segunda-feira, 29 de março de 2010

Coração Atormentado - Capítulo II e Capítulo III (em parte)

Capítulo II - Seis meses antes

- Onde você se meteu depois que saiu do escritório? – perguntou Marcelo desconfiado.
- Ora, fui encontrar com uma amiga. A Joyce, lembra?
- Não, não lembro – respondeu mal-humorado.
- Que cara é essa, Marcelo? – perguntou Ágata aborrecida – Ultimamente deu para querer saber onde vou, com quem estou... Desde quando ficou ciumento?
- Ora, não é ciúmes!
- Você nunca foi de querer saber todos os meus passos. Por que esse interesse agora?
- Como seu marido, acho que tenho o direito de saber onde e com quem anda minha esposa.
- Você sabe como eu odeio este tipo de coisa.
- Está bem. Vou tentar evitar aborrecê-la com o meu zelo – retrucou chateado.

Passados alguns dias...
- Isto é hora de chegar em casa? – perguntou visivelmente amolado – Não me diga que estava com uma amiga. Ou devo mudar para “um amigo”?
- Marcelo, você está começando a me incomodar com este tipo de insinuação. Não tenho feito nada além do que sempre fiz e, de uma hora para a outra, começou a me cobrar explicações. Odeio gente ciumenta! – resmungou.
Neste instante, Diego entrou na sala, chegando de mais um dia de trabalho, ouvindo o final da discussão entre a mãe e o padrasto.
- Ei, o que está havendo aqui? Porque este clima de mal-estar? – indagou, aproximando-se de Ágata para depositar-lhe um beijo na bochecha – Mãe?
- É o bobo do Marcelo, que resolveu pegar no meu pé?
- Ela fica chateada comigo só porque quero saber onde ela foi e porque demorou para chegar em casa. Vê algum mal nisso?
- Mãe... O que tem de mal o Marcelo ter um pouquinho de ciúmes? – disse rindo, achando graça do motivo da “briga”.
- Não é ciúmes. É apenas preocupação.
- Estou subindo. Vou tomar um banho antes do jantar – esbravejou Ágata, enquanto subia os degraus da escada pisando duro.
- Marcelo, se fosse você controlava esta “preocupação”. Sabe como a dona Ágata não gosta de se sentir vigiada – aconselhou Diego.
- Ando preocupado com ela... O que você acha deste motorista, o José?
- É um cara legal. Desde que entrou aqui, há quatro anos, sempre foi um excelente empregado. Por que a pergunta? O que tem isso a ver com minha mãe?
- Não sei... Nada, eu acho...
- Acho que você anda vendo fantasmas onde eles não existem, Marcelo – disse balançando a cabeça – Bem, vou seguir o exemplo de minha mãe e tomar um banho. Combinei de pegar a Cláudia para jantarmos fora hoje.
- Está bem. Vá em frente – acenou e deu um sorriso amarelado.

- Não aguento mais o Marcelo – desabafou Ágata, quando entraram na sala da direção na empresa – Ele agora deu para desconfiar que estou tendo um caso com o José. É possível uma coisa destas? Um homem bom, um funcionário dedicado, casado, com duas filhas adolescentes... Não sei o que deu nele para passar a pensar essas coisas. Será que está ficando esclerosado antes do tempo?
Diego soltou uma gargalhada.
- Desconfiado do José? Ele deve estar brincando – conseguiu dizer em meio ao riso – Ou você anda aprontando e arrebatando corações por aí, Dona Ágata?
- Diego! Olha o respeito com sua velha mãe! – retorquiu ofendida.
- Velha? De velha você não tem nada. Ainda é muito atraente e sexy. Se eu fosse o Marcelo também ficaria de olho em você – bajulou-a sorrindo.
- Homens! Me admira você ficar do lado daquele peste.
- Mãe, o que está havendo? – disse, agora em tom sério – Vocês sempre se deram tão bem. De uns tempos para cá, não param de discutir a toda hora.
- Não sei, Diego. O Marcelo anda diferente. Agora com este ciúme sem cabimento. Acho até que contratou algum detetive, pois anda dando e recebendo uns telefonemas misteriosos. Mas como não tenho nada a esconder, não vou ficar me desgastando à toa.
- Vou ver se consigo falar com ele para saber o que está havendo.
- Não se preocupe com isso, meu filho. Logo Marcelo cai em si e pára com estas bobagens.
- Se ele passar dos limites, me fale, viu?
- Se ele passar dos limites, eu o ponho para fora de casa – afirmou categoricamente, Ágata.

