by Kodama e Fantin
Bem, estamos quase chegando ao gran finale da nossa história. Puxa, dessa vez até eu fiquei com pena do Kyle... Tadinho... Acho que fomos muito duras com ele... Mas parece que ele terá uma boa ajuda nessa batalha. Vamos ver no próximo capítulo.
Mais uma vez quero agradecer o apoio das minhas queridas comentaristas, Nadja, Léia, Dioceli e da minha parceira, Aline. Quero dizer que estou ansiosa por esse final e pela alegria que acompanha o desfecho de cada romance.
Até a próxima! Um excelente final de semana e um super beijo para todos!
Pensei ter ouvido um grito quando chegávamos ao prédio de Dominic. As luzes estavam acesas e, logo ao entrar, percebi que algo estava errado. Leonora ainda se encontrava sem sentidos e Nathanael a levou para o quarto. Correu para a sala ao ouvir meu urro de dor e revolta e me encontrou de joelhos diante do que seria a metade da asa de um anjo. Uma parte da asa de Ariel, ainda com seu sangue fresco. A mutilação ocorrera há poucos minutos, mas não havia sinal dela ou de seu algoz. O desespero e a sensação de impotência logo deram lugar à raiva e à vontade de matar. A primeira vítima foi a mesa de centro, que estava mais próxima. Vidro e madeira voaram aos pedaços sobre o tapete da sala. O sangue gotejou de meu punho fechado. Nathanael aproximou- se para tentar me acalmar e por pouco não recebe um soco violento.
– É exatamente isso que ele quer; que você fique puto da vida e perca a noção de tudo.
– Ariel... O que ele fez?!! Aquele miserável! Vou achá-lo nem que tenha de ir ao Inferno.
– Ele não pode levá- la para lá. É contra as regras milenares. Você sabe disso. Os anjos tem o direito de escolha e só podem ir para lá por vontade própria. Portanto, temos que esperar.
– Esperar o quê? Que ele a mande em pedaços pelo correio?
Eu sabia que a perda de parte da asa não a levaria a morte, mas podia imaginar a dor que ela sentira e isso era enlouquecedor.
– Kolchak vai procurá-lo. O valor do resgate de Ariel é a sua alma. Pode ter certeza que ele a manterá viva até conseguir o que procura.
– Como pode ter tanta certeza disso que está falando?
– Confie no que eu lhe digo.
– Nathanael... Você está sabendo de algo mais e não quer me dizer... Está diferente...
– Estou apenas sendo sensato.
– Não posso ficar sentado aqui simplesmente esperando! – exclamei raivoso.
A porta da frente se abriu levando nossos olhares em sua direção. Yesalel soltou um grito de horror quando percebeu a origem da mancha branca que chamou sua atenção aos pés de Kyle.
– O que está acontecendo aqui? – exclamou Dominic surpreendendo-se com uma pequena explosão de luz sobre o carpete da sala, como se um cristal acabasse de ser pulverizado.
– Ariel... Ela foi levada. – Olhei para baixo a procura do membro mutilado, mas ele sumira.
– Já se desvaneceu. – explicou Nathanael, lembrando que isso sempre acontecia a qualquer parte de um anjo que fosse separada de seu corpo, minutos após o ocorrido.
– O que desvaneceu?
Kyle contou rapidamente o quadro que tinham encontrado no apartamento pouco antes dele chegar.
– Então foi tudo uma armação para nos afastar daqui... – constatou Dominic estarrecido.
– Como assim? – perguntei.
– Recebi um falso chamado do Tribune. – contou Dominic. – A voz era a de Elliot, o editor, me chamando para comparecer ao jornal com urgência. Quando chegamos lá, não havia ninguém. Liguei para o Elliot, que me jurou que não havia feito ligação alguma para mim.
– Parece que o sequestro da Leonora também fez parte do show para me atrasar na chegada aqui. – conclui.
