sexta-feira, 27 de julho de 2012

O Vampiro de Edimburgo - Capítulo XV

by Kodama e Fantin

Encontrei-a no salão principal a minha espera. Dispensei Angus e me aproximei dela curioso para saber o que tinha a me dizer. Tão logo sentiu minha presença, ergueu a cabeça e me olhou altivamente. Ainda assim podia perceber o receio em seus olhos e um ligeiro tremor percorrendo seu corpo. Lutava contra a tentação de agarrá-la e fazê-la minha de uma vez por todas.
- Então... Queria falar comigo? Pensei que não me tolerasse e que não fosse querer me ver nunca mais a sós, depois do nosso último encontro na torre e de sua fuga inesperada.
Ela desviou o olhar e deu alguns passos para longe de mim.
- Fiquei assustada...
- Assustada? Ou arrependida?
- Eu não vim para falar sobre nosso último encontro, Kyle.
Ela realmente parecia perturbada.
- Então,  diga qual o motivo desta... "reunião"?
Tentei nova aproximação, mas ela esquivou-se mais uma vez.
Fiquei em silencio, aguardando sua  resposta.
- Estou preocupada com... esses ataques. Hoje eu pude ter uma ideia do que eles são capazes.  Nunca pensei que pudesse ter tanto medo.
Sua sinceridade me comoveu.
- Eles não tinham a intenção de matá-la; apenas assustá-la e deixá-la viva para me contar.
- E quanto a Dominic? Não fosse por Yesalel, ele teria morrido.
- Talvez eles soubessem que Dom teria ajuda. Tudo é possível.
Um novo mal estar me atingiu e ela, infelizmente, o percebeu mais uma vez.
- Há quanto tempo...  não se alimenta? – disse preocupada.
- Você me alimentou por último... Tem medo que eu tente me matar novamente? – respondi irritado.
- Você tem que estar preparado para enfrentar esses demônios...
- Por que quer me ajudar? Será a sua boa ação do dia? Tem medo que eu procure Leonora ou ... está com ciúmes de que eu procure outra mulher para me saciar? – Ela estremeceu e logo se mostrou indignada.
- Ciúmes? De onde tirou essa? Óbvio que não quero que procure Leonora para saciar seu apetite nem quero ver outra pobre humana sofrer em suas mãos... Mesmo sabendo que isso é algo involuntário de sua parte. – terminou por dizer, atenuando um pouco a força das palavras.
Não me contive e a cerquei.
- Até hoje não ouvi queixa de nenhuma das "pobres humanas ". Pelo contrário, elas pareceram bem satisfeitas. –  disse em tom baixo junto ao seu ouvido.
Observei sua respiração paralisar à minha proximidade.
- Não seja vulgar...
- Quer experimentar e julgar por si mesma?  – perguntei sarcástico.
Vê-la confusa e tímida atiçava ainda mais meu lado animal. Precisava saber até onde ela iria antes de se oferecer em "sacrifício".
Sua mão descansou sobre meu peito, pressionando-o, numa vã tentativa de me afastar, enquanto seus olhos fugiam dos meus. Um calor abrasador partiu daquele toque e espalhou-se por meu corpo.
- Por que insiste em ser desagradável?
- Foi apenas uma proposta. – declarei com  um falso sorriso.
- Por que continua com esse joguinho? Sei que você  não é assim.
Seu olhar direto me desarmou.
- Você não precisa se preocupar por mim. Vou continuar vivendo como sempre vivi até hoje. 
- Não existe outra maneira de conseguir o... sangue?
Soltei-a e me afastei cabisbaixo.
- No início, eu me recusei a matar para conseguir alimento, como Angus me orientara. Tentei beber sangue de animais, obtê-lo através de sangrias em humanos hipnotizados... Nada acalmava minha fome. Certa noite, pensei em sair a caça e matar um ser humano. Foi quando uma mulher surgiu, inexplicavelmente, aos portões do castelo. Convidada a entrar  por Angus, que viu nela minha primeira vítima, ficou a minha espera como se soubesse que poderia me servir. Ela era jovem e muito bela e, apesar de não querer, meus novos instintos me levaram a cortejá-la e seduzi-la. Durante o ato sexual, enquanto ela gozava, a mordi,  a despeito do receio de acabar com sua vida. No entanto,  percebi que ela não precisava morrer e que, depois de saciado, eu tinha o poder de cicatrizar suas feridas e fazê-la esquecer do momento final do ato. Apenas o prazer alcançado era mantido em sua memória e minha verdadeira natureza permanecia ignorada. 
Dei um sorriso de escárnio e  me virei para olhar sua expressão de nojo depois de meu relato. Porém, onde pensei que veria piedade e repulsa, encontrei conivência e ternura. Foi a vez dela se aproximar e tocar meu rosto.
