Gerry chegou na recepção do hotel alquebrado.
- Minha chave, por favor.
- Senhor Butler, tem um recado para o senhor – falou o recepcionista.
- Um recado? – animando-se, por pensar que era de Sam.
- Está aqui – disse, entregando-lhe um papel dobrado.
Era uma mensagem de Farrell. Pedia que o encontrasse no seu apartamento logo que voltasse de Denver.
Alegre, agradeceu ao recepcionista e correu aos elevadores, dirigindo-se ao quinto andar onde ficava a suíte do produtor.
Ao abrir a porta, Farrell apresentava-se de cenho franzido.
- Entre – ordenou secamente.
- O que houve? Alguma coisa com Sam – perguntou preocupado, enquanto via o amigo fechar a porta.
Antes de ouvir qualquer resposta, foi surpreendido por um soco em seu queixo, que o deixou tonto. Mais pela surpresa do que pela dor que sentiu.
- Farrell!
- Cale-se! Seu biltre! Como pode fazer isto com a Samantha? Eu lhe avisei que se afastasse dela. Como pode nos enganar desta maneira? – Farrell estava possesso, aos gritos.
- Eu não sei do que está falando! – Gerry estava perplexo e confuso.
- Fazer uma aposta de que a conquistaria para ganhar um jantar? – disparou Farrell com olhar de ódio.
- O quê? – Gerry não podia acreditar que aquela “bobagem” pudesse ter chegado aos ouvidos de Farrell e que isto pudesse ter sido a causa da fuga de Samantha – Quem lhe contou sobre isso?
- Então você confirma! E eu pensando que você era um bom caráter.
- Farrell, me ouça! Esta brincadeira aconteceu antes de eu me apaixonar pela Sam. Foi uma asneira que surgiu depois de uma discussão que tive com ela. Mas logo depois já nem me lembrava do que tinha sido dito. Um dia destes, Steve, que estava envolvido, me procurou lembrando a tal aposta e eu lhe disse que estava fora, que tinha sido um engano e que eu nunca deveria ter me envolvido neste tipo de criancice... Você acha que a Sam ficou sabendo disso e por isso foi embora?
- É óbvio que foi isto – disse Farrell tentando controlar-se – Lee, um dos iluminadores, me procurou assim que soube que Samantha voltara para Los Angeles e contou o que acontecera.
Farrell sentou-se no sofá de sua ante-sala e continuou:
- Uma tal de Lindsay, a equipe de maquiagem, estava falando sobre esta maldita aposta para outra pessoa e Sam ouviu. Imagino a decepção dela e o que deve estar se passando em sua cabeça.
Então foi a vez de Gerry sentar-se na cadeira defronte ao sofá. Ele estava desolado, lembrando de tudo que Samantha lhe revelara e o que deveria estar pensando dele agora, confirmando mais uma tragédia amorosa em sua vida. Precisava esclarecer tudo isto o quanto antes.
- Farrell, eu juro que não imaginei que uma simples brincadeira durante um almoço, provocada por uma discussão idiota com a Samantha, pudesse provocar toda esta reação. Eu preciso falar com ela e dizer que tudo não passou de uma infeliz idéia momentânea e que eu me arrependi disso muito antes de ficarmos juntos. Você precisa me ajudar, Farrell. Se quiser me dar mais alguns socos, esteja à vontade. Não vou reagir. Mas, por favor, me ajude a recuperar a confiança de Sam. Não quero perdê-la. Tem de acreditar em mim.
Contou com detalhes o que acontecera naquele almoço há quase duas semanas e o encontro com Steve já em Breckenridge.
Farrell o ouvia, sem mover um músculo da face, mantendo-se sentado, na mesma posição inicial. Após alguns minutos de ponderação, Farrell finalmente verbalizou seu julgamento.