– Mas como eles podiam saber que você estava vindo para cá?
De repente, me dei conta que eu não estava a caminho da casa deles. Angus fizera um desvio... Angus?!!
O barulho de motor partindo em alta velocidade cortou minha linha de raciocínio. O motor de um Mercedes. O meu.
– Leonora!
Corri até o quarto onde ela deveria estar deitada. A janela que dava para a saída de incêndio estava escancarada e o ar gelado deslocava as cortinas desordenadamente.
– Ela também foi levada! – gritou Dominic tão logo percebeu.
Nathanael desmaterializou- se instantaneamente. Saltei do terceiro andar onde estava e, caindo de pé sobre o asfalto da rua, corri com um louco, tentando alcançar Angus. Com sorte ele a estava levando para o mesmo esconderijo onde Ariel estava.
Como Nathanael tinha sido eficiente evitando o rapto de Leonora, na primeira vez, eles se utilizaram do espião que tinham plantado no castelo de Malachy há quase mil anos... Como eu nunca suspeitei dele? Ele estava lá o tempo todo, fingindo fidelidade, dando informações ao meu respeito àqueles desgraçados.
Ainda podia ver a traseira do Mercedes, quando um raio luminoso caiu bem a minha frente, cegando- me por alguns segundos. Não acreditei no que vi e tive que esfregar os olhos para certificar-me de que não era uma miragem ou algum outro truque de Kolchak para retardar nosso encontro.
– O que pensa que está fazendo? – gritei furioso com o espectro que barrava minha passagem.
– Evitando que aja como um tolo. – disse Samuel.
– O que você tem a ver com isso? Saia da minha frente!
– Nathanael vai velar por elas.
– O quê? Velar por elas? Elas estão em sério perigo! Nathanael não tem como protegê-las estando sozinho.
– As aparência enganam. ... Já devia ter aprendido essa lição durante sua longa existência aqui na Terra.
– O que você tem a ver com tudo isso que está acontecendo? É algum tipo de complô entre os dois reinos e eu fui escolhido para bobo da corte?
– Eu não menosprezaria tanto o seu papel... – disse ele com olhar enigmático.
– Samuel... Este jogo de rato e gato já perdura dez séculos! Por que só agora vocês resolveram aparecer? É o final de jogo e a cavalaria se apresenta na última hora?
– Parece que está começando a entender. – Seu rosto não transparecia qualquer sinal de escárnio.
– Você sabe para onde eles as levaram?
– Tenho uma boa ideia.
– Então me diga e eu irei até lá agora.
– Tudo a seu tempo...
– Do que está falando, Samuel?
– Agora falta pouco... Paciência.
Avancei contra ele, com a raiva eclodindo em meu peito. Queria pegá-lo e sacudi-lo até conseguir a explicação para a sua maldita aparição e pelas palavras emprestadas de uma charada sem graça. Acabei com as mãos vazias e a mente atordoada. De repente, lembrei! O rastreador do carro! Corri de volta até a casa dos MacTrevor e pedi o computador de Dominic emprestado. Em poucos minutos, acessei os dados na empresa de segurança e consegui a localização do veículo. Ele havia estacionado em uma rua na parte nova da cidade, não muito longe de onde estávamos. Dominic – não consegui convencê-lo a ficar em casa com Yesalel – e eu seguimos imediatamente para lá. Era um edifício de alto gabarito, residência de alguns conhecidos da população abastada de Edimburgo. A Mercedes estava abandonada diante do prédio, com as chaves na ignição, o que achei estranho. O porteiro tentou barrar nossa entrada, mas com o controle de sua mente consegui que ele me dissesse para onde Angus tinha levado Leonora. Subimos até a cobertura. Arrombei a porta com um chute e mergulhamos na escuridão do apartamento. Estávamos na sala principal. Da entrada era possível ver as luzes de Edimburgo através de um janelão, como o que eu possuía em meu escritório. Estava em um dos esconderijos de Kolchak. Um gemido chamou nossa atenção, vindo de um dos ambientes na parte íntima da casa. Ariel?!
