Ao perceberem que os cavaleiros não estavam ali amigavelmente, os empregados presentes se dispersaram, correndo na direção da casa. O monge e o Dr. Hall se colocaram atrás do altar.
- Valentina! Pai! Levem a Ana para dentro de casa! – gritou Crow prevendo o motivo do ataque inesperado.
- Não, Crow! Vou ficar aqui mesmo! – gritou Ana.
- Não discuta! Esse é um assunto meu!
- Não pense que só porque casamos já pode mandar em mim!
Com sua espada em punho, Crow lançou um olhar de apreensão para Brett, que junto a Bald e Liam já se encontravam em posição de luta. Apesar de armados, estavam em minoria. Os primeiros soldados desmontaram e partiram com as espadas empunhadas para cima deles, sendo recebidos com resistência. A luta iniciou e o som dos metais quebrou a harmonia que estivera pairando ali até poucos momentos antes. Valentina puxou Ana para trás do altar, cochichou algumas palavras e a deixou relutante junto ao médico e ao sacerdote, que observava chocado e medroso o cruzar das lâminas. Assim que viu a amiga segura, saltou na retaguarda dos guardas da rainha, atacando-os furiosamente com golpes em suas costas. Não fosse o vestido nupcial que dificultava seus movimentos e o que Tina lhe havia dito, Ana a teria acompanhado no ímpeto de ajudar seu marido e os amigos, que estavam em temível desvantagem. Timothy, apesar de não estar armado, ainda sabia como usar os punhos numa boa luta corpo a corpo.
De repente, e antes que surgissem feridos graves de qualquer dos lados, uma voz bradou fortemente ordenando que o ataque fosse interrompido. Era Arthur, do alto de sua montaria, que chefiava a missão de prender Crow.
A luta se arrefeceu, como se um balde de água fria tivesse sido jogada por sobre os combatentes.
- Vejo que interrompi sua cerimônia de casamento, Nigel, e isso me deixa com pesar ainda maior pelo que sou obrigado a fazer hoje. – falou Arthur com expressão de visível tristeza. – Infelizmente não posso lhe dar um prazo maior para permanecer junto a sua esposa, mas lhe prometo que, dessa vez, a justiça será feita... Por ordem de Sua Majestade, Rainha Elisabeth I, será preso e levado para julgamento e condenação ou... liberdade.
Ana surgiu a sua frente e se atirou de joelhos diante de Arthur.
- Você não pode fazer isso! Não pela segunda vez! Ele quase morreu naquela prisão antes! Se não tivesse fugido... – Ana não conseguia encontrar palavras que pudessem demover Arthur de sua incumbência, pois no fundo sabia, assim como Crow, que ele apenas cumpria o seu dever. – Não pode fazer isso! – terminou por dizer antes de romper em choro.
- Calma, Ana... – disse Crow, levantando-a do chão e abraçando-a. – Não adianta mais lutar. Estamos em desvantagem. Não quero que ninguém seja ferido por minha causa.
- Nigel... O que vai ser de você? De nós?
- Ana, seu tio está a caminho daqui para acompanhá-la até Londres. – observou Arthur. – Garanto que Nigel terá seu julgamento muito em breve.
Brett e seus dois companheiros permaneciam em guarda, mas logo acabaram abaixando suas espadas ao perceberem que Crow havia cedido.
- Eu deveria dar ordem de prisão a vocês três também – continuou a falar, apontando para os piratas que ainda o olhavam ameaçadoramente. –, mas, na última vez fiz um acordo com Nigel para que vocês fossem poupados da prisão, para que pudessem acompanhar Lady Ana. Espero que nosso trato ainda esteja de pé, Nigel.
Crow segurou Bald pelo braço quando notou que ele estava pronto para empunhar a espada novamente, irritado com a conduta de Arthur.
- E está. Deixe-os voltar ao Highlander em paz. – confirmou.
- Dessa vez, eu vou com você, Crow! – afirmou Brett.
Ao ouvir aquela afirmação, Valentina sentiu seu coração dilacerar-se, mas segurou o grito de dor dentro do peito. Sabia o quanto Brett era devotado a Crow. Ele sabia que Ana e ela estavam sob a proteção de Sir Lodwick e de Sir Boyle, portanto sentia-se livre para acompanhar o amigo em seu destino, fosse ele qual fosse.
- Brett, você não precisa fazer isso... – disse Crow.
- E você acha que eu vou perder a oportunidade de conhecer pessoalmente a rainha? – respondeu irônico.
- Você poderá perder a vida, meu amigo...
- Ainda assim acho que valerá a pena. – voltou a falar, dessa vez em tom mais sério olhando cumplicimente para Crow.
Virou-se para Valentina, que correu a abraçá-lo.
- Brett...
- Nós vamos voltar. – consolou-a enquanto a apertava entre os braços, lutando contra a dor de deixá-la ali, mas sabendo que ela entenderia sua opção.
- É melhor partirmos logo. Temos uma longa jornada de volta à Londres. – advertiu Arthur, parecendo desconfortável com a situação.
Três dos guardas, que acabavam de recuperar-se do embate, avançaram agressivamente sobre os prisioneiros, mas foram seriamente repreendidos por seu comandante.
- Mas são piratas, senhor... – ousou desafiar um dos homens, recebendo um olhar frio e duro de Arthur.
Ressentida, Ana o olhou com indignação.
- Não vai acorrentá-los? – perguntou irônica, com a voz tensa e cheia de raiva contida.
- Não, senhora... Não há necessidade disso – respondeu subitamente envergonhado. – Estes homens estão se entregando sem resistência.
Desviando o olhar da face feminina revoltada, terminou por ordenar aos seus comandados.
- Arranjem montaria para eles e tratem-nos com respeito.
Timothy chamou um de seus servos e mandou-o buscar dois bons cavalos. Aproximou-se do filho, demonstrando no olhar toda a tristeza de seu coração.
- Eu cuidarei da sua esposa, meu filho. Estaremos esperando por você.
- Conto com você, pai... E obrigado por tudo. – disse comovido.