- Marcelo, gostaria de falar com você.
- Algum problema na empresa?
- Não. O problema é aqui em casa mesmo. Já fiz a mesma pergunta para minha mãe. Sabe que não gosto de me meter na relação de vocês, mas estas discussões quase que diárias estão se tornando inconvenientes. O que está acontecendo?
- Ando desconfiado que sua mãe já não me ama mais. Acho que ela arranjou outro homem.
- Pois acho que você está redondamente enganado. Se minha não o quisesse mais, já teria lhe falado e acabado com o casamento.
- Eu tenho visto como ela trata aquele motorista. Toda carinhosa, saindo a toda hora, fora dos horários do escritório, com ele, andando para cima e para baixo...
- Você está vendo coisas. Ela é gentil com todos os empregados, sem exceção.
- Eu os vi se beijando um dia destes.
- Não posso acreditar, Marcelo – disse espantado.
- Pois é. Acredite.
- Vou falar com ela.
- Não vai adiantar. Ela vai negar e você vai acreditar nela e não em mim. Só peço que você fique de olho, para que não a deixe cometer alguma bobagem.
- Não posso acreditar nisso que está me falando, Marcelo. Mas pode ter certeza que vou ficar atento.

Pouco tempo depois destas situações, Ágata resolveu ter seu próprio carro. Numa conversa com Cláudia, a noiva de seu filho, ao saber o que estava acontecendo, esta sugeriu que a futura sogra não utilizasse mais os serviços do motorista, dirigindo seu próprio carro. José continuaria no emprego, servindo Marcelo e disponível para cuidar da manutenção dos quatro automóveis da família. Graças a esta atitude, Marcelo melhorou de seu ciúme doentio e as brigas tiveram fim, para alívio de todos dentro da casa dos Bernazzi. Foram dois meses de paz familiar, que, infelizmente acabaram com o acidente que resultou na morte de Ágata e na paraplegia de Diego.