Ao mesmo tempo, saímos a procura da fonte do lamento e encontramos Leonora, caída sobre uma cama, num dos quartos. Apenas uma fraca luz do abajur ao lado do leito a iluminava. Não havia outros móveis.
- Verifique se ela está ferida, enquanto eu vou dar uma olhada por aí. – ordenei a Dominic, que estava evidentemente abalado. Yesalel se mantinha ao seu lado.
Apesar da densa penumbra era possível perceber que os únicos móveis que decoravam o lugar estavam na sala e no quarto onde Leonora havia sido deixada. Nada nem ninguém mais havia ali a não ser peças vazias. Já perdera as esperanças de encontrar Ariel, quando uma luz repentinamente acesa chamou minha atenção. Ela filtrava-se sob uma das portas do longo corredor. Aproximei-me com cautela e logo meus sentidos captaram a presença de Kolchak ou de alguém enviado das profundezas do Inferno. Quando levei a mão à maçaneta para entrar no cômodo, a porta se abriu sozinha e silenciosa, deixando entrever mais uma ampla e desocupada sala. Como única decoração, uma parede coberta por espelhos. A porta, atrás de mim, fechou-se com tal força que senti o chão tremer. Mais uma das brincadeiras de mau gosto de Kolchak. Ele adorava um teatro.
- E então, Elyk? Pronto para ser nosso aliado?
A voz surgiu juntamente com a imagem do miserável, a sorrir, no reflexo do espelho. Um sorriso de sátira. Tive ganas de quebrar tudo, mas precisava saber onde estava Ariel.
- Sinceramente, você ainda tem alguma esperança? – respondi forçando uma frieza que já não possuía.
- Eu sou muito perseverante... Além disso, estamos com alguém muito importante em nosso poder, que nos ajudará a resolver essa disputa de séculos.
Nesse momento, uma nova imagem formou-se na parede espelhada. Era Ariel, com as mãos acorrentadas acima da cabeça, dentro de uma espécie de cela, com a asa direita mutilada e manchada de sangue. Enquanto me despedaçava por dentro, mantive o olhar firme e os pés presos ao chão. Notei que ela respirava, apesar de inconsciente. A raiva, que seguiu a dor diante daquela dilacerante visão, fez meus caninos se protraírem e quase quebrei a mandíbula, tal a força com que a cerrava.
- Estou impressionado com seu controle, meu caro... Acho que não conseguiria mantê-lo se a tivesse ouvido chorar, implorando por sua vida.
- Não adianta se esconder atrás desse espelho, Kolchak. Quando eu puser minhas mãos em você... – Não queria ouvir sua mentiras apelativas.
- Você sabe o que tem que fazer para mantê-la viva! O seu Criador o expulsou, jogou-o no limbo, para viver como um animal que precisa caçar humanas para alimentar-se de seu sangue. Você era o Seu melhor guerreiro e foi essa a sua recompensa? Pense, Elyk! Meu Mestre terá um lugar de destaque para você. O ano de 2012 será o ano de nossa vitória. Todas as previsões já feitas na Terra serão confirmadas. Um novo mundo será criado a imagem e semelhança de meu Mestre. Junte-se a nós e terá o poder e o reconhecimento que nunca lhe foi dado por Deus. Fora isso, como bônus, Ariel será sua, bem como quaisquer outras fêmeas que você desejar... Leonora, por exemplo...
Ao ouvir aquele discurso, a náusea tomou conta de mim.
- Vou matar você...
- Se ainda fosse um anjo guerreiro e possuísse sua espada celestial, talvez você conseguisse seu intento. Infelizmente, Ele tirou tudo isso de você. - Sua risada de vitória corroeu meus ouvidos, enquanto eu via a imagem de Ariel perder-se nos estilhaços do espelho que se desintegrava na minha frente.