- Apesar de tudo, ouvindo-o falar assim, acredito que esteja falando a verdade. Desculpe-me pelo soco. Eu fiquei furioso com você ao pensar no que Sam deve estar enfrentando depois de ter ouvido o que ouviu. E você sabe da grande afeição que tenho por ela. Acho que já interferi demais nesta relação de vocês. Agora vai ficar por sua conta reconquistá-la. Ela lhe contou o seu passado e as decepções por que passou. Você vai ter muito trabalho para recuperar a confiança dela...
- Eu entendo... – assentiu Gerry e levantou-se da cadeira cabisbaixo – Tenho mais um dia de filmagens aqui. Assim que concluir, parto para Los Angeles para falar com ela. Até mais, Farrell.
Gerry sabia que o amigo se decepcionara com sua atitude estúpida. Porém, o que mais o preocupava no momento era o que Sam estaria pensando dele, envenenando-se e sofrendo, imaginando-se mais uma vez traída.
Com grande esforço, Gerry conseguiu finalizar a filmagem de suas cenas em Breckenridge. Despediu-se da equipe tão logo foi liberado por Andrew e partiu ao encontro de Samantha.
Continuava tentando contato pelo telefone. Descobriu o seu endereço, mas apesar de seus esforços, ela não o atendia. Até que resolveu esperar que ela saísse de seu “esconderijo” para interpelá-la. No segundo dia de tentativa, avistou-a saindo à pé de seu prédio. Estava abatida, sem maquiagem, vestida com um abrigo desportivo preto e tênis. Mesmo assim lhe pareceu linda como sempre. Sentiu o coração doer por vê-la deprimida daquele jeito e pior ainda por saber que ele era a razão disso.
- Samantha! – chamou-a, após segui-la por uma quadra inteira, quando quase podia tocá-la.
Ela pareceu titubear por instantes, mas apertou o passo e não parou.
- Sam, por favor, espere!
Ela quase estava correndo, quando ele a alcançou e, segurando-a pelo braço, forçou-a a parar.
- Me largue – ouviu-a ordenar ríspida, sem conseguir encará-lo.
- Sam, por favor, fale comigo. Nós precisamos esclarecer as coisas entre nós. Vamos para um lugar mais tranqüilo e conversar.
- Não tenho nada para conversar com você – afirmou desafiadora, agora o olhando de frente – Você me traiu da pior maneira possível e mais rápido do que todos os outros. Pelo menos, dessa vez, levei apenas poucos dias para descobrir que tinha sido enganada.
- Não, Sam. Preciso lhe explicar o que aconteceu de verdade. Por favor, acredite em mim. Vamos sair daqui do meio da rua e conversar direito.
- Não! Me solte! – exclamou, desvencilhando-se das mãos de Gerry.
No momento em que atravessava a avenida, ouviu a voz de Gerry gritando:
- Sam, eu te amo!
Ao ouvi-lo, vacilou em continuar. No minuto em foi virar-se para olhá-lo, o sinal abriu e um carro, que vinha em média velocidade, com o motorista a segurar distraidamente um celular, não conseguiu ser freado a tempo de evitar a colisão com Samantha, pegando-a de raspão, mas com impacto suficiente para arremessá-la contra a calçada, onde bateu com a cabeça.
Joseph Farrell encontrou um Gerry destruído, sentado numa das poltronas da sala de espera da sala de emergência do California Hospital, com uma expressão de desespero no rosto, de olhos vermelhos e inchados, perdido em algum lugar de sua mente, onde se desenrolava seu mais terrível pesadelo.
Quando o viu naquele estado, desistiu de despejar a sua ira sobre o ator. Podia sentir que a culpa e a dor já cumpriam devastação suficiente. Armou-se de coragem e aproximou-se.
- Gerry, o que houve? – perguntou temeroso da resposta que receberia.
Surpreendido, Gerry voltou ao mundo real e levantou-se para cumprimentar Farrell.
- Ela está fazendo exames. Sofreu uma concussão cerebral, segundo o médico que a está atendendo, e algumas contusões. Pediram que eu aguardasse o resultado da ressonância magnética para dar melhores informações.