Depois de beijarem suas mulheres, montaram nos cavalos e partiram escoltados por Arthur e seus guardas.
- Valentina! Pai! Levem a Ana para dentro de casa! – gritou Crow prevendo o motivo do ataque inesperado.
- Não, Crow! Vou ficar aqui mesmo! – gritou Ana.
- Não discuta! Esse é um assunto meu!
- Não pense que só porque casamos já pode mandar em mim!
Com sua espada em punho, Crow lançou um olhar de apreensão para Brett, que junto a Bald e Liam já se encontravam em posição de luta. Apesar de armados, estavam em minoria. Os primeiros soldados desmontaram e partiram com as espadas empunhadas para cima deles, sendo recebidos com resistência. A luta iniciou e o som dos metais quebrou a harmonia que estivera pairando ali até poucos momentos antes. Valentina puxou Ana para trás do altar, cochichou algumas palavras e a deixou relutante junto ao médico e ao sacerdote, que observava chocado e medroso o cruzar das lâminas. Assim que viu a amiga segura, saltou na retaguarda dos guardas da rainha, atacando-os furiosamente com golpes em suas costas. Não fosse o vestido nupcial que dificultava seus movimentos e o que Tina lhe havia dito, Ana a teria acompanhado no ímpeto de ajudar seu marido e os amigos, que estavam em temível desvantagem. Timothy, apesar de não estar armado, ainda sabia como usar os punhos numa boa luta corpo a corpo.
De repente, e antes que surgissem feridos graves de qualquer dos lados, uma voz bradou fortemente ordenando que o ataque fosse interrompido. Era Arthur, do alto de sua montaria, que chefiava a missão de prender Crow.
A luta se arrefeceu, como se um balde de água fria tivesse sido jogada por sobre os combatentes.
- Vejo que interrompi sua cerimônia de casamento, Nigel, e isso me deixa com pesar ainda maior pelo que sou obrigado a fazer hoje. – falou Arthur com expressão de visível tristeza. – Infelizmente não posso lhe dar um prazo maior para permanecer junto a sua esposa, mas lhe prometo que, dessa vez, a justiça será feita... Por ordem de Sua Majestade, Rainha Elisabeth I, será preso e levado para julgamento e condenação ou... liberdade.
Ana surgiu a sua frente e se atirou de joelhos diante de Arthur.
- Você não pode fazer isso! Não pela segunda vez! Ele quase morreu naquela prisão antes! Se não tivesse fugido... – Ana não conseguia encontrar palavras que pudessem demover Arthur de sua incumbência, pois no fundo sabia, assim como Crow, que ele apenas cumpria o seu dever. – Não pode fazer isso! – terminou por dizer antes de romper em choro.
- Calma, Ana... – disse Crow, levantando-a do chão e abraçando-a. – Não adianta mais lutar. Estamos em desvantagem. Não quero que ninguém seja ferido por minha causa.
- Nigel... O que vai ser de você? De nós?
- Ana, seu tio está a caminho daqui para acompanhá-la até Londres. – observou Arthur. – Garanto que Nigel terá seu julgamento muito em breve.
Brett e seus dois companheiros permaneciam em guarda, mas logo acabaram abaixando suas espadas ao perceberem que Crow havia cedido.
- Eu deveria dar ordem de prisão a vocês três também – continuou a falar, apontando para os piratas que ainda o olhavam ameaçadoramente. –, mas, na última vez fiz um acordo com Nigel para que vocês fossem poupados da prisão, para que pudessem acompanhar Lady Ana. Espero que nosso trato ainda esteja de pé, Nigel.
Crow segurou Bald pelo braço quando notou que ele estava pronto para empunhar a espada novamente, irritado com a conduta de Arthur.
- E está. Deixe-os voltar ao Highlander em paz. – confirmou.
- Dessa vez, eu vou com você, Crow! – afirmou Brett.
Ao ouvir aquela afirmação, Valentina sentiu seu coração dilacerar-se, mas segurou o grito de dor dentro do peito. Sabia o quanto Brett era devotado a Crow. Ele sabia que Ana e ela estavam sob a proteção de Sir Lodwick e de Sir Boyle, portanto sentia-se livre para acompanhar o amigo em seu destino, fosse ele qual fosse.
- Brett, você não precisa fazer isso... – disse Crow.
- E você acha que eu vou perder a oportunidade de conhecer pessoalmente a rainha? – respondeu irônico.
- Você poderá perder a vida, meu amigo...
- Ainda assim acho que valerá a pena. – voltou a falar, dessa vez em tom mais sério olhando cumplicimente para Crow.
Virou-se para Valentina, que correu a abraçá-lo.
- Brett...
- Nós vamos voltar. – consolou-a enquanto a apertava entre os braços, lutando contra a dor de deixá-la ali, mas sabendo que ela entenderia sua opção.
- É melhor partirmos logo. Temos uma longa jornada de volta à Londres. – advertiu Arthur, parecendo desconfortável com a situação.
Três dos guardas, que acabavam de recuperar-se do embate, avançaram agressivamente sobre os prisioneiros, mas foram seriamente repreendidos por seu comandante.
- Mas são piratas, senhor... – ousou desafiar um dos homens, recebendo um olhar frio e duro de Arthur.
Ressentida, Ana o olhou com indignação.
- Não vai acorrentá-los? – perguntou irônica, com a voz tensa e cheia de raiva contida.
- Não, senhora... Não há necessidade disso – respondeu subitamente envergonhado. – Estes homens estão se entregando sem resistência.
Desviando o olhar da face feminina revoltada, terminou por ordenar aos seus comandados.
- Arranjem montaria para eles e tratem-nos com respeito.
Timothy chamou um de seus servos e mandou-o buscar dois bons cavalos. Aproximou-se do filho, demonstrando no olhar toda a tristeza de seu coração.
- Eu cuidarei da sua esposa, meu filho. Estaremos esperando por você.
- Conto com você, pai... E obrigado por tudo. – disse comovido.
Depois de beijarem suas mulheres, montaram nos cavalos e partiram escoltados por Arthur e seus guardas.