- Você tem até o entardecer de amanhã para tomar sua decisão e salvar sua amada Ariel.
Ditas essas palavras, a voz emudeceu e a sala mergulhou em profunda escuridão. Senti minhas forças esvaírem-se e caí sobre meus joelhos. Fechei os punhos sobre o peito e expulsei o grito de dor, revolta e impotência que se agarrava em minha garganta. O sequestro de Leonora, a traição de Angus, Nathanael e a aparição de Samuel pedindo paciência. As palavras de Kolchak ressoavam em minha mente... Eu tinha sido expulso e abandonado. Não no limbo, mas no Inferno. Por que lutar contra algo que já era a minha realidade?
Estava preso na escuridão da sala e de meus pensamentos, quando a luz surgiu às minhas costas, trazendo respostas às minhas tortuosas dúvidas.
- Elyk, você vai vencê-lo.
Era a voz de Damian.
– É exatamente isso que ele quer; que você fique puto da vida e perca a noção de tudo.
– Ariel... O que ele fez?!! Aquele miserável! Vou achá-lo nem que tenha de ir ao Inferno.
– Ele não pode levá- la para lá. É contra as regras milenares. Você sabe disso. Os anjos tem o direito de escolha e só podem ir para lá por vontade própria. Portanto, temos que esperar.
– Esperar o quê? Que ele a mande em pedaços pelo correio?
Eu sabia que a perda de parte da asa não a levaria a morte, mas podia imaginar a dor que ela sentira e isso era enlouquecedor.
– Kolchak vai procurá-lo. O valor do resgate de Ariel é a sua alma. Pode ter certeza que ele a manterá viva até conseguir o que procura.
– Como pode ter tanta certeza disso que está falando?
– Confie no que eu lhe digo.
– Nathanael... Você está sabendo de algo mais e não quer me dizer... Está diferente...
– Estou apenas sendo sensato.
– Não posso ficar sentado aqui simplesmente esperando! – exclamei raivoso.
A porta da frente se abriu levando nossos olhares em sua direção. Yesalel soltou um grito de horror quando percebeu a origem da mancha branca que chamou sua atenção aos pés de Kyle.
– O que está acontecendo aqui? – exclamou Dominic surpreendendo-se com uma pequena explosão de luz sobre o carpete da sala, como se um cristal acabasse de ser pulverizado.
– Ariel... Ela foi levada. – Olhei para baixo a procura do membro mutilado, mas ele sumira.
– Já se desvaneceu. – explicou Nathanael, lembrando que isso sempre acontecia a qualquer parte de um anjo que fosse separada de seu corpo, minutos após o ocorrido.
– O que desvaneceu?
Kyle contou rapidamente o quadro que tinham encontrado no apartamento pouco antes dele chegar.
– Então foi tudo uma armação para nos afastar daqui... – constatou Dominic estarrecido.
– Como assim? – perguntei.
– Recebi um falso chamado do Tribune. – contou Dominic. – A voz era a de Elliot, o editor, me chamando para comparecer ao jornal com urgência. Quando chegamos lá, não havia ninguém. Liguei para o Elliot, que me jurou que não havia feito ligação alguma para mim.
– Parece que o sequestro da Leonora também fez parte do show para me atrasar na chegada aqui. – conclui.
– Mas como eles podiam saber que você estava vindo para cá?
De repente, me dei conta que eu não estava a caminho da casa deles. Angus fizera um desvio... Angus?!!
O barulho de motor partindo em alta velocidade cortou minha linha de raciocínio. O motor de um Mercedes. O meu.
– Leonora!
Corri até o quarto onde ela deveria estar deitada. A janela que dava para a saída de incêndio estava escancarada e o ar gelado deslocava as cortinas desordenadamente.
– Ela também foi levada! – gritou Dominic tão logo percebeu.