Capítulo III - Mais um paciente


Como era de praxe, a ansiedade ao iniciar um novo trabalho era grande. Aquele paciente em especial fazia seu nervosismo aumentar. Já fora orientada a ter calma, já que seria a sua quarta enfermeira em cerca de um mês. As anteriores haviam pedido demissão antes de completarem uma semana na casa. Sabia que encontraria um homem jovem, de apenas trinta anos, preso a uma cadeira de rodas, devido a um acidente, extremamente revoltado com sua atual situação de paraplégico. Demonstrava sua revolta sendo grosseiro e humilhando aqueles que o rodeavam, tentando ajudá-lo. Poucas eram as pessoas que ficavam livres de sua ira. Fora indicada por seu superior a este trabalho, graças ao seu interesse em psicologia e, por sua notória paciência com pacientes deste tipo. Não queria fazer nenhuma idéia pré-concebida do pobre homem sem antes conhecê-lo. Mas tentou obter o maior número de informações sobre quem ele era antes da fatalidade. Descobrira muitos motivos para o seu comportamento. Rico, noivo, engenheiro e vice-presidente de uma conhecida indústria alimentícia, de propriedade de sua família há pelo menos três gerações, tenista amador e muito conhecido na alta roda da capital. Não devia ser fácil transformar-se repentinamente em um “cadeirante”. Fora isto, tinha perdido a mãe no acidente, sendo ele o condutor do carro. Era muito provável que, além de toda sua infelicidade, ainda se sentisse responsável por aquela morte. Depois de tanta pesquisa, acreditava possuir a força necessária para enfrentar a fúria de seu mais novo paciente. Porém, nem em seus piores pesadelos Ângela poderia imaginar o que estava por vir.
Estacionou seu automóvel na rua Linhares, diante da bela e imensa mansão que ocupava uma quadra inteira no bairro Cidade Jardim.
Pegou sua grande bolsa, onde colocava todos os apetrechos que pudesse vir a precisar em seu trabalho, como um estetoscópio, um aparelho para medir a pressão, um avental limpo, uma muda de roupa e um maiô de natação. Sabia que seu paciente começaria as sessões de fisioterapia na piscina da casa e talvez tivesse que auxiliar. Ficou impressionada com a construção sólida e tradicional, resistente a décadas de intempéries e diversos habitantes. Soube que ela tinha sido construída pelo avô de seu paciente. Olhou sua imagem refletida no vidro da porta de entrada, através das rendas de metal branco que a protegiam e decoravam. Apertou a campainha. Não aguardou mais que trinta segundos, quando uma mulher jovem abriu a porta, vestida com um típico uniforme de funcionária doméstica, um sóbrio vestido marinho, um avental branco e a indefectível touca branca sobre os cabelos, presos num coque discreto à nuca.
- Sim?
- Bom dia. Meu nome é Ângela Paes e sou a nova enfermeira do Senhor Bernazzi.
- Ah, pois não. Pode entrar, por favor. O seu colega, Lino, pediu que a levasse até ele, antes de apresentá-la ao Seu Diego – falou simpaticamente, fazendo um gesto para que entrasse.
Fechou a porta e pediu que a acompanhasse.
A casa cheirava a limpeza. Parecia que tudo estava em seu lugar. A decoração austera e antiga, como se fosse assim desde sua inauguração, lembrava a casa de seus avós. Poucas modernidades decorativas tinham lugar por ali. Foi levada até uma pequena saleta, com uma escrivaninha, uma cadeira, uma confortável poltrona e um armário com chave, que parecia ter sido improvisada no que seria um antigo depósito ou despensa, junto a área de serviço da casa. Passou pela cozinha, que era uma das únicas peças que demonstrava que estavam no século vinte e um. Sobre os balcões de mármore branco desfilavam os mais modernos aparelhos eletrodomésticos. Certamente aquele ambiente também sofrera uma grande reforma para acomodar tantos equipamentos. Isto era de esperar já que a casa pertencia a pessoas donas de uma empresa ligada à alimentação.
- Ângela! Que bom vê-la. Como vai? – cumprimentou-a o homenzarrão de cabelos negros e barba por fazer, olhos cansados, com papuças levemente escurecidas, mas um grande sorriso simpático no rosto.
Lino tinha sido seu contemporâneo na época da faculdade, apesar de estar dois anos a sua frente. Sempre fora um colega afável, que não negava ajuda nos estudos aos mais jovens, emprestando seus cadernos e livros a quem pedisse. Chegaram a trabalhar no mesmo hospital depois de formados, mas com o tempo e a necessidade de ganhar mais dinheiro, Lino acabou fazendo seu próprio serviço de enfermagem à domicílio, tendo grande sucesso devido a sua seriedade no trabalho e por empregar apenas os melhores do mercado. Era o preferido pelas camadas mais abastadas da sociedade mineira. Quando ele soube que Ângela tinha saído de seu emprego para iniciar um mestrado, não perdeu tempo em chamá-la para trabalhar com ele e, mais específicamente com Diego. Achou que ela teria um atrativo todo especial por aquele caso, pois fechava com o assunto de sua tese, que era a respeito do tratamento de deficientes físicos paraplégicos e seus aspectos psicológicos. Não se enganara, pois Ângela aceitara na hora o emprego. Apesar de não ter necessidade de sustentar-se, pois vinha de uma família de posses, era muito trabalhadora e eficiente na carreira que escolhera. Não se negava ao trabalho e entregava-se de corpo e alma a ele.