Três semanas haviam se passado, quando finalmente a porta da cela foi aberta e Arthur Greenville surgiu com um sorriso promissor estampado na face.
Brett, com a barba por fazer, levantou-se do catre em que estava sentado e avançou rápido e ameaçador sobre o antigo companheiro, sendo impedido por Crow, de aspecto igualmente desleixado.
- Você chama isso de breve? – vociferou Brett, lutando contra as mãos de Crow. – Disse que o julgamento seria feito logo depois da prisão e já se passou quase um mês!
- Sinto muito, Brett, mas existem coisas as quais não posso evitar. A vontade da Rainha é soberana e só me resta acatá-la. – disse, tentando manter-se calmo diante da reação do pirata.
- O que veio fazer aqui? – indagou Crow não menos irritado.
- Vim para levá-los até a Rainha. O julgamento será hoje.
Um véu de alívio desceu sobre os rostos dos prisioneiros. Apesar de terem sido tratados com um pouco mais de consideração do que na prisão anterior de Crow, o cerceamento de sua liberdade por si só era um doloroso castigo.
- Agora? – perguntou Brett, desvencilhando-se dos braços de Crow e adotando uma atitude menos agressiva.
- Antes eu os levarei para que possam lavar-se e trocar de roupa.
- A Rainha vai chegar tão perto de nós assim? – perguntou Crow com sarcasmo.
- Quem pode saber? Sua Majestade às vezes pode ser bastante imprevisível. – respondeu Arthur com igual ironia.
- Teve notícias de Ana e de Valentina? – perguntou Crow, agora com mais seriedade e interesse.
- Elas estão bem.
- Estão aqui em Londres? Já sabem do julgamento? – voltou a perguntar ansioso.
- Eu mandei recado... – começou a responder, mas sem olhar Crow nos olhos, o que não era seu hábito. – Não sei dizer se chegarão a tempo.
- A tempo? A tempo de quê? De nos verem sendo levados para a forca? – questionou Brett em nova onda de irritação.
- Calma, Brett... – ponderou Crow. – Vamos logo com isso, então.
Brett, com a barba por fazer, levantou-se do catre em que estava sentado e avançou rápido e ameaçador sobre o antigo companheiro, sendo impedido por Crow, de aspecto igualmente desleixado.
- Você chama isso de breve? – vociferou Brett, lutando contra as mãos de Crow. – Disse que o julgamento seria feito logo depois da prisão e já se passou quase um mês!
- Sinto muito, Brett, mas existem coisas as quais não posso evitar. A vontade da Rainha é soberana e só me resta acatá-la. – disse, tentando manter-se calmo diante da reação do pirata.
- O que veio fazer aqui? – indagou Crow não menos irritado.
- Vim para levá-los até a Rainha. O julgamento será hoje.
Um véu de alívio desceu sobre os rostos dos prisioneiros. Apesar de terem sido tratados com um pouco mais de consideração do que na prisão anterior de Crow, o cerceamento de sua liberdade por si só era um doloroso castigo.
- Agora? – perguntou Brett, desvencilhando-se dos braços de Crow e adotando uma atitude menos agressiva.
- Antes eu os levarei para que possam lavar-se e trocar de roupa.
- A Rainha vai chegar tão perto de nós assim? – perguntou Crow com sarcasmo.
- Quem pode saber? Sua Majestade às vezes pode ser bastante imprevisível. – respondeu Arthur com igual ironia.
- Teve notícias de Ana e de Valentina? – perguntou Crow, agora com mais seriedade e interesse.
- Elas estão bem.
- Estão aqui em Londres? Já sabem do julgamento? – voltou a perguntar ansioso.
- Eu mandei recado... – começou a responder, mas sem olhar Crow nos olhos, o que não era seu hábito. – Não sei dizer se chegarão a tempo.
- A tempo? A tempo de quê? De nos verem sendo levados para a forca? – questionou Brett em nova onda de irritação.
- Calma, Brett... – ponderou Crow. – Vamos logo com isso, então.
Depois de preparados para o encontro com a soberana inglesa, Crow e Brett foram levados até o Palácio de Westminster. Algemados, atravessaram o Tâmisa a bordo de um grande barco, vigiados por guardas armados.
O Antigo Palácio de Westminster |
Ancoraram junto ao deck de onde podiam ver o pórtico que os levaria ao pátio lateral do palácio. Lá ficava a edificação da corte de justiça onde seriam julgados. Tão logo desembarcaram, foram guiados através do grande largo até a lateral do prédio e levados a uma antessala do tribunal. Podiam ouvir o burburinho provocado pela assistência e pelos convidados que aguardavam a chegada da rainha. Alguns instantes depois puderam perceber que a espera chegara ao fim quando o silêncio ocupou a grande sala de audiência e apenas o farfalhar de saias foi ouvido. Era a rainha Elisabeth e suas damas de companhia que haviam chegado.
- Que entrem os prisioneiros e seja iniciado o julgamento. – disse uma voz masculina anunciando o início dos trabalhos.
- Que entrem os prisioneiros e seja iniciado o julgamento. – disse uma voz masculina anunciando o início dos trabalhos.
Westminster Hall (ao fundo ficava o trono da Rainha) |
Visão atual do grande salão |
Crow e Brett ainda algemados foram introduzidos no recinto. Era uma ampla sala, que media aproximadamente vinte metros de largura por setenta de comprimento. Ao fundo, destacava-se o trono, onde se encontrava sentada Sua Majestade. Nas laterais, alguns integrantes da nobreza cochichavam entre si, mas logo silenciaram novamente para observar os homens que seriam julgados logo a seguir. Havia menos pessoas no salão do que tinham imaginado. Certamente a boa acústica do pavilhão fizera ampliar o som das conversas. O teto inclinado parecia abobadado, graças ao magnífico trabalho em madeira em forma de arcos que adornavam toda a extensão superior. Ali pendiam dez grandes e austeros candelabros de ferro polido. A suntuosidade do local intimidou os piratas. O meirinho, colocado em um discreto púlpito próximo ao trono, abriu um documento e leu em voz alta o nome completo dos réus.