Sua voz estava fraca, alquebrada, como se estivesse definhando.
- Tem risco de vida?
- Ele não opinar nada antes do resultado do exame.
- Está bem... Sente-se e me conte o que houve.
Gerry descreveu tudo o que acontecera desde a sua chegada à L.A., como conseguira encontrar Sam e o momento do acidente. Ao final, as palavras já não conseguiam mais fluir e calou-se, tentando conter o choro.
Neste instante, o médico surgiu por detrás da porta da Emergência.
- Senhor Butler...
- Como ela está? – perguntou nervoso.
- Ela vai ficar bem. A ressonância não mostrou nenhuma lesão, a não ser o edema que já está sendo combatido. Ela será transferida para unidade de tratamento intensivo para ficar mais 48 horas em observação. Acredito que depois poderá ter alta.
- Tem certeza disso? – animou-se.
- Sim. Podem ficar tranqüilos. Agora, com licença, que devo retornar ao trabalho.
- Obrigado, doutor. Muito obrigado!
Aliviado pela boa notícia, abraçou-se à Farrell.
- Você gosta mesmo dela, não?
- Você ainda tem dúvidas quanto a isso?
- Acho que não, mas não sei quanto a ela.
- Eu não vou desistir fácil. Sei que ela vai acabar por me ouvir e entender o que aconteceu.
- Também espero que sim, pois ela não está querendo nem falar comigo. Tem recusado todas minhas ligações. Portanto é bom mesmo que você consiga convencê-la.
Em vista da melhora clínica de Samantha, ela foi transferida para um quarto privativo no início da noite.
Estava de olhos fechados, parecendo dormir, quando Farrell entrou silenciosamente. Ficou a velar seu sono por alguns minutos, quando a viu abrir os olhos.
- Espero que não esteja mais com raiva de mim – falou ele, carinhosamente, afagando-lhe a cabeça com cuidado – Você sabe que temos uma nova produção pela frente e não posso perder o meu braço direito.
- Joseph – murmurou com certa dificuldade – Eu não estou com raiva de você.
- Não vamos falar disso agora... Está sentindo alguma coisa?– perguntou enquanto segurava sua mão.
- Nada... É muito bom ter você aqui. Eu não quis falar antes porque não estava me sentindo bem o suficiente para isso – disse, pressionando de leve a mão de Farrell.
- Sam, eu fiquei muito preocupado com você.
- Eu vou ficar bem... E... o Gerry?
- Foi ele quem a trouxe para cá. Está aí fora, louco para lhe ver e sem coragem de entrar por medo de prejudicar a sua recuperação... Eu não devia dizer nada, mas acredito que ele gosta de você de verdade. Sofreu como um cão danado ao imaginar que poderia perdê-la... E o que quer que você tenha ouvido em Breckenridge, foi fruto de uma língua venenosa que queria que vocês brigassem. Pronto. Falei.
- Deixe-o entrar.
- Tem certeza disso? Você ainda está sob observação.
- Chame- o, por favor, e saia.
- Como você queira. Vou estar logo ali na porta para qualquer eventualidade.
Ela sorriu meigamente e o deixou ir.
Logo em seguida, entrou Gerry, atento a expressão do rosto de Sam, temeroso de sua reação ao vê-lo. Aproximou-se do leito e deu um meio sorriso.
- Você me deu um susto e tanto.
- Mas não deve ter sido nada comparável com o que eu passei.
- Sam... Quando eu tiver a chance de contar como tudo aconteceu, tenho certeza que vai me perdoar...
- Depois... Agora eu só quero que você me diga uma coisa...
- O quê? – perguntou curioso.
- Não lembro nada do acidente. Só uma coisa insiste em voltar a minha memória desde que recuperei a consciência e preciso saber se é verdade ou se foi alguma ilusão por causa da batida na cabeça.
- Do que você está falando?
- Qual foi a última coisa que você me disse antes de eu atravessar aquela rua?
Surpreso com a pergunta, sorriu ao lembrar.
