by Kodama e Fantin
O ensolarado dia seguinte ao baile parecia ter sido encomendado especialmente para fazer os sobreviventes esquecerem o que acontecera à noite. Sentindo-se responsável pelo ataque que Leonora sofrera, Kyle encerrou seus compromissos sociais e profissionais mais cedo e levou-a, juntamente comigo, para um passeio a pé pela cidade antiga de Praga, o bairro Malá Strana, onde tivemos a oportunidade de conhecer o castelo de Hradcany, entre outros belíssimos pontos turísticos. Era evidente o desconsolo de minha irmã, que apenas em raros momentos mostrara um tênue sorriso. Eu ainda estava preocupado com o que Ariel ficara de me contar a respeito de Kyle, mas que, após os acontecimentos atordoantes do baile, acabou por protelar. Por sinal, ela estava com uma cara horrível desde o início daquela manhã. Ao perguntar a causa, me arrependi instantaneamente, tal o mau humor que acompanhou a resposta.
- Estou ótima! – grunhiu.
Era óbvio que alguma coisa estava acontecendo entre ela e Kyle. No entanto, certamente eu teria que esperar que minha amiga de asas recuperasse seu bom humor e pudesse me esclarecer tudo.
Ao fim do passeio, após o almoço em um agradável bistrô no centro histórico, quando retornamos ao hotel, Kyle revelou que antecipara nosso retorno para o final da tarde e pediu que nos preparássemos. Deu como desculpa alguns problemas em seus negócios a resolver em Edimburgo, mas eu sabia que a real causa era o infeliz incidente da noite anterior. Notei o quão preocupado ele ficara. Diversas vezes, durante a manhã, o percebera olhando de maneira preocupada, ora para Leonora ora para mim.
Deixei minha irmã em seu quarto, atarefada em arrumar as malas e – surpresa! - sem reclamar. Ariel sumira desde o início do almoço, mas assim que fechei a porta de minha suíte, ouvi sua voz.
- Precisamos conversar, Dom.
- Já não era sem tempo. Desde ontem que você está muito estranha... O que está acontecendo?
- Eu nem sei como começar...
- É tão ruim assim?
- Descobri que Kyle é uma espécie de anjo caído.
- O quê? Uma espécie...?
- Ele foi amaldiçoado por Deus a viver na Terra como um ser das sombras.
- Ser das sombras...? O que quer dizer com isso, Ariel?
- ... Kyle é um vampiro.
- Como? – minha voz estava embargada com o susto.
- É uma história longa... Por punição divina ele foi condenado a viver na Terra como um vampiro, seduzindo e alimentando-se de mulheres para sobreviver.
Já tinha ouvido histórias a respeito desses seres, mas saber que conhecia um de verdade... Imediatamente pensei em Leonora e um arrepio me percorreu ao imaginar se ela não corria perigo. Tentei afastar esse pensamento terrível... Kyle não seria capaz...
- E por que ele foi punido? O que ele fez?
- Apaixonou-se por uma mulher.
- Só isso?
- Também achei algo extremo, mas não podemos julgar os atos Dele.
Meus pensamentos de aflição logo se transferiram para outra pessoa.
- Está pensando em Yesalel? – perguntou ao ver minha expressão.
- Sim. Certamente Ele sabe do que acontece entre nós, tanto que a proibiu de continuar como minha protetora.
- Talvez Ele tenha se tornado mais tolerante...
- E o que mais a preocupa? Não acredito que Kyle possa nos machucar... Acha que Leonora corre algum risco?
- Aí é que está... Leonora, segundo ele, é igual à mulher por quem era apaixonado. Entretanto, não creio que ela corra risco algum. Ele gosta de vocês e não quer que nada de mal lhes aconteça. Ontem ele tentou provar isso.
- Como assim? – perguntei mais aliviado com a opinião de Ariel, que ia de encontro a minha intuição.
- Kyle tentou se destruir ontem à noite. Deixou de se alimentar e pretendia morrer, deixando você como seu único herdeiro.
- O que você está dizendo? Mas porque ele tentou fazer isso?
- O Filho das Trevas quer que Kyle se torne um deles. Há séculos tenta levá-lo para o lado do Mal e costuma ameaçar pessoas com quem ele tenha algum envolvimento afetivo para forçá-lo. Até agora não teve êxito, mas parece que o miserável encontrou algo que pode mudara situação.