- Nigel Thomas Lodwick, vulgarmente conhecido como Capitão Crow, comandante do navio Highlander, e Brett John Preston, imediato do mesmo navio. Aproximem-se!
Percebia-se que aquele não seria um julgamento comum. Isso logo se tornou óbvio quando eles foram colocados perante Elisabeth, que os olhou com aparente escárnio.
Elisabeth I (Judi Dench) |
Ela permaneceu sentada, passeou o olhar sobre a plateia e tomou a palavra.
- Estamos aqui hoje para julgar os crimes cometidos por esses piratas, que tem atacado covardemente navios ingleses e saqueado nossos tesouros. Graças à competência do nosso valoroso Comandante Arthur Greenville, que capturou esses temíveis larápios, nossos mares encontram-se mais limpos atualmente.
Com dificuldade, Crow conseguiu manter-se calado, ouvindo as acusações da soberana. Sabia que seria imperdoável qualquer interferência naquele momento. Restava-lhe apenas ouvir.
- Capitão Crow! Dê um passo à frente! – continuou impassível.
Crow foi empurrado pelo guarda, que o mantinha vigiado, antes que pudesse obedecer. Teve que conter o ímpeto de esmurrá-lo. Cerrando os dentes, postou-se diante de sua juíza e curvou-se em respeitosa reverência.
- Capitão Crow ou... Nigel Thomas Lodwick... O senhor é acusado de praticar pirataria. Saqueou inúmeros navios. Espanhóis, portugueses, holandeses e... Ingleses. A abordagem desses últimos é UM dos motivos de sua prisão e presença em nosso tribunal no dia de hoje. O senhor se apropriou de forma acintosa e indevida de valores que não eram seus. Tem algo a dizer em seu favor?
Crow percebeu uma ponta de sarcasmo na pergunta de Elisabeth e resolveu responder da mesma forma.
- Minha senhora... Posso garantir que os valores de que me apropriei tinham sido adquiridos de maneira igualmente indevida de carregamentos espanhóis e portugueses que retornavam do Novo Mundo. Como dizia um antigo comandante, Sir Francis Drake, "ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão ".
- Ousa chamar meus súditos de "ladrões"?
- Eu sou um súdito seu, minha senhora. Seria eu uma rara exceção?
- O senhor não acha que está sendo exageradamente irreverente e inoportuno diante de sua rainha? – perguntou com um brilho divertido no olhar.
- Perdão, majestade. – desculpou-se baixando a cabeça respeitosamente. – Não foi essa a minha intenção. Apenas fazia a minha defesa, já que não conto com um bom advogado.
- Consta que o senhor, não contente em levar os baús com ouro inglês, também dedicava uma atenção especial às joias das damas que porventura estivessem a bordo, provocando constrangimento e terror entre as pobres mulheres. Nega essa acusação?
- Posso garantir, majestade, que as damas a que se refere doaram de bom grado seus pesados adereços, que pareciam incomodá-las excessivamente devido ao peso em seus lindos pescoços, orelhas e dedos. Apenas lhes prestei um favor, minha senhora, e todas elas pareceram muito agradecidas na ocasião.
Elisabeth cobriu a boca com a mão, tentando disfarçar o sorriso que aflorou ao ouvir o comentário irônico de Crow, lembrando as descrições acaloradas feitas por algumas de suas damas que tinham tido a oportunidade de conhecer pessoalmente o sedutor e belo pirata em ação.
Rapidamente, tornando a assumir uma postura séria, voltou a falar.
- Soube que fez parte da marinha real e foi um jovem e respeitado oficial durante quase três anos, quando desapareceu misteriosamente. É filho de um bom homem, Sir Timothy Lodwick. Confirma isso?
- Sim, majestade.
- Não tem nada a dizer sobre os motivos que o levaram a mudar sua vida tão radicalmente?
- Não, majestade. – respondeu pesaroso.
Não adiantaria falar sobre o que acontecera sob o comando de Drake, pois certamente ele seria acusado de injúria, já que o homem estava morto e não poderia se defender.
- É uma pena que não possa me esclarecer essa questão... – disse olhando-o pensativa, parecendo admirada com sua negativa. – Entre as acusações, uma me deixou estarrecida. Há o relato de que o senhor raptou e tirou a pureza de uma jovem inglesa de família nobre.
Crow olhou-a surpreso ao ouvir tal declaração.
- Posso garantir, majestade, que essa acusação não tem fundamento. Isso jamais aconteceu.
- Não pode negar tal fato, já que tenho testemunhas do ocorrido e não há como defender-se.
- Testemunhas?
A um gesto de Elisabeth para o meirinho, esse elevou a voz mais uma vez.
- O tribunal solicita a presença de Sir Edmond Boyle e sua sobrinha, Lady Ana Boyle, Duquesa de Villardompardo.
Ouviram-se inúmeros sussurros entre os presentes. Crow virou-se, com expressão atônita diante da convocação, imaginando o que estaria acontecendo. Que tipo de denúncia era aquela e como Ana poderia testemunhar contra ele? Ansioso e incrédulo com o que estava ocorrendo, viu Ana e o tio aproximarem-se do púlpito onde estava o meirinho, ficando a poucos metros de onde ele estava. Por trás deles, viu Valentina com olhar apreensivo. Não conseguia distinguir se ela estava assim pelo que viria a seguir ou se pela magnificência do local em que estavam. Apesar de tudo, Ana parecia tranquila, olhando-o amorosamente. Teve a impressão que o tio a estava segurando para evitar que ela corresse para seus braços.
- Majestade...
- Cale-se, Capitão Crow, ou serei obrigada a mandar retirá-lo deste tribunal sem julgamento.
Brett e ele se entreolharam com o mesmo olhar de pasmo, mas permaneceram quietos.
Voltando-se para tio e sobrinha, Elisabeth dirigiu a palavra a eles.