- Se eu não tivesse dito aquilo talvez nada disso acontecesse.
- Não importa. Quero ouvir de novo.
Ele aproximou-se do rosto dela, olhando-a intensamente, e disse baixinho:
- “Sam, eu te amo”.
- Isso é verdade? – indagou, mais uma vez hipnotizada pelo brilho daqueles olhos verdes - Pode ter certeza... Eu te amo – disse quase num sussurro, selando os lábios dela com um beijo suave.
Pouco mais de 24 horas após o acerto do casal, Samantha foi convidada para terminar sua recuperação na casa de Gerry à beira do mar, numa praia de Los Angeles. Voltaria a trabalhar em uma semana no novo filme produzido pela Austral. Agora não seria mais a simples assistente de Farrell e sim sua mais nova sócia.
Quanto à Lindsay, continuou seu trabalho como maquiadora, mas não mais em produções da Austral. A última notícia que se teve dela é que acabara sendo despedida do último emprego por ter armado o maior escândalo com a mulher do ator principal de um filme B, que era, para azar seu, filha do diretor. Por isso estava trabalhando em uma funerária, nos arrabaldes de San Diego, maquiando defuntos.
Após a festa da pré-estréia do filme dirigido por Andrew MacAlister, Gerard e Samantha foram festejar o sucesso de seu filme em sua mansão.
- Venha cá – Gerry chamou-a para acompanhá-lo num banho na água aquecida e borbulhante do spa, com vista para o mar, no segundo andar da casa.
- Seu desejo é uma ordem... – acedeu Sam, despindo a última peça de roupa íntima e entrando sensualmente na grande banheira de hidromassagem, sob o olhar voluptuoso de Gerry.
- Acho que o melhor da festa vai começar agora...
- Eu tenho certeza disso... – disse enquanto aconchegava-se ao corpo nu e bronzeado dele.
Um longo e apaixonado beijo pôs fogo ao desejo e a ânsia de amarem-se alucinadamente. As carícias sob as borbulhas de água tornavam-se cada vez mais impetuosas, arrancando gemidos e sussurros. Quase com fúria, amaram-se incansavelmente até a última gota de êxtase. Enfim, exauridos, deixaram-se relaxar ao som dos jatos da hidromassagem, no calor das ondulantes águas, olhando, abraçados, a noite estrelada e o rolar das ondas do mar na praia a sua frente.
- Está feliz? – ele perguntou.
- Tanto que tenho medo de acordar e perceber que é tudo um sonho e que nada mudou.
Ele estreitou-a ainda mais em seu abraço e disse:
- Você não está sonhando, meu amor. Esta agora é a nossa realidade e vamos vivenciá-la juntos.
FIM
Conforme o prometido, consegui chegar ao final desta postagem ainda no dia 14 de Setembro. Espero que tenham gostado. Comentem, por favor.
Espero não demorar muito a voltar, mas certamente será só depois do encontro do GBBG, que ocorrerá nos próximos dias 18, 19 e 20 de Setembro, na cidade do Rio de Janeiro, onde terei o imenso prazer de conhecer as minhas amigas e companheiras do fã-clube deste ator escocês divino que é Gerard Butler. Até mais!! Beijos!!
- Minha chave, por favor.
- Senhor Butler, tem um recado para o senhor – falou o recepcionista.
- Um recado? – animando-se, por pensar que era de Sam.
- Está aqui – disse, entregando-lhe um papel dobrado.
Era uma mensagem de Farrell. Pedia que o encontrasse no seu apartamento logo que voltasse de Denver.
Alegre, agradeceu ao recepcionista e correu aos elevadores, dirigindo-se ao quinto andar onde ficava a suíte do produtor.
Ao abrir a porta, Farrell apresentava-se de cenho franzido.
- Entre – ordenou secamente.
- O que houve? Alguma coisa com Sam – perguntou preocupado, enquanto via o amigo fechar a porta.