Nathanael desmaterializou- se instantaneamente. Saltei do terceiro andar onde estava e, caindo de pé sobre o asfalto da rua, corri com um louco, tentando alcançar Angus. Com sorte ele a estava levando para o mesmo esconderijo onde Ariel estava.
Como Nathanael tinha sido eficiente evitando o rapto de Leonora, na primeira vez, eles se utilizaram do espião que tinham plantado no castelo de Malachy há quase mil anos... Como eu nunca suspeitei dele? Ele estava lá o tempo todo, fingindo fidelidade, dando informações ao meu respeito àqueles desgraçados.
Ainda podia ver a traseira do Mercedes, quando um raio luminoso caiu bem a minha frente, cegando- me por alguns segundos. Não acreditei no que vi e tive que esfregar os olhos para certificar-me de que não era uma miragem ou algum outro truque de Kolchak para retardar nosso encontro.
– O que pensa que está fazendo? – gritei furioso com o espectro que barrava minha passagem.
– Evitando que aja como um tolo. – disse Samuel.
– O que você tem a ver com isso? Saia da minha frente!
– Nathanael vai velar por elas.
– O quê? Velar por elas? Elas estão em sério perigo! Nathanael não tem como protegê-las estando sozinho.
– As aparência enganam. ... Já devia ter aprendido essa lição durante sua longa existência aqui na Terra.
– O que você tem a ver com tudo isso que está acontecendo? É algum tipo de complô entre os dois reinos e eu fui escolhido para bobo da corte?
– Eu não menosprezaria tanto o seu papel... – disse ele com olhar enigmático.
– Samuel... Este jogo de rato e gato já perdura dez séculos! Por que só agora vocês resolveram aparecer? É o final de jogo e a cavalaria se apresenta na última hora?
– Parece que está começando a entender. – Seu rosto não transparecia qualquer sinal de escárnio.
– Você sabe para onde eles as levaram?
– Tenho uma boa ideia.
– Então me diga e eu irei até lá agora.
– Tudo a seu tempo...
– Do que está falando, Samuel?
– Agora falta pouco... Paciência.
Avancei contra ele, com a raiva eclodindo em meu peito. Queria pegá-lo e sacudi-lo até conseguir a explicação para a sua maldita aparição e pelas palavras emprestadas de uma charada sem graça. Acabei com as mãos vazias e a mente atordoada. De repente, lembrei! O rastreador do carro! Corri de volta até a casa dos MacTrevor e pedi o computador de Dominic emprestado. Em poucos minutos, acessei os dados na empresa de segurança e consegui a localização do veículo. Ele havia estacionado em uma rua na parte nova da cidade, não muito longe de onde estávamos. Dominic – não consegui convencê-lo a ficar em casa com Yesalel – e eu seguimos imediatamente para lá. Era um edifício de alto gabarito, residência de alguns conhecidos da população abastada de Edimburgo. A Mercedes estava abandonada diante do prédio, com as chaves na ignição, o que achei estranho. O porteiro tentou barrar nossa entrada, mas com o controle de sua mente consegui que ele me dissesse para onde Angus tinha levado Leonora. Subimos até a cobertura. Arrombei a porta com um chute e mergulhamos na escuridão do apartamento. Estávamos na sala principal. Da entrada era possível ver as luzes de Edimburgo através de um janelão, como o que eu possuía em meu escritório. Estava em um dos esconderijos de Kolchak. Um gemido chamou nossa atenção, vindo de um dos ambientes na parte íntima da casa. Ariel?!
Ao mesmo tempo, saímos a procura da fonte do lamento e encontramos Leonora, caída sobre uma cama, num dos quartos. Apenas uma fraca luz do abajur ao lado do leito a iluminava. Não havia outros móveis.
- Verifique se ela está ferida, enquanto eu vou dar uma olhada por aí. – ordenei a Dominic, que estava evidentemente abalado. Yesalel se mantinha ao seu lado.