- Sir Edmond Boyle, meu fiel súdito e grande amigo... Lady Ana... – cumprimentou-os com uma pequena reverência, que foi correspondida com um curvar de corpo respeitoso de Edmond, enquanto Ana ajoelhava-se e abaixava a cabeça.
- Não há necessidade disso, minha cara, principalmente considerando o seu estado... – completou olhando para Crow com desaprovação e continuando seu discurso. – É verdade, minha menina, que este pirata que aqui está aproveitou-se de sua inocência?
- Sim, majestade... – confirmou, corando pela resposta que tinha sido obrigada a dar.
Sentia seu coração quebrar-se por dentro; não por vergonha de estar declarando em público suas intimidades, mas por consternação ao ver Crow acorrentado e indefeso.
- Aproxime-se, minha jovem... Tem algo a dizer sobre este ser inescrupuloso?
Ana liberou-se do braço de seu tio e aproximou-se deles.
- Sim, majestade. – disse, esforçando-se por despregar os olhos de Crow e voltando-se para a Rainha. – Perdoe-me por contrariá-la, senhora, mas o seu réu nada tem de inescrupuloso. Este homem, um pirata, foi quem me resgatou na França, onde eu vivia há dez anos, depois de ter sido abandonada, ainda criança, em um bote, com minha mãe, à deriva, por Sir Francis Drake, para que morrêssemos. Sir Drake foi o responsável pela morte de meus pais.
A surpresa do público com a declaração de Ana foi tamanha que o meirinho precisou gritar para que as vozes de indignação fossem acalmadas.
- Continue... – solicitou Elisabeth que não pareceu surpresa com a declaração de Ana.
- Majestade, este homem e seu imediato, o senhor Brett, juntamente com a tripulação do Highlander, foram os responsáveis pela minha volta à Inglaterra e ao lar de meu tio, Sir Edmond. E foi por este homem que me apaixonei e a quem me entreguei de livre e espontânea vontade.
- É verdade que espera um filho dele?
Crow empalideceu. Sentiu o pulsar de suas artérias retumbando na fronte e a respiração ameaçou falhar.
- Sim, majestade, e com muito orgulho e felicidade, pois esta criança – disse levando a mão ao ventre ainda pouco aparente – não poderia ter melhor pai nesse mundo.
- Crê realmente no que diz?
- De todo o coração, majestade.
Após alguns segundos de suspense, Elisabeth, virou-se para Crow, inclinou-se ligeiramente e, em voz baixa, audível apenas para aqueles que estavam muito próximos, ela confidenciou:
- Você é um homem de muita sorte, Lodwick, por ter amigos como Arthur Greenville, Sir Edmond Boyle e ser amado tão generosamente por essa jovem.
Levantando-se do trono, de cabeça erguida, olhando para a audiência, deu sua sentença.
- Considerando o passado de bons serviços destes homens na Marinha Real, antes de se tornarem piratas, seu ato de resgate da jovem sobrinha de meu leal e devotado, Sir Edmond Boyle, e sua entrega espontânea para a justiça real, darei meu veredicto...
O ar parecia mais pesado dentro de Westminster Hall, enquanto todos aguardavam a palavra de Sua Majestade. Após uma pausa de efeito, ela continuou.
- Sentencio Nigel Thomas Lodwick a entregar seu navio, o Highlander, juntamente com toda sua tripulação, à Marinha Real, a fim de prestar serviço combatendo os inimigos da Coroa. Brett John Preston será designado como novo comandante responsável pela embarcação e deverá reportar-se, ainda hoje, ao capitão Arthur Greenville para receber sua primeira missão. O senhor Nigel Lodwick, por sua vez, deverá cumprir suas obrigações para com lady Ana Boyle de Villardompardo, oficializando seu matrimonio, com minha benção, e sendo um bom marido e pai dedicado da criança que gerou. Caso essa sentença não seja cumprida, a pena para os acusados será a morte. – Depois de lançar um olhar benevolente aos réus e à Ana, ordenou: – Que estes homens sejam libertados imediatamente!
Os guardas, que antes os mantinham sob vigilância, obedeceram prontamente a ordem real, abrindo os grilhões e retirando as correntes.
Controlando o ímpeto de se abraçarem, Crow, Brett e Ana ajoelharam-se diante da Rainha, em demonstração de respeito e agradecimento. Com um leve aceno de cabeça e um disfarçado sorriso, Elisabeth se retirou seguida por seu séquito de damas.
Assim que o cortejo desapareceu por uma das portas atrás do trono, os olhares de Ana e Crow cruzaram-se. A uma larga passada dele e Ana estava erguida em seus braços, rodopiando em meio aos seus amigos. Depois de um longo beijo, que amenizou um pouco a saudade sofrida, ele pareceu lembrar-se da revelação feita pela rainha a respeito de seu herdeiro e colocou-a no chão com cuidado, continuando a abraçá-la.
- Ana, pode me dizer o que aconteceu aqui? Ainda estou tonto com esse julgamento e em saber, pela boca da rainha, que vou ser pai!? É realmente verdade isso?
- Dentro de seis meses, segundo o Dr. Hall.
- Quando você soube? – perguntou desconfiado.
- No dia em que desmaiei na casa de seu pai.
- Mas o Dr. Hall não me disse nada...
- Eu pedi para que ele e Tina mantivessem segredo. Você já estava com problemas demais para se preocupar. Eu não queira ser mais um.
- Vocês jamais seriam um problema para mim, meu anjo. – confessou comovido e beijou-a ternamente.
- Que tal se sairmos daqui antes que a nossa soberana mude de ideia? Vocês sabem como ela é... – sugeriu Brett já engatado em Valentina.
Nesse momento, surgiram Arthur e Timothy caminhando rapidamente na direção deles.
Crow e o pai se abraçaram emocionados.
- Nem sei como lhe agradecer, Sir Boyle – disse Timothy ao deixar o filho para cumprimentar efusivamente o tio de Ana.
- Parece que nossa ação deu certo, senhor. – regozijou-se Arthur, apertando a mão de Boyle.
- Não tinha como dar errado. Nossa rainha é uma pessoa justa, apesar do que as más línguas falam dela.