Antes de ouvir qualquer resposta, foi surpreendido por um soco em seu queixo, que o deixou tonto. Mais pela surpresa do que pela dor que sentiu.
- Farrell!
- Cale-se! Seu biltre! Como pode fazer isto com a Samantha? Eu lhe avisei que se afastasse dela. Como pode nos enganar desta maneira? – Farrell estava possesso, aos gritos.
- Eu não sei do que está falando! – Gerry estava perplexo e confuso.
- Fazer uma aposta de que a conquistaria para ganhar um jantar? – disparou Farrell com olhar de ódio.
- O quê? – Gerry não podia acreditar que aquela “bobagem” pudesse ter chegado aos ouvidos de Farrell e que isto pudesse ter sido a causa da fuga de Samantha – Quem lhe contou sobre isso?
- Então você confirma! E eu pensando que você era um bom caráter.
- Farrell, me ouça! Esta brincadeira aconteceu antes de eu me apaixonar pela Sam. Foi uma asneira que surgiu depois de uma discussão que tive com ela. Mas logo depois já nem me lembrava do que tinha sido dito. Um dia destes, Steve, que estava envolvido, me procurou lembrando a tal aposta e eu lhe disse que estava fora, que tinha sido um engano e que eu nunca deveria ter me envolvido neste tipo de criancice... Você acha que a Sam ficou sabendo disso e por isso foi embora?
- É óbvio que foi isto – disse Farrell tentando controlar-se – Lee, um dos iluminadores, me procurou assim que soube que Samantha voltara para Los Angeles e contou o que acontecera.
Farrell sentou-se no sofá de sua ante-sala e continuou:
- Uma tal de Lindsay, a equipe de maquiagem, estava falando sobre esta maldita aposta para outra pessoa e Sam ouviu. Imagino a decepção dela e o que deve estar se passando em sua cabeça.
Então foi a vez de Gerry sentar-se na cadeira defronte ao sofá. Ele estava desolado, lembrando de tudo que Samantha lhe revelara e o que deveria estar pensando dele agora, confirmando mais uma tragédia amorosa em sua vida. Precisava esclarecer tudo isto o quanto antes.
- Farrell, eu juro que não imaginei que uma simples brincadeira durante um almoço, provocada por uma discussão idiota com a Samantha, pudesse provocar toda esta reação. Eu preciso falar com ela e dizer que tudo não passou de uma infeliz idéia momentânea e que eu me arrependi disso muito antes de ficarmos juntos. Você precisa me ajudar, Farrell. Se quiser me dar mais alguns socos, esteja à vontade. Não vou reagir. Mas, por favor, me ajude a recuperar a confiança de Sam. Não quero perdê-la. Tem de acreditar em mim.
Contou com detalhes o que acontecera naquele almoço há quase duas semanas e o encontro com Steve já em Breckenridge.
Farrell o ouvia, sem mover um músculo da face, mantendo-se sentado, na mesma posição inicial. Após alguns minutos de ponderação, Farrell finalmente verbalizou seu julgamento.
- Apesar de tudo, ouvindo-o falar assim, acredito que esteja falando a verdade. Desculpe-me pelo soco. Eu fiquei furioso com você ao pensar no que Sam deve estar enfrentando depois de ter ouvido o que ouviu. E você sabe da grande afeição que tenho por ela. Acho que já interferi demais nesta relação de vocês. Agora vai ficar por sua conta reconquistá-la. Ela lhe contou o seu passado e as decepções por que passou. Você vai ter muito trabalho para recuperar a confiança dela...
- Eu entendo... – assentiu Gerry e levantou-se da cadeira cabisbaixo – Tenho mais um dia de filmagens aqui. Assim que concluir, parto para Los Angeles para falar com ela. Até mais, Farrell.
Gerry sabia que o amigo se decepcionara com sua atitude estúpida. Porém, o que mais o preocupava no momento era o que Sam estaria pensando dele, envenenando-se e sofrendo, imaginando-se mais uma vez traída.
