que aconteceu lá dentro. Claro, que sei que a estória de noiva foi uma desculpa, mas você conseguiu me fazer muito feliz e confiante.
- Quem disse que aquilo foi estória? Eu nunca falei tão sério na minha vida. Aliás, eu nunca estive tão apaixonado.
Neste instante, o carro chegou. Ele abriu a porta para eu entrar e foi para o volante.
- Então, futura Mrs. MacCain, vamos para casa?
- Com certeza, meu amor!
Nos beijamos e partimos para mais uma noite de amor, das muitas que se seguiriam a partir daquela.
Hoje, faz um ano que estamos juntos. Já consigo conviver com os constantes avanços das fãs e de colegas de trabalho, dominando o ciúme. Sei que ele é meu e de ninguém mais. E como dizia o nosso poetinha: "Que seja eterno enquanto dure..."
FIM
Isto é que é amor-relâmpago, não? Já pensaram se fosse assim na vida real?... Que maravilha! Mas não acho que seja impossível. Difícil é achar alguém que nos cause esta paixão à primeira vista e que corresponda igualmente. Mas não custa sonhar...
Se alguma de vocês já tiver tido uma experiência semelhante, comente e conte. Quem sabe isto não dá um romance?
Show de bola Ro... hum...Sobrenome mudado... Quem será sua inspiração hein????kkk
ResponderExcluirCarel disse:
ResponderExcluirEpa, essa de cima sou eu, viu???Bjs
Vixe! Vou correndo fazer um curso de direito e pós em gastronomia.
ResponderExcluir"Dorei" Ro.
Já deve ter reparado que tirei feriadão pra colocar minha leitura em dia!
Estou tendo uma overdose de Gerry! Isso é, já que ele não dá ar da graça, né?!
Bjs
Obrigada, Tânia! Pensei que já conhecias estas estórias. Foram as minhas primeiras fics. Fico muito contente que estejas gostando. Beijos!!
ResponderExcluirNossa essa foi uma paixão híper rápida, mas se tratando do "Arthur", ñ tem q perder tempo tem q partir logo para o abraço e outras cositas mais...rss
ResponderExcluirFoi hilário qdo citou que o tal Arthur havia feito sucesso no filme de guerreiros espatanos como se ele tivesse sido um dos figurantes do filme..rss
Bjkas
Amei essa história...
ResponderExcluirvc falou q se alguem tivesse tido um amor relâmpago falasse... apesar de ser bem novinha eu tive...
e foi bom enquanto durou...
bjos e vo ler mais fics...