- Muito bem. Apresentando-me para o trabalho. E o nosso paciente? O que tem a me dizer dele? – perguntou interessada em mais dados que a ajudassem a lidar com a suposta fera que lhe haviam descrito.
- Sei que não precisaria lhe dizer, mas tome cuidado. Ele ainda está extremamente revoltado, apesar de já fazer mais de um mês que soube de sua nova condição. As outras três que estiveram aqui antes de você choravam todos os dias depois de lidarem com ele.
- E com você?
- Parece que simpatizou comigo, mas mesmo assim às vezes não tolera a minha ajuda. Ele não é má pessoa. Está apenas passando por uma fase difícil. Para sorte dele ou nossa, tem um bom controle esfincteriano. Por incrível que pareça, não tem bexiga neurogênica. Tentei obter mais informações sobre a lesão dele, mas o padrasto não soube ou não quis esclarecer. Ele sofreu uma aparente descompressão da medula durante sua internação, mas não consegui saber o resultado exato disto. Estou tentando descobrir o nome do primeiro neurocirurgião que o tratou, mas ainda não consegui. O atual, não dá grandes informações. Assim, temos um hiato no tratamento. Até o fisioterapeuta não recebeu grandes esclarecimentos, o que é muito ruim para a reabilitação. Estamos lidando um pouco no escuro. Talvez ele tenha chance até de voltar a andar. Mas não podemos animá-lo quanto a isso, por ter poucos dados.
- Não se preocupe. Dou um jeito. Vou tentar descobrir mais dados.
A partir daí, Lino orientou-a sobre as atividades que ocupavam o dia de Diego, como a fisioterapia, as rotinas alimentares, visitas médicas e assim por diante. Descreveu-o como um homem de fibra, inteligente e de grande força de vontade. Porém, o sofrimento o tornara áspero e egoísta. Os únicos que ainda tinham livre acesso a ele eram o padrasto, Marcelo, e uma antiga secretária de sua mãe, Glória, que o conhecia desde criança. Ela vinha visitá-lo quase que dia sim, dia não. A noiva, Cláudia, era tratada com o mesmo desprezo destinado às enfermeiras e empregadas da casa.
- Será que ele é só mais um machista, que não admite ajuda de mulheres? – indagou sorrindo, maliciosamente. Sabia que a maioria dos homens deficientes estavam na faixa etária de Diego, e que eram na maioria heterossexuais inconformados com o novo papel de dependentes de suas mulheres, namoradas, noivas ou esposas. A grande maioria demorava muito tempo até aceitar a nova posição. Isto fazia parte da idéia preconceituosa de que o homem tem de ser o herói e o protetor de suas parceiras. Esta “inversão” de papéis é difícil de aceitar por parte dos novos deficientes masculinos.
- Você sabe que não é nada fácil enfrentar esta situação, numa idade como a dele.
- Claro que sei, Lino. Você sabe também que o meu papel aqui vai ser tentar mostrar-lhe que não tenho pena dele e ajudá-lo a ver que está errado quanto a estes preconceitos. Acho isto mais importante do que qualquer ajuda nos seus rituais de higiene ou locomoção.
- Exatamente por isso que a contratei, Ângela. Confesso que fico mais tranqüilo tendo-a aqui conosco.
- E eu lhe agradeço muito por esta oportunidade. Acho que vai ser de um grande valor nas minhas pesquisas, além de poder ajudar alguém como ele, que é o mais gratificante de tudo.
Enquanto conversavam, Lino mostrava-lhe as peças da casa por onde ela precisaria transitar. Ensinou a utilizar o elevador da sala, que facilitava o transporte de Diego para o andar superior onde ficava seu quarto. Ele recusara-se a mudar a posição de seu quarto para o andar inferior. Evitava ao máximo qualquer mudança na casa ou nas rotinas que tinha antes do acidente. Isto parecia ser importante para ele, para não sentir-se tão diferente. Apresentou a cozinheira, Zica, um apelido de Maria Zilda, e ao motorista Luís. Clara ela já conhecera. Era a copeira que a recebera minutos atrás. Todos se mostraram lastimosos a respeito do que acontecera com o patrão e sua mãe e ansiosos a prestar ajuda no que estivesse ao seu alcance.
- Bem, que tal conhecer o seu novo “algoz”? – perguntou com um sorriso de satisfação – Só lembro a você que seremos apenas nós dois a cuidá-lo. Eu farei as noites e você os dias. Os fins-de-semana poderemos combinar depois.
- Sem dúvida. Vamos lá enfrentar a fera.
- Ele deve estar nos jardins, perto da piscina, que é o seu local preferido.
- Não é perigosa esta proximidade de uma piscina? – perguntou preocupada.