Com grande esforço, Gerry conseguiu finalizar a filmagem de suas cenas em Breckenridge. Despediu-se da equipe tão logo foi liberado por Andrew e partiu ao encontro de Samantha.
Continuava tentando contato pelo telefone. Descobriu o seu endereço, mas apesar de seus esforços, ela não o atendia. Até que resolveu esperar que ela saísse de seu “esconderijo” para interpelá-la. No segundo dia de tentativa, avistou-a saindo à pé de seu prédio. Estava abatida, sem maquiagem, vestida com um abrigo desportivo preto e tênis. Mesmo assim lhe pareceu linda como sempre. Sentiu o coração doer por vê-la deprimida daquele jeito e pior ainda por saber que ele era a razão disso.
- Samantha! – chamou-a, após segui-la por uma quadra inteira, quando quase podia tocá-la.
Ela pareceu titubear por instantes, mas apertou o passo e não parou.
- Sam, por favor, espere!
Ela quase estava correndo, quando ele a alcançou e, segurando-a pelo braço, forçou-a a parar.
- Me largue – ouviu-a ordenar ríspida, sem conseguir encará-lo.
- Sam, por favor, fale comigo. Nós precisamos esclarecer as coisas entre nós. Vamos para um lugar mais tranqüilo e conversar.
- Não tenho nada para conversar com você – afirmou desafiadora, agora o olhando de frente – Você me traiu da pior maneira possível e mais rápido do que todos os outros. Pelo menos, dessa vez, levei apenas poucos dias para descobrir que tinha sido enganada.
- Não, Sam. Preciso lhe explicar o que aconteceu de verdade. Por favor, acredite em mim. Vamos sair daqui do meio da rua e conversar direito.
- Não! Me solte! – exclamou, desvencilhando-se das mãos de Gerry.
No momento em que atravessava a avenida, ouviu a voz de Gerry gritando:
- Sam, eu te amo!
Ao ouvi-lo, vacilou em continuar. No minuto em foi virar-se para olhá-lo, o sinal abriu e um carro, que vinha em média velocidade, com o motorista a segurar distraidamente um celular, não conseguiu ser freado a tempo de evitar a colisão com Samantha, pegando-a de raspão, mas com impacto suficiente para arremessá-la contra a calçada, onde bateu com a cabeça.
Joseph Farrell encontrou um Gerry destruído, sentado numa das poltronas da sala de espera da sala de emergência do California Hospital, com uma expressão de desespero no rosto, de olhos vermelhos e inchados, perdido em algum lugar de sua mente, onde se desenrolava seu mais terrível pesadelo.
Quando o viu naquele estado, desistiu de despejar a sua ira sobre o ator. Podia sentir que a culpa e a dor já cumpriam devastação suficiente. Armou-se de coragem e aproximou-se.
- Gerry, o que houve? – perguntou temeroso da resposta que receberia.
Surpreendido, Gerry voltou ao mundo real e levantou-se para cumprimentar Farrell.
- Ela está fazendo exames. Sofreu uma concussão cerebral, segundo o médico que a está atendendo, e algumas contusões. Pediram que eu aguardasse o resultado da ressonância magnética para dar melhores informações.
Sua voz estava fraca, alquebrada, como se estivesse definhando.
- Tem risco de vida?
- Ele não opinar nada antes do resultado do exame.
- Está bem... Sente-se e me conte o que houve.
Gerry descreveu tudo o que acontecera desde a sua chegada à L.A., como conseguira encontrar Sam e o momento do acidente. Ao final, as palavras já não conseguiam mais fluir e calou-se, tentando conter o choro.
Neste instante, o médico surgiu por detrás da porta da Emergência.
- Senhor Butler...
- Como ela está? – perguntou nervoso.
- Ela vai ficar bem. A ressonância não mostrou nenhuma lesão, a não ser o edema que já está sendo combatido. Ela será transferida para unidade de tratamento intensivo para ficar mais 48 horas em observação. Acredito que depois poderá ter alta.