- Afinal, foram vocês que intercederam por nós perante a rainha? – perguntou Crow não contendo sua alegria de ter Ana junto a si mais uma vez e com a certeza de que agora não se separariam nunca mais.
- Conversando com você, quando se recuperava na casa de Sir Lodwick, e lembrando que Sir Edmond Boyle era tio de Ana, ofereci-me imediatamente para entrar em contato com ele. Não há ninguém na corte que não saiba dos laços de amizade e respeito que unem a rainha e Sir Boyle. Graças a ele, consegui uma audiência com Sua Majestade e pude contar em detalhes, a história do ataque de Francis Drake ao navio de Ramon, apesar de saber que havia uma autorização real para que eles chegassem à Inglaterra em paz. Como testemunha ocular, contei como Nigel, na época, foi torturado por tentar ajudar Eleanor e Ana, e de sua indignação por servir a um capitão tão impiedoso, o que o fez abandonar a Marinha e seguir por outros caminhos.
- O que corroborou para que ela cedesse aos nossos pedidos de clemência foi, principalmente, saber da mentira de Drake. – comentou Edmond – Quando soube o que de fato tinha acontecido com minha irmã e sua família sob as mãos dele e não nas de um pirata, como ele relatou mentirosamente para todos nós, Elisabeth ficou revoltada ao sentir-se ludibriada. Sorte a dele de estar morto.
- A história de Ana também a comoveu... – emendou Arthur. – Quando ela soube que Crow, juntamente com Brett, foi responsável pelo retorno de Ana à casa de Sir Boyle e que ele se entregou espontaneamente para cumprir suas penas e voltar a ser um homem sem dívidas com a lei e merecedor de Ana, ela ficou comovida. Tentou disfarçar, mas pude perceber que tais atitudes a tocaram.
- Não sei como agradecer a vocês por todo esse empenho em nos ajudar. – falou Crow.
- Faça minha sobrinha feliz e já me sentirei perfeitamente bem pago. – disse Edmond.
- E eu pensando mal de você, Greenville... – comentou Brett envergonhado.
- Eu também desconfiaria, meu amigo. – anuiu Arthur dando uma palmada amigável nas costas de Brett. – Mas prometemos a rainha manter sigilo sobre como seria o julgamento de vocês... Com o histórico de abordagens e saques que vocês tinham, ela queria que vocês sofressem um pouco e pensassem que não se livrariam da forca...
- Bem, Capitão Greenville, estou pronto a receber suas ordens. – lembrou Brett, abraçado à Valentina.
- Acha que não teremos problemas com a tripulação?
- Creio que não...
- Brett e eu daremos a notícia e certamente eles aceitarão bem a ideia de continuar navegando no Highlander sob a proteção da rainha. – abonou Crow.
- Que tal irmos até minha casa para comemorarmos as boas novas? – convidou Arthur.
Do lado de fora do prédio do tribunal encontraram Bald e Liam com caras fechadas e tristes, que logo foram desfeitas ao avistarem Crow e Brett livres. Foram comunicados da resolução real, que afinal viera de encontro com o que Crow já conversara com os homens em Eleuthera, pouco antes do rapto de Ana. Bald fez um muxoxo e um sacudir de ombros.
- Não gosto muito da ideia de ter uma mulher mandando em mim, mas tendo minha cabeça no lugar e continuando a navegar no Highlander... Acho que posso viver com isso... – terminou de dizer com uma piscadela de olho.
- Se ela não interferir na minha cozinha... – disse Liam brincando.
- Vamos sentir a sua falta, capitão... – complementou Bald para surpresa de Crow, que nunca ouvira tal sentimentalismo do velho marujo.
- Também vou sentir falta de vocês, mas quem sabe... – falou Crow, rodeando a cintura de Ana, puxando-a contra si e colocando as mãos espalmadas sobre seu ventre. – ... Ana não me libere para um passeio de vez em quando.
- Só se eu puder ir junto...
- Vai ser ótimo ter uma companhia feminina prá variar. – disse Valentina, que até então tinha se mantido calada saboreando a sensação de alívio ao ter Brett e Crow sãos e salvos.
- Quem disse que você vai navegar conosco? – indagou Brett arqueando a sobrancelha.
- EU disse, meu capitão. Nem pense em me proibir e ir contra as ordens da rainha.
- Valentina... – censurou Brett.
- Eu faço parte da tripulação agora e, segundo Sua Majestade, todos terão que servi-la.
Antes que Brett pudesse objetar, ela pendurou-se em seu pescoço e selou sua boca com um beijo.
- Acho que ele acabou de ser convencido. – comentou Ana sorrindo.
Mais uma manhã esplendorosa se iniciava em mar aberto. Ainda tinha o perfume suave de Ana impregnado em sua pele misturando-se ao cheiro do mar que a brisa suave trazia no ar. Levantara-se silenciosamente para não perturbar o seu sono depois de mais uma noite de amor. Já era possível perceber um aumento discreto em seu ventre, mas seu desejo só fazia aumentar a cada dia que passavam juntos. E não era apenas o desejo sexual. Sentia o inesgotável prazer de tê-la ao seu lado, necessitá-la em sua cama apenas para sentir o calor de seu corpo, aconchegar-se em suas curvas, conversar sobre a aventura que tinham pela frente e sobre como seria o pequeno ser que em breve embalariam em seus braços. Às vezes sentia toda essa felicidade como um sonho. Em questão de poucas semanas sua vida voltara a ter um sentido que jamais experimentara. A descoberta desse amor, onde e com quem parecia tão pouco provável, o reencontro e a reconciliação com seu pai... Tantas peças de um quebra cabeças que finalmente se encaixavam, apaziguando seu espírito. Ficara feliz com a indicação de Brett para o comando do Highlander, bem como de sua união com Valentina. Sabia o quanto ele apreciava a vida no mar e o quanto ficaria infeliz se não pudesse mais navegar naquele navio. Apesar de parecer relutante em aceitar a presença de Tina nas missões que receberiam dali em diante, sabia que no fundo ele estava satisfeito em tê-la ao seu lado, corajosa e companheira.