- Como assim? - perguntei, apesar de imaginar qual seria a resposta.
- É o que você está pensando... Ele está usando Leonora e você para chantagear Kyle.
- Oh, meu Deus!
- O que aconteceu à Leonora ontem não foi ao acaso.
Isso era totalmente aterrorizante. Imaginar que estávamos à mercê de forças malignas contra as quais não podíamos ter qualquer controle era terrível.
Levei alguns momentos para me recuperar e voltei a falar.
- E o que nós podemos fazer?
- Ainda não sei como lutar contra isso, como protegê-los... Terei que buscar ajuda de meus superiores.
- Mas, se Kyle é um anjo caído, talvez o seu pedido de ajuda não seja bem-vindo.
- Algo terá que ser feito. Não posso deixar vocês ou Kyle ficarem a mercê daquele monstro. – Era evidente o horror de Ariel, no tom de voz e na expressão do seu rosto.
- Você está apaixonada por ele?
- Claro que não! – exclamou indignada, como se estivesse tentando convencer-se a si mesma.
- Está bem... Não vou discutir isso. Não é da minha conta. Desculpe. – falei compreensivo, pois eu também enfrentara uma confusão de sentimentos quando descobri meu amor por Yesalel. Não era nada fácil amar um anjo. Imaginei como seria para Ariel estar amando alguém como Kyle, principalmente agora que sabia quem ele era realmente.
Não voltamos a nos falar até a chegada em Edimburgo. Aliás, não a vi nem senti mais até terminar a viagem.
Depois de fazer um resumo de tudo a Nathanael, pedi que ele reforçasse seus cuidados com Leonora. No íntimo, sabia que Kyle, agora recuperado de sua "privação alimentar", também protegeria os irmãos MacTrevor. Por isso, depois de conversar com Dom, decidi ir atrás de Samuel e esclarecer minhas dúvidas e indignação. Materializei-me nos portais da Central dos Guardiões. Respirei fundo, tomei coragem e entrei determinada a enfrentar a "fera".
- Olá, Ariel – soou a voz de tenor tão logo entrei em sua sala – Eu já a esperava...
- Então sabe por que estou aqui. Pode começar a falar e explicar-se sobre o que está acontecendo!
- Olhe o respeito com seu superior! – disse não muito convincente. – Não pense que vou permitir que me fale dessa maneira.
- Você não me respeitou quando escondeu a verdade de mim, lançando-me no meio de uma tremenda confusão.
- Foram Ordens Superiores. Apenas cumpri meu dever... Por mim, você não teria sido eleita para essa missão. Acredite em mim. – terminou por dizer... E havia muita sinceridade em seu olhar.
A única pergunta que eu conseguia ouvir reverberando em minha cabeça era: POR QUÊ?
- Por que não disse que conhecia Kyle, ou melhor, Elyk?
- Se trata de uma nova batalha contra o Mal, Ariel. Não mudaria em nada você saber que eu o conhecia ou saber quem ele era mil anos atrás.
- Claro que mudaria! Eu não teria perdido tempo acreditando que ele era o Mal!
- Isso não impediu que você gostasse dele... – disse em voz baixa.
Será que eu tinha algum tipo de sinalizador na testa dizendo que eu amava Kyle Sinclair ou eu era o anjo mais transparente da face dos céus?
- O que eu preciso saber é como proteger meu humano e sua irmã...
- E Elyk. – completou Samuel.
- Sim... Ele também está em perigo. Não creio que o Criador queira que ele cruze definitivamente para o outro lado.
- Obviamente que não. Elyk resistiu bravamente por um longo tempo e provou continuar fiel ao Nosso Criador, apesar de tudo. Infelizmente, ele terá que vencer essa batalha sem a intervenção superior.
- Como?
- Com a sua ajuda ou de quem mais estiver disposto a ajudar... Na Terra.
- É só isso que pode me dizer?
- Dois conselhos mais... O demônio pode estar nos locais mais improváveis. Cuidado! Desconfie de todos a sua volta. E, Ariel... Você é mais poderosa do que pensa.