- Não. Ele não tem nenhuma tendência suicida, se é isso que está supondo. Tem sido acompanhado por um psiquiatra, uma vez por semana, meio que a contragosto. Ele nos assegurou que este risco não existe.
Chegaram aos jardins, nos fundos da mansão. Lá estava ele, com olhar perdido nas montanhas que cercavam a cidade e que daquele ponto podiam ser avistadas. A vista era deslumbrante e relaxante. Aproximaram-se e, ao sentir que estava acompanhado, virou-se de lado em sua cadeira para poder ver quem era.
Ângela deparou-se com um homem que, apesar de estar sentado, podia-se notar que era alto e forte, de cabelos castanho-claros curtos, rosto escanhoado, com o queixo partido por uma atraente covinha. Tinha olhos claros, mas não conseguia lhes definir a cor, na distância em que se encontrava. Sentiu que o olhar dele a percorreu de alto a baixo, analisando-a. Uma ruga mantinha-se entre as sobrancelhas levemente arqueadas, acima do nariz grande e proporcional ao restante de seu rosto. Vestia uma camisa pólo branca de mangas curtas e uma calça de moletom marinho. Ela tentou manter a expressão serena, apesar de sentir-se desconfortável diante dele. Saudou Lino, sem, porém, desviar um milímetro os olhos de Ângela.
- Já está saindo de seu plantão, Lino?
- Sim, Diego. Vim para me despedir e para lhe apresentar minha colega, Ângela, que irá acompanhá-lo durante o dia, a partir de hoje.
- É um prazer, senhor Bernazzi.
- Creio que já tínhamos conversado sobre este assunto, Lino, e eu havia lhe pedido para arranjar um enfermeiro homem – sua voz grave e rouca soou desagradável, desviando seu olhar para Lino e desprezando o cumprimento de Ângela.
- Mas, Diego, acho que Ângela... – começou a desculpar-se, corando.
- Senhor Bernazzi, – ela sentiu-se no direito de interromper a conversa, já que o assunto era ela própria – pensei que um homem inteligente e culto como o senhor não fosse preconceituoso.
- Senhora Ângela, – respondeu irônico – não é uma questão de preconceito. Eu simplesmente não quero minhas intimidades expostas a uma mulher. É difícil entender isso?
- Mas o senhor deve entender também que eu sou uma profissional e é como tal que trabalharei aqui.
- Quem disse que trabalhará?
Ângela ficou muda diante deste argumento. Realmente ela não poderia impor sua presença, já que ele era o contratante.
- Diego, existem pouquíssimos profissionais no mercado tão competentes quanto Ângela. Ela vai poder ajudá-lo não só em sua reabilitação, como também na sua aceitação sobre o que é inevitável – defendeu-a Lino – De que adianta colocar um enfermeiro sem capacidade para ajudá-lo no que precisa, só porque é homem.
- Para tratar minha “aceitação sobre o que é inevitável”, já tenho um psiquiatra metido a besta. Não preciso de mais uma... pessoa para esta “tarefa” – desafiou-a rudemente com o olhar.
- Mas, Diego... – Lino tentou defender seu ponto de vista.
- Ela não parece muito forte – interrompeu-o, avaliando-a descaradamente – Como vai me ajudar se precisar me erguer da cadeira ou qualquer outra situação que precise de força.
- As aparências enganam, senhor Bernazzi. Sou mais forte do que aparento, posso lhe garantir – respondeu Ângela prontamente.
- Parece que ela está mesmo precisando deste emprego – disse, tentando humilhá-la.
- Não, senhor Bernazzi. Na verdade, o senhor certamente precisa muito mais de mim que eu do seu emprego. E se pensa que vou ficar aqui ouvindo suas avaliações equivocadas sobre mim, só porque está preso nesta cadeira, está muito enganado. Gostaria de ficar aqui para ajudá-lo, pois me preparei para tal e acredito que podemos fazer um ótimo trabalho juntos. Mas para isso preciso de sua cooperação. Não poderemos fazer nada se não houver um acordo de colaboração mútua. O senhor é quem decide. Se pretende continuar sentindo pena de si mesmo, vou embora agora mesmo. Mas se for a pessoa inteligente e de vontade férrea que Lino me descreveu, sei que fará a escolha certa.
A expressão de Diego foi mudando a medida que as palavras de Ângela o envolviam. Lino sorriu intimamente ao ver que ela estava conseguindo seu objetivo. Já o conhecia o suficiente para reconhecer que ela o estava impressionando.
- Vejo que estudou Psicologia também... – disse com um meio sorriso – Pois bem, senhora Ângela, vou lhe dar uma chance para me “reabilitar”, como vocês gostam de dizer. Lino, espero por você à noite. Vamos ver como ela fica de maiô – disse piscando um olho para o enfermeiro.
- Muito obrigada por esta chance, senhor Bernazzi – falou em tom falsamente agradecido, olhando logo a seguir para seu colega e dando uma piscadela – Vamos ver como ele fica de calção... Até mais, Lino.
Lino ficou observando-os afastarem-se, rezando para que Ângela tivesse bom humor o suficiente para resistir às explosões que enfrentaria em breve.