Absorto em seus pensamentos, nem viu a figura delgada, de longos cabelos avermelhados, vestida como um rapaz, chegando por trás, estreitando sua cintura com os braços e encostando a cabeça em suas costas.
- Dou uma moeda de ouro por seus pensamentos...
Ele se virou para encarar a sua doce razão de viver, envolveu-a nos braços e beijou suavemente seus lábios.
- Estava pensando em você...
Absorto em seus pensamentos, nem viu a figura delgada, de longos cabelos avermelhados, vestida como um rapaz, chegando por trás, estreitando sua cintura com os braços e encostando a cabeça em suas costas.
- Dou uma moeda de ouro por seus pensamentos...
Ele se virou para encarar a sua doce razão de viver, envolveu-a nos braços e beijou suavemente seus lábios.
- Estava pensando em você...
Em Eleuthera, reencontraram Didier sóbrio e satisfeito, surpreendentemente disposto a continuar vivendo na ilha. No período em que, segundo ele próprio, fora "abandonado", encontrara consolo nas palavras e companhia de Cora. Com sua bondade e bom senso, a mulher acabou por conquistar o coração do velho e rabugento ladrão, que decidiu parar de beber e passou a auxiliar nas tarefas da casa e ajudá-la nos cuidados com as crianças.
Após uma semana nas Caraíbas, Crow e Ana embarcaram como passageiros comuns num navio mercante na ilha de San Domingo, colônia espanhola, onde Brett secretamente os deixou para que pudessem partir para a Espanha onde iniciariam sua nova vida.
Em Villardompardo, foram recebidos com grande alegria por Don Esteban que logo se tornou um bom amigo de Nigel. Com seus conselhos a respeito da administração do ducado, então oficialmente reconhecido pela Igreja como pertencente à Ana e seu marido, Nigel tornou-se um exímio administrador, dobrando em pouco tempo o patrimônio da família. Meses depois da chegada do casal, nascia Eleanor, uma linda menina de cabelos cacheados e negros como os do pai e olhos dourados como os da mãe.
Quanto ao capitão do El Tiburón, Castilhos, souberam, tornou-se corsário sob as ordens de Filipe, rei da Espanha.
Após o final da guerra anglo-espanhola, em 1604, Eleanor, então com cinco anos completos, viajou com os pais e seus dois irmãos, de um e três anos, para a Inglaterra. Foi a bordo do Highlander, ainda sob o comando de Brett, em sua última viagem sob as ordens da Marinha Real, que a pequena atravessou o oceano para conhecer o avô, Timothy, e o tio-avô, Edmond.
Ao deixar o comando do navio, depois de cumprir lealmente sua missão como corsário da rainha Elisabeth e de seu sucessor, James I, Brett e Valentina fixaram-se em Eleuthera como produtores de algodão, criando seus dois filhos em terra firme e dando continuidade ao trabalho com os menores abandonados iniciado por Hawke.
O tempo de guerra e aventuras marítimas chegara ao fim, ao contrário das histórias de amor que ali nasceram. Essas continuariam a prosperar nos corações de Nigel e Ana e de Brett e Valentina.
Após uma semana nas Caraíbas, Crow e Ana embarcaram como passageiros comuns num navio mercante na ilha de San Domingo, colônia espanhola, onde Brett secretamente os deixou para que pudessem partir para a Espanha onde iniciariam sua nova vida.
Em Villardompardo, foram recebidos com grande alegria por Don Esteban que logo se tornou um bom amigo de Nigel. Com seus conselhos a respeito da administração do ducado, então oficialmente reconhecido pela Igreja como pertencente à Ana e seu marido, Nigel tornou-se um exímio administrador, dobrando em pouco tempo o patrimônio da família. Meses depois da chegada do casal, nascia Eleanor, uma linda menina de cabelos cacheados e negros como os do pai e olhos dourados como os da mãe.
Quanto ao capitão do El Tiburón, Castilhos, souberam, tornou-se corsário sob as ordens de Filipe, rei da Espanha.
Após o final da guerra anglo-espanhola, em 1604, Eleanor, então com cinco anos completos, viajou com os pais e seus dois irmãos, de um e três anos, para a Inglaterra. Foi a bordo do Highlander, ainda sob o comando de Brett, em sua última viagem sob as ordens da Marinha Real, que a pequena atravessou o oceano para conhecer o avô, Timothy, e o tio-avô, Edmond.
Ao deixar o comando do navio, depois de cumprir lealmente sua missão como corsário da rainha Elisabeth e de seu sucessor, James I, Brett e Valentina fixaram-se em Eleuthera como produtores de algodão, criando seus dois filhos em terra firme e dando continuidade ao trabalho com os menores abandonados iniciado por Hawke.
O tempo de guerra e aventuras marítimas chegara ao fim, ao contrário das histórias de amor que ali nasceram. Essas continuariam a prosperar nos corações de Nigel e Ana e de Brett e Valentina.
F I M
Como podem ver, chegamos ao final do meu romance pirata. Gostaria muito de saber o que achararam, por isso espero ansiosa seus comentários. Demorei para postar pois estava tendo dificuldade em colocar tudo que se passava na minha cabeça sobre o futuro dos personagens. Inclusive, comecei a escrever um outro final, onde Castilhos é quem seria o responsável pela viagem de Ana e Nigel de volta à Espanha, e todos os problemas que poderiam advir desse fato. No entanto, acabei optando por esse final mais simples. Acho que foi o final mais difícil de escrever de todos os meus romances, por isso demorei a postar. Escrevi e reescrevi várias vezes e, ainda agora, não sei se fiquei plenamente satisfeita. Por isso, a sua opinião é muito importante e determinante para que eu decida publicá-lo no futuro.
Muito obrigada a todos meus queridos amigos e amigas que acompanharam essa aventura, pacientemente, durante todos esses longos nove meses (uma gestação!!), com seus comentários incentivadores e pelo carinho recebido, aqui no blog e nas redes FB e Twitter.