- Regras de Autoajuda? Numa hora dessas? Nenhum exército de Arcanjos na manga só para dar uma mãozinha? – disse mais irritada do que deveria estar, pois afinal, como Sam havia dito, Ele era o responsável pelo modo de condução desse caso. Contudo, acabei por exclamar – Poupe-me de seus conselhos.
- Lembrará deles na hora certa, Ariel.
- Uma última pergunta, Samuel...
- Sim?
- Sendo um anjo guerreiro, deveria estar em um nível superior, junto ao Criador. Por que ficou aqui como chefe de departamento? É essa a causa de seu eterno mau humor?
Notei a face de Samuel mudar de cor e anuviar-se. Atingira seu ponto fraco, com toda a certeza. Cheguei a desejar não ter sido tão maliciosa, mas às vezes certos sentimentos humanos, indesejáveis em um anjo, se apoderavam de mim. Eu não conseguia esconder a raiva que sentia por Samuel, mesmo sabendo que ele não era o único responsável pelo que estava acontecendo. Nem eu mesma entendia o que estava sentindo.
- Desculpe... – falei arrependida. – Não deveria ter tocado nesse assunto. Às vezes perco o controle da língua.
- Talvez esse seja o seu lado mais atraente... Um dia talvez eu lhe conte a minha história, mas no momento... Gostaria que você voltasse ao seu trabalho imediatamente. – terminou por dizer secamente.
Ele voltara a ser o velho e bom Samuel, meu chefe. Sumi dali como ele desejava. Fui encontrar Dom. Ele estava desembarcando no aeroporto de Edimburgo, juntamente com Leonora e Kyle. Angus, em sua habitual elegância e discrição, como todo bom mordomo britânico, já os esperava, junto à pista de pouso, com um lindo Rolls-Royce Silver Wraith. Para minha surpresa, Leonora permaneceu calada a maior parte do percurso para casa. Aparentemente, o incidente da noite anterior provocara um tipo de amadurecimento na menina de dezessete anos. Kyle também estava calado, sentado do lado esquerdo de Angus, com seu rosto másculo indecifrável e o olhar vago na paisagem enevoada que corria através da janela do carro. Tinha quase certeza que ele sabia de minha conversa com Dominique sobre sua história. Era certo que teríamos que falar a respeito de como combater os demônios. Eu estava perdida. Eles podiam usar dos mais baixos meios para forçar Kyle a converter-se e ninguém melhor que ele próprio, que os enfrentava há quase mil anos, para montar um esquema de proteção aos dois irmãos e a ele próprio. O que eu ainda não entendia era o porquê de eu ter sido escolhida para participar dessa missão. Logo eu que sempre tive problemas em conduzir minhas tarefas, com minhas atitudes mais humanas que angelicais. As dúvidas rondavam minha mente, quando o carro estacionou diante do prédio onde moravam os MacTrevor.
Kyle fez questão de acompanhá-los até o apartamento. Leonora continuava muito estranha e Nathanael havia sumido. Aliás, ele vinha se ausentando com muita frequência ultimamente. Ou ele estava ficando preguiçoso ou eu o estava assustando com a minha preocupação extrema. Desde o início, eu meio que assumira a proteção de Leonora , como se os irmãos formassem um pacote único. De qualquer maneira, ele tinha suas responsabilidades. Principalmente agora, eu precisaria dele para criar uma proteção especial contra aqueles tipos infernais. Esperava contar com Yesalel também. Qualquer ajuda seria bem vinda. Se até agora ela não havia sido advertida é porque talvez ela fizesse parte de algum plano divino.
Ao entrarmos na pequena sala da casa de Dom, uma surpresa de quase dois metros de altura, cabeça raspada e dois enormes olhos cinzas muito claros nos aguardava.
- Pai!? – exclamou Dom.
Damian abriu os braços e aconchegou com facilidade Leonora e Dom, que não conseguiam esconder a saudade e a admiração pelo homem que os trouxera ao mundo.
Assim abraçado aos filhos, seu olhar logo encontrou o de Kyle e toda a alegria, que antes brilhava pelo reencontro familiar, cessou imediatamente, dando lugar a um misto de tristeza e temor.
- Quando chegou? Por que não nos avisou? – falou Dom.
- Cheguei hoje. Estão bem? - perguntou olhando diretamente para Leonora, como se soubesse do ocorrido em Praga.