Apesar da densa penumbra era possível perceber que os únicos móveis que decoravam o lugar estavam na sala e no quarto onde Leonora havia sido deixada. Nada nem ninguém mais havia ali a não ser peças vazias. Já perdera as esperanças de encontrar Ariel, quando uma luz repentinamente acesa chamou minha atenção. Ela filtrava-se sob uma das portas do longo corredor. Aproximei-me com cautela e logo meus sentidos captaram a presença de Kolchak ou de alguém enviado das profundezas do Inferno. Quando levei a mão à maçaneta para entrar no cômodo, a porta se abriu sozinha e silenciosa, deixando entrever mais uma ampla e desocupada sala. Como única decoração, uma parede coberta por espelhos. A porta, atrás de mim, fechou-se com tal força que senti o chão tremer. Mais uma das brincadeiras de mau gosto de Kolchak. Ele adorava um teatro.
- E então, Elyk? Pronto para ser nosso aliado?
A voz surgiu juntamente com a imagem do miserável, a sorrir, no reflexo do espelho. Um sorriso de sátira. Tive ganas de quebrar tudo, mas precisava saber onde estava Ariel.
- Sinceramente, você ainda tem alguma esperança? – respondi forçando uma frieza que já não possuía.
- Eu sou muito perseverante... Além disso, estamos com alguém muito importante em nosso poder, que nos ajudará a resolver essa disputa de séculos.
Nesse momento, uma nova imagem formou-se na parede espelhada. Era Ariel, com as mãos acorrentadas acima da cabeça, dentro de uma espécie de cela, com a asa direita mutilada e manchada de sangue. Enquanto me despedaçava por dentro, mantive o olhar firme e os pés presos ao chão. Notei que ela respirava, apesar de inconsciente. A raiva, que seguiu a dor diante daquela dilacerante visão, fez meus caninos se protraírem e quase quebrei a mandíbula, tal a força com que a cerrava.
- Estou impressionado com seu controle, meu caro... Acho que não conseguiria mantê-lo se a tivesse ouvido chorar, implorando por sua vida.
- Não adianta se esconder atrás desse espelho, Kolchak. Quando eu puser minhas mãos em você... – Não queria ouvir sua mentiras apelativas.
- Você sabe o que tem que fazer para mantê-la viva! O seu Criador o expulsou, jogou-o no limbo, para viver como um animal que precisa caçar humanas para alimentar-se de seu sangue. Você era o Seu melhor guerreiro e foi essa a sua recompensa? Pense, Elyk! Meu Mestre terá um lugar de destaque para você. O ano de 2012 será o ano de nossa vitória. Todas as previsões já feitas na Terra serão confirmadas. Um novo mundo será criado a imagem e semelhança de meu Mestre. Junte-se a nós e terá o poder e o reconhecimento que nunca lhe foi dado por Deus. Fora isso, como bônus, Ariel será sua, bem como quaisquer outras fêmeas que você desejar... Leonora, por exemplo...
Ao ouvir aquele discurso, a náusea tomou conta de mim.
- Vou matar você...
- Se ainda fosse um anjo guerreiro e possuísse sua espada celestial, talvez você conseguisse seu intento. Infelizmente, Ele tirou tudo isso de você. - Sua risada de vitória corroeu meus ouvidos, enquanto eu via a imagem de Ariel perder-se nos estilhaços do espelho que se desintegrava na minha frente.
- Você tem até o entardecer de amanhã para tomar sua decisão e salvar sua amada Ariel.
Ditas essas palavras, a voz emudeceu e a sala mergulhou em profunda escuridão. Senti minhas forças esvaírem-se e caí sobre meus joelhos. Fechei os punhos sobre o peito e expulsei o grito de dor, revolta e impotência que se agarrava em minha garganta. O sequestro de Leonora, a traição de Angus, Nathanael e a aparição de Samuel pedindo paciência. As palavras de Kolchak ressoavam em minha mente... Eu tinha sido expulso e abandonado. Não no limbo, mas no Inferno. Por que lutar contra algo que já era a minha realidade?