Olá!! Resolvi vir mais cedo e publicar mais uma parte do novo romance para matar um pouco da curiosidade das minhas leitoras de carteirinha. Como tinha dito antes, ainda estou escrevendo e o tempo anda escasso. Vou me esforçar para não demorar muito a publicar mais, mas não garanto nada. Só posso dar a certeza de que ele vai ter início, meio e fim, sem dúvidas. Agradeço mais uma vez os comentários e espero os próximos.
Muitos beijos!
PS: Tenho tido alguma dificuldade com as novas configurações para postagem no blog, por isso não reparem se a letra de uma postagem ficar diferente da anterior. Vamos tentar resolver isso.BJS!

7 comentários:

  1. Rô amiga, sinto informar, você não matou a curiosidade, só a deixou mais aguçada, rsrsrsr. Esse romance promete, eu já estou totalmente envolvida com a estória desde o 1º capítulo, e fico ansiosa em saber como vai ser a continuação, acho que a emoção vai ser grande!
    Um cheirooo querida amiga e fica com Deus!!

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  2. Ro...
    Ro adorando...
    Posta mais q eu to curiosa
    bjocas

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  3. Rô, pra variar, tô adorando!
    Que rapaz mais desaforado heim... kkk...
    Esse romance promete...
    Bjim♥

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  4. Rosane,querida!!!!
    Não demore mto mais para postar pois este está sendo um dos melhores que vc. já escreveu,está maravilhoso.
    Não demore mto não!!!!!!!
    Bjs.
    PS:Este Diego é mto rebelde e desaforado.

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  5. Já li os três capitulos e estou amando.
    Acho muito interessente como funciona a nossa imaginação, pois às vezes criamos uma história em nossa mente e acaba que aparece uma super parecida de uma pessoa a qual não temos nenhum contato!

    Bom, você sabe que eu só não sou sua fã número um, por que eu fico em falta sempre nos comentários e não li todassss as suas estórias, mas eu amo o que você escreve,e estou adorando o Diego!

    Ansiosa para ler a continuação e mais ansiosa ainda pelo romance! hehehe

    Bjooos

    Taty

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  6. Que coisa mais estranha a Ágata ter sido vista beijando o motorista, não me parece uma atitude que ela tomaria.
    Puxa, o Diego ficou paraplégico, que falta de sorte... Se bem que permanecer vivo já foi uma sorte, mas é que pelo visto o tal “acidente” não foi bem isso, me parece algo planejado. E perder a mãe assim, descobrir que a Cláudia é uma bela bisca e ficar paraplégico, deixa mesmo qualquer pessoa revoltada. É uma situação muito difícil e tem que ser tratada com muita delicadeza e paciência.
    A Ângela vai ter que ter jogo de cintura e profissionalismo para fazer com que o nosso Diego dê a volta por cima e recomece a enxergar o lado bom de viver.
    Esse romance vai ser daqueles de nos deixar com todos os pelinhos do corpo ouriçados, ou seja, do jeitinho que a gente gosta, hehehe...
    Beijinhos

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  7. Uia!1 O negócio vai vibrar! Sabe que acabei de ler um livro da Lindinha, onde um paciente, todo bom e invocado também se vê "obrigado" a encarar uma fisioterapêuta dura na queda?
    Aff! Quantas emoções nos aguardammmmmm!
    Vou "correndo" para o próximo capítulo.
    Bjs

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Cantinho do Leitor
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