 – Talvez tenha sido uma maneira que o Senhor encontrou para não cometer atrocidades através de seu anjo caído. – explicou.
Fechei os olhos, inebriado pelo carinho de seus dedos finos a contornar minha face.
- As primeiras rugas já estão aparecendo... Por que resiste tanto a minha ajuda? – continuou.
- Por que não é só o seu sangue que eu quero. – Abri os olhos e segurei seu queixo delicado. – Eu quero você por inteiro. – declarei antes de cobrir-lhe a boca com um beijo nada doce.
- O que pensa que está fazendo? – disse, quando nossos lábios se afastaram, com uma voz muito doce e fraca demais para parecer ser contra o que estava acontecendo. – Está usando algum tipo de controle mental sobre mim, Kyle?
- Nenhum tipo de controle, minha querida. Você está aqui por sua livre e espontânea vontade e eu vou  lhe mostrar como eu costumo saciar minha sede. Hoje não precisará cortar seu pulso.
- Não quero que me mostre nada, Kyle Sinclair ou Elyk, seja lá quem for! – esperneou ruborizada, tentando afastar-me sem a força que eu sabia que ela era capaz de ter se realmente tivesse a intenção de me manter longe.
- Então, diga que não me quer... – sussurrei em seu ouvido.
- Você ama Leonora... Por que está fazendo isso comigo? – disse em  tom  lacrimoso.
- Eu não amo Leonora... De onde tirou essa ideia? Se não quiser que eu continue,  não use outra fêmea como escudo. Basta dizer que me odeia e eu me afastarei para sempre.
Vi seus olhos dourados pousando sobre os meus, tornando mais difícil cumprir o que acabara de propor.
- Eu não odeio você...
Eu podia ouvir o descompasso acelerado de seu coração próximo à inércia do meu, quando seus braços envolveram  meu pescoço.
- Ariel... – Afundei naquele abraço tão esperado,  mergulhei o rosto entre os seus cabelos, aspirei seu perfume  e tive uma sensação de paz  há muito esquecida.
Voltei-me para beijar-lhe a boca e a vi de olhos fechados e lábios entreabertos, pronta para me receber.  Elevei-a do chão e senti seus braços apertarem-se ainda mais sobre mim.
- Acho que precisaremos de mais privacidade para continuar essa conversa...
- Aonde pensa que vai me levar? – perguntou com ar maroto.
Mal tive tempo de responder e nos materializamos em meus aposentos.
Diante da minha surpresa, ela falou ternamente:
- Você pensou... Eu apenas segui seu desejo... Além disso, não podemos demorar muito ou  logo ficará fraco demais.
- Ainda tenho tempo de sobra e força suficiente para não decepcioná-la...
- Assim espero...
O desejo explodiu entre nós. Enovelados um ao outro, caímos sobre a cama. Entre carinhos ansiosos, nossas vestes desapareceram. O mundo e tudo o que pudesse haver  ao nosso redor, deixou de existir. Ariel explorava meu corpo com volúpia e me permitia degustá-la ávido. Suas formas delicadas eram delineadas pelas palmas de minhas mãos enquanto, de sua boca, eu ouvia gemidos e suspiros deliciosos. O êxtase estava muito próximo, quando a senti estremecer e  regozijar-se entre meus braços. Vi suas fulgurantes asas se abrirem e não pude resistir mais. Penetrei-a profundamente e inundei-a com meu orgasmo. Senti as infames presas crescerem em minha boca e tive medo de assustá-la. No entanto, num ato de extrema confiança, ela jogou a cabeça para o lado, oferecendo sua jugular a minha sede. Não ouvi lamento, nem observei dor em sua face ao perfurar a pele alva e fina. Consternado, deliciei-me com a doçura de seu néctar até saciar minha infeliz necessidade. Quis me afastar, após lamber o ferimento que provocara,  mas fui detido por seu abraço.
- Eu o decepcionei?
- Não gostei de feri-la dessa maneira e imaginei que não me quisesse mais por perto.
- Você não me feriu... E não quero que se afaste... A não ser que não me queira mais, agora que está saciado.
Indignado com suas palavras, deitei-me sobre ela e pressionei seu corpo sob o meu, mostrando fisicamente que meu desejo por ela ainda não se extinguira.
- Ainda tem dúvidas?
- Nenhuma... – respondeu com um meio sorriso, enquanto me tocava, rijo entre suas coxas.
Não precisava de nenhuma outra sinalização para voltar a acariciá-la e tomá-la novamente. Dessa vez,  eu a possuiria com calma, estendendo o prazer ao máximo, saboreando cada ínfimo momento. Ali, ao seu lado, um sentimento muito forte renascia em mim e, apesar disso me assustar,  não o podia negar. Queria apenas viver mais uma vez o que um dia me fora negado.