Estava preso na escuridão da sala e de meus pensamentos, quando a luz surgiu às minhas costas, trazendo respostas às minhas tortuosas dúvidas.
- Elyk, você vai vencê-lo.
Era a voz de Damian.
(continua...)
Bem, estamos quase chegando ao gran finale da nossa história. Puxa, dessa vez até eu fiquei com pena do Kyle... Tadinho... Acho que fomos muito duras com ele... Mas parece que ele terá uma boa ajuda nessa batalha. Vamos ver no próximo capítulo.
Mais uma vez quero agradecer o apoio das minhas queridas comentaristas, Nadja, Léia, Dioceli e da minha parceira, Aline. Quero dizer que estou ansiosa por esse final e pela alegria que acompanha o desfecho de cada romance.
Até a próxima! Um excelente final de semana e um super beijo para todos!
Retribuindo a sua ilustre visita... Abraços.
ResponderExcluirOlá meu nome é Lucy Marion e eu sou dona de um blog chamado entre linhas, q é voltado principalmente para livros, e uma amiga minha (Carolina do Blog Cantinho da Carolina) me indicou vc para fazer uma parceria com o meu blog, gostaria de saber se isso seria possivel. Estarei esperando a resposta, seria uma grande honra pra mim e pra minha equipe.
ResponderExcluirOlá, prezada Doutora e nobre Escritora,
ResponderExcluirVenho para lhe dizer que estou lendo “O Corsário Apaixonado” e antes mesmo de terminar, quer dizer, não estou nem na metade ainda, não resisti e interrompi a leitura para lhe confessar: escreves divinamente!... Com criatividade imaginativa e agudeza de poucos! Meus parabéns!
Em breve, lhe informarei quando farei a postagem de divulgação emitindo minha opinião sobre o livro, todavia, de antemão lhe digo: estou inebriado – embevecido, por ler uma obra fenomenal,de maravilhar como é esse seu livro.
Aceite meu abraço e minhas congratulações por sua genialidade descrita.
Até mais e, quando puder, apareça!
Rô amiga, não canso de acompanhar mais esse roamnce, está perfeito!
ResponderExcluirComo diz a Leia já estou com as unhas roídas (se eu roesse estaria mesmo, rsrsrs), todas essas revelações, a traição de Angus, o aparecimento de Samuel e essa descoberta da real personalidade de Nathanael... fiquei boquiaberta!
Estou morrendo de pena do Elyk, ter que demonstrar uma frieza que não está sentindo, quando na verdade queria pular no pescoço do Kolchak, se deixar influenciar pelas artimanhas dele ao lembrá-lo que o Criador o expulsou, foi muita maldeade.
Bom, agora é esperar mais um capítulo e torcer pela libertação de Ariel e pela ajuda dos Anjos.
Beijos amiga querida!!!!!!
Meninas que reta final eletrizante como dá vontade de pular dentro da história e mudar as coisas pra evitar tantos sofrimentos sem contar a surpresa de Angus ser o suposto traidor, mas acho que ele pode ter sido forçado. Agora ficamos esperando esse grande final quase sem unhas né Nadja... kkk Super beijos.
ResponderExcluirOi Rô saudades, menina que capítulo emocionante, maravilhoso, mal posso esperar pelo próximo que com certeza vai nos render muitos suspiros... beijão
ResponderExcluirO coitado do Elyk está sendo posto a toda prova: não pertence ao céu, nem ao inferno, mas tem o coração amoroso e vive enfrentando a escuridão. Passar por tudo isso é penoso demais, ainda mais sem conseguir entender direito o motivo de tanta perseguição. Fiquei com dó da Ariel tb, tadinha, que situação!
ResponderExcluirBeijinhos