- Estamos... – respondeu Dom, enquanto Leonora derramava algumas lágrimas. – Pai, quero apresentar-lhe um amigo. Kyle Sinclair.
Esse permanecia imóvel como uma estátua e seu rosto inabalado.
- Kyle... Sinclair. – repetiu o nome dito pelo filho.
- Damian... – finalmente Kyle reagiu, fazendo uma pequena reverencia com a cabeça, como se conhecesse.
- Mas... Eu não disse o nome dele... – surpreendeu-se Dom.
- Não é necessário, meu filho. Conheci Ely... quero dizer, o senhor Kyle Sinclair há muitos anos.
- Como?
- Você saberá ... Logo... O mais importante agora é que voltei, pois pressenti que estavam em perigo... E agora tenho certeza disso. – falou olhando diretamente para o banqueiro.
- Eu não teria tanta certeza da fonte do perigo, meu caro. – redarguiu Kyle.
- Que tal terem uma conversa reservada?
Os dois antigos anjos guerreiros voltaram seus olhares para mim. Apenas Leonora não entendeu porque eles olhavam um canto vazio logo atrás de seu irmão.
- Meu nome é Ariel, Damian. Sou a nova protetora de seu filho e estou precisando de toda a ajuda possível para ter absoluto sucesso em minha função. Existe um lugar aqui em Edimburgo onde poderemos estar seguros. Que tal uma reunião amigável e elucidativa?
Com a concordância de ambos, foi marcado um encontro para o dia seguinte, na Catedral de Edimburgo.
- Olá, Ariel – soou a voz de tenor tão logo entrei em sua sala – Eu já a esperava...
- Então sabe por que estou aqui. Pode começar a falar e explicar-se sobre o que está acontecendo!
- Olhe o respeito com seu superior! – disse não muito convincente. – Não pense que vou permitir que me fale dessa maneira.
- Você não me respeitou quando escondeu a verdade de mim, lançando-me no meio de uma tremenda confusão.
- Foram Ordens Superiores. Apenas cumpri meu dever... Por mim, você não teria sido eleita para essa missão. Acredite em mim. – terminou por dizer... E havia muita sinceridade em seu olhar.
A única pergunta que eu conseguia ouvir reverberando em minha cabeça era: POR QUÊ?
- Por que não disse que conhecia Kyle, ou melhor, Elyk?
- Se trata de uma nova batalha contra o Mal, Ariel. Não mudaria em nada você saber que eu o conhecia ou saber quem ele era mil anos atrás.
- Claro que mudaria! Eu não teria perdido tempo acreditando que ele era o Mal!
- Isso não impediu que você gostasse dele... – disse em voz baixa.
Será que eu tinha algum tipo de sinalizador na testa dizendo que eu amava Kyle Sinclair ou eu era o anjo mais transparente da face dos céus?
- O que eu preciso saber é como proteger meu humano e sua irmã...
- E Elyk. – completou Samuel.
- Sim... Ele também está em perigo. Não creio que o Criador queira que ele cruze definitivamente para o outro lado.
- Obviamente que não. Elyk resistiu bravamente por um longo tempo e provou continuar fiel ao Nosso Criador, apesar de tudo. Infelizmente, ele terá que vencer essa batalha sem a intervenção superior.
- Como?
- Com a sua ajuda ou de quem mais estiver disposto a ajudar... Na Terra.
- É só isso que pode me dizer?
- Dois conselhos mais... O demônio pode estar nos locais mais improváveis. Cuidado! Desconfie de todos a sua volta. E, Ariel... Você é mais poderosa do que pensa.
- Regras de Autoajuda? Numa hora dessas? Nenhum exército de Arcanjos na manga só para dar uma mãozinha? – disse mais irritada do que deveria estar, pois afinal, como Sam havia dito, Ele era o responsável pelo modo de condução desse caso. Contudo, acabei por exclamar – Poupe-me de seus conselhos.
- Lembrará deles na hora certa, Ariel.
- Uma última pergunta, Samuel...
- Sim?
- Sendo um anjo guerreiro, deveria estar em um nível superior, junto ao Criador. Por que ficou aqui como chefe de departamento? É essa a causa de seu eterno mau humor?
Notei a face de Samuel mudar de cor e anuviar-se. Atingira seu ponto fraco, com toda a certeza. Cheguei a desejar não ter sido tão maliciosa, mas às vezes certos sentimentos humanos, indesejáveis em um anjo, se apoderavam de mim. Eu não conseguia esconder a raiva que sentia por Samuel, mesmo sabendo que ele não era o único responsável pelo que estava acontecendo. Nem eu mesma entendia o que estava sentindo.
- Desculpe... – falei arrependida. – Não deveria ter tocado nesse assunto. Às vezes perco o controle da língua.
- Talvez esse seja o seu lado mais atraente... Um dia talvez eu lhe conte a minha história, mas no momento... Gostaria que você voltasse ao seu trabalho imediatamente. – terminou por dizer secamente.
Ele voltara a ser o velho e bom Samuel, meu chefe. Sumi dali como ele desejava. Fui encontrar Dom. Ele estava desembarcando no aeroporto de Edimburgo, juntamente com Leonora e Kyle. Angus, em sua habitual elegância e discrição, como todo bom mordomo britânico, já os esperava, junto à pista de pouso, com um lindo Rolls-Royce Silver Wraith. Para minha surpresa, Leonora permaneceu calada a maior parte do percurso para casa. Aparentemente, o incidente da noite anterior provocara um tipo de amadurecimento na menina de dezessete anos. Kyle também estava calado, sentado do lado esquerdo de Angus, com seu rosto másculo indecifrável e o olhar vago na paisagem enevoada que corria através da janela do carro. Tinha quase certeza que ele sabia de minha conversa com Dominique sobre sua história. Era certo que teríamos que falar a respeito de como combater os demônios. Eu estava perdida. Eles podiam usar dos mais baixos meios para forçar Kyle a converter-se e ninguém melhor que ele próprio, que os enfrentava há quase mil anos, para montar um esquema de proteção aos dois irmãos e a ele próprio. O que eu ainda não entendia era o porquê de eu ter sido escolhida para participar dessa missão. Logo eu que sempre tive problemas em conduzir minhas tarefas, com minhas atitudes mais humanas que angelicais. As dúvidas rondavam minha mente, quando o carro estacionou diante do prédio onde moravam os MacTrevor.
Kyle fez questão de acompanhá-los até o apartamento. Leonora continuava muito estranha e Nathanael havia sumido. Aliás, ele vinha se ausentando com muita frequência ultimamente. Ou ele estava ficando preguiçoso ou eu o estava assustando com a minha preocupação extrema. Desde o início, eu meio que assumira a proteção de Leonora , como se os irmãos formassem um pacote único. De qualquer maneira, ele tinha suas responsabilidades. Principalmente agora, eu precisaria dele para criar uma proteção especial contra aqueles tipos infernais. Esperava contar com Yesalel também. Qualquer ajuda seria bem vinda. Se até agora ela não havia sido advertida é porque talvez ela fizesse parte de algum plano divino.
Ao entrarmos na pequena sala da casa de Dom, uma surpresa de quase dois metros de altura, cabeça raspada e dois enormes olhos cinzas muito claros nos aguardava.
- Pai!? – exclamou Dom.
Damian abriu os braços e aconchegou com facilidade Leonora e Dom, que não conseguiam esconder a saudade e a admiração pelo homem que os trouxera ao mundo.
Assim abraçado aos filhos, seu olhar logo encontrou o de Kyle e toda a alegria, que antes brilhava pelo reencontro familiar, cessou imediatamente, dando lugar a um misto de tristeza e temor.
- Quando chegou? Por que não nos avisou? – falou Dom.
- Cheguei hoje. Estão bem? - perguntou olhando diretamente para Leonora, como se soubesse do ocorrido em Praga.
- Estamos... – respondeu Dom, enquanto Leonora derramava algumas lágrimas. – Pai, quero apresentar-lhe um amigo. Kyle Sinclair.
Esse permanecia imóvel como uma estátua e seu rosto inabalado.
- Kyle... Sinclair. – repetiu o nome dito pelo filho.
- Damian... – finalmente Kyle reagiu, fazendo uma pequena reverencia com a cabeça, como se conhecesse.
- Mas... Eu não disse o nome dele... – surpreendeu-se Dom.
- Não é necessário, meu filho. Conheci Ely... quero dizer, o senhor Kyle Sinclair há muitos anos.
- Como?
- Você saberá ... Logo... O mais importante agora é que voltei, pois pressenti que estavam em perigo... E agora tenho certeza disso. – falou olhando diretamente para o banqueiro.
- Eu não teria tanta certeza da fonte do perigo, meu caro. – redarguiu Kyle.
- Que tal terem uma conversa reservada?
Os dois antigos anjos guerreiros voltaram seus olhares para mim. Apenas Leonora não entendeu porque eles olhavam um canto vazio logo atrás de seu irmão.
- Meu nome é Ariel, Damian. Sou a nova protetora de seu filho e estou precisando de toda a ajuda possível para ter absoluto sucesso em minha função. Existe um lugar aqui em Edimburgo onde poderemos estar seguros. Que tal uma reunião amigável e elucidativa?
Com a concordância de ambos, foi marcado um encontro para o dia seguinte, na Catedral de Edimburgo.
(continua...)
Oi, meus caríssimos leitores!
Desculpem por demorar a postar hoje, mas foi por motivos alheios a minha vontade.
Espero que tenham gostado do capítulo e que deixem seu comentário.
Quero deixar o meu agradecimento especial, como sempre, para a Leia, a Nadja, a Vanessa e a Dioceli, minha amigas muito queridas, que sempre vem deixar o seu estímulo e carinho aqui no blog.
Amo voces!
Um beijo cheio de afeto, meu e da Aline, para todos! Até a próxima semana!
Minhas sextas não se completam, enquanto não venho aqui ler mais um capitulo dos seus romances Rô... acho que você criou esse ritual e como já te disse não consigo mais viver sem isso... rsrsrs é serio mas olha não se preocupa se atrasar um pouquinho não, a gente espera o mais importante é ter mais um capitulo maravilhoso para nos deliciar... vc é show beijosss.
ResponderExcluirOi Rô!!!
ResponderExcluirMais um capítulo lindo amiga, quanta emoção, sensibilidade e friozinho na barriga, rsrsrsrs.
Estou ficando cada vez mais ansiosa pelo desenrolar desse romance, são tantos mistérios envolvendo Samuel e as atitudes de Nathanael que fico desconfiada dos dois por qualquer motivo. Adoro a coragem, a teimosia e a humanidade de Ariel(????), ela é realmente perfeita para Kyle, ele precisa de alguém como ela para defendê-lo (mesmo sendo tão forte e corajoso), afinal amor é isso não é? defender quem se ama.
Cada vez mais me apaixono pelo Kyle, sofrer tudo que sofreu, a traição, as injustiças, a perda da pessoa amada, uma punição completamente injustificada, mas mesmo assim continuou sendo fiel ao Criador.
Parabénsss amiga, muito grata por essas viagens maravilhosas que faço desde a primeira vez que li um capítulo de teus romances!!!
Beijos e uma semana de muita luz!
Tô adorando o romance fico esperando o próximo capítulo com ansiedade ,mas não se preocupe com atrasos o inportante é o amor continuar .Bjos Dioceli
ResponderExcluirNossa, tem muito fubá escondido no meio de tudo isso... hehehe... Os capítulos estão, cada vez mais, me deixando ansiosa, está uma delícia de ler!!! Acho que o véu que cobre o mundo espiritual nos deixa com mais curiosidades acerca do que é real e do que não é. Eu creio que há forças do bem, mas também há forças do mal e, muitas vezes, pensamos que estamos agindo de acordo com o bom entendimento, mas acabamos por nos enveredar no obscuro mundo da escuridão. E esse é um dos enigmas que temos que descobrir: ficar atentos, vigiar sempre os outros e também nos vigiar, as nossas ações, ver se realmente estamos agindo da maneira mais correta. Adoro o Kyle, certamente ele irá perseverar em suas boas atitudes, ainda mais agora que pode contar com a tão importante ajuda da Ariel. Beijinhos
ResponderExcluirHum suspense aflorando no ar, agora eu fiquei intrigada com o Nathanael tenho um leve presentimento que ele tem algo enscondido na manga... Símbora para o próximo capítulo desvendar um pouco mais desse mistério.
ResponderExcluirBeijões ''=_=''
Que vontade de ler esse final! Que seja feliz para todos os personagens.Bjos Dioceli.
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