(continua...)

Espero que tenham gostado do encontro entre a Ariel e o Kyle. Sei que o capítulo ficou mais curtinho, mas talvez tenha uma complementação mais tarde. Só não queria deixar de postar hoje, início do final de semana.  Um grande beijo para minhas comentaristas da semana, Nadja e Aline, e a todos que vieram ler a continuação desse romance.
Não posso deixar de comentar aqui, também, algo que está acontecendo há várias semanas e, falha minha, ainda não comentei. É sobre o empenho da Carolina Lopes, do Blog Cantinho da Carolina, que, desde o mes de Junho está promovendo o sorteio de livro O Corsário Apaixonado.  Quero aproveitar para convidar os leitores do blog que ainda não estão participando que corram ao Cantinho e participem (é só clicar na frase sublinhada, acima). O sorteio será no dia 4 de Agosto, portanto ainda dá tempo de concorrer. E mesmo que não ganhem, terá valido a pena conhecer o Cantinho da Carolina, que está sempre recheado de novidades literárias.O meu eterno agradecimento a essa querida blogueira e amiga.
Termino aqui a minha postagem semanal, enviando todo o meu carinho e o desejo de um ótimo fim de semana.
Beijos!! 



7 comentários:

  1. Oi Rosane!!

    Estou desaparecida,mais quando posso passo aqui pra ler seu romance,sei que estou atrasada,mais vou ler dos os capítulos que estão faltando.
    Mais assim mesmo,boa sorte e mto sucesso.

    Bjs.

    ResponderExcluir
  2. Rô. Adorei a ternura entre esses dois... Você consegue direcionar uma cena erótica de forma que não seja vulgar, mas muito bela. Parabéns, querida! Bjão!

    ResponderExcluir
  3. Oi, Rosane!
    Muito obrigada pelo seu carinho com o meu blog e comigo. Tenho o maior prazer em ajudar a divulgar trabalhos tão bons!!!
    Queria me desculpar por não aparecer aqui com mais frequência, estou bem enrolada com as leituras de parceiros e estudando a maior parte do tempo para o vestibular e concursos.
    Assim que acabar esse loucura volto a aparecer.
    Beijos, Carol.

    ResponderExcluir
  4. Fiquei contente em saber que sua mãe está melhor e amei a continuação desse romance lindo,tenho novidades para partilhar com você eu e o cesar esamos esperando nosso primeiro filho. Estou com 3 meses de gestação ,e muito feliz.beijos da sua fã.

    ResponderExcluir
  5. Ai meu Deus estou em extase enfim o momento tão esperado aconteçeu para nossa alegria também afinal entramos no clima e fico imaginando essa cena Jesus amado... kkk

    Poxa que alegria o sorteio do livro vou correndo lá apesar de hoje ser o último dia não custa tentar e conheçer mais um blog de qualidade.

    Exelente semaninha querida, beijões no seu coraçãom fique com Deus

    ResponderExcluir
  6. Oi Rô!!!
    Mais uma vez fiquei emocionada com o enredo amiga, quanta sensibilidade tua ao descrever o encontro entre eles, perfeito! Enfim o Kyle está tendo momentos de paz e felicidade, foram tantos séculos de sofrimento, solidão e violação do próprio corpo e dos sentimentos; precisar seduzir, mesmo sem ter nenhum interesse, apenas pra se alimentar deve ter sido muito cruel pra ele, além disso ele deve ter chegado ao ponto de acreditar que aquela era realmente a sua índole....
    Parabéns novamente querida!!!
    Beijos.

    ResponderExcluir
  7. Quase morri com esse delicioso encontro de amor entre Ariel e o Kyle!
    Quanto carinho, entrega, cumplicidade!!!
    Talvez seja mesmo necessário viver uma eternidade para vivenciar momentos assim tão especiais, eles mereceram!
    Amei, Rô! Demais mesmo! Beijinhos

    ResponderExcluir

Cantinho do Leitor
Este cantinho está reservado para que coloquem suas críticas a respeito de meus romances e do blog. A sua opinião é muito importante para mim. Se tiverem alguma dificuldade em postar aqui, deixem mensagem na caixa de recados.
Beijos!