- Tem certeza disso? – animou-se.
- Sim. Podem ficar tranqüilos. Agora, com licença, que devo retornar ao trabalho.
- Obrigado, doutor. Muito obrigado!
Aliviado pela boa notícia, abraçou-se à Farrell.
- Você gosta mesmo dela, não?
- Você ainda tem dúvidas quanto a isso?
- Acho que não, mas não sei quanto a ela.
- Eu não vou desistir fácil. Sei que ela vai acabar por me ouvir e entender o que aconteceu.
- Também espero que sim, pois ela não está querendo nem falar comigo. Tem recusado todas minhas ligações. Portanto é bom mesmo que você consiga convencê-la.
Em vista da melhora clínica de Samantha, ela foi transferida para um quarto privativo no início da noite.
Estava de olhos fechados, parecendo dormir, quando Farrell entrou silenciosamente. Ficou a velar seu sono por alguns minutos, quando a viu abrir os olhos.
- Espero que não esteja mais com raiva de mim – falou ele, carinhosamente, afagando-lhe a cabeça com cuidado – Você sabe que temos uma nova produção pela frente e não posso perder o meu braço direito.
- Joseph – murmurou com certa dificuldade – Eu não estou com raiva de você.
- Não vamos falar disso agora... Está sentindo alguma coisa?– perguntou enquanto segurava sua mão.
- Nada... É muito bom ter você aqui. Eu não quis falar antes porque não estava me sentindo bem o suficiente para isso – disse, pressionando de leve a mão de Farrell.
- Sam, eu fiquei muito preocupado com você.
- Eu vou ficar bem... E... o Gerry?
- Foi ele quem a trouxe para cá. Está aí fora, louco para lhe ver e sem coragem de entrar por medo de prejudicar a sua recuperação... Eu não devia dizer nada, mas acredito que ele gosta de você de verdade. Sofreu como um cão danado ao imaginar que poderia perdê-la... E o que quer que você tenha ouvido em Breckenridge, foi fruto de uma língua venenosa que queria que vocês brigassem. Pronto. Falei.
- Deixe-o entrar.
- Tem certeza disso? Você ainda está sob observação.
- Chame- o, por favor, e saia.
- Como você queira. Vou estar logo ali na porta para qualquer eventualidade.
Ela sorriu meigamente e o deixou ir.
Logo em seguida, entrou Gerry, atento a expressão do rosto de Sam, temeroso de sua reação ao vê-lo. Aproximou-se do leito e deu um meio sorriso.
- Você me deu um susto e tanto.
- Mas não deve ter sido nada comparável com o que eu passei.
- Sam... Quando eu tiver a chance de contar como tudo aconteceu, tenho certeza que vai me perdoar...
- Depois... Agora eu só quero que você me diga uma coisa...
- O quê? – perguntou curioso.
- Não lembro nada do acidente. Só uma coisa insiste em voltar a minha memória desde que recuperei a consciência e preciso saber se é verdade ou se foi alguma ilusão por causa da batida na cabeça.
- Do que você está falando?
- Qual foi a última coisa que você me disse antes de eu atravessar aquela rua?
Surpreso com a pergunta, sorriu ao lembrar.
- Se eu não tivesse dito aquilo talvez nada disso acontecesse.
- Não importa. Quero ouvir de novo.
Ele aproximou-se do rosto dela, olhando-a intensamente, e disse baixinho:
- “Sam, eu te amo”.
- Isso é verdade? – indagou, mais uma vez hipnotizada pelo brilho daqueles olhos verdes - Pode ter certeza... Eu te amo – disse quase num sussurro, selando os lábios dela com um beijo suave.
Pouco mais de 24 horas após o acerto do casal, Samantha foi convidada para terminar sua recuperação na casa de Gerry à beira do mar, numa praia de Los Angeles. Voltaria a trabalhar em uma semana no novo filme produzido pela Austral. Agora não seria mais a simples assistente de Farrell e sim sua mais nova sócia.