Voces são a razão de eu continuar a escrever.
Nadja e Lucy, minhas comentaristas muito amadas, presentes na última postagem, um enorme beijo no coração de voces. Espero que saibam o quanto são especiais para mim.
Ainda não tenho ideia de quando voltarei. As inspirações andam esvoaçando por aqui, mas ainda não resolvi qual delas vai me prender nos próximos meses...rsrsrs.
Até o próximo romance!
Beijos carinhosos a todos!
Realmente acompanhamos uma gestação, não percebi que já havia passado 9 meses desde o início do romance, mais um "filho" lindo que você gerou Rô!
ResponderExcluirFiquei emocionada com o desenrolar e o desfecho, o momento do casamento, a chegada da tropa, mais uma vez a separação de Nigel e Ana, tadinhos desses dois, foi muito sofrimento!!! Mas o grande final foi maravilhoso, a cumplicidade da rainha com os demais deu um toque de humor leve que quebrou um pouco o drama da historia( que, diga-se de passagem, eu adoro). A declaração de amor da Ana ao Nigel na frente de todos foi tão real, tão sincera, um amor tão grande merece mesmo ser divulgado em alto e bom som, ainda por cima foi esse amor que o resgatou de toda a solidão, a justiça sendo feita em relação às mentiras contadas por Drake, a última viagem de Brett tendo junto o amigo, Tina, Ana e as crianças, que aventura, mais uma vez chorei, adorei.
O final de Didier foi excelente, quem diria que ele ia tomar jeito, rsrs.
Você bem sabe que dos teus livros "ERIK" e "Um Amor no Deserto" são os meus preferidos, acho que aqui está mais um, rsrsrs.
Conseguir colocar tanta sensibilidade, beleza e realidade num romance que envolve tanta aventura, só mesmo sendo uma grande escritora!
Não demore a voltar, por favor!!!
Parabéns amiga querida, pelo teu aniversário e por mais esse futuro livro!
Beijossss!!!
Nossa, Rô, foram nove meses? Como pode, não percebi!!! Você contando, parecem longos meses, mas esse teu romance foi tão contagiante que parece que foi ontem que eu comecei a lê-lo e degustá-lo com tanto gosto!
ResponderExcluirAinda bem que o Arthur não era mais um dos maldosos, tadinho do nosso Nigel, merecia ser ajudado depois já de ter feito tanto bem! E até o safado do Didier se deu bem... hehehe... Mas a vida é mesmo assim, infelizmente é raro, mas há pessoas que acabam entrando nos eixos quando passam por alguma situação ou quando encontram alguém que lhes inspire uma mudança de atitude, que foi o caso do Didier.
Ser novamente conduzido à prisão, ficar por lá algumas semanas, deve ter sido muito penoso. Contudo, não havia outra maneira do Nigel conseguir ter a liberdade que tanto precisava para que pudesse vivenciar a felicidade ao lado de sua amada. E, no final, todos acabaram sendo agraciados pela benevolência da Rainha, o que foi ótimo para o grupo inteiro.
Além dos romances entre os dois casais principais que me encheram de alegria, o que achei maravilhoso foi a amizade entre Brett e Nigel. Atualmente é tão difícil encontrar e manter uma amizade em uma situação ‘normal’ de vida, imagina num caso como o deles, de serem vistos com olhos tortos por todos devido ao fato de serem piratas. Mas essa amizade se manteve firme até o final e isso eu achei muito bonito, de me fazer lacrimejar de emoção. Acho que as pessoas andam esquecidas de valorizar os bons sentimentos, a bondade, a amizade. Então, poder ler algo como o que vc escreveu é fenomenal!
Sabe, querida, deu-me até um friozinho na barriga quando li no início que este é o capítulo final... A gente fica lendo, capítulo a capítulo, se apaixona pelas personagens, se envolve com os dilemas e, então, chega o fim de tudo... Dá um aperto no peito... Tudo o que é bom deixa saudades pq fica gravado dentro do coração, e este conto, com certeza, ficará eternizado em nossos pensamentos. A história foi linda, do início ao fim!!! Mais uma vez, fiquei encantada com o teu jeito tão encantador de traduzir esta inspiração divina que vc recebe e nos transmite tão bem. Rosane, eu amei ‘O Corsário Apaixonado”! Parabéns por mais uma obra tão perfeita!
Tenha certeza de que esta gestação foi gloriosa e o teu mais novo ‘filho’ é espetacular, sucesso absoluto!
Beijinhos
Rosane!!
ResponderExcluirQnto tempo amiga!meus parabéns por mais uma história maravilhosa, e que continue escrevendo mais e mais.
bjs
Querida Rosane: somente hoje consegui terminar de ler o romance. Adorei cada capítulo, cada aventura. Ficou mto bom! Acho ótimo se vc for publicar. Vou ser uma das primeiras a encomendar o meu!!! Bjão!
ResponderExcluirRosane?
ResponderExcluirMe desculpe a ausência nos comentários, mas só tive tempo para por a leitura em dia agora.
Meu Deus, eu amei a história.
Corre publicar porque eu quero este livro impresso nas minhas mãos.
E continue escrevendo, parabéns!
Beijocas.
Respirando fundo e secando as lágrimas vou tentar escrever... Uma coisa é fato do coração não morro mais... kkk Esse julgamento a realidade das imagens me deixaram com os lábios mordidos de anciedade as acusações da Rainha só me levava ao pensamento da forca então eis que surge nossa heroína Ana e liberta-os de uma vez por todas desse impasse angustiante. A nostalgia do Brett e Tina assumindo sem medo o amor ente eles, até o Dider encontrou o caminho do bem. A relação de Nigel com o pai super bem resolvida... Nossa foi incrivel vivenciar cada capítulo, valeu a pena esperar dias á mais pelos posts. Estou sendo repetitiva, mas não consigo parar de dizer Rô sou sua fã minha escritora favorita. As estórias são suas, mas o presente em lêr é todo meu.
ResponderExcluirParabéns, sucesso é pouco para você querida! Super beijãoo