Quanto à Lindsay, continuou seu trabalho como maquiadora, mas não mais em produções da Austral. A última notícia que se teve dela é que acabara sendo despedida do último emprego por ter armado o maior escândalo com a mulher do ator principal de um filme B, que era, para azar seu, filha do diretor. Por isso estava trabalhando em uma funerária, nos arrabaldes de San Diego, maquiando defuntos.
Após a festa da pré-estréia do filme dirigido por Andrew MacAlister, Gerard e Samantha foram festejar o sucesso de seu filme em sua mansão.
- Venha cá – Gerry chamou-a para acompanhá-lo num banho na água aquecida e borbulhante do spa, com vista para o mar, no segundo andar da casa.
- Seu desejo é uma ordem... – acedeu Sam, despindo a última peça de roupa íntima e entrando sensualmente na grande banheira de hidromassagem, sob o olhar voluptuoso de Gerry.
- Acho que o melhor da festa vai começar agora...
- Eu tenho certeza disso... – disse enquanto aconchegava-se ao corpo nu e bronzeado dele.
Um longo e apaixonado beijo pôs fogo ao desejo e a ânsia de amarem-se alucinadamente. As carícias sob as borbulhas de água tornavam-se cada vez mais impetuosas, arrancando gemidos e sussurros. Quase com fúria, amaram-se incansavelmente até a última gota de êxtase. Enfim, exauridos, deixaram-se relaxar ao som dos jatos da hidromassagem, no calor das ondulantes águas, olhando, abraçados, a noite estrelada e o rolar das ondas do mar na praia a sua frente.
- Está feliz? – ele perguntou.
- Tanto que tenho medo de acordar e perceber que é tudo um sonho e que nada mudou.
Ele estreitou-a ainda mais em seu abraço e disse:
- Você não está sonhando, meu amor. Esta agora é a nossa realidade e vamos vivenciá-la juntos.
FIM
Conforme o prometido, consegui chegar ao final desta postagem ainda no dia 14 de Setembro. Espero que tenham gostado. Comentem, por favor.
Espero não demorar muito a voltar, mas certamente será só depois do encontro do GBBG, que ocorrerá nos próximos dias 18, 19 e 20 de Setembro, na cidade do Rio de Janeiro, onde terei o imenso prazer de conhecer as minhas amigas e companheiras do fã-clube deste ator escocês divino que é Gerard Butler. Até mais!! Beijos!!
Carel disse:
ResponderExcluirQue linda a cena onde ela pede pra ele repetir o que tinha ouvido..kkkkk... Ai,ai... faz a mulherada suspirar imaginando um homem desses dizendo EU TE AMO..kkkk. Ro, pra variar, maravilhosa... Parabéns...
Ro,
ResponderExcluirjuro que é a primeira FIC que eu leio inteira, mas pra quem adooooora um romance, feito eu (eu amo ler, e se for romance então!) foi ótimo pra descobrir o que eu tava perdendo. Muito lindo, bem escrito e emocionante. Adorei e já tô partindo pra ler os anteriores.
beijo grande
Rô... ARREBENTOU!!!
ResponderExcluirE aquele momento, em que ela pede para repetir a última frase antes do acidente... Que meigo... *suspirando*
E até à vista, minha querida! Que venha o dia 18!
Bjim♥
Carel e Ly, muito obrigada pelos comentários e por continuarem minhas fiéis leitoras, me estimulando a escrever cada vez mais.
ResponderExcluirDena, bem vinda! Que bom que leste esta fic inteira. Fico esperando os teus comentários sobre todas as outras.Sempre fico feliz quando sei que tenho mais uma amiga que gosta de meus pequenos romances.
Mil beijos para vocês!!
Adorei...
ResponderExcluirto emocionada!!!
espero que vc começe outra logo!!!
bjos!!
Rô!!!!!
ResponderExcluirAcabei de reler este conto de novo,é mravilhoso,a descrição está maravilhosa.
E continue escrevendo porque está cada vez melhor.